sexta-feira, 1 de abril de 2016

É do borogodó: GRYLLUS ASSIMILIS

Salto triplo sobre o galho
causa espanta ao espantalho.
O sapo escancara o sorriso:
– Como gira este grilo!

Poema de Penélope Martins
Desenho de Tati Moes
Livro Poemas do Jardim, Editora Cortez.

quinta-feira, 31 de março de 2016

É do borogodó: mulheres que lêem mulheres. Penélope lê Alice Vieira


Alice Vieira - lê a Penélope Martins

*É do borogodó é escolhido pela nossa ponte até ao Brasil - Penélope Martins

Curioso pensamento de Rumi

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Kipling has a word

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Pensamento de Tolkien

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John Milton says...

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Tem a palavra... Huxley

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Vícios...

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A abóbora que conta histórias

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Curiosa frase sobre livreiros

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Estante despida

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Ora cá está...

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Rita Leão e eu, o meu livro em Viseu

Foto: Sebastião Cappelle

"Tive a grande honra de ser convidada pelo “poeta” para apresentar o seu livro. O que com todo o gosto o faço, não só porque fiquei fascinada com os seus poemas quando os li, como por ser dedicado à memória do nosso querido avô Vitorino, que foi uma pessoa espectacular, médico de clínica geral e pai de 10 filhos, com quem o Rodrigo teve a sorte de conviver muito mais tempo do que eu. O nosso avô morreu em 2002, quando eu tinha 10 anos e o Rodrigo 19, e as memórias que tenho dele, não sendo tão claras como as do Rodrigo (por força das circunstâncias), foram totalmente reavivadas no poema dedicado ao nosso avô, que está escrito de forma tão pormenorizada.

Dos 10 filhos vieram 23 netos e portanto, no meio de tantos primos, e dado que o Rodrigo e eu temos 9 anos de diferença de idade, quando era mais nova não costumava estar tanto com ele. Enquanto eu ainda brincava às casinhas (por exemplo), o Rodrigo já fazia viagens e escrevia crónicas. Só nos últimos anos, em que a diferença de idades começou a ser mais irrelevante, é que o comecei a conhecer melhor. E agora as visitas a casa um do outro são constantes, assim como passeatas e conversas que não acabam. O Rodrigo é uma das pessoas mais divertidas e descontraídas que conheço, quase sempre que estou com ele há gargalhadas à mistura. E ao mesmo tempo é também uma pessoa que sabe ter conversas mais sérias e dar muito bons conselhos.

Ainda assim, não consegui deixar de ficar bastante admirada ao ler estes poemas, não só pela óbvia capacidade de escrita (o que lhe advém de muita leitura, esta influenciada também pelo facto de ser filho de um coleccionador de livros) mas como, e principalmente, pela profundidade dos temas e a maneira como são encarados e expostos.

Li algures um texto que dizia que a poesia é uma criação da alma poética que todos temos no nosso interior, basta que a deixemos fluir livremente. E que existem muitos poetas que guardam poemas maravilhosos a sete chaves, simplesmente por revelarem alguma intimidade e terem receio do julgamento ou crítica, ou até de serem considerados lamechas. Por este motivo, não posso deixar de pensar que foi preciso muita coragem por parte do Rodrigo para escrever estes poemas, para além de uma grande interioridade.

“Todos os Tempos Verbais” deve o seu título ao facto de o livro não ter sido pensado. A ideia de o criar surgiu após o Rodrigo ter escrito vários poemas sobre vários temas, e por isso, segundo o poeta, o nome advém do facto de o livro retratar todos os tempos verbais da alma. A ideia deste nome também teve como inspiração o último poema, que curiosamente se chama “No Princípio” e faz referência a vários tempos verbais. No entanto, apesar de o livro ser uma colectânea de poemas soltos, conseguimos apercebermo-nos da existência de um fio condutor entre eles. Alguns referem-se a memórias de infância do poeta, outros aos temas da existência e da morte, outros ao amor.

Um pormenor que também reparei foi o facto de, ao longo dos poemas, estar muito presente a mistura de um mundo realista com aquele a que o poeta chama de mágico. O Rodrigo conta histórias nos poemas, misturando muitas vezes os sentidos com os pensamentos. Como uma pessoa que passeia sozinha e vai observando o caminho à sua frente enquanto, ao mesmo tempo, se abstrai nos seus pensamentos. Nós conseguimos acompanhar facilmente o poeta em todos estes passeios que faz. Há uma ideia de movimento muitas vezes associada ao longo do livro.

Normalmente quando pensamos em escrever poemas, temos a tendência de pensar em rimas ou nos preocuparmos demasiado com a métrica. Quando o essencial é a mensagem, aquilo que se quer passar, o que se tem a dizer. E o poeta tem muito para dizer, como podemos reparar ao longo do livro, sem se prender tanto à forma do poema.

Por fim, queria acrescentar que, do mesmo modo que cada poeta tem a sua própria maneira de sentir e escrever, os leitores têm a sua maneira de ler e sentir. Isto é: quem escreve, primeiro sente o que lhe vai na alma e posteriormente transpõe esse sentimento para o papel. Quem lê, percorre o caminho contrário, ou seja, primeiro lê o que tem diante dos olhos, e depois vai analisar o efeito que isso produz na sua alma. E aí está a diferença. Nem todos têm o mesmo sentir. Por esta razão não me vou alongar mais, vou passar a palavra à pessoa que todos nós queremos ouvir, mas convido-vos a descobrir este livro lendo com calma cada poema e tentando perceber qual a mensagem que o autor quer transmitir. Acreditem que, tal como eu, também se vão surpreender muito!"

*Rita Leão, no dia da apresentação de «Todos os tempos verbais», no Clube de Viseu

terça-feira, 29 de março de 2016

ferrugem


baloiça
a porta no ângulo
da ausência
o coração é o ranger
da dobradiça
ainda em funções
e a ferrugem
o sangue possível
na ferida
de dizer o tempo
escorrido

mora em mim
o lado de dentro
da face exposta
no soro da memória.

Helder Magalhães


Violetta Kostyreva: photography & sweet dreams.