Se Nos Encontrarmos de Novo.
Ana Teresa Pereira
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sábado, 2 de novembro de 2013
David Pinta... Malcolm Lowry
David pinta... Malcolm Lowry
How, unless you drink as I do, could you hope to understand the beauty of an old Indian woman playing dominoes with a chicken?
The Consul felt a pang. Ah, to have a horse, and gallop away, singing, to someone you loved perhaps, into the heart of all the simplicity and peace in the world; was that not like the opportunity afforded man by life itself? Of course not. Still, just for a moment, it had seemed that it was.
To say nothing of what you lose, lose, lose, are loosing, man. You fool, you stupid fool ... You've even been insulated from the responsibility of genuine suffering ... Even the suffering you do endure is largely unnecessary. Actually spurious. It lacks the very basis you require of it for its tragic nature. You deceive yourself.
― Malcolm Lowry, Under the Volcano
David Pintor em:
Blog: http://www.davidpintor.blogspot.pt/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/David-Pintor-ilustraciones/197902626909227
David Pintor em:
Blog: http://www.davidpintor.blogspot.pt/
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sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Poema à noitinha... Lou Reed 5
![]() |
ilustração in memoriam de Jean Jullien www.jeanjullien.com |
2 de Março de 1942.
27 de Outubro de 2013.
Perfect day/
/ Um dia perfeito
Apenas um dia perfeito
beber sangria no parque
e depois, mais tarde, quando escurece
vamos para casa
Apenas um dia perfeito
alimentar animais no zoo
mais tarde uma ida ao cinema
e depois casa
Oh, um dia tão perfeito
Feliz por tê-lo passado contigo
Oh, que dia tão perfeito
mantens-me ancorado a ti
mantens-me ancorado a ti
Apenas um dia perfeito
Problemas esquecidos
turistas de fim-de-semana, só nós
é tão divertido
Apenas um dia perfeito
fizeste-me esquecer de mim
pensei ser outra pessoa
uma pessoa boa
Oh, é um dia tão perfeito
Feliz por tê-lo passado contigo
Oh, que dia tão perfeito
mantens-me ancorado a ti
mantens-me ancorado a ti
O que colhes é o que semeias
O que colhes é o que semeias
O que colhes é o que semeias
O que colhes é o que semeias
***
Just a
perfect day
Drink sangria in the park
And then later, when it gets dark
We go home
Just a perfect day
Feed animals in the zoo
Then later a movie, too
And then home
Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
You just keep me hanging on
Just a perfect day
Problems all left alone
Weekenders on our own
It's such fun
Just a perfect day
You made me forget myself
I thought I was someone else
Someone good
Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
You just keep me hanging on
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
Drink sangria in the park
And then later, when it gets dark
We go home
Just a perfect day
Feed animals in the zoo
Then later a movie, too
And then home
Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
You just keep me hanging on
Just a perfect day
Problems all left alone
Weekenders on our own
It's such fun
Just a perfect day
You made me forget myself
I thought I was someone else
Someone good
Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
You just keep me hanging on
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
You're going to reap just what you sow
A casa de Cesariny
É já amanhã que abre a casa dedicada ao poeta Mário Cesariny.
A Casa da Liberdade, em Alfama, Lisboa. A visitar, com poesia na alma. Quem vai?
"A Casa da Liberdade, projeto museológico dedicado ao artista plástico e poeta Mário Cesariny (1923-2006), vai ser inaugurada em Lisboa a 2 de novembro, com uma exposição e o lançamento de uma antologia sobre o surrealismo.
in Diário de Notícias
A Casa da Liberdade, em Alfama, Lisboa. A visitar, com poesia na alma. Quem vai?
"A Casa da Liberdade, projeto museológico dedicado ao artista plástico e poeta Mário Cesariny (1923-2006), vai ser inaugurada em Lisboa a 2 de novembro, com uma exposição e o lançamento de uma antologia sobre o surrealismo.
