sexta-feira, 4 de julho de 2014

human qualities

USA, Alaska, Brooks Range, Hiroji Kubota, 1975
Fonte: www.magnumphotos.com

"A vast silence reigned over the land. The land itself was a desolation, lifeless, without movement, so lone and cold that the spirit of it was not even that of sadness.  There was a hint in it of laughter - a laughter that was mirthless as the smile of the Sphynx, a laughter cold as the frost and partaking of the grimness of infallibility. It was the masterful and incommunicable wisdom of eterity laughing at the futility of life and the effort of life. It was the Wild, the savage, frozen-hearted Northland Wild."

White Fang, de Jack London

* queridas pessoas, por razões de força maior (leia-se, não posso trazer livros da biblioteca porque me atrasei a entregar outros) tenho que usar o meu livro para fazer os posts deste mês. por isso, vai tudo em inglês. desculpem lá qualquer coisinha.

Snobidando: Francisco de Quevedo

Amor Constante Para Além da Morte

Pode fechar-me os olhos a derradeira
sombra que de mim leva o branco dia,
e livrar de tudo o que prendia
a alma ansiosa, a hora que se abeira;

mas não deixará na margem da ribeira
a memória dos sítios onde ardia:
minha chama nada na água fria
e a dura lei enfrenta altaneira.

Alma de que todo um deus foi prisão,
veias onde tanto fogo foi gerado,
medulas em gloriosa combustão:

o corpo deixará, não seu cuidado;
cinzas hão-de ser, mas com coração;
serão pó, sim, mas pó apaixonado.

Francisco Quevedo (trad. José Bento)

1580-1645
in Os dias do Amor



Acompanhe a página da Livraria Snob no Facebook. Abre brevemente, em Guimarães. Pode lá encontrar isto e muito mais.

Foto frase do dia: Diderot

Acompanhe o blog http://homoliteratus.com/

a-ver-livros: a mesma

Vivo de alvoroço
e só desejo paz
rio alto e anseio pelo silêncio
corro suave 
como os rios límpidos
e sou cheia na lezíria
destroços e lama

Duas numa só
a mesma

Ana Almeida

* para conhecer melhor o pintor russo Andrej Mashkovtsev
basta seguir o link www.artlondon.com

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Gonçalo Viana de Sousa - o Flâneur das Sensações



Paris, imaginação, bolero e devaneio.
Eis mais um texto de Gonçalo Viana de Sousa. Mais um texto do seu livro Cadernos de Nicosia, desta feita, uma impressão estranha e misteriosa. Revelação?
A pedido de Gonçalo, deixo-vos o link da música de Maurice Ravel.

Meu querido José, eu, fatal e inevitavelmente, outra vez! Perdoe este velho homem que parece não ter mais nada que fazer. Lembra-se de Maria Adelaide? Pois bem, parece-me que tenho algum encontro psicanalítico com ela, seja quem for, ou com este nome. Não sei bem por que razão.
Escute Ravel enquanto lê mais um texto daquele meu inpublicável livro.
Muito seu.

Gonçalo V. de S.


Boémia de Boulevard (Bolero de Ravel)


