Quadro de Carlos Carvalho
para
a exposição "A" Biblioteca
A inaugurar dia 17 de Abril p.f. na Galeria de Arte
do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados.
Eu sei que se abrir a porta, como se houvesse porta!,
vou perder-me.
Foi sempre tão fácil perder-me.
Norte, Sul, Este, Oeste, e apenas sei dizer que da
minha janela ao fim do dia o sol se esconde atrás da buganvília.
Querias que fizesse um bolo, que fosse levantar uma
encomenda aos correios, o teu fato à lavandaria.
Eu sei que tinha a tarde toda, mas abri a porta, como
se houvesse porta!, e perdi-me, encantada como um gato com o peixe às voltas no
aquário.
Sabes, quando tu dizes só cinco minutos, como quando o
despertador toca de manhã.
Explico melhor se o dia acordar com frio, vento e
chuva, a chuva a agredir com violência a vidraça, e tu, mais cinco minutos, e
mais cinco, e depois mais cinco, la vida
es eterna en cinco minutos, e chegas tão tarde ao trabalho que tens que
inventar mais uma desculpa estapafúrdia para enfiar nos ouvidos do teu chefe.
Sabes?
Então foi mais ou menos assim, sentei-me na cadeira de
baloiço do escritório, escolhi da biblioteca, biblioteca!, uma estante com
metro e meio de largura por dois metros de altura, um eufemismo, o sonho, o
embrião, a larva, de uma biblioteca, e, como ia dizendo, peguei ao acaso num
livro e ao caso perdi-me pelas rua de Buenos Aires.
Não fiques triste comigo.
Ouves a música? Nem de propósito! Anda dançar.
E assim, vos deixo o convite:
Em exposição de 18 de Abril a 3 de Maio.
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