O projeto é da
responsabilidade do Coletivo Multimédia Perve, associação cultural sem
fins lucrativos fundada em 1997, em parceria com a Perve Global, empresa
proprietária das duas Galerias Perve, em Lisboa.
A Casa da Liberdade - Mário Cesariny, em Alfama, instalada num imóvel recuperado, contíguo à Galeria Perve, foi criada com o objetivo de ser um espaço cultural para colher os espólios dos artistas surrealistas portugueses, apresentar exposições, vídeos e performances.
De acordo com a galeria, no espólio encontram-se obras doadas pelos artistas, outras adquiridas pelos galeristas, e documentação que poderá ser consultada pelos investigadores.
'A Estrada Começa' é o título da exposição inaugural, que vai reunir obras inéditas de quatro figuras maiores do movimento surrealista português: Cruzeiro Seixas, Isabel Meyrelles, Carlos Calvet e do próprio Mário Cesariny.
O programa inaugural inclui ainda, entre outras iniciativas, a realização do Congresso 'Surrealismo(s) em Portugal', quando se assinalam os 60 anos da morte de António Maria Lisboa, e uma homenagem ao artista que dá o nome à casa, após sete anos da sua morte."
A Casa da Liberdade - Mário Cesariny, em Alfama, instalada num imóvel recuperado, contíguo à Galeria Perve, foi criada com o objetivo de ser um espaço cultural para colher os espólios dos artistas surrealistas portugueses, apresentar exposições, vídeos e performances.
De acordo com a galeria, no espólio encontram-se obras doadas pelos artistas, outras adquiridas pelos galeristas, e documentação que poderá ser consultada pelos investigadores.
'A Estrada Começa' é o título da exposição inaugural, que vai reunir obras inéditas de quatro figuras maiores do movimento surrealista português: Cruzeiro Seixas, Isabel Meyrelles, Carlos Calvet e do próprio Mário Cesariny.
O programa inaugural inclui ainda, entre outras iniciativas, a realização do Congresso 'Surrealismo(s) em Portugal', quando se assinalam os 60 anos da morte de António Maria Lisboa, e uma homenagem ao artista que dá o nome à casa, após sete anos da sua morte."
in Diário de Notícias
a-ver-livros: silêncios e Michele Del Campo
Faz silêncio
quero ler-te sem o ruído
desse olhar gritante
sem o estridente
barulho dessa forma
como me olhas
Faz silêncio
fecha os olhos
quero ler-te sem o ruído
desse olhar gritante
sem o estridente
barulho dessa forma
como me olhas
Faz silêncio
fecha os olhos
![]() |
* para conhecer mais da pintura do italiano Michele Del Campo siga o link micheledelcampo.wordpress.com |
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Poema à noitinha... Lou Reed 4
Lewis Allen 'Lou' Reed.
2 de Março de 1942.
27 de Outubro de 2013.
Turn out the light /
/ Apaga a luz
Amor, meu amor, por que é que há luz
nesta noite quente e lá fora está escuro?
E qual é a diferença entre o certo e o errado
certo e errado?
Não é curioso como a dor se dissipa
e depois recomeça no dia seguinte?
Hoje a aragem sabe tão bem
sabe bem
Amor, meu amor, por que é que há luz?
Será que te esqueceste de apagar aquela luz?
Bom, não faz mal estar acesa, mas está um pouco intensa demais
um pouco intensa demais
Vê a águia sobre a colina
o lago reflete-lhe o voo mas está tão tranquilo
A tensão dissipou-se da minha vontade
da minha vontade
a lua sobre a montanha raiando luminosa
primeiro a escuridão, depois vem a luz
e às vezes a luz é um pouco intensa demais
Por que é que tu não apagas a luz?
oh, apaga a luz
***
Lover, lover, why is there light
in the itchy gitchy evening and it's dark outside
And what's the difference between wrong and right
wrong and right
Isn't it funny how pain goes away
and then comes back another day
The air feels very good today
good today
Lover, lover, why is there light
did you forget to turn off that light
Well that's all right but it's way too bright
way too bright
See the eagle above the hill
the lake reflects and is so still
The tension has gone from my will
from my will
Moon on the mountain shining bright
first there is dark and then there is light
And sometimes the light is way too bright
it's way to bright
Why don't you turn out the light
oh, turn out the light
2 de Março de 1942.
