quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Harper Lee está de volta: "Vai e Põe Uma Sentinela" é publicado pela Presença


Avança o DN / Lusa:

O romance inédito da escritora norte-americana Harper Lee, de 88 anos, autora de Mataram a Cotovia, é editado em Portugal "no último trimestre deste ano", disse hoje à agência Lusa fonte editorial.

A obra inédita Go set a Watchman, no qual se encontram locais e figuras de Mataram a Cotovia, é editada a 14 de julho nos países de língua inglesa. Segundo fonte da Editorial Presença, que vai lançar o livro Em Portugal, "deu origem a um dos leilões mais disputados entre casas editoriais dos mais diversos países em todo o mundo".

Segundo a mesma fonte, a ação "decorre em meados da década de 1950 e apresenta muitas das personagens de Mataram a Cotovia, vinte anos mais tarde".

"Scout (Jean Louise Finch), agora uma jovem mulher, regressa a Maycomb, sua terra natal, vinda de Nova Iorque, para visitar o pai, Atticus, vê-se forçada a confrontar-se com assuntos pessoais e políticos e tenta compreender a atitude do pai em relação à sociedade, bem como os seus próprios sentimentos relativamente ao local onde nasceu e passou a infância", adianta a apresentação da obra.

O cenário é a pequena cidade do Estado do Alabama, sob as fortes tensões raciais dos anos 1950, que também serviria de cenário a Mataram a Cotovia.

A escritora, citada pela Presença, reconheceu que, "em meados dos anos 1950", escreveu um romance intitulado Go set a Watchman."Tinha como principal personagem uma mulher, ainda jovem, chamada Scout. Na época, o meu editor, entusiasmado com os 'flashbacks' da infância de Scout, convenceu-me a escrever um romance a partir da perspetiva de Scout ainda criança'", afirma Harper Lee, num texto enviado à Lusa pela Editorial Presença.

"Eu estava a dar os primeiros passos como escritora e, por isso, fiz o que ele me disse. Não fazia ideia de que a obra tinha sobrevivido, julgava que o manuscrito se tinha perdido, pelo que fiquei muito surpreendida e encantada quando soube que a minha amiga e advogada Tonja Carter, o tinha descoberto no outono do ano passado", conta a autora.

Depois da publicação de Mataram a Cotovia, em 1960, e que valeu a Harper Lee um Prémio Pullitzer, a escritora "pôs de parte o manuscrito de Go set a Watchman e nunca mais pensou nele, e foi até dado como perdido, mas, no outono do ano passado, Tonja Carter descobriu-o num lugar seguro, apenso ao original datilografado de 'To kill a mockingbird' (Mataram a Cotovia)".

"Depois de muito pensar sobre o assunto e de alguma hesitação, mostrei-o a algumas pessoas da minha confiança e senti uma grande satisfação por acharem que valeria a pena publicá-lo. Sinto-me orgulhosa e maravilhada por o livro ir ser publicado ao fim de todos estes anos", remata Lee.

Mataram a Cotovia, que foi publicado em Portugal em 1964, é um romance sobre racismo e preconceito, nos anos da Grande Depressão, nos Estados Unidos, na década de 1930. O livro conta a história de um advogado que defende um homem negro acusado de violar uma jovem branca.

A obra deu origem ao filme de Robert Mulligam, distribuído em Portugal com o título Na Sombra e no Silêncio, com Mary Badham no papel de Scout Finch, e Gregory Peck, como seu pai, o advogado Atticus Finch, desempenho que lhe garantiu o Óscar de melhor ator.

O grupo norte-americano HarperCollins chancela a edição original de Go set a Watchman e, segundo o seu presidente, Michael Morrison, a obra é "brilhante"

"É brilhante este livro! Adorei Go set a Watchman', sei que esta obra-prima será admirada pelas gerações futuras", afirmou Morrison.



terça-feira, 13 de outubro de 2015

respirar


ficámos sempre à margem
tolhidos talvez pelo medo
de não saber como respirar

quando te disse mergulhamos
a tua mão começou a resvalar

ficou por alcançar o corpo da luz
que da profundidade emerge
e pela flutuação da água cintila.