Com um passo anguloso, leve, fácil e rápido, chego aos Campos Elísios. Não os de Paris. Os da alma. Efraim, como sempre, a meu lado, melhor dizendo, ligeiramente atrás de mim, tentando acompanhar o meu passo travadinho e, nas palavras do generoso butler, elegante e vagabundo.
Ao longe, no limite da linha do horizonte, quase consigo vislumbrar o boulevard que procuro. Faz calor, muito calor, e a lua, alta como um bronze, cria a falsa sensação de luz. Talvez luar. Gin tónico e pepino, Efraim. Doses neo-aristotélicas de gelo, digo eu.
A noite neste quarto de hotel é como um sonho quente e húmido, como a roupa que cola ao corpo por conta do suor tardio de jantares bem regados. A caixa de charutos, ao canto da chaise-longue. Nicosia é um porto de todos os tempos.
Oiço, constante, o som de uma caixa de tons vermelhos, azuis e amarelos. Cento e sessenta e nove vezes o som do universo a expandir-se.
O oboé também entra, penso, e outros instrumentos de sopro cujos nomes não são necessários. Para quê? Interessa, pois, a música, a melodia, constante, ébria de sensações e de noites estreladas. Noites de boémia doce e sonhadora, vaga e simbólica.
Efraim, pasmado, coloca o monóculo, esconde o relógio de bolso e escuta como um danado.
Abro os olhos e sei-me em Paris, no Bois de Boulogne. É meia-noite e a melodia vai aumentado, lenta e deliciosamente. Já nas grandes avenues da cidade da Luz, o frenesim é tremendo. Bandeiras hasteadas em todas as varandas, longas fitas com as cores nacionais.
Terá (a guerra), acabado?
Foguetes são lançados do monstro de ferro e modernidade. Por todo o lado, mulheres, homens, velhos e crianças dançando ao som da noite e da lua. Paris civilização?
Dos grandes boulevards surgem palhaços em monocletas, ciganos cuspindo fogo, mulheres e homens exóticos montando elefantes com longas trombas cuspindo champagne e confetti. Outros ainda trazem ao pescoço longas serpentes e jiboias. Negros fortes e de braços rochosos vestem saias de palha e juntam-se ao ritmo, enquanto altos homens loiros, bronzeados, dançam de forma estranha com eunucos ruivos. A folia é tremenda!
A música não termina. Não pode terminar! Das bandas de Montmartre chegam os  artistas, (de bock na mão) todos acompanhados de belas ciganas ou luxuosas mulheres enfeitadas de brilhantes verdadeiros pagos pelos moradores do Faubourg Saint-Germain.
O Sacré-Coeur reflectindo a falsa luz da lua, basílica nova e Senhora de prantos que havia de, cedo, chegar. Viúvas, mães, noivas e velhos. Festejem agora a alegria adiantada de um sofrimento adiado.
Ao meu lado passa um bela mulher, que ainda há poucas noites tinha avistado em S. Petersburgo. O seu perfume enrola-se na minha cartola. Sinto no meu bastão o toque suave de uma mão sedosa.
 Karénina?
Que faz ela, bela e nume, original, neste antro de folia, boémia e civilização? Volto-me para ir ao encontro dela. O ritmo e a música são estonteantes. Paris é luz, muita luz! Efraim perdeu-se no meio de um grupo de jogadores. Corro ao encontro dela. Excusez-moi, mesdames, messieurs. A confusão é tanta. A uma esquina, uma bailarina de can-can e o conde (marquês ou barão?) de Montmorency beijando-se, ele com as mãos enrugadas tentando desapertar as vergonhosas ligas de cetim, enquanto ela, de soslaio, tirando notas de 500 francos com muita habilidade, quando ainda há pouco este lhe tinha oferecido, na ópera, um anel de pedras brilhantes.
Senhor, o seu gin, diz-me o semita Efraim, enquanto me estiro na longa cadeira da varanda, fitando o horizonte. Sorvo a bebida. Volto a Paris e à boémia, bolero, folia, c’est la folie! La Folie! Eh-lá-hô, poetas do absinto! Eh-lá-hô, coquettes filhas de mulheres de Second Empire destruídas pela sífilis e pela idade. Que foi que vos aconteceu? Belas como fostes, sois agora pó e esquecimento. E Baudelaire? (Quem tem ele que ver com isto?).
Finalmente, ao pé da escadaria da basílica, encontro Anna, com o cabelo mais curto, mas sempre mãe de todas as belezas e virtudes literárias. No país de Emma Bovary foi Anna Karénina quem destronou a ficção. Ela vira-se para mim e sorri com os seus dentes de marfim, os seus lábios rasgados onde se escondem tempestades sonoras e vendavais cinzentos que seriam para mim como doces carícias divinas. Anna solta gargalhadas espaçosas e volumosas, como a melodia, e, subitamente, a enchente de gente que murmulhava nos boulevards aparece do nada. Elefantes bramindo, tigres, leões e panteras, com trelas de diamantes, rugindo, enquanto califas poderosos puxam-nos para perto da populaça.
É o fogo cuspido, o cheiro a vinho, a absinto e a champagne, o ruído da música infinita, os ventres das raparigas de clube e de espectáculo, tudo isto inebria a alma de um vagabundo. A multidão passa e Anna, novamente, desapareceu. O ritmo da melodia é apoteótico. Ida Rubinstein abraça-me e beija-me. Deixo-me ir pelo sabor da sua saliva doce e acolhedora. Uma casa temporária.
Entrámos no meu quarto. Efraim já escondeu a carteira e os valores no cofre. Nunca se sabe. Deito-a na cama. O seu corpo é quase perfeito, até o pequeno sinal por debaixo do mamilo esquerdo parece um toque divino. O seu umbigo, pequeno como uma concha, os quase invisíveis e loiros pêlos eriçados.
Quase perfeita.
Olho para a escrivaninha do meu quarto e vejo a fotografia dela.
Maria Adelaide.
 Levanto-me como uma tempestade e viro a fotografia para a parede.
Maria Adelaide. Maria Adelaide. Maria Adelaide.
Maria Adelaide. Maria Adelaide. Maria Adelaide.
Maria Adelaide. Maria Adelaide. Maria Adelaide.
Je ne suis pas capable, Ida. J’aime une autre femme. Digo-lhe num francês culpado. Mais c’est de la folie, mon chér. N’existe jamais. Tu m’a créé, diz-me ela na sua voz sedutora. Sors, putain! Sors!
Ela sai desfeita em lágrimas. Volto a olhar para a tua fotografia, Maria Adelaide. Eu sou teu, meu amor bom, teu. Todo teu.
Abro os olhos. O sol começa a raiar em Nicosia. A minha cabeça parece uma mó em delírio. A ressaca de uma garrafa de gin e de 2 kg. de pepino.
Efraim, um whisky e talvez esquecimento.



