(Sim, vou dividir isto por textos... Querem saber mais, voltem nos próximos dias!!)
Primeira parte.
O manifesto:
Não sei se é politicamente correcto falar do livro de uma autora que, por acaso, também participa deste blogue.
Mas eu não sou de convénios. Nem de paradigmas e dogmas irrefutáveis. Criei este espaço com suor e trabalho. Todos os livros que leio acabam aqui, mais cedo ou mais tarde.
Raquel, o teu dia tinha que chegar! Porque acredito que se podem conhecer pessoas por aquilo que lêem ou escrevem. Muitas amizades começaram assim. Lembraste como começou a nossa?
Nunca te vi daqui para a porta do escritório onde estou. Não sei como é a tua voz, se rouca se fina...
O Nobel é para ti... Não tinha lido um livro de uma autora a quem trato por tu (já li o trabalho de autores. Homens, capiche?)
Acrescento: não li muitas autoras. Portuguesas ou estrangeiras. O que é que se passa convosco? Será o facto de haver tanta escritora fraca? É isto que me inibe? Afloramentos para outras discussões, quiçá!
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Bêbados
Publico mais um texto de Jorge Costa, eterno boémio dos anos 50 da cidade de Coimbra e membro fundador da república onde vivi.
Bêbados
'Caindo, embriagado, na valeta
O bêbado lá segue o seu caminho:
Sempre mais, sempre mais, sempre mais vinho,
Dançante, em festa, aos som da pandeireta!...
Pelos outros lançando em vil sarjeta,
Cada vez menos rico e mais sozinho,
Boémio, vagabundo ou pobrezinho,
Só tem por companhia o vinho e a treta!...
Que faz tantos de nós em ser assim?...
Complexos, frustrações, medo ou perigo?...
Só posso vos contar o que de mim
Vivi como boémio e não mal digo,
Pois eu sempre fui eu até ao fim
E a todos vós irmãos em peito amigo!'
Bêbados
'Caindo, embriagado, na valeta
O bêbado lá segue o seu caminho:
Sempre mais, sempre mais, sempre mais vinho,
Dançante, em festa, aos som da pandeireta!...
Pelos outros lançando em vil sarjeta,
Cada vez menos rico e mais sozinho,
Boémio, vagabundo ou pobrezinho,
Só tem por companhia o vinho e a treta!...
Que faz tantos de nós em ser assim?...
Complexos, frustrações, medo ou perigo?...
Só posso vos contar o que de mim
Vivi como boémio e não mal digo,
Pois eu sempre fui eu até ao fim
E a todos vós irmãos em peito amigo!'
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
O jogador, Fiódor Dostoievski
Chegou a vez de Fiódor Dostoievski. Já escrevi sobre alguns escritores russos, mas este ficou para trás. Os russos - povo que me fascina nas letras...
A história de Aleksei Ivánovitch e Polina Aleksandrovna.
Aleksei acompanha um general russo que chega à localidade de Roletenburgo, na Alemanha. Este esperava uma herança que nunca mais chega. E, durante esse tempo, Polina serve-se do pobre Aleksei para este jogar por ela na roleta. Cego de amor, este cede - sem nunca chegar a entender estranho pedido. Por amor ele estava disposto a tudo...
Mais à frente, vem a descobrir-se que o general, na realidade, aguardava uma herança para pagar uma velha dívida. Polina entrava no jogo pelas mãos de Aleksei para tentar ajudá-lo.
Quando a avó do general (de quem todos aguardavam pacientemente a morte) descobriu esta e outras manobras, decide gastar toda a sua fortuna no jogo. Aparece em Roletenburgo e desfaz a herança.
O general acaba louco e morre. Aleksei - entretanto um jogador com muita reputação -aposta o que tem e ganha uma verdadeira fortuna. Não foi suficiente para conquistar Polina, que acaba por fugir.
Tempos depois, já Aleksei perdeu tudo o que tinha em Paris. Mas é-lhe revelado que Polina aguarda por ele na Suiça.
Um amigo em comum deu-lhe a notícia e prontificou-se a pagar a viagem de encontro. Mas Aleksei tem um vício enorme do qual não se consegue desfazer.
O livro termina com a ironia dentro do pensamento do 'Jogador': a dúvida entre gastar aquele dinheiro em mais uma roleta... ou ir ter com a amada.
