sexta-feira, 13 de março de 2015

Primeiro Parágrafo: Desamparo, Inês Pedrosa


 
1. Vista panorâmica
 
 
UM SILÊNCIO EM BRUTO, COMO SE O TORNO DO MUNDO não tivesse ainda começado a rodar. Manchas estáticas de verde, pomares interrompidos por casas brancas, amarelas, algumas - poucas - com pórticos em ferro lavrado, escadarias flanqueadas por leões ou jarrões de pedra, dois andares e pátios onde ao fim-de-semana estacionarão automóveis urbanos. Nem os cães ladram debaixo da canícula. Os pássaros desistiram de voar. Na aldeia de Arrifes, concelho de Lagar, milenar dote de princesas e rainhas, nada se move. A carrinha do Centro Social já fez o seu turno, pelas nove da manhã, com duas mulheres de bata azul, para ajudar os velhos que vivem sós a levantarem-se, lavarem-se, vestirem-se, dar-lhes o pequeno-almoço. Voltará a meio da tarde com o jantar. Há outra carrinha que os leva para o Centro do dia, onde podem ver televisão, jogar às cartas ou fazer ginástica. A maior parte deles não quer ir. Dizem que a companhia dos outros velhos os cansa.
 
*in Desamparo, Inês Pedrosa

Late night reading

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Eu queria uma liberdade olímpica


quinta-feira, 12 de março de 2015

Gonçalo Viana de Sousa -O Flâneur das Sensações





Meu querido José

Façamos uma pausa no meu testamento que se quer definitivo e sonante, e deixemos a poesia entrar em doses largas, líquidas e luminosas.
Pouco mais tenho para lhe dizer. (Sabe que o meu aniversário se aproxima e conto consigo para um jantar íntimo e bem regado, não só dos líquidos de Baco, mas também das teias de Nereida e de Atena e Vénus.)
Este poema foi dos meus mais recentes devaneios cá pelas nossas terras de Portugal.
No entanto, garanto-lhe que na próxima semana teremos uma quinta parte sórdida, picante e bela. Assim foi a minha realidade nos idos de 68, quando nem imaginava que o iria encontrar e escrever-lhe, nos final dos dias dos meus sessenta e oito anos.
Abraço apertado deste seu

Gonçalo



A cidade sou eu para sempre.
O teu aroma atlântico,
O sangue que poderia ter sido meu
E é navegador.
Não de hoje ou de ontem,
De outros tempos fora do tempo.
Lisboa brilha no seu azul dourado
Enquanto o sol ilumina algo que existe
Dentro do silêncio sossegado e solitário.

Esqueço o tempo e a vida,
Esqueço tudo e levo-me pela música
Que escuto algures.
A praça brilha, o céu voa alto
E Deus não existe, por agora.
Tenho-te nos meus braços,
Lisboa que não és e nunca,
Nunca, nunca serás minha.
Mas tenho-te nos meus braços
Como os filhos imaginários e fingidos
Que o menino do largo de S. Carlos
Pensava ter.

Não sou nada.
Não como ele, mas como eu
Que não sou verdadeiramente nada,
E ele era tudo e todos de todas,
Todas as maneiras.
Fama, Eternidade, Glória, para
Quê?, quando tenho Lisboa e
 Pessoa nos meus braços de sol,
De muito sol e mar. Tenho o
Vento a embalá-los com carícias
 Que são metáforas de criança.

O tempo não existe.
A suave brisa do rio, do Tejo
Que só existe por dentro, talvez,
Das coisas íntimas, talvez, do sonho,
Tranquiliza-me a pacientemente
Impaciente espera das caravelas
Que supus minhas.

Não, nem uma.
Só música, música e a cidade
Que me permite tudo, porque
Neste momento que não existe
É minha.
Conquistas, navegações, descobertas,
Mundos, áfricas ouro,
Canela e alecrim.

