'O Cemitério dos Livros Esquecidos'... Foi este local que me encantou quando li 'A Sombra do Vento'.
Já foi há uns 5 anos que peguei nele, ainda não vendia livros e este título estava longe de ser um campeão de vendas. Veio-me parar às mãos depois de ter lido o 'Cem anos de Solidão', por isso foram tempos de grandes leituras.

Sempere é um personagem inesquecível. O relato da sua história começa no pós guerra, quando o seu pai lhe revela 'o cemitério dos livros esquecidos'. Sempere tem que escolher um livro no meio de centenas para que este seja protegido e jamais desapareça.
Na busca de informações sobre o livro que escolheu - a Sombra do Vento - Sempere vai envolver-se em paixões, mistérios e grandes segredos que a cidade de Barcelona esconde.
No seguinte livro, 'O jogo do Anjo', Zafón volta ao cemitério dos livros esquecidos. Numa época diferente, anos 20. A mesma cidade, mas diferentes histórias para contar.

Esperava um pouco mais deste romance, confesso. O que falta neste é a magia de Barcelona. A roçar o policial em muitos casos, o autor acaba por fugir um pouco ao estilo do outro livro - mais descritivo e pausado.
Aqui é-nos contada a história de um jovem escritor a quem é prometida uma fortuna para escrever um livro 'como nunca existiu'. Pelo meio, amores impossíveis...
O que há de bom neste livro é o regresso à livraria 'Sempere e filhos' ou ao 'cemitério dos livros esquecidos'. No entanto, a meu ver, é um livro que podia ser menos extenso e mais simplificado. Não digo que tenha sido uma desilusão, mas há sempre um risco quando se comparam livros do mesmo autor.
Vamos agora a 'Marina', na mesma Barcelona, muitos anos mais tarde. Já está no carrinho de compras. Deixo aquilo que se conhece... Vamos aguardar mais uns dias...

«Por qualquer estranha razão, sentimo-nos mais próximos de algumas das nossas criaturas sem sabermos explicar muito bem o porquê. De entre todos os livros que publiquei desde que comecei neste estranho ofício de romancista, lá por 1992, Marina é um dos meus favoritos.» «À medida que avançava na escrita, tudo naquela história começou a ter sabor a despedida e, quando a terminei, tive a impressão de que qualquer coisa dentro de mim, qualquer coisa que ainda hoje não sei muito bem o que era, mas de que sinto falta dia a dia, ficou ali para sempre.» Carlos Ruiz Zafón
«Marina disse-me uma vez que apenas recordamos o que nunca aconteceu. Passaria uma eternidade antes que compreendesse aquelas palavras. Mas mais vale começar pelo princípio, que neste caso é o fim.» «Em Maio de 1980 desapareci do mundo durante uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro.» «Não sabia então que oceano do tempo mais tarde ou mais cedo nos devolve as recordações que nele enterramos. Quinze anos mais tarde, a memória daquele dia voltou até mim. Vi aquele rapaz a vaguear por entre as brumas da estação de Francia e o nome de Marina tornou-se de novo incandescente como uma ferida fresca. «Todos temos um segredo fechado à chave nas águas-furtadas da alma. Este é o meu.»