sábado, 21 de agosto de 2010

A versatilidade dos autores

Enquanto folheava uma revista, deparei-me com um artigo acerca da autora Nora Roberts e do seu grande sucesso. Quem a conhece, sabe que é uma espécie de “rainha do romance” e com um raro feito de ter cerca de cem best-sellers no seu currículo.

No entanto, ao ler sobre o seu sucesso, dei por mim a pensar na sua (e na de outros autores) versatilidade. Sabendo que o seu ponto forte está nas histórias românticas e que daí consegue ser comercialmente bem sucedida, a verdade é que na sua vasta bibliografia Nora Roberts nunca se aventurou muito por outros géneros (embora polvilhe os seus romances com elementos de outros géneros, como o policial e o suspense). O mesmo acontece com J.K. Rowling ou Dan Brown, por exemplo.

Não estou a criticar esses autores, principalmente porque não sou leitor de Nora Roberts. Pelo contrário. Acho que é de uma grande inteligência apostar e investir num género que se sabe ser o nosso ponto forte. E é de uma inteligência maior conseguir reinventar e inovar nesse mesmo género em que se investe, conseguindo ganhar cada vez mais leitores.

Porém, uma vez que sou um autor em início de carreira, penso nisto mais a fundo. Talvez por ingenuidade ou até devido a um certo desconhecimento de como funciona todo o meio literário, não queria ficar preso a um género ou estilo. Penso que uma maior versatilidade na escrita é boa para o autor (desafia-se a ele próprio e enriquece-se pessoal e profissionalmente) e para os leitores (surpreendidos pelas novas “ofertas” do autor). Gosto de ler e escrever o género fantástico, mas no momento que sinta que amadureci, espero conseguir experimentar outros géneros.

É sempre um risco a aventura por outros géneros e estilos. Tanto pode significar o crescimento do autor, como a sua “morte”. Corre-se o risco de perder os leitores conquistados até então, corre-se o risco de perder o interesse da editora e, pior, corre-se o risco de se perder a confiança no nosso talento. E, aqui, a insistência do autor num só género já não parece tão limitadora, mas sim segura e inteligente. Não nos podemos esquecer que um livro não é apenas um produto cultural e artístico, mas também um produto comercial.

Qual a vossa opinião sobre a versatilidade dos autores? Concordam com a aposta num só género, tornando-se cada vez mais fortes? Ou acham que um grande autor só se define pela sua versatilidade?

Ana Teresa Pereira


Posso tratar-te por tu? Já levas anos na escrita, mas sinto a proximidade de ter um livro teu. É como se rezasse ao meu Deus ou ao Anjo da Guarda.

Abro no capítulo I. Intitulaste 'Je reviens'. Tenho curiosidade em ver todos os outros. Fizeste 20 capítulos em 125 páginas.

Mudo a página. Vejo o que publicaste. Começaste em 1989, tinha eu 6 anos. A tua obra é vasta, não te sabia tão talentosa. 23 livros, estará actualizada esta informação? Não sei, pouco importa. 'O Verão selvagem dos teus olhos' é o primeiro que pego.

Registo a tua dedicatória, a Daphne du Marier. Morreu no ano em que publicaste o teu primeiro livro. Sabias disto? Penso que sim, foi a tua musa inspiradora. Todos nós temos heróis...


Passo à próxima. Uma frase de William Blake. "Fiery the Angels rose, and as they rose deep thunder roll'd
Around their shores (...)". Porquê esta frase? Vais dar resposta na história?

Não quero saber nada sobre ti. És escritora. Há tão poucas em Portugal e as que vendem são tão más! Sei que escreves bem, por isso foste escolhida para 'livro do mês' neste blogue. Vou começar a ler-te. É 1.30 da manhã, amanhã estou de folga. Dou-te umas horas...

A visão de Alexandre...

Amigo

Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O poema


O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Livraria Lello

Sei bem porque lá vou. A Lello é diferente de tudo o que conheço. Raramente entro numa livraria para não ver livros, mas este caso é diverso. Os livros são levados para um segundo plano.


'Obrigado Porto, por me teres visto nascer!' - Foi esta a frase que deixei no grupo do Facebook. Para ilustrar o prazer que é apanhar o metro e em 10 minutos estar lá à porta.

"O actual edifício foi construído pelo engenheiro Francisco Xavier Esteves e inaugurado em 1906. Compareceram à cerimónia nomes, entre outros, como os de Guerra Junqueiro, José Leite de Vasconcelos e Afonso Costa.
Descrita por Enrique Vila-Matas como "A mais bonita livraria do mundo", em 2008 o periódico inglês The Guardian considerou-a a terceira mais bela do mundo."