27 de Outubro de 2013.
Turn out the light /
/ Apaga a luz
Amor, meu amor, por que é que há luz
nesta noite quente e lá fora está escuro?
E qual é a diferença entre o certo e o errado
certo e errado?
Não é curioso como a dor se dissipa
e depois recomeça no dia seguinte?
Hoje a aragem sabe tão bem
sabe bem
Amor, meu amor, por que é que há luz?
Será que te esqueceste de apagar aquela luz?
Bom, não faz mal estar acesa, mas está um pouco intensa demais
um pouco intensa demais
Vê a águia sobre a colina
o lago reflete-lhe o voo mas está tão tranquilo
A tensão dissipou-se da minha vontade
da minha vontade
a lua sobre a montanha raiando luminosa
primeiro a escuridão, depois vem a luz
e às vezes a luz é um pouco intensa demais
Por que é que tu não apagas a luz?
oh, apaga a luz
***
Lover, lover, why is there light
in the itchy gitchy evening and it's dark outside
And what's the difference between wrong and right
wrong and right
Isn't it funny how pain goes away
and then comes back another day
The air feels very good today
good today
Lover, lover, why is there light
did you forget to turn off that light
Well that's all right but it's way too bright
way too bright
See the eagle above the hill
the lake reflects and is so still
The tension has gone from my will
from my will
Moon on the mountain shining bright
first there is dark and then there is light
And sometimes the light is way too bright
it's way to bright
Why don't you turn out the light
oh, turn out the light
É do borogodó: noite adentro
Penélope Martins
a-ver-livros: magia e Elvira Bach
Faz magia
com as palavras, anda
esta é a noite
de todas as almas
e de todos os cânticos
que chamam por ti
e pela floresta
com as palavras, anda
esta é a noite
de todas as almas
e de todos os cânticos
que chamam por ti
e pela floresta
![]() | |
* para saber mais sobre a pintora Elvira Bach siga o link www.elvira-bach.de |
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Pretérito Perfeito
"Vivemos de sentimentos e não de números num relógio de sol.
Devíamos contar o tempo pelas batidas do coração."
Aristóteles (384-322 a.C.)
“ As pessoas viajam para se maravilharem com a altura das montanhas,
com as grandes ondas do mar,
o longo curso dos rios, os vastos espaços do oceano, o movimento
circular das estrelas;
e passam por si próprias sem ficarem curiosas.”
Santo Agostinho (354-430 d.C.)
Segunda-feira, 8 de Outubro de 2007
Talvez hoje. Talvez
amanhã. Talvez depois de amanhã.
Amanhã é um dia tão útil
e necessário, inevitável ou dispensável, escusado e prescindível, como qualquer
outro.
Amanhã é Terça-feira. O
terceiro dia da semana, do latim, tertia feira. “É Terça-feira e a feira da Ladra abre hoje às cinco da madrugada. E a
rapariga desce a escada quatro a quatro vai vender mágoas ao desbarato… e a
rapariga vende tudo que trazia troca a tristeza pela alegria”[1].
Talvez depois de amanhã.
Talvez depois de depois de amanhã.
Qualquer dia é mau para
se morrer.
Qualquer dia é ridículo
para se morrer.
Risível.
Vais ver, ainda nos vamos
rir de tudo isto! O sorriso nos lábios com as palavras.
Se nos conseguirmos rir
não foi uma desgraça!
Qualquer dia é grotesco
para se morrer.