'O que pode acontecer quando a paixão pela roleta se cruza com a paixão pela mulher amada?'
A história de Aleksei Ivánovitch e Polina Aleksandrovna.
Aleksei acompanha um general russo que chega à localidade de Roletenburgo, na Alemanha. Este esperava uma herança que nunca mais chega. E, durante esse tempo, Polina serve-se do pobre Aleksei para este jogar por ela na roleta. Cego de amor, este cede - sem nunca chegar a entender estranho pedido. Por amor ele estava disposto a tudo...
Mais à frente, vem a descobrir-se que o general, na realidade, aguardava uma herança para pagar uma velha dívida. Polina entrava no jogo pelas mãos de Aleksei para tentar ajudá-lo.
Quando a avó do general (de quem todos aguardavam pacientemente a morte) descobriu esta e outras manobras, decide gastar toda a sua fortuna no jogo. Aparece em Roletenburgo e desfaz a herança.
O general acaba louco e morre. Aleksei - entretanto um jogador com muita reputação -aposta o que tem e ganha uma verdadeira fortuna. Não foi suficiente para conquistar Polina, que acaba por fugir.
Tempos depois, já Aleksei perdeu tudo o que tinha em Paris. Mas é-lhe revelado que Polina aguarda por ele na Suiça.
Um amigo em comum deu-lhe a notícia e prontificou-se a pagar a viagem de encontro. Mas Aleksei tem um vício enorme do qual não se consegue desfazer.
O livro termina com a ironia dentro do pensamento do 'Jogador': a dúvida entre gastar aquele dinheiro em mais uma roleta... ou ir ter com a amada.
'O que pode acontecer quando a paixão pela roleta se cruza com a paixão pela mulher amada?'
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
O amor à poesia cabe numa livraria...
É a Poesia Incompleta em Lisboa, junto ao Príncipe Real. Faz parte de um roteiro de proximidade de algumas livrarias interessantes como por exemplo a Letra Livre, a Trama ou a Carpe Diem. Um projecto inovador e ousado. Vende poesia, só poesia, garante que lhe falta muita coisa e nos últimos tempos já se arriscaram a publicar também. O Changuito, também conhecido como Mário Guerra é o amigo, livreiro, crente na poesia, conversador que anda por ali nas várias salas onde se encontra de tudo um pouco, novidades, raridades, antigos e novos arrumadinhos pelo nome próprio do autor... porque ali todos são conhecidos pelo nome. Tem ainda um quintal com o particular pormenor da buganvília e uma hera que chegou da Grécia pela mão de Hélia Correia.
Já toda a gente devia conhecer, já toda a gente devia por lá ter passado. Se isto não chega vejam o vídeo da reportagem na SIC e se ainda assim não se sentirem tentados.....
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Os meus livreiros...
É estranho um livreiro ter livreiros a quem recorre?
Pois bem, neste mundo tudo se mistura. Nas experiências do passado e do presente. Reconheço, no entanto, que todos eles fizeram parte (lado a lado na mesma loja ou no mesmo grupo) do meu trabalho.
Hoje recebi uma mensagem da Teresa Castro para ir ver os saldos da Cavalo de Ferro e da Sodilivros à primeira loja onde trabalhei. Passadas poucas horas, liga-me um amigo de Guimarães a dizer que está de férias dos livros... Encontro marcado.
Vou a Serralves dar um abraço ao Zé e à Chanty, passo em Ceuta para ir à Almedina ver a malta com quem trabalhei (agora vejo-os de longe a longe ou pelo telefone). Atravesso a rua e encontro a Rosete, a Andreia, o Sérgio...
Gente extraordinária! Que tantas saudades traz. Infelizmente não é possível juntá-los a todos no mesmo sítio.
Por vezes ligo à concorrência quando o livro está esgotado. Assim 'safei' um cliente outro dia. Despachado para a Raka. Ou então, dou por mim a fazer quilómetros até Guimarães para levantar um livro para o meu Pai, porque não tenho maneira de o arranjar. Já lá está nas mãos do Duarte.
É extraordinário. Os amigos que se fazem neste negócio valem tesouros.
