sábado, 20 de agosto de 2011

A Amizade e o Amor Segundo uma Lógica de Bazar

"Desconfia-se do que é dado e pesa-se o que se recebe. A amizade e o amor parecem gerir-se, por vezes, segundo uma lógica de bazar. Já nem é considerado má-educação perguntar quanto é que uma prenda custou. Se esse preço é excessivo chega-se a dizer que não se pode aceitar. Recusar uma dádiva é como chamar interesseiro ao dador. É desconfiar que existe uma segunda intenção. De qualquer forma, só quem tem medo (ou corre o risco) de se vender pode pensar que alguém está a tentar comprá-lo. Quem dá de bom coração merece ser aceite de bom coração. A essência sentimental da dádiva é ultrajada pela frieza da avaliação.


A mania da equitatividade contamina os espíritos justos. É o caso das pessoas que, não desconfiando de uma dádiva, recusam-se a aceitar uma prenda que, pelo seu valor, não sejam capazes de retribuir. Esta atitude, apesar de ser nobre, acaba por ser igualmente destrutiva, pois supõe que existe, ou poderá vir a existir, uma expectativa de retribuição da parte de quem dá. Mas quem dá não dá para ser pago. Dá para ser recebido. Não dá como quem faz um depósito ou investimento. O valor de uma prenda não está na prenda - está na maneira como é prendada.

Hoje em dia, com a filosofia energumenóide e pseudojusta que impera, condensada no ditado ‹‹There is no such thing as a free lunch» é praticamente impossível oferecer um almoço a alguém. Todos os gestos de amor e de amizade são reduzidos ao valor de troca, a uma mera transacção em que é tudo avaliado, registado, saldado, pago a meias e de um modo geral discutido e destruído até estar esvaziado de significado."

Cultura comercial?


Hoje a Assírio & Alvim juntou-se à Porto Editora:

«Um acordo de parceria estratégica para as áreas de edição e de distribuição.» É desta forma que o Grupo Porto Editora e a Assírio & Alvim anunciam a nova ligação editorial. «Os objetivos deste acordo», pode ler-se no comunicado, «são o de dar maior sustentabilidade ao excelente trabalho editorial que distingue a Assírio & Alvim, bem como o de contribuir para que as respetivas obras cheguem a um maior número de leitores. Para a persecução desses propósitos, a Assírio & Alvim beneficiará das sinergias criadas no contexto do Grupo Porto Editora, sendo fundamental sublinhar que a continuidade editorial está expressamente assegurada, preservando-se assim as características fundamentais de uma editora de prestígio reconhecido. O acordo, acrescente-se, «contempla todo o catálogo da Assírio & Alvim, incluindo o designado fundo editorial».

Alguém quer dar opinião?

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Simplicidade

'Queria, queria
Ter a singeleza
Das vidas sem alma
E a lúcida calma
Da matéria presa.

Queria, queria
Ser igual ao peixe
Que livre nas águas
Se mexe;

Ser igual em som,
Ser igual em graça
Ao pássaro leve,
Que esvoaça...

Tudo isso eu queria!
(Ser fraco é ser forte).
Queria viver
E depois morrer
Sem nunca aprender
A gostar da morte.'


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O que têm Patti Smith e José Saramago em comum?

Muito pouco, dirão. Mas em breve vão ter um livro seu adaptado ao cinema.

Informa a revista Sábado e o blogtailors que:

"Há um mês foi anunciado que Miguel Gonçalves Mendes, realizador do documentário 'José & Pilar', irá adaptar ao cinema o romance de José Saramago, 'O Evangelho Segundo Jesus Cristo'.

A obra conta a história da vida de Jesus, cruzando-a com uma crítica à religião e, à chegada às livrarias, levantou muita polémica.

A publicação provocou um desentendimento com o então subsecretário de estado da Cultura, Sousa Lara, que considerou o livro ofensivo para a tradição católica nacional e o retirou da lista do Prémio Europeu de Literatura.

O cineasta Gonçalves Mendes deu uma entrevista ao site c7nema, em que afirma que tal polémica foi "patética".

Contou alguns detalhes sobre o projecto cinematográfico do que considera ser "o livro mais cinematográfico do José (...) porque aquilo parece quase fruto de uma mesa de montagem, a forma como as cenas estão encadeadas e a forma como vão mudando".


O site cinema.sapo.pt e a Livraria Centésima Página avançam:

"A cantora norte-americana Patti Smith vai colaborar com o argumentista John Logan para adaptar ao cinema o seu livro de memórias «Apenas Miúdos», sobre a sua amizade com o fotógrafo Robert Mapplethorpe, anunciou hoje o blog especializado Deadline.