Qualquer dia. Mesmo o
mais desconsolado, insípido e enfezado dia de frio e vento e chuva miudinha,
daqueles dias em que nada apetece fazer, olhamos para a janela e o mundo está
cinzento, granulado, aparentemente em estado líquido, e enfiamos a cabeça na
almofada por mais cinco minutos, prometemos a nós próprios, no máximo dez... se
no paraíso existirem penas, não serão penas de penar, nem penas de anjos ou
outros seres celestes e alados, mas penas de ganso, dentro de almofadas e
edredões... e como o tempo voa mais e melhor que um ganso, os cinco minutos
terminam quase antes mesmo de começarem, como salário de pobre ou de
desgovernado que tem fim destinado antes do dia de receber.
E na janela o mundo
continua cinzento.
Chove, não uma tromba de
água que nos arraste para um dia diferente, a protecção civil aconselhou que
toda a população permaneça dentro de portas, as previsões são de chuva forte e
intensa, e ventos de nordeste ásperos e diligentes, baixas temperaturas, talvez
granizo, recomendando-se, para combate ao tédio provocado por este tipo de
condições climatéricas, a leitura de romances de autores sul-americanos, a
audição de jazz e a ingestão regular de chá e chocolate.
Chove, apenas uma chuva
miudinha, uma chuva miudinha que não sabe chover, porque pequena e sovina,
talvez medrosa, e não medrosa, persistente e meticulosa, pelo que molha
inteligentes e tolos, só os tolos falam de si e da chuva, parece que dispensa
guarda-chuva, porém arrasa, alaga, silenciosamente afoga, os que a desafiam.
Deram-me dois meses de
vida.
Deram-me dois meses.
Talvez três.
Não. Que digo eu! Até eu,
Brutos para mim mesmo, a passar à
faca a pouca ou nenhuma esperança que ainda me sobrava.
Tiraram-me toda uma vida
por viver.
Tiraram-me os dias, as
luas, os sóis, os sonhos. Tiraram-me a água fresca num copo de vidro, a água
salgada do mar, a água morna do banho de cada manhã. Tiraram-me a água da
chuva. As chuvas de todos os dias em que eu, leviano, saíria de casa leve,
porque sem chapéu-de-chuva. Pertenço ao grupo dos tolos, felizmente em Lisboa
chove pouco.
De uma assentada, foi um
vendaval, foi um tufão, uma maré que encheu em dois segundos e fui roubado de
todos os momentos que podiam vir a ser meus.
Recusaram-me também as
lágrimas, água (quase tudo) e cloreto de sódio, como as da preta, que estava a
chorar[2],
usurparam-me todas as angústias, e deixaram-me na angústia maior de saber que
vou morrer.
Eu sei, não como todos
sabem que vão morrer, pois estou já não neste lado, estou num outro lado, estou
em lado nenhum, não sei onde estou, não consigo perceber ou sentir onde estou.
Poema à noitinha... Lou Reed 3

2 de Março de 1942.
27 de Outubro de 2013.
Smiles / Sorrisos
Sorrisos, ensinaram-me a nunca sorrir
avisaram-me sobre os sorrisos esterotipados da palhaçada,
da chicanice e da ladroagem
A minha mãe dizia-me
a não ser que te coloquem mesmo em frente a uma câmara
sorrir é a última coisa que deves fazer
esses sorrisos, esses desconsolados sorrisos de dentes à mostra
Sorrisos, na televisão toda a gente sorri
o apresentador de concursos e o seu coro de ovelhas atrofiadas
os políticos lambe-botas
o ladrão, o violador, o amante incendiário
todos sorriem nos noticiários
por um motivo ou por outro
esses sorrisos, esses vistosos sorrisos doentios
Quando eu era pequeno a minha mãe dizia-me
nunca, nunca mostres a ninguém que estás feliz
Sorrisos, nunca deixes que te vejam sorrir
vão sempre deitar-te abaixo
com esses sorrisos, nunca deixes que te vejam sorrir
vão sempre deitar-te abaixo
com os teus sorrisos, nunca deixes que te vejam sorrir
Não sabes que te vão obrigar a fazer
doo, doo, doo, doo, doo...
