sábado, 8 de outubro de 2011

Booktrailer - livro do mês - Maldito Karma

Comecei ontem a ler o livro deste mês. Fica uma breve biografia do autor e um trailer do livro.



"David Safier nasceu em Bremen, em 1966. Conhecido guionista de séries de êxito de televisão, como Mein Leben und Ich (A Minha Vida e Eu), Nikola e Berlim, Berlim. Foi galardoado com o pre´mio Grimme e com o prémio TV da Alemanha, bem como um Emmy, nos Estados Unidos. Vive e trabalha em Bremen. Maldito Karma está já publicado em várias línguas. Na Alemanha, um ano depois da sua publicação, permanecia na lista dos mais vendidos, junto com o novo romance Jesus Ama-me."

Books can be dangerous


Obrigado Ana Almeida, pela partilha.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Se te Abaixasses, Montanha

Um poema de Cecília Meireles.


"Se te abaixasses, montanha,
poderia ver a mão
daquele que não me fala
e a quem meus suspiros vão.

Se te abaixasses, montanha,
poderia ver a face
daquele que se soubesse
deste amor talvez chorasse.

Se te abaixasses, montanha,
poderia descansar.
Mas não te abaixes, que eu quero
lembrar, sofrer, esperar."

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

E esta, hein? - Tomas Tranströmer é o prémio Nobel da Literatura de 2011

Parece mentira, mas não há em Portugal obra integral traduzida de Tomas Tranströmer, apenas uma colectânea da