 https://www.youtube.com/watch?v=ps2fx75PR2Y (Eis a melodia)

Eu poético: «Bullying»

Bullying

continua a chamar-me gordo,
prometo que um dia fecho a boca e não volto a comer.
aproveito para nunca mais dirigir palavra que seja.
tudo o que me forçares engolir, farei por deitar fora -
dois dedos bem fundo goela abaixo,
até que o vómito chegue, enfim.

continua a dizer que não valho nada,
pago igual se o acaso te levar às ruas.
em vez de moeda, deixo seringa -
tens garantida a próxima dose.
se quiseres, levo-te uma malga de vinho.
dizem que a mistura ajuda a aliviar a dor.
tenho
esperança
que
te
alivie
todas,

de vez.

sim, aos teus olhos sou preguiça.
então espera o dia em que bato a porta com um bilhete de avião:
embarque sai às treze,
n-o-v-a
z-e-l-â-n-d-i-a,
sem promessa de regresso.
aí chorarás com saudade os dias em que me deixei dormir até tarde,
as discussões parvas de quem põe a mesa
ou lava os pratos.

quando souber da tua morte,
regresso lá de onde estou e
prometo pagar o teu enterro
para que o teu cheiro
desapareça
depressa
debaixo
da
terra.
...
das ist das ende.

Rodrigo Ferrão


Foto: Rodrigo Ferrão

A criada malcriada - a propósito de Sophia

Sophia Mood

Gonçalo Viana de Sousa - o Flâneur das Sensações



Mais um poema (falhado) de Gonçalo Viana de Sousa.
Trasncrevo o que recebi hoje de manhã:

Meu querido José, envio-lhe, agora de manhã, esta coisa a que tenho vergonha de chamar poema. Envio-o, pelo simples facto de ele servir como um enigmático prefácio ao texto que mais tarde irá receber. Esqueça Bernardo Soares. Talvez lugares mais distantes seja o ideal. Bem, não sei. Eis que fica no seu regaço este molho de pontuação e acentos. 
Muito seu.

Gonçalo V. de S.

Hoje ainda não fiz absolutamente
Nada.
Cheguei ao trabalho e simplesmente
Continuei a suposta inexistência
De Bernardo Soares. Continuei-a,
Dando-lhe sobrevida e força, como se ele
Precisasse de alguém para não ser de forma tão
Absoluta.

Quero ser uma personagem da ficção
Como ele, mas só minha, sem a força
Dos mitos e dos sistemas que os gregos,
Xenófobos, racistas, oligarcas e
Pais da democracia, teimaram em legar,
Não legando, teimando continuar
A existir não existindo nunca.
Somos escravos de tudo o que
Nos ultrapassa. Escravos da eternidade,

Dos deuses e da beleza.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

a-ver-livros: querido diário

Acordei para uma manhã de nuvens
e andorinhas
aladas de brisa
Vem tarde a primavera
e só apetece fazer festas no branco suave do peito
e voar com elas

A cadela deseja o mesmo, pressinto-o
mas contenta-se em dar a barriguita às festas que hoje eram
das andorinhas

Se não há outra poesia 
que não esta
aqui me dou por satisfeita

Ana Almeida

* para saber mais sobre a ilustradora australiana Caitlin Shearer
siga o link http://caitlinquiet.blogspot.pt/

Que frase escolhem?

