sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

'A solidão dos Inconstantes', RSM - 1.ª parte ('O manifesto')

(Sim, vou dividir isto por textos... Querem saber mais, voltem nos próximos dias!!)

Primeira parte.
O manifesto:


Não sei se é politicamente correcto falar do livro de uma autora que, por acaso, também participa deste blogue.

Mas eu não sou de convénios. Nem de paradigmas e dogmas irrefutáveis. Criei este espaço com suor e trabalho. Todos os livros que leio acabam aqui, mais cedo ou mais tarde.

Raquel, o teu dia tinha que chegar! Porque acredito que se podem conhecer pessoas por aquilo que lêem ou escrevem. Muitas amizades começaram assim. Lembraste como começou a nossa?

Nunca te vi daqui para a porta do escritório onde estou. Não sei como é a tua voz, se rouca se fina...

O Nobel é para ti... Não tinha lido um livro de uma autora a quem trato por tu (já li o trabalho de autores. Homens, capiche?)

Acrescento: não li muitas autoras. Portuguesas ou estrangeiras. O que é que se passa convosco? Será o facto de haver tanta escritora fraca? É isto que me inibe? Afloramentos para outras discussões, quiçá!

Macaco

'Macaco velho não põe pé em ramo seco'

Bêbados

Publico mais um texto de Jorge Costa, eterno boémio dos anos 50 da cidade de Coimbra e membro fundador da república onde vivi.

Bêbados

'Caindo, embriagado, na valeta
O bêbado lá segue o seu caminho:
Sempre mais, sempre mais, sempre mais vinho,
Dançante, em festa, aos som da pandeireta!...

Pelos outros lançando em vil sarjeta,
Cada vez menos rico e mais sozinho,
Boémio, vagabundo ou pobrezinho,
Só tem por companhia o vinho e a treta!...

Que faz tantos de nós em ser assim?...
Complexos, frustrações, medo ou perigo?...
Só posso vos contar o que de mim

Vivi como boémio e não mal digo,
Pois eu sempre fui eu até ao fim
E a todos vós irmãos em peito amigo!'

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O jogador, Fiódor Dostoievski

Chegou a vez de Fiódor Dostoievski. Já escrevi sobre alguns escritores russos, mas este ficou para trás. Os russos - povo que me fascina nas letras...

A história de Aleksei Ivánovitch e Polina Aleksandrovna.

Aleksei acompanha um general russo que chega à localidade de Roletenburgo, na Alemanha. Este esperava uma herança que nunca mais chega. E, durante esse tempo, Polina serve-se do pobre Aleksei para este jogar por ela na roleta. Cego de amor, este cede - sem nunca chegar a entender estranho pedido. Por amor ele estava disposto a tudo...

Mais à frente, vem a descobrir-se que o general, na realidade, aguardava uma herança para pagar uma velha dívida. Polina entrava no jogo pelas mãos de Aleksei para tentar ajudá-lo.

Quando a avó do general (de quem todos aguardavam pacientemente a morte) descobriu esta e outras manobras, decide gastar toda a sua fortuna no jogo. Aparece em Roletenburgo e desfaz a herança.

O general acaba louco e morre. Aleksei - entretanto um jogador com muita reputação -aposta o que tem e ganha uma verdadeira fortuna. Não foi suficiente para conquistar Polina, que acaba por fugir.


Tempos depois, já Aleksei perdeu tudo o que tinha em Paris. Mas é-lhe revelado que Polina aguarda por ele na Suiça.

Um amigo em comum deu-lhe a notícia e prontificou-se a pagar a viagem de encontro. Mas Aleksei tem um vício enorme do qual não se consegue desfazer.

O livro termina com a ironia dentro do pensamento do 'Jogador': a dúvida entre gastar aquele dinheiro em mais uma roleta... ou ir ter com a amada.

'O que pode acontecer quando a paixão pela roleta se cruza com a paixão pela mulher amada?'

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O amor à poesia cabe numa livraria...