Ainda há uns dias os do Bom Sucesso ofereceram-me uma camisola da equipa, o número 12. Já não jogo lá o meu presente, mas sinto tudo aquilo que construímos. Em Guimarães, dias antes, uma prenda de aniversário. Mais uma vez original: um belo caderno para eu tomar notas dos livros que leio.
Este texto é para eles, os meus livreiros. Gente que está num balcão, tratada com grande indiferença pela grande maioria do público. Mas que dá significado e força à minha existência. E à minha mais profunda amizade...
Pois bem, neste mundo tudo se mistura. Nas experiências do passado e do presente. Reconheço, no entanto, que todos eles fizeram parte (lado a lado na mesma loja ou no mesmo grupo) do meu trabalho.
Hoje recebi uma mensagem da Teresa Castro para ir ver os saldos da Cavalo de Ferro e da Sodilivros à primeira loja onde trabalhei. Passadas poucas horas, liga-me um amigo de Guimarães a dizer que está de férias dos livros... Encontro marcado.
Vou a Serralves dar um abraço ao Zé e à Chanty, passo em Ceuta para ir à Almedina ver a malta com quem trabalhei (agora vejo-os de longe a longe ou pelo telefone). Atravesso a rua e encontro a Rosete, a Andreia, o Sérgio...
Gente extraordinária! Que tantas saudades traz. Infelizmente não é possível juntá-los a todos no mesmo sítio.
Por vezes ligo à concorrência quando o livro está esgotado. Assim 'safei' um cliente outro dia. Despachado para a Raka. Ou então, dou por mim a fazer quilómetros até Guimarães para levantar um livro para o meu Pai, porque não tenho maneira de o arranjar. Já lá está nas mãos do Duarte.
É extraordinário. Os amigos que se fazem neste negócio valem tesouros.
Ainda há uns dias os do Bom Sucesso ofereceram-me uma camisola da equipa, o número 12. Já não jogo lá o meu presente, mas sinto tudo aquilo que construímos. Em Guimarães, dias antes, uma prenda de aniversário. Mais uma vez original: um belo caderno para eu tomar notas dos livros que leio.
Este texto é para eles, os meus livreiros. Gente que está num balcão, tratada com grande indiferença pela grande maioria do público. Mas que dá significado e força à minha existência. E à minha mais profunda amizade...
Citação copiada
Tempo vs tempo
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
A hora da partida
'A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.'
domingo, 30 de janeiro de 2011
Relato de um Náufrago, Gabriel García Márquez
Este livro não tem o formato de todas as outras obras de García Márquez. Tanto no tamanho, como no estilo.
'Relato de um Náufrago' não é um título de um romance, é mesmo um testemunho. Provavelmente, um dos livros menos conhecidos do Nobel de 1982.
Apanhei-o em 2008 (a assinatura não engana) e resolvi logo ler. Podem pensar que é complicado falar de livros que lemos há algum tempo. Para mim, é um exercício. É matar saudades, arejar um pouco o livro da estante, fazê-lo passear...
Esta historia é a de um sobrevivente de naufrágio. O mundo julgava ter sido um acidente, mas o escritor percebeu que não existira tormenta alguma.
O navio da Colômbia transportava carga de contrabando e não resistiu às investidas do mar. Este livro transformou-se numa denúncia política, sacrificando a glória do náufrago e o exílio do escritor.
Esta edição em livro é a reunião de uma série de reportagens que foram publicadas no El Espectador, de Bogotá, em 1955.
'Relato de um Náufrago' não é um título de um romance, é mesmo um testemunho. Provavelmente, um dos livros menos conhecidos do Nobel de 1982.
Apanhei-o em 2008 (a assinatura não engana) e resolvi logo ler. Podem pensar que é complicado falar de livros que lemos há algum tempo. Para mim, é um exercício. É matar saudades, arejar um pouco o livro da estante, fazê-lo passear...
Esta historia é a de um sobrevivente de naufrágio. O mundo julgava ter sido um acidente, mas o escritor percebeu que não existira tormenta alguma.
O navio da Colômbia transportava carga de contrabando e não resistiu às investidas do mar. Este livro transformou-se numa denúncia política, sacrificando a glória do náufrago e o exílio do escritor.
Esta edição em livro é a reunião de uma série de reportagens que foram publicadas no El Espectador, de Bogotá, em 1955.
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