Qual é a frase que escolhem para ser a vencedora do passatempo «Os filhos do Éden»?

Estas são as cinco melhores frases a concurso. E vão agora a uma grande final que decorre até dia 4. As mais votadas ajudam o júri a decidir os vencedores - basta comentarem este post (aqui no blog, na página do facebook ou também no grupo). 

Sim! Quem ganhar leva um livro! E temos 3 para oferecer! 

Boa sorte!

~~__~~

Se vivesse num local isolado, quem levava consigo? Porquê?

redonda:

O Jack Bauer no meio de uma das séries 24 horas porque ele ia arranjar rapidamente uma forma de sairmos de lá para de seguida salvar o mundo mais uma vez.

Avó Madalena:

A minha primeira reacção foi pensar em levar o meu filho, mas depois pensei melhor, amo-o demais para o deixar isolado do mundo, sem possibilidade de crescer e aprender de forma saudável. Não quero de modo algum priva-lo da vida, do amor, da convivência, da cultura. Com esta linha de pensamento para com as restes pessoas, não levaria ninguém, porque as pessoas que amo não merecem ser isoladas uma das outras. Inimigos, políticos e afins também não levava, amo-me a mim e á minha sanidade intelectual. Por isso ou ia completamente sozinha ou se deixassem levava toneladas de livros. Teria saudades de quem deixava cá, mas para mim o amor é liberdade e amo demais para os prender a mim, num sitio isolado.

Bibliotecária:

Levaria comigo o bibliotecário da Biblioteca de Alexandria o que seria equivalente a levar um centro de conhecimento.
Não importa o lugar onde se está para falar dos livros e do prazer que eles oferecem. Mas, se o lugar é deserto, bastariam duas pessoas e a conversa seria infinita. O espaço preencher-se-ia de personagens fictícias ou reais e tornar-se-ia pequeno. O tempo ficaria preenchido e seria curto.
Seria como viver no Olimpo com o deus da sabedoria.

Cristina Ribas:

Levaria flores, livros, pobres e desvalidos, humildes, sábios de coração, pela oportunidade que representam de plantar o Amor!

S Dias:

Se para um local isolado for, por escolha ou obrigação, quem comigo levaria, sem sombra de duvida, seria a outra metade do meu coração! Pode não ter o engenho de um Macgyver, para de todas as situações nos desenrascar, mas sei que me escuta de alma e coração; eu não sei mil e uma histórias, como Sherazade, mas como eternos apaixonados que somos, Eduardo Freitas, eu e tu, de um qualquer local isolado daremos um cantinho cheio de emoção!

*O vencedor terá que enviar-nos a sua morada. Em caso de não o fizer, o Clube atribuirá o livro a outro(a) finalista. Fique atento!

P.V.P.: 18,90 € 
Data de Edição: 2014
Nº de Páginas: 444
Editora: Editorial Presença

É do borogodó: recordar Cecília

"Aqui estou, junto à tempestade,
chorando como uma criança
que viu que não eram verdade
o seu sonho e a sua esperança.

A chuva bate-me no rosto
e em meus cabelos sopra o vento.
Vão-se desfazendo em desgosto
as formas do meu pensamento.

Chorarei toda a noite, enquanto
perpassa o tumulto nos ares,
para não me veres em pranto,
nem saberes, nem perguntares:

“Que foi feito do teu sorriso,
que era tão claro e tão perfeito?”
E o meu pobre olhar indeciso
não te repetir: “Que foi feito…?”

Cecília Meireles

* escolhido pela Penélope Martins


saiba mais do trabalho de Dilka the Bear – https://www.flickr.com/photos/dilkathebear/

Um dia puro para Sophia - Panteão hoje

"Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.
Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum Deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas."


Sophia de Mello Breyner Andresen, in “Obra Poética”

foto Eduardo Gageiro 


Os restos mortais de Sophia são hoje depositados na Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa, também conhecida por Panteão Nacional, em cerimónia oficial. Fica na mesma sala do general Humberto Delgado e do escritor Aquilino Ribeiro. Aposto que vão ter grandes conversas. 