Hoje, o sol e Lisboa nos meus braços.
Não minotauros nem dragões. O sol.
Luminosamente grande, inevitável,
Irresistível, impossível.
As pedras da calçada, as escadas
Até à água, a estátua, e o cavalo,
O papel, a caneta, a tinta e as palavras.

Ele passa por mim, apressado, fechado
Sobre a sua inexistência.
Vislumbro-o ao longe como se
Fosse ficção  (Há tantos loucos
Mais credíveis que eu).
Volto os olhos para os meus braços,
Lisboa fugiu-me e corre pelas ruelas
E becos com uma fita no cabelo.
Ao seu lado, Fernando Pessoa dá-lhe
A mão e sorri-lhe como se o céu
Fosse uma realidade, como se
Lisboa fosse dele para sempre.


Lisboa, 6 de Dezembro de 2013, em pleno Terreiro do Paço

OLÁ BOM DIA SENHOR DOUTOR O MEU NOME É NINGUÉM


Poucos conheço que não Doutores ou Senhores Doutores. Doutores disto e do outro, daquilo e dos outros. Desses poucos não há o que não foi, ou, pouca sorte lhe auguro, o que não será. São-no uns porque nunca outra coisa souberam, memória de outro passatempo que de existir só as ganas. Outros que, cansados de ocupação menos volumosa para a fatiota, são-no através de serenata persistente. Começam o jogo a pau mandado, favores a este e àquele, ainda baixo o tom de voz. Com pressa se eleva, gordura nova a brotar na sapatilha. Desse ponto vai pulo rápido até ao título. Doutor e por isso nova cavalaria no portão (antes nem portão). Ao jantar o beluga mais caro e a refeição toda de babete. O pecado agora desconhecido e por isso não mais o padre, desaparecido o Pai Nosso e a Avé Maria, coisa essa indigna a Doutor, compreendo Senhor Doutor.
Eles assim e eu a ganhar pó desde que nasci. Não há modo de nada. A cada aniversário mais um ano e esse o único conhecimento de que disponho. Não me chateiem com matéria intelectual, não me queiram ver seja o que for. Sou exatamente o que sou e virar coisa menos monótona nunca hei-de. A cada hora menos uma até eu todo raízes e essa a única certeza. O que tenho é sobretudo tonturas. Ao Domingo o banho e antes dessa volta sem ida a varanda a mostrar-me meus conterrâneos Doutores. Eu mais meu todos os dias e o resto sem aparente coisa nenhuma. Gestos comedidos, o que hei-de ser que não corredores vazios? Não há forma de agrado alheio, posturas de ontem, sou todo ontem. Nunca tive afinal nenhum, não acarreto com conclusões.

Gonçalo Naves


Foto tirada daqui: http://www.idagospel.com/2013/03/o-entendimento-dos-humildes-supera-toda-falta-de-entendimento-dos-sabios.html

a-ver-livros: fade out

Os últimos acordes 
deixam rasto no meu peito
numa concordância cadenciada
até ao âmago
das palavras improvisadas
harmonias sincopadas
de estrelas que não chegaram
a explodir

Existência breve
do que é intemporal
e a tua canção que teima em não fazer
fade out

Ana Almeida

* para saber mais sobre o ilustrador espanhol Miguel Porlan
siga o link http://miguelporlan.com/

The curious cat

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Bai'má Benda: Horós... copos!!!

Horós... copos!!!

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quarta-feira, 11 de março de 2015

Inês Dias - Your funeral, my trial

Your funeral, my trial

O morto fica mais só
quando quem lhe fala lhe rouba
a última imagem desse barco
desmesurado da infância,
construído sem vista para o mar.

O morto fica mais só ainda,
quando quem ouve se esquece da música
para escolher o seu próprio funeral,
alinhando convidados e preferindo coroas
de plástico a condizer com as lágrimas.

