sábado, 22 de março de 2014

Foto frase do dia: John Green

Humor de alto nível...

Encontrado na página Improbables Bibliothèques, 
Improbables Librairies. A não perder por nada! 

ó dulce maria, isso é problema que não tens

An Interlude, de William Sergeant Kendall
Fonte: Pinterest

                     "quando nos contam uma história ouvimos sempre outra 

história aborrecida que em vez de princesas e fadas tinha uma mulher que se ia desfazendo dos filhos, uma história tão enfadonha que nem chegava a ser triste, ou então era a Maria da Guia que não sabia contá-la, para tudo é preciso jeito (...)"

Os Meus Sentimentos, de Dulce Maria Cardoso

Eu poético: «O poema»

O poema

tentei encontrar no poema as respostas
do meu coração.
mas tudo o que li
só serviu para levantar
a incerteza.

nele procurei o amparo das angústias.
mas só descobri perguntas
de quem não sabe
resolver coisas.

sonho um dia ser o poema.
um turbilhão de emoções,
um grito de desespero,
o amor que não chega,
a vida e a morte.

mas ofereço as rimas a quem quiser,
dispenso a métrica
e a forma.
não...
o que eu quero é sonhar,
partir na viagem,
abraçar o desconhecido
e voar.

o poeta é o meu deus
e a ele rezo baixinho.

percebes agora
porque
não sou
ateu?

Rodrigo Ferrão

Foto: Rodrigo Ferrão

sexta-feira, 21 de março de 2014

«Os meus sentimentos» - vamos ler?


Sinopse:

É uma noite de temporal. A noite do acidente. Há uma gota de água suspensa num estilhaço de vidro que teima em não cair. Há um instante que se eterniza.
Reflectida na gota, Violeta mergulha nessa eternidade e recorda o que pode ter sido o último dia da sua vida, e nesse dia, toda a vida, e nessa vida, os pais, a filha, a criada, o bastardo, e em todos, a urgência da vida que prossegue indiferente como a estrada de onde ainda agora se despistou. Nessa posição instável, de cabeça para baixo, presa pelo cinto de segurança, parece que tudo se desamarra. O presente perde a opacidade com que o quotidiano o resguarda e Violeta afunda-se nos passados de que é feita, uma espiral alucinada de transparências e ecos.


Violeta vira uma esquina (ou será uma página?) e a revolução de Abril irrompe, empunhando a raiva do bastardo. Abre uma porta (talvez um parágrafo) da casa vazia e a mãe chama por ela enquanto o pai enlouquece lá fora, no quintal. Um homem afoga o desejo no corpo dela (vírgula, de certeza) e a menina dos patins desliza à frente da filha que perde a vida como caixa de hipermercado. A criada, como sempre, está calada (ponto final).

Para onde foi o futuro?


Quando saiu, nesta mesma colecção, o primeiro romance de Dulce Maria Cardoso – Campo de Sangue, que obteve o Prémio Acontece e está já em curso de publicação no Brasil, em Espanha e em França – foram muitos (os mais atentos) que assinalaram a emergência de uma “voz” diferente, alheia às modas em moda e senhora de um discurso narrativo completamente original. Não se enganaram, esses. Com Os Meus Sentimentos, Dulce Maria Cardoso confirma a sua posição de vanguarda no panorama da nova ficção portuguesa.

*a leitura deste romance será conduzida pelo Clube do Livro SESLA. 

Apresentação «Clube do Livro»


Olá, eu sou a Cláudia. Olá, eu sou a Leonor. Olá, nós somos o Clube do Livro SESLA! Todos os meses reunimo-nos numa salinha perdida algures em Coimbra para falar sobre o livro do mês. Mas as conversas são como as cerejas e um livro é um livro e um livro é o mundo todo.

A nossa salinha expandiu-se até aqui, num simpático convite do Clube de Leitores. Propomos que venham ler e comer cerejas com a gente! Como o mês tem muitos dias e a Internet tem esta coisa de estar sempre à mão, é nossa missão trazer-vos os livros que escolhemos, descobertos pouco a pouco entre citações, reflexões e outros ões que vão surgindo.

a-ver-livros: lutar, sempre

A vida reergue-se na figueira
contra tudo
contra todos
e até uma flor da magnólia,
já verde, resiste
primavera dentro

nelas encontro
a força que faz falta
para lutar

Ana Almeida

* Para saber mais sobre a pintora francesa Elisabeth Jonkers
é só seguir o link:  http://www.elisabethjonkers.com/models.htm

quinta-feira, 20 de março de 2014

Poema à noitinha... Júdice

A Origem do Mundo

De manhã, apanho as ervas do quintal. A terra,
ainda fresca, sai com as raízes; e mistura-se com
a névoa da madrugada. O mundo, então,
fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
por baixo da terra; e as raízes sobem
numa direcção invisível. De dentro
de casa, porém, um cheiro a café chama
por mim: como se alguém me dissesse
que é preciso acordar, uma segunda vez,
para que as raízes cresçam por dentro da
terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.