Helder Magalhães


Sandra Correia

É do borogodó: O pequeno Harvey


Lembro bem quando me meti no morrão com meus amigos de bairro: Lili, Ricardinho, Sugus, Luci, Fabi, Dadinho… Será que tinha mais gente? Será que eles se lembram disso? Eu lembro bem, fui eu quem tentou pular o muro como os outros faziam, fui eu a desajeitada nas ações de força e impulso, fui eu a espatifada no chão.
Lili voltou pra casa comigo. Lili era mais forte do que eu em tudo. Ela me defendia nas brigas e me levantava nos tombos. Foi ela quem levou a bicicleta ao lado. Não dava para pedalar com aquele joelho ensanguentado.
Meu sobrado era quase pegado na casa da Lili. Ela só fazia perguntar se estava doendo e eu dizia que sim, muito, até ver minha mãe.
Tive medo da minha mãe. Ela não não ficou brava. Mas disse que aquilo tinha sido feio. Foi buscar a caixa de medicamentos. Lavou minha perna no quintal com água e sabão, depois despejou o vidro de merthiolate, nem deu tempo de pedir:
– Mãe, esse não, põe o mercúrio…
Ardeu meu pedido não atendido. Minha mãe disse que o outro era ardido porque sarava melhor.
Naquele dia eu não entendi porque precisamos sarar com dores piores quando já estamos partidos.
Acho que nunca contei isso pra minha mãe. Nem agradeci minha amiga Lili.
No entanto, a vida foi passando e outros dias partidos vieram em que eu daria tudo por ter a cura num vidrinho ardido de merthiolate.
Harvey, também gostaria de um vidrinho desses…
O pequeno Harvey vê sua vida virar de cabeça para baixo quando toma conhecimento da morte do pai. Invadido por um sentimento desconhecido e desolador, Harvey tenta proteger-se da dor, refugiando-se em seu rico mundo de fantasia.
Numa sensível e realista narrativa sobre a perda de um ente querido e a necessidade de encontrar recursos pessoais para superar a dor do luto, a editora Pulo do gato convida os leitores a conhecer a história de Hervé Bouchard e Janice Nadeau, com tradução de Luciano Vieira Machado.
Texto e imagem se complementam de forma indissociável na construção dos sentidos da narrativa. As duas linguagens não se sustentam sem essa parceria: são as ilustrações que traduzem as sensações, revelam os sentimentos e as percepções da personagem.
O livro “HARVEY – Como me tornei invisível” é uma obra sobre perda, dor, sofrimento. Assim como o vidrinho de remédio que faz arder, a narrativa de Harvey nos aproxima dos sentimentos que precisamos revisitar para ter coragem de superar.
* As imagens publicadas aqui foram encontradas na internet e compõem o livro.
*escolhido por Penélope Martins, nossa ponte até ao Brasil

London No.3, Helder Magalhães

London No.3
A cidade esvaziava-se
no torvelinho do vento
e no chumbo das nuvens
só a mão suportava o tempo
no gesto de fazer o corpo
descer a rua dos limoeiros
tudo se diluía no carrossel da fragrância
ébrio o coração era uma ilha desconhecida
o rebate contínuo das horas
anunciava a orla da brancura
do degelo às portas do templo
mordida a essência da carne
uma língua de luz tremeluzente
profere a comunhão da eternidade.

*Helder Magalhães

Porque aqui vai nascer um projecto diferente de gin, não perca os nossos poemas.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Que será de mim?

Que será de mim?