O morto fica mais só ainda, se possível,
quando me distraio com o mel da luz
nos vitrais ou sigo o gato amarelado
para quem a morte é apenas uma questão de
sobrevivência, talvez um jogo, se algum rato
finge entregar-se com prazer às suas garras.

Hoje, pela primeira vez, não me chegam
os dedos para contar os meus dias de veladora.
Mesmo sabendo que nenhum ritual nos consola,
tento apaziguar a terra que se abre a meus pés,
plantando cravos condenados que nunca voltarão a florir.
E invejo secretamente o morto, porque já não precisa de
conhecer a flor preferida de ninguém:
pode simplesmente deixar-se estar,
na certeza de que o chão não lhe voltará a falhar.

Os mais sós, afinal, são sempre os sobreviventes.


Inês Dias, Da Capo, ed. Averno

A Barata Patarata e o Escaravelho Trolaró

As autoras e a editora Verso da História convidam-no para o lançamento do livro A Barata Patarata e o Escaravelho Trolaró de Raquel Patriarca (texto) e Martolita Ilustra-Marta Jacinto (ilustração).
E podes trazer os teus pais também!...


O Clube de leitores vai dar uma ajuda e vai à festa, com a presença do Rodrigo Ferrão.


O que é que uma Barata Patarata e um Escaravelho Trolaró têm em comum? São os dois muito tolinhos e gostam de tudo muito limpinho. As suas aventuras taralhocas vão provocar gargalhadas francas e divertidas e revelar um inesperado segredo: afinal, as asneiras não são exclusivas das crianças.

As histórias dos Livros com Bicho nasceram a pensar nos pequeninos com menos de 5 anos, que vivem os dias encantados da pré-leitura, precisamente aqueles em que se estabelece a melhor e mais duradoura relação com os livros. Uma relação que é mais afectiva do que intelectual, sustentada na diversão e na brincadeira, na descoberta da dimensão dos sons, dos sentidos das palavras e das formas de interpretar as mensagens.


Sábado, 14 de Março
às 11:30
Galerias Lumiére
Rua José Falcão 157, 4050-317 Porto
Evento: https://www.facebook.com/events/419721774857992/

as fotos e texto são tiradas do evento no facebook: https://www.facebook.com/events/419721774857992/

É do borogodó: "Malagueta, Perús e Bacanaço"

“Apoiaram, baixaram as cristas. Bateram perna, então, desde o Alto da Pompeia até os começos das Perdizes. Ali jogou Bacanaço, jogo miúdo, de que vieram duzentos cruzeiros apenas, que o parceirinho se apavorou e parou de estalo. Tomaram, então, as alamedas que descem para a Barra Funda. Vasculharam.

– Ô…

Braços no ar. Cobras do joguinho e tacos muito falados eram saudados assim pelos cantos que percorriam.

Mas era uma noite de sábado e houve outros lados por onde passaram, apequenados e tristes.

Vaivém gostoso dos chinelos bons de pessoas sentadas balançavam-se nas calçadas, descansando.

Com suas ruas limpas e iluminadas e carros de preço e namorados namorando-se, roupas todo dia domingueiras – aquela gente bem dormida, bem vestida e tranquila dos lados bons das residências da Água Branca e dos começos das Perdizes. Moços passavam sorrindo, fortes e limpos, nos bate-papos da noite quente. Quando em quando, saltitava o bulício dos meninos com patins, bicicletas, brinquedos caros e coloridos.

Aqueles viviam. Malagueta, Perus e Bacanaço, ali desencontrados. O movimento e o rumor os machucava, os tocava dali. Não pertenciam àquela gente banhada e distraída, ali se embaraçavam. Eram três vagabundos, viradores, sem eira, nem beira. (…)”

– João Antônio Ferreira Filho

*trecho selecionado por Penélope Martins da obra "Malagueta, Perus e Bacanaço"

Na fotografia, João Antônio aparece ao lado de Lima Duarte, Gianfrancesco Guarnieri e Maurício do Valle,
nas filmagens de “O Jogo da Vida”, adaptação do seu livro "Malagueta, Perus e Bacanaço" para televisão.