***
Smiles, I was taught never to smile
I was told the stylish smiles of buffoonery
chicanery and larceny abound
My mom said unless someone sticks you right in front of a camera
a smile is the last thing that you wanna do
Those smiles, those mirthless toothy smiles
Smiles, they all smile on TV
The quizmaster with his withered crones
the talkshow hosting movie stars, the politician licking feet
The mugger, the rapist, the arsonist lover
all smile out from the news, at one time or another
Those smiles, those garish sickly smiles
When I was young my mother said to me
never, ever, let anyone see that you're happy
Smiles, never, ever let them see you smile
they'll always put you down
With those smiles, never, ever let them see you smile
they'll always put you down
With your smiles, never, ever let them see you smile
don't you know they'll make you go
doo, doo, doo, doo, doo...
a-ver-livros: o botão e Hugh-John Barrett
Paralisada, desconectada
impávida e pouco serena
interrompida e inerte
suspensa da engrenagem
sem fôlego
sem ânimo
Alguém
carregue no botão
impávida e pouco serena
interrompida e inerte
suspensa da engrenagem
sem fôlego
sem ânimo
Alguém
carregue no botão
![]() |
* para saber mais sobre o pintor do Quebéc, Hugh-John Barrett, siga o link www.reseaumediacomm.qc.ca |
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Poema à noitinha... Lou Reed 2

2 de Março de 1942.
27 de Outubro de 2013.
Ride Sally ride /
/ Cavalga, Sally, cavalga
Senta-te, toca uma música no piano de cauda
Senta-te lânguida nesse sofá
Oh, não é maravilhoso
quando o teu coração é feito de gelo?
Cavalga, Sally, cavalga
não chegou a tua hora nem é forma de te confundir
Cavalga, Sally, cavalga
de contrário apanhas uma contusão
Oh, não é maravilhoso
quando o teu coração é feito de gelo?
Senta-te, tira as calças
não sabes que isto é uma festa?
Senta-te Miss Brandy,
porque julga que trouxemos esta gente toda?
Oh, não é maravilhoso
quando o teu coração é feito de gelo?
Cavalga, Sally, cavalga
não chegou a tua hora nem é forma de te confundir
Cavalga, Sally, cavalga
de contrário apanhas uma contusão
Oh, não é maravilhoso
quando o teu coração é feito de gelo?
***
Sit yourself down
bang out a tune on that grand piano
Sit yourself down
lay languidly down upon that sofa
Ooohhh, isn't it nice
when your heart is made out of ice
Ride, Sally, ride
it's not your time or way of confusion
Ride, Sally, ride
'cause if you don't, you'll get a contusion
Ooohhh, isn't it nice
when your heart is made out of ice
Sit yourself down
take off your pants, don't you know this is a party
Sit yourself down
why do you think we brought all these people, Miss Brandy
Ooohhh, isn't it nice
when you find your heart's made out of ice
Ride, Sally, ride
it's not your time, it's just your confusion
Ride, Sally, ride
it's not your time, you'll get a contusion
Ooohhh, isn't it nice
when you find your heart is made out of ice
É do borogodó: refém
a-ver-livros: grito e silêncio e Juliette Aristides
Não vires as costas
ouviste,
não te escondas nos livros
e nas teorias patéticas
dos estetas
não te atrevas a ignorar
o grito e o pleito
que o silêncio esconde
nem o ardor no olhar
de quem mente
o amor
Um dia serás tu
em grito e sangue
e silêncio
ouviste,
não te escondas nos livros
e nas teorias patéticas
dos estetas
não te atrevas a ignorar
o grito e o pleito
que o silêncio esconde
nem o ardor no olhar
de quem mente
o amor
Um dia serás tu
em grito e sangue
e silêncio
![]() |
* para saber mais sobre a pintora Juliette Aristides siga o link www.aristidesatelier.com |
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Pretérito Perfeito
Pudesse uma personagem ter carne e osso?
Tu do outro lado
do espelho.
O espelho a
deformar o corpo ou o corpo deformado no espelho.
A insuficiência
do corpo.
A ampulheta ao
contrário, o mundo do avesso, o tempo a encolher, a escurecer, a vida em
contagem decrescente, a contra-relógio.