Que será de mim quando se acabar o dia e a noite me trouxer a incerteza de todas as horas? O tempo esvazia-nos de tudo, só de tormentos nos vai enchendo. Por mais que demore, e que pensemos que não, chega sempre a altura de não esperarmos mais nada, de sermos só nós com nós mesmos.
Há pessoas que se vão embora de nós. Se calhar é-nos isso pior que morrerem, não que se deseje a morte a alguém mas a verdade é que quando alguém se vai embora de nós e continua presente nos outros é como se nos passasse a flutuar por cima da cabeça e nos acompanhasse para tudo o que é sítio. Flutua-nos em cima e carrega pedaços de tempo que nos faltam, há tempos que nos faltam, há tempos que me faltam, tempos que me hão de faltar e que por muito que os disfarce com contentamentos de vária ordem sempre aqui estarão espalhando-me grãos de saudade por todo o corpo e lembrando-me das minhas desatenções passadas. Penso nisso com pena, ao menos que me previnam de desatenções futuras, nunca é tarde para se ser melhor do que se foi ontem.
Mas o que importa? Continua a chover nos dias em que quero que chova, tenho um guarda-chuva larguíssimo, uma coisa desproporcional, quase maior que um sombreiro de praia. Derivado a essa grandeza nenhuma gota me toca, não pode haver felicidade maior, sou tão feliz. Tenho uns sapatos oferecidos por uma tia afastada providos de uma artimanha qualquer que nunca se me entra água pelos pés, tenho quatro ou cinco amigos e uns senhores idosos que jogam às cartas numa mesinha já meio podre aqui no meu bairro. Entusiasmam-se com o jogo, riem-se como se fossem jovens. Entusiasmo-me com eles, rio-me como se fosse velho.

Que mais pode alguém querer?

Gonçalo Naves

Imagem tirada daqui: https://vanguardamaristao.wikispaces.com/Grupo+1_G?responseToken=aefddf911ec51b02c2dfd74179fc0941