Nascido em 1937, filho de uma família de pequenos comerciantes do subúrbio de São Paulo, João Antônio trabalhou em empregos mal remunerados antes de lançar seu primeiro livro de contos, Malagueta, Perus e Bacanaço, em 1963, que lhe rendeu sucesso imediato de público e crítica, além de prêmios:  Jabuti (revelação de autor e melhor livro de contos), Prêmio Fábio Prado e o Prêmio Prefeitura Municipal de São Paulo.

A história da feitura deste livro mereceria um romance. Os originais da obra foram destruídos em 1960 no incêndio da casa da família do escritor, que deixou a ele e sua família só com a roupa do corpo. João Antônio refugiou-se então numa cabine da Biblioteca Municipal Mário de Andrade e reescreveu todos os contos, de memória.

Depois do sucesso literário, João Antônio trabalhou no Jornal do Brasil, na Revista Realidade, Manchete e Pasquim.

Faleceu no Rio de Janeiro, em 1996.


terça-feira, 10 de março de 2015

A Viagem de Théo

Quando Théo, um miúdo francês, de ascendência grega fica doente e os médicos não lhe conseguem achar uma cura, uma tia, leva-o numa viagem com o objetivo duplo de não só lhe conceder um desejo – que poderá bem ser o seu último – e/ou encontrar respostas nas religiões para o mal que o aflige. É este mote, motivo ou adubo que serve para escrever este romance, que vai para além desse estilo pois poderemos dizer que o seu resultado final é um grande almanaque de religiões.

Na sociedade moderna, muitos pais – e bem, diga-se de passagem – preferem que sejam os filhos a decidirem o seu destino no que respeita a crenças. Não condeno este agnosticismo paterno ocidental, até porque acho que são as grandes religiões que são as culpadas pelo sucedido ou então o maior ou menor conhecimento e a maior ou menor tolerância com que estes foram criados dentro das mesma. Este livro – e é pena estar esgotado na sua versão de português não açucarado – visa através de uma linguagem simples e num embrulho simples que um adolescente fique com um retrato razoável do que é que são as religiões e do que é que as une e separa em relação às outras e até dentro de si nas suas diversas vias.

A autora/guia nesta viagem, Catherine Clément, é uma filosofa de formação que se especializou nas áreas de antropologia – sendo seguidora/admiradora de Claude Lévi-Strauss – e psicanálise – na qual se considerava pupila de Jacques Lacan e membro “profana” da escola freudiana – que foi professora – começou a carreira a ser assistente de Vladimir Jankélévitch, eminente filósofo e musicólogo francês – autora – com 22 romances publicados e 29 ensaios – jornalista de imprensa escrita – essencialmente de critica literária e intervenção política – e de radio – no qual produziu programas culturais ligados à antropologia e religiões. Seguidora do estruturalismo, é feminista e foi comunista – desiludida e posteriormente expulsa em 1981 por colaborar com um jornal ligado ao Partido Socialista. É descendente de uma família mista de católicos e judeus, com sucessivas ascendências à Rússia e ao Azerbaijão tendo alguns familiares seus perecido não só na Shoa – holocausto perpetuado pelos Nazis – mas a sucessivos pogroms anti judaicos russos. Foi também diplomata onde esteve colocada durante quatro anos na Índia – como chefe de protocolo e na qual se apaixonou pelo o então embaixador e seu actual companheiro André Lewin – cinco anos na Áustria e por fim três anos no Senegal, confessa apaixonada pela Índia é também membro do seu Fórum Franco–Indiano que visa dar uma imagem positiva deste país em França.