Deixas de usar
relógio.
Deixas de
correr.
Começas a
correr.
O tempo uma
unidade fugaz, veloz, voraz.
O tempo a comer
o tempo.
O teu corpo a
comer-te os dias.
Não sabes o que
fazer e corres.
Ferido na asa, a
vida num sopro, menos que breve, semi-breve e, corres, quando queres apenas,
sem penas ou rancor, todas as memórias boas, perfeitas, cristalizadas, a
absoluta certeza de que foste feliz mesmo nas coisas mínimas ou principalmente
nas coisas mínimas, quase invisíveis, as minudências, as tardes infindáveis da
infância, o primeiro amigo, o primeiro beijo, o primeiro amor, o primeiro
cigarro, a primeira viagem ao estrangeiro.
O teu corpo
estrangeiro.
Ou tu
estrangeiro no teu corpo.
E, em fuga corres,
e queres, não queres, não suportas, dás-te vencido, traído e, queres, deter os
pés, fechar os olhos, pousar as mãos, sossegar o corpo.
O corpo em
reparação.
O corpo
irreparável.
O corpo pendente
por um fio do coração.
Não um coração
pendente de um fio.
Um coração filigrana
de oiro fino.
Se fosse de oiro
seria fácil substituir.
A vida a acabar
ou a começar?
A vida começa
todos os dias e ninguém repara.
Reparar: compor,
consertar, corrigir, emendar.
A vida sem
conserto.
Um último
concerto.
O teu
contrabaixo.
Um último
abraço.
Os braços da mãe.
Um último olhar.
Um último
sorriso.
Mas, como saber se
o último, se nem sempre a morte é uma coisa que acontece no fim da vida.
Poema à noitinha... Lou Reed I
Lewis Allen 'Lou' Reed.
2 de Março de 1942.
27 de Outubro de 2013.
Uma ou duas horas antes de morrer, o roqueiro que fez parte dos Velvet Underground estava a fazer os seus exercícios habituais de tai-chi, lutando por se agarrar ao transplante de fígado feito em Maio. Perdeu a luta. Ficaram as palavras.
"Em
entrevista concedida a Paul Morley em Dusseldorf no mês de Abril de
1979, ele [Lou Reed] declarava: 'quero ser o maior escritor... o maior
escritor nesta terra de Deus... por outras palavras, estou a falar de
Dostoyevski, de Shakespeare. Um escritor... quero fazer rock'n roll que
esteja à altura dos Irmãos Karamazov... um corpo de obras."
in prefácio de Luís Maio para "Luzes da Cidade", livro que reúne as letras/poemas de Lou Reed até 1986, editado pela Assírio e Alvim.
Esta semana trago-lhe os poemas. In memoriam. Começo por "Sunday Morning". Afinal, morreu a um domingo.
AA
Sunday Morning / Domingo de manhã
A manhã de domingo, ao nascer do dia
é um sentimento de inquietude que passa a meu lado
Ao amanhecer, a manhã de domingo
são os anos que se perderam ainda tão próximos
Criança selvagem tens o mundo no teu encalço
por perto há sempre alguém que vai dizer
não é nada
Manhã de domingo e estou a cair
tenho a sensação que prefiro não saber
Ao amanhecer, a manhã de domingo
está nas ruas que percorreste ainda há pouco
Criança selvagem tens o mundo no teu encalço
por perto há sempre alguém que vai dizer
não é nada
Criança selvagem tens o mundo no teu encalço
por perto há sempre alguém que vai dizer
não é nada
Manhã de domingo, domingo de manhã
domingo de manhã, domingo de manhã
***
Sunday morning, praise the dawning
It's just a restless feeling by my side
Early dawning, sunday morning
It's just the wasted years so close behind
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call
It's nothing at all
Sunday morning and I'm falling
I've got a feeling I don't want to know
Early dawning, sunday morning
It's all the streets you crossed, not so long ago
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call
It's nothing at all
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call
It's nothing at all
Sunday morning
Sunday morning
Sunday morning
2 de Março de 1942.