O livro «Apenas Miúdos» – publicado este ano em Portugal pela Quetzal – valeu em 2010 a Patti Smith o National Book Award, o prémio nacional de literatura dos Estados Unidos, na categoria de não-ficção.

A obra de Patti Smith, de 64 anos, oferece um olhar pessoal sobre a vida de boémia da Nova Iorque de finais da década de 1960, uma época que ela descreve através da sua relação de amizade com Mapplethorpe.


(...) John Logan, responsável pelos argumentos de êxitos de bilheteira como «Gladiador» ou «O Aviador», ganhou recentemente o prémio Tony por «Red», sobre a vida do pintor Mark Rothko, e é autor dos argumentos de dois filmes ainda por estrear: «Coriolanus», de Ralph Fiennes, e «Hugo», de Martin Scorsese."

in A Boneca de Kokoschka


'(...) Ouvi, há muito tempo, uma experiência curiosa sobre aquela composição de Piet Mondrian, uma daquelas com quadrados, não me lembro do título. Pediu-se a alunos de Belas Artes que pintassem um quadro, o mais parecido que conseguissem com a obra de Mondrian. No final, expôs-se o resultado (algumas dezenas de rectângulos coloridos, imitações do verdadeiro) juntamente com o original, mas sem que nenhum deles estivesse identificado. Aos visitantes, foi-lhes pedido que escolhessem o quadro que achassem mais harmonioso. O do Mondrian, cheio de rectângulos de ouro e divina proporções, foi o eleito da maioria. Uma percentagem muito alta escolheu a obra original. Isto revela que o homem não é só composto de divinas proporções, como as reconhece quando as vê, mesmo um homem sem cultura visual, ou mesmo sem cultura nenhuma. E se o que é harmonioso e proporcionado é fácil de reconhecer, donde vem essa atroz desproporção que vemos no mundo?'

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Enid Blyton

Enid Blyton é uma das maiores autoras de sempre de histórias infantis e livros de aventuras para crianças. Quem não se lembra deles?



'Enid Mary Blyton (Londres, 11 de Agosto de 1897 - Londres, 28 de Novembro de 1968) foi uma escritora inglesa de livros de aventuras para crianças e adolescentes.

Enid Blyton é a criadora de diversas personagens e livros, tão conhecidos como o Noddy!, Os Cinco, ou Os Sete. Os seus livros estão traduzidos em mais de 90 línguas. Ao longo da sua vida terá escrito mais de 800 obras.'


Hoje deixo a minha homenagem. Por tudo o que fez e faz pelas nossas infâncias. Pelo que fez e faz pelo livro.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Campanha pelas livrarias tradicionais

O meu amigo Ricardo Botelho vive em Paris. Outro dia enviou-me a foto de uma campanha que sensibiliza os franceses para a importância das livrarias de comércio tradicional.

Não está na altura de se fazer o mesmo por cá?


Defendamos o que ainda é nosso...

Todas as avós

Estou quase no fim.... encontrei a minha avó, encontrei todas as avós...

"O que vai numa avó que vai: partes boas da infância chegada ao lume, uma certa forma de falar que já ninguém pratica, a memória ridícula e livre de se ter sido ingénuo, insolente e parvo, cheiros de comida feita de ingredientes que nunca mais se voltarão a juntar, a face possível do passado, um calor de encher casas, nomes de pessoas que só ali permaneciam reais, a horas quando não terminavam nunca.

Coisas que ficam de uma avó que foi: um epitáfio vago, a crença em deus por respeito e procuração, uma saudade inútil e imprescindível, o súbito envelhecimento de pai e mãe, um passo dado na fila do tempo."

In No Meu Peito Não Cabem Pássaros


O céu existe mesmo: Bestseller do ano

Existem fenómenos de vendas assim:


'Colton Burpo tinha quatro anos quando foi operado de urgência. Meses mais tarde, começou a falar daquelas breves horas em que esteve entre a vida e a morte, e da sua extraordinária visita ao céu. O seu relato só agora foi revelado pelos pais. E tornou-se num fenómeno editorial sem precedentes.

Foi em 2003 que o pequeno Colton, sentado na sua cadeirinha no banco de trás do carro, começou a falar sobre os anjos que o tinham visitado durante a operação à apendicite aguda... O pai, sacerdote, nem queria acreditar. Estacionou, respirou fundo, e fez algumas perguntas ao filho. E o miúdo respondeu, sem dar muita importância ao assunto. Falou do que viu, dos seus encontros com Deus e com Jesus, das visões que teve durante a cirurgia, da mãe e do pai a rezarem enquanto ele era operado. Foi apenas o início. Colton tinha de facto visitado o céu, e trazia consigo uma importante mensagem para partilhar.'

Mais de 2.5 milhões de livros nos Estados Unidos. Vendem-se milhares em Portugal. Número 1 absoluto.

Alguém quer comentar?