* para saber mais siga o link http://www.jn.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=4003619&page=1

terça-feira, 1 de julho de 2014

Foto frase do dia: Lord Byron

A frase é de Lord Byron
Acompanhe o blog http://homoliteratus.com/

Snobidando: Alberto Pimenta

Novo livro de Alberto Pimenta, em edição especial, também na Snob.

http://snob.tictail.com/product/autocataclismos-alberto-pimenta

Texto retirado da página da Pianola: 
Pianola 07, AUTOCATACLISMOS, Alberto Pimenta
Edição especial de 100 exemplares, assinados pelo autor, impressos em linotype e tipografia de caracteres móveis, com costura japonesa, feitos ao longo de Janeiro, Fevereiro e Março (e Abril) de 2014.

http://pianolaeditores.tumblr.com/


Acompanhe a página da Livraria Snob no Facebook. Abre brevemente, em Guimarães. Pode lá encontrar isto e muito mais.

Required Summer Reading

Descubram os quadradinhos de Grant Snider. 

a-ver-livros: sementes



Há um gladíolo solitário
na varanda
a ver quem passa
e passo eu
e nem me olha
perdido em sonhos que eu já sonhei
e abandonei

Sementes ao vento
à espera do teu solo
para germinar

Ana Almeida

* para saber mais sobre o ilustrador francês Jean-Claude Götting
siga o link http://www.gotting.fr/

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Poema à noitinha... Ana Hatherly

Saber
saber é saber saber-te sabermo-nos unir
unirmo-nos é conhecermo-nos sabermos ser
por fim sermos é sabermos sabermo-nos
conhecermos a surda áspide
*Ana Hatherly, em "Um Calculador de Improbabilidades"
escolhido por Soraya Semenzato

ReleR - uma ideia interessante


Posicionando-se como marca socialmente responsável, a RELER é um projeto empresarial emergente, desenhado à medida de uma nova realidade socioeconómica, que associa a dinâmica das novas tecnologias a soluções eficazes de gestão de “resíduos educacionais”.

Através da sua plataforma eletrónica www.reler.org a RELER tem, como atividade principal, a alocação desse espaço para a promoção, a compra e a venda de manuais escolares e outros recursos pedagógicos no estado de usado.

Dada a natureza preponderantemente social de que se reveste este projeto, os serviços da RELER, focados no conceito da reutilização e assentes num sistema integrado de gestão em rede, criaram e estão a dinamizar um banco destes recursos, destinados ao uso exclusivo de Pais e Alunos, Agrupamentos e Escolas, Bibliotecas Escolares, Associações de Pais, Associações de Estudantes e Instituições como Municípios, Bibliotecas Municipais, Juntas de Freguesia ou outras.

Pensada sobretudo para ajudar as famílias a minimizar os pesados encargos com a Educação, fomentando a equidade e a igualdade de oportunidades no acesso aos manuais escolares e aos outros recursos pedagógicos que aqui sejam disponibilizados, a RELER visa também incrementar práticas de uso responsável, quer as relacionadas com o ambiente e a sustentabilidade do planeta, quer as de valorização dos meios e materiais colocados à disposição de todos os alunos.

Também as instituições ligadas à Educação, que têm vindo a assumir um papel social cada vez mais ativo na criação de soluções que respondam às necessidades prementes dos alunos e suas famílias, encontram na plataforma RELER um serviço que lhes permite a otimização na gestão dos recursos, tanto ao nível da possibilidade de venda dos livros em excesso dos seus Bancos de Manuais, como ao da compra de livros em falta a preços muito vantajosos. 

*texto de apresentação disponibilizado pelo projecto ReleR

Emílio Miranda, dia 29

Retorna sempre o mesmo copo
Da mesma sede
À mesma hora
O mesmo sumo das palavras…
O mesmo silêncio preenche o vazio
Na mesma teimosa inspiração…
Só os poemas não são os mesmos…
Só eles são outra coisa…

Emílio Miranda 


Foto: Cláudia Miranda

a-ver-livros: despedida

Domingo de manhã
e a terra boceja na erva molhada
enquanto o meu corpo
continua 
a tentar sacudir o que resta
do teu
no estertor ritual
da despedida na alvorada
chovida
calada
doída

Pressente-se a figueira
lá fora
a explodir doçura
e a cor de agapantos e gladíolos
sob a janela
e cá dentro não mais
do que o vago fel da velha piteira

Ana Almeida

* para saber mais sobre a pintora norte-americana Laurie Kersey
siga o link lauriekersey.com