Todas estas influências, formações e percursos profissionais espelham o que é o livro, um excelente manual de compreensão, sem julgamentos desnecessários, com a profundidade necessária para que não fiquemos na rama em relação a todas as grandes vias de crença. Um manual essencial para adolescentes que não faria mal se os “considerados” adultos o lessem, que visa pôr alguma Ordo ad Chaos – ou ordem no caos – que são as religiões actualmente.

A procura do nosso gémeo interior é um bom motivo procurarmos o divino em nós e o percurso é razoavelmente bem escolhido sendo que o seu final é deveras interessante, pois visa retomar o tronco não só do personagem, da sua viagem mas das religiões que se vão sucedendo ao longo dos nove meses que esta dura. O simbolismo que está inerente a muitas passagens, e que, não é de fácil compreensão para quem não se interessa por antropologia e religiões, serve, não obstante esse facto, como uma boa rede no qual é construída a trama.

Para um racionalista crente, como eu sou, tributário de um panteísmo semita este romance/almanaque é um excelente ponto de partida para explicar a todos que não adianta acharmos que todos temos razão, basta respeitarmos-nos e afastarmos os extremismos e lavagens cerebrais – sejam estas religiosas e/ou ateias – para que o laicismo e o humanismo sejam de facto a única via para o estabelecimento de pontes entre todos, tenham estes as origens ou as crenças e/ou não crenças que tiverem.

Como a próxima semana é a terceira 2.ª feira de Março, e analiso/critico livros sobre história e romance histórico, escolhi analisar um romance histórico, o que escolhi foi O Último Papa de Luís Miguel Rocha.

Saudações a todos os leitores e boas leituras,

.'.Sandro Figueiredo Pires.'.

decurso

da janela do comboio tudo
avança em contramão
tudo menos a água que no leito do rio
ora escorre feita degraus
ora dança em corrupios
de menina enamorada pelo sol

um rol de personagens vai
e vem como se se entretecesse
nos meandros das viagens

tudo se dilui na medida
que flui para lá do reflexo.



Helder Magalhães

In Thomas Bernhard - Autobiografia

Eu nunca tive prazer em praticar qualquer desporto, posso mesmo dizer que sempre detestei o desporto e ainda hoje o detesto. Em todos os tempos e sobretudo por todos os governos sempre o desporto foi considerado, por boas razões, da maior importância, ele distrai e obscurece e estupidifica as massas, e sobretudo as ditaduras sabem porque é que sempre e em todos os casos são a favor do desporto. Quem é pelo desporto tem as massas do seu lado, quem é pela cultura têm-nas contra si, dizia o meu avô, por isso todos os governos são sempre pelo desporto e contra a cultura.


Bai'má Benda: Ebolution...

Ebolution...

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segunda-feira, 9 de março de 2015

a-ver-livros: o voo raso dos gaios

Abraço o embaraço
e sorrio
como quem não quer crer
que me possam amar
as árvores
e as sombras
que me beijam
as águas que derribam
o meu pudor
os voos rasos
dos gaios
num ligeiro arrepio que perpassa
a floresta esparsa
do meu âmago

Ana Almeida

* para saber mais sobre a ilustradora italiana Daniela Tieni
siga o link http://danielatieni.blogspot.pt/

O "Desamparo" de Inês Pedrosa amanhã no Chiado

Lançamento de "Desamparo" na Fnac Chiado (Lisboa), no dia 10 de Março. A apresentação será feita pela escritora Maria Manuel Viana.

Poesia em matéria fria: Leminski

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domingo, 8 de março de 2015

Dai-me flores

Dai-me rosas e lírios


Dai-me rosas e lírios,
Dai-me flores, muitas flores
Quaisquer flores, logo que sejam muitas...
Não, nem sequer muitas flores, falai-me apenas
Em me dardes muitas flores,
Nem isso... Escutai-me apenas pacientemente quando vos peço
Que me deis flores...
Sejam essas as flores que me deis...
(...)
Fernando Pessoa

Marta Antunes

Snobidando: Millôr Fernandes

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Ler faz bem à cabeça

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