Venham visitar-me. Prometo que vos levo lá!

Anónimo, ou talvez não...

Frase curiosa esta que descobri nas minhas leituras. Anotei-a no telemóvel, mas esqueci-me da fonte. Publico-a na mesma, não tem mal nenhum. Pode ser que alguém descubra de onde vem...

"Um pouco de sal que caia na água torna a água salgada, até à última gota."

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Um apelo...

A minha grande amiga Inês precisa de ajuda: livros!
Deixo aqui o apelo. Participem e divulguem.

"Somos uma associação sem fins lucrativos,que tem entre mãos a abertura de um Centro de Dia para 60 idosos, Serviço de Apoio Domiciliário para 100 idosos e Creche para 33 crianças. Encontramo-nos na fase de preparação para a abertura que inclui equipar com materiais didácticos, entre os quais livros. Será uma forma de impulsionar futuros leitores e aproxima-los da cultura literária. Sendo a Sobreira um meio rural, muitos idosos viram-se privados desta cultura, visto não existir uma biblioteca na Vila. Assim, como forma de intervenção queremos algo mais para estes idosos e para estas crianças.


Agradecemos a todos e a todas o contributo, nem que seja somente com um livro, que pode ser novo, usado. Toda a ajuda é necessária...
Para fazerem a doação, pode ser via correio ou através do email marcar um local para a contribuição:
apdis.ines@gmail.com

Desde já o nosso muito obrigado!"

Inês Carvalho
(Educadora Social)

APDIS - Associação para o Desenvolvimento Integral da Sobreira
Creche, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário.
Avenida de S. Pedro, nº 639
4585-404 Sobreira

Citando...


Confesso que não vejo em Augusto Cury um escritor por excelência. Duvido, mesmo, que me sentisse atraído por qualquer um dos seus títulos. Não sei se é ideia mal organizada, mas, como livreiro, estou habituado a arrumar os seus livros na secção de desenvolvimento pessoal / auto-ajuda, o que não é muito abonatório - dada a quantidade de coisas más que aparecem e nas quais não me revejo.

Isso não quer dizer que não haja, eventualmente, alguma coisa com piada. Aliás, há um livro que - só pelo título - me vi disposto a comprar e ler: "O monge que vendeu o seu Ferrari" de Robin Sharma. Um dia decido se avanço.

Augusto Cury apanhou-me desprevenido e li algures uma coisa que lhe é atribuída e com a qual concordo. Para quem não sabe, Cury é um escritor e psiquiatra brasileiro que não era crente, mas converteu-se. E diz:

"A maior aventura de um ser humano é viajar,
E a maior viagem que alguém pode empreender
É para dentro de si mesmo.
E o modo mais emocionante de realizá-la é ler um livro,
Pois um livro revela que a vida é o maior de todos os livros,
Mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhas
E descobrir o que as palavras não disseram..."

Sr. Cury, perdoe-me se pareço insensível consigo. Mas deixe-me aplaudir este pensamento. Está realmente muito bom e é um prazer partilhá-lo...

Livros ao mesmo tempo!

Não sei o que pensam sobre o que é acumular leituras... Mas eu abuso e não me importo muito! Quer dizer...

Não consigo determinar o que me leva a ser um leitor compulsivo. Já tentei pôr ordem, planear tempos para cada livro, saber o que leio no autocarro ou deixo em casa, deixar livros a meio sem medos... Não dá! Volto sempre a pecar vertiginosamente, levado pelo impulso.


Volta e meia acumulo 5 leituras e dou por mim a chamar-me nomes. Quando estou próximo de ter tino, lá vem qualquer coisa que me chama ao pecado. Começo um novo.

Este fim de semana fui a Lisboa. Esqueci-me do Philip Roth no emprego. Deixei 'o processo' de Kafka em casa. Terminei, no dia anterior, 'Helena' de Machado de Assis, comprei o livro da Ana Teresa Pereira, porque foi a escolha deste mês para o blogue... Entretanto, vejo-me com o regresso marcado ao Porto e nada para ler. Que fazer? Óbvio, comprar 'a sonata de Kreutzer' de Lev Tolstói e começar a devorar! Ainda por cima, o raio do livro arrisca-se a ser dos melhores que li este ano... É caso para dizer: chiça!

O que pensa o caro leitor disto tudo? Caso de médico?