domingo, 11 de outubro de 2015

Tardes em naftalina

O calor insuportável, o acordar antes do despertador, a noite feita de um sono solto, intermitente, o sol já inflamado, o céu vazio de nuvens, de pássaros, o vidro da janela morno, quase quente, os pés descalços pelo chão do quarto, pelo mosaico da casa-de-banho, o seu rosto no espelho, os olhos lembram berlindes.
Oferece-se um sorriso, o sorriso matinal possível, breve e azul, o cabelo despenteado lembra-lhe sempre as mesmas palavras da mãe, passa um pente por esse cabelo.
Precisa de água como um peixe precisa de água, desesperadamente.
O banho da manhã incapaz de arrefecer o corpo, de levar pelo ralo, o calor dos lençóis colado ao calor do corpo.
De olhos fechados, tenta esquecer a noite debaixo do chuveiro, afogar o cansaço.
Esquece o presente e em consequência chega tarde ao trabalho.
Não se esquece da garrafa de água, o calor obriga-a a circular pela cidade sempre com uma garrafa de água, como se a garrafa de água uma garrafa de oxigénio, como se o seu corpo dentro de um fato de mergulho.
A viagem para o trabalho uma epopeia.
Epopeia nenhuma, nem furos nos pneus, nem falhas nos travões, igual, igual o caminho, talvez mais rápida.
Na rádio ouve notícias de cidades a norte submersas em água por causa de chuvas diluvianas. O mundo em desequilíbrio perfeito.
Com dificuldade arruma as mãos no volante, os olhos na estrada.
As ruas quase vazias. Os semáforos numa sincronia rubra a obrigar os carros a parar.
Procura e encontra um espaço para estacionar sob a sombra de uma árvore.
Um jacarandá, uma sombra azul e parca.
O asfalto sem a habitual dureza a prender-lhe os saltos dos sapatos, os passos, quase a vontade.
Custa-lhe caminhar. No corpo um peso para lá do peso do corpo. Abraça-se, precisa verificar, o fato de linho, leve, não de borracha.
Custa-lhe respirar. O ar insuportável, irrespirável.
Senta-se à secretária, vinte minutos depois da hora em que era suposto sentar-se à secretária.
A secretária como se um boião de aquário.
Na secretária um pisa-papéis em bronze em forma de peixe.
A manhã passa, sem languidez, análises, pesquisas, contas, quadros, mapas, faxes, telefonemas, uma bica sem açúcar, e-mails, processos, relatórios.
Depois a tarde, as horas rubras da tarde, do calor maior, o silêncio sob a ausência de silêncio, as palavras em voz baixa, melodias vagas de rádios, deslizar de cadeiras, dedos sobre teclas e botões, cabeças a pensar, sem tempo para divagações, apenas conclusões.
Do ponto de vista das lâmpadas presas ao tecto lembram os membros de uma orquestra a afinar os instrumentos, a azáfama da tarde, formigas no lufa-lufa do carreiro, ninguém em sentido contrário, a cidade um formigueiro, indiferente ao papa-formigas.
A tarde, passa como a manhã, sentada à secretária.
Sentou-se pontualmente à secretária.
As horas do dia indistinguíveis.
No escritório uma temperatura de frigorífico garantida por um aparelho de ar condicionado com dez anos de garantia.
A tarde passa entre análises, pesquisas, contas, quadros, mapas, faxes, telefonemas, mais uma bica sem açúcar, e-mails, processos, relatórios.
Até que uma assinatura no fim de uma página, a faz reparar na data, transforma o dia, de abstracto a concreto, um dia de Julho.
Uma tarde de Julho.
Julho quase no fim. Mês de pêssegos e alperces.
E fecha os olhos, cinco segundos, o tempo de um respirar, uma tarde inteira dentro de cinco segundos, imagina-se na casa dos avós, o corredor sem fim, um labirinto em linha recta, dezoito metros de corredor onde tudo podia acontecer, ela a pedalar um triciclo pelo corredor, a alegria dos pés fora do chão, os riscos paralelos de três rodas no soalho.
E no corredor um armário, O armário do corredor, quatro portas, quatro chaves de ferro forjado, a pega em forma de coração, um gigante, como se um mostrengo a atormentar o tormentoso Cabo.
Um armário como se um castelo fechado a quatro chaves, na torre de vigia, num sono vigilante, o gato da casa, a prestar vassalagem unicamente a si próprio, desinteressado do trânsito do corredor.
Demorou a conquistar o armário.
Demorou quatro dias a abrir as quatro portas.
Dentro do armário encontrou roupas da avó, o vestido de casamento, dois vestidos de festa, vestidos de noite, escuros como a noite, talvez para que os corpos se confundam com a noite, vestidos decotados nas costas, polvilhados a lantejoulas, um brilho falso de estrelas.
Não consegue imaginar a avó de lantejoulas.
A avó sempre de avental, branco, alvo, imaculado, se um ramo de rosas brancas e um véu, lembraria uma noiva feliz no cume de um bolo de amêndoa e ovos.