*Nuno Júdice, in Meditação sobre Ruínas

foto: DN

Foto frase do dia: George Eliot

a-ver-livros: jardinagem

Esconde-me
no mais recôndito 
do teu peito

depressa!

reserva o pouco 
que subsiste do meu bolbo
no solo fértil dos dias felizes
que ainda havemos
de viver

Ana Almeida

* para saber mais sobre a pintora canadiana Janet Hill
siga o link janethillstudio.com

terça-feira, 18 de março de 2014

Snobidando: Roger Wolfe

In QUARTO DE HÓSPEDES, Língua Morta, 2013 (na Snob também)


Acompanhe a página da Livraria Snob no Facebook. Abre brevemente, em Guimarães. Pode lá encontrar este e muitos outros textos.

É do borogodó: Caso Pluvioso, de Drummond de Andrade

A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que maria é que chovia.

A chuva era maria. E cada pingo
de maria ensopava o meu domingo.

E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.

Eu era todo barro, sem verdura…
maria, chuvosíssima criatura!

Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.

Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa… Nossa!

Não me chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.

Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!

Eu lhe dizia em vão – pois que maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.

E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,
que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.

Chuvadeira maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!

Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
poças d’água gelada ia tecendo.

Choveu tanto maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa
e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.

E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de maria mais chuvavam,
de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,
e eis o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvido.

Os seres mais estranhos se juntando
na mesma aquosa pasta iam clamando
contra essa chuva estúpida e mortal
catarata (jamais houve outra igual).

Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas d’água mais deliram,
e maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.

Os navios soçobram. Continentes
já submergem com todos os viventes,
e maria chovendo. Eis que a essa altura,
delida e fluida a humana enfibratura,
e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,
e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, maria! – e ela parou.

Carlos Drummond de Andrade * 



* escolhido por Penélope Martins

a-ver-livros: até quando

Até quando vou amar-te,
sabes?
até quando

se outros ventos clamam por mim
outros caminhos se abrem
nas areias 
onde os nossos passos antes 
desenharam um só trilho
se há marés que vão
e vêm sem parar

Gozemos o zéfiro, 
amor
até quando o tempo deixar

Ana Almeida


* para conhecer mais da pintura da italiana Sandra Batoni
basta seguir o link www.sandrabatoni.com

segunda-feira, 17 de março de 2014

Foto frase do dia: Kahlil Gibran

Emílio Miranda, dia 14

Amor

Haverá tantas mentiras, quantas as verdades que desejares…
E qualquer uma – como bem sabes – pode bem ser a tua
Mas se o almejares como almejas a lua
Apenas uma verdade te tocará
Mais forte do que qualquer mentira,
Mais intensa do que a sede, tão ansiada quanto a sua saciedade,
Flecha de fogo lançada pela sorte!

Emílio Miranda 

Foto: Cláudia Miranda

a-ver-livros: arrumações

Arruma-me a alma por cores
em ordem alfabética
e deixa-me um livro
a jeito
para os dias de sol

É-lhe apropriado
o estatuto de anunciador
de luz à vista
na escuridão dos armários

Ana Almeida


domingo, 16 de março de 2014

InstruçõeS


Que fazer em caso de fogo:
Trocar a boca-do-beijo por uma boca-de-incêndio.



Passatempo «O Escândalo Modigliani»

P.V.P.: 13,41 € 
Data de Edição: 2014
Nº de Páginas: 224
Editora: Editorial Presença

O Clube de Leitores e a Editorial Presença têm três exemplares para oferecer aos nossos seguidores do livro O Escândalo Modigliani - de Ken Follett. 

Para participar, basta responder ao seguinte: Se fosse um detective, que pintor investigava? Porquê?

As melhores respostas enviadas em comentário a este post (tanto aqui no blog, como na página do facebook ou ainda no grupo) vão a uma finalíssima de 3 dias a ser votada pelos membros do blog e seguidores. 

O envio das frases deve ser feito até Domingo, dia 23 de Março. No dia seguinte, anunciaremos as respostas que vão seguir para a finalíssima.

O concurso é válido para Portugal continental e ilhas.

Boa sorte! 

*O vencedor terá que enviar-nos a sua morada. Em caso de não o fizer, o Clube atribuirá o livro a outro(a) finalista. Fique atento!

Foto frase do dia: Poe