27 de Outubro de 2013.
Uma ou duas horas antes de morrer, o roqueiro que fez parte dos Velvet Underground estava a fazer os seus exercícios habituais de tai-chi, lutando por se agarrar ao transplante de fígado feito em Maio. Perdeu a luta. Ficaram as palavras.

in prefácio de Luís Maio para "Luzes da Cidade", livro que reúne as letras/poemas de Lou Reed até 1986, editado pela Assírio e Alvim.
Esta semana trago-lhe os poemas. In memoriam. Começo por "Sunday Morning". Afinal, morreu a um domingo.
AA
Sunday Morning / Domingo de manhã
A manhã de domingo, ao nascer do dia
é um sentimento de inquietude que passa a meu lado
Ao amanhecer, a manhã de domingo
são os anos que se perderam ainda tão próximos
Criança selvagem tens o mundo no teu encalço
por perto há sempre alguém que vai dizer
não é nada
Manhã de domingo e estou a cair
tenho a sensação que prefiro não saber
Ao amanhecer, a manhã de domingo
está nas ruas que percorreste ainda há pouco
Criança selvagem tens o mundo no teu encalço
por perto há sempre alguém que vai dizer
não é nada
Criança selvagem tens o mundo no teu encalço
por perto há sempre alguém que vai dizer
não é nada
Manhã de domingo, domingo de manhã
domingo de manhã, domingo de manhã
***
Sunday morning, praise the dawning
It's just a restless feeling by my side
Early dawning, sunday morning
It's just the wasted years so close behind
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call
It's nothing at all
Sunday morning and I'm falling
I've got a feeling I don't want to know
Early dawning, sunday morning
It's all the streets you crossed, not so long ago
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call
It's nothing at all
Watch out, the world's behind you
There's always someone around you who will call
It's nothing at all
Sunday morning
Sunday morning
Sunday morning
a-ver-livros: saudade e Mongibello
Entrega-te à luz
como à noite
que há-de vir
em ambas o tudo
o nada
o segundo imperfeito
na estrada
o sangue
o sopro
e, sem fim, a saudade
Ana Almeida
como à noite
que há-de vir
em ambas o tudo
o nada
o segundo imperfeito
na estrada
o sangue
o sopro
e, sem fim, a saudade
Ana Almeida
![]() |
* para conhecer mais sobre a pintura de Mongibello, na verdade a pintora norueguesa Svetlana, siga o link mongibello.deviantart.com |
domingo, 27 de outubro de 2013
Lou Reed em livro
Da colecção Rei Lagarto, da Assírio & Alvim - edição de 1987.
Lou Reed partiu hoje, aos 71 ano de idade.
Walk On The Wild Side
Holly came from Miami, FLA
Hitch-hiked her way across the USA
Plucked her eyebrows on the way
Shaved her legs and then he was a she
She says, Hey babe
Take a walk on the wild side
She said, Hey honey
Take a walk on the wild side
Candy came from out on the Island
In the backroom she was everybody's darlin'
But she never lost her head
Even when she was giving head
She says, Hey babe
Take a walk on the wild side
Said, Hey babe
Take a walk on the wild side
And the colored girls go doo do doo do doo do do doo, ....
Little Joe never once gave it away
Everybody had to pay and pay
A hussle here and a hussle there
New York City's the place where they said, Hey babe
Take a walk on the wild side
I said, Hey Joe
Take a walk on the wild side
Sugar Plum Fairy came and hit the streets
Lookin' for soul food and a place to eat
Went to the Apollo
You should've seen 'em go go go
They said, Hey sugar
Take a walk on the wild side
I Said, Hey babe
Take a walk on the wild side
All right, huh
Jackie is just speeding away
Thought she was James Dean for a day
Then I guess she had to crash
Valium would have helped that bash
Said, Hey babe,
Take a walk on the wild side
I said, Hey honey,
Take a walk on the wild side
And the colored girls say, doo do doo do doo do do doo, ....
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