A avó de avental à hora do chá, sempre chá preto com dois gomos de limão, acompanhado com uma cigarrilha que fumava numa elegância plácida.
A avó dizia It’s tea time e com pontualidade britânica preparava o chá.
Nunca percebeu se a avó falava a língua de Virgínia Woolf e de Mrs. Dalloway, ou se sabia apenas frases feitas, palavras soltas.
Há coisas que nunca teve coragem de perguntar.
Lembra-se, sempre que a avó a repreendia, o que acontecia com uma frequência mais do que suficiente e que a insatisfazia bastante, que começava os reproches não pelo seu nome próprio, em riste e completo, Sara Luísa, como sempre faziam os pais, mas com o prefixo young lady, que em pequena a reduzia à sua condição de ignorante.
Depois cresceu, ficou maior do que a avó, também começou a fumar, as mesmas cigarrilhas amargas, que quem sai aos seus não é de Genebra.
Lembra-se de um tempo, ridículo e breve, em que se sentiu uma big woman, em que pensou que o tamanho era medida suficiente para descurar as consequências das suas acções e omissões.
Depois cresceu mais, os outros dizem que cresceu, dizem que ficou comedida nos gestos e nas palavras.
Não nos pensamentos.
Nos pensamentos não permite que a incomodem.
Em consequência mente. Mente sem pudor sempre que é preciso. Protege-se.
Empenha-se em cultivar pensamentos esdrúxulos, difíceis de medrar, adubados a palavras de poetas assassinados, regados a água de chuva, gosta de andar à chuva, mesmo em dias de Inverno, a água canalizada de chuveiro, que mais não pode fazer quando não chove, a copos de whiskey, que em simultâneo a preservam de constipações e lhe desafinam o fígado.
Dentro do armário lençóis de linho, cobertores de lã e um cheiro a naftalina misturado com alfazema, sabão azul e sol de Verão, um cheiro, também somos feitos de cheiros, que desde então procura, sem nunca encontrar, sempre que abre a porta de um qualquer armário.
Dentro do armário o seu corpo.
Dentro do armário um barulho de búzios.
Dentro do armário uma gaivota e uma cegonha, o ninho da cegonha, a torre da igreja onde a cegonha fez o ninho, a igreja, os sinos a tocar, uma procissão, uma banda e um maestro com pinta de pirata disfarçado de almirante.
Dentro do armário um piano de cauda, dois pinguins, um tigre, uma girafa azul, um índio e dois cowboys, dois pares de patins, uma princesa, sete anões, um lobo mau, três peixes-voadores, um bando de andorinhas, um espantalho, um balão de ar, uma baleia, uma fada madrinha, um submarino, uma costureira perita, um polícia sinaleiro, um carro de bombeiros, um pião, uma amiga imaginária com um vestido vermelho igual ao seu, a quem contava todos segredos, que não gostava de sopa, agora gosta, de dormir sesta, que sabia escrever o seu nome com todas as letras, contar até 38, que já perdeu quatro dentes, quase uma mão cheia de dentes. Cuidado que morde!
Dentro do armário corridas em patins, as duas de mãos dadas, impossível cair, magoar os joelhos, partir o nariz.
Dentro do armário podiam apanhar um avião para Paris.
Viste a Sara?
Onde é que está a Sara?
Escondia-se do mundo.
Escondia-se pelo gosto simples de se esconder, de desaparecer.
Um dia abriram uma porta, abriram todas as portas, uma a uma à vez.
O seu corpo sem respirar dentro do armário, o seu corpo a girar como a chave girava na fechadura da porta. O seu coração no peito entre o tamanho de um botão e de uma baleia.
Dentro do armário não está!
Divertia-se com a preocupação das vozes, dos passos em volta à sua procura.
Mas onde é que se enfiou a Sara?
No buraco de uma agulha!
Sara!
Sara!
E não sabe dizer quantas vezes deu por si, em casa de estranhos, uma vez num museu, um castelo mobilado a preceito, a enfiar sorrateiramente o nariz porta dentro de armários com mesmo um aspecto suspeito, mas vestidos de noiva, nem lençóis de linho, nem cobertores de lã.
O vigilante com o dedo indicador a tocar-lhe no ombro, uma insistência de campainha de prédio de dezoito andares, um labirinto em linha recta onde tudo podia acontecer.
Ela a desfazer-se num sorriso sinónimo de pedido de desculpa pelo seu comportamento atrevido, ela de olhos no chão, nos atacadores dos sapatos, à espera de uma repreensão que invariavelmente começaria com as palavras young lady… enquanto reprime a vontade de o interromper com a pergunta: Desculpe, por ventura sabe onde é que está a Sara?
 
Raquel Serejo Martins
 
My Old Home, de Ana Cristina Dias
(Mais trabalhos desta pintora em: http://eu-e-a-pintura.blogspot.pt/.)