sábado, 20 de abril de 2013

O Portuga de Laranja Lima

Eu era miúda e "O Meu Pé de Laranja Lima" teria dez, onze anos de publicado, pouco menos do que eu teria de vida, quando apareceu lá em casa. Devorei-o. Se fechar os olhos consigo ver a árvore que a minha imaginação plantou na minha memória. Curiosamente, agora que releio a sinopse do livro do brasileiro José Mauro de Vasconcelos, apercebo-me de que nunca mais recordei que o livro inclui um português, que se tornaria grande amigo do pequeno Zezé.

E porque falo nisso agora? Porque depois de uma primeira adaptação cinematográfica em 1970, três novelas baseadas no livro, uma versão em banda desenhada editada na Coreia do Sul, surge agora um novo filme realizado por Marcos Bernstein, entre outras coisas, roteirista do aclamado "Central do Brasil". Primeiro foi exibido durante o Festival do Rio, ainda no ano passado, e estreou ontem nas salas comerciais.
 
Para quem já não recorda o enredo, 'pico' da wikipédia um pouco da sinopse:
"Este livro retrata a história de um menino de cinco anos chamado Zezé que pertencia a uma família muito pobre e numerosa. A mãe trabalhava numa fábrica, o pai estava desempregado e, como tal, passavam muitas dificuldades, pelo que eram as irmãs mais velhas que tomavam conta dos mais novos; por sua vez, Zezé tomava conta do irmãozinho mais novo, Luís.

Zezé era um rapazinho muito interessado pela vida, adorava saber e aprender coisas novas, novas palavras, palavras difíceis que o tio Edmundo lhe ensinava. Contudo, passava a vida a fazer traquinagens pela rua, a pregar partidas aos outros e muitas vezes acabava por ser castigado e repreendido pelos pais ou pelos irmãos, que passavam a vida a dizer que ele era um mau menino. Todos estes factores faziam com que Zezé não encontrasse na família o carinho e a ternura que qualquer criança precisa. Somente de sua irmã Glória, a quem carinhosamente chama 'Godóia'.

Ao mudarem de casa, Zezé encontra no quintal da nova morada um pequeno pé de laranja lima. Inicialmente, a ideia de ter uma árvore tão pequena não lhe agrada muito, mas à medida que vai convivendo com a pequena árvore e ao desabafar com esta, repara que ela fala e que é capaz de conversar consigo, tornando-se assim a sua grande amiga e confidente, aquela que lhe dava todo o carinho que Zezé não recebia da família. O menino teve também um grande amigo no português Manuel Valadares.
"

Para esta noite de sexta-feira - ou, quem sabe, para a manhã de sábado, depois de uma saída que descomprima do stress da semana - deixo-vos primeiro o trailer de apresentação do filme, depois uma pequena entrevista com José de Abreu, o actor que veste a pele de Manuel Valadares, o Portuga, na qual revela a forma como fugiram à figura estereotipada pela qual os portugueses são ainda identificados no Brasil.


Ah. E se tiverem curiosidade em reler o início do livro "O Meu Pé de Laranja Lima" está aqui, na rubrica Primeiro Parágrafo. Bom fim-de-semana. E boas leituras, pois claro!


1 comentário:

  1. O livro "O Meu Pé de Laranja Lima", de José Mauro de Vasconcelos, quando foi lançado em 1968, provocou um verdadeiro tsunami de leitores nas livrarias de todo o Brasil. É um dos livros brasileiros mais traduzidos no mundo.
    Li esse livro várias vezes e assisti aos dois filmes e as três telenovelas baseadas nesse verdadeiro best-seller. Nenhum dos filmes e nenhuma das telenovelas foram melhores do que o livro.
    Os livros anteriores ao "O Meu Pé de Laranja Lima", que estavam encalhados nas livrarias, passaram a ser vendidos e a editora, Edições Melhoramentos, teve que reimprimir sucessivas edições.
    O próprio José Mauro de Vasconcelos não se considerava um escritor, mas apenas um contador de histórias! E a história do menino que conversava com um pé de laranja lima ainda vai encantar muitas gerações vindouras!

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