É a Poesia Incompleta em Lisboa, junto ao Príncipe Real. Faz parte de um roteiro de proximidade de algumas livrarias interessantes como por exemplo a Letra Livre, a Trama ou a Carpe Diem. Um projecto inovador e ousado. Vende poesia, só poesia, garante que lhe falta muita coisa e nos últimos tempos já se arriscaram a publicar também. O Changuito, também conhecido como Mário Guerra é o amigo, livreiro, crente na poesia, conversador que anda por ali nas várias salas onde se encontra de tudo um pouco, novidades, raridades, antigos e novos arrumadinhos pelo nome próprio do autor... porque ali todos são conhecidos pelo nome. Tem ainda um quintal com o particular pormenor da buganvília e uma hera que chegou da Grécia pela mão de Hélia Correia.

Já toda a gente devia conhecer, já toda a gente devia por lá ter passado. Se isto não chega vejam o vídeo da reportagem na SIC e se ainda assim não se sentirem tentados.....

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Os meus livreiros...

É estranho um livreiro ter livreiros a quem recorre?

Pois bem, neste mundo tudo se mistura. Nas experiências do passado e do presente. Reconheço, no entanto, que todos eles fizeram parte (lado a lado na mesma loja ou no mesmo grupo) do meu trabalho.

Hoje recebi uma mensagem da Teresa Castro para ir ver os saldos da Cavalo de Ferro e da Sodilivros à primeira loja onde trabalhei. Passadas poucas horas, liga-me um amigo de Guimarães a dizer que está de férias dos livros... Encontro marcado.

Vou a Serralves dar um abraço ao Zé e à Chanty, passo em Ceuta para ir à Almedina ver a malta com quem trabalhei (agora vejo-os de longe a longe ou pelo telefone). Atravesso a rua e encontro a Rosete, a Andreia, o Sérgio...

Gente extraordinária! Que tantas saudades traz. Infelizmente não é possível juntá-los a todos no mesmo sítio.

Por vezes ligo à concorrência quando o livro está esgotado. Assim 'safei' um cliente outro dia. Despachado para a Raka. Ou então, dou por mim a fazer quilómetros até Guimarães para levantar um livro para o meu Pai, porque não tenho maneira de o arranjar. Já lá está nas mãos do Duarte.


É extraordinário. Os amigos que se fazem neste negócio valem tesouros.

Ainda há uns dias os do Bom Sucesso ofereceram-me uma camisola da equipa, o número 12. Já não jogo lá o meu presente, mas sinto tudo aquilo que construímos. Em Guimarães, dias antes, uma prenda de aniversário. Mais uma vez original: um belo caderno para eu tomar notas dos livros que leio.

Este texto é para eles, os meus livreiros. Gente que está num balcão, tratada com grande indiferença pela grande maioria do público. Mas que dá significado e força à minha existência. E à minha mais profunda amizade...

Citação copiada


‎"Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis."

Tempo vs tempo

“O tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem.”

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A hora da partida


'A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.

A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.

Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.'

domingo, 30 de janeiro de 2011

Relato de um Náufrago, Gabriel García Márquez

Este livro não tem o formato de todas as outras obras de García Márquez. Tanto no tamanho, como no estilo.

'Relato de um Náufrago' não é um título de um romance, é mesmo um testemunho. Provavelmente, um dos livros menos conhecidos do Nobel de 1982.

Apanhei-o em 2008 (a assinatura não engana) e resolvi logo ler. Podem pensar que é complicado falar de livros que lemos há algum tempo. Para mim, é um exercício. É matar saudades, arejar um pouco o livro da estante, fazê-lo passear...


Esta historia é a de um sobrevivente de naufrágio. O mundo julgava ter sido um acidente, mas o escritor percebeu que não existira tormenta alguma.

O navio da Colômbia transportava carga de contrabando e não resistiu às investidas do mar. Este livro transformou-se numa denúncia política, sacrificando a glória do náufrago e o exílio do escritor.

Esta edição em livro é a reunião de uma série de reportagens que foram publicadas no El Espectador, de Bogotá, em 1955.