pensas que sou fardo isolado,
não sou o único a olhar o céu.
a carregar
o que não tenho,
à espera que algo aconteça.
transporto em mim
as mágoas de ver o mundo desabar,
sinto a força das bolas de neve
descendo montanha abaixo.
cada vez maiores,
cada vez mais ruidosas,
varrendo árvores e pedras,
arrastando lama
e tudo o que se atravessa.
mas tudo tem um fim,
toda a destruição termina
com a vitória de uma força contrária.
o mal é travado pelo bem,
o ódio derrotado pelo amor,
o sofrimento substituído pelos dias em que o teu sorriso basta.
fardo
fardo
fardo
como o fado canta
os sentimentos tristes.
sei do peso que carrego,
as minhas costas acumulam os problemas,
as tristezas,
a angústia que parece não ter fim.
não sou o único a olhar o céu,
não sou o único a afogar-me nas incertezas,
não sou,
não sou,
não.
não sou o único a afogar-me nas incertezas,
não sou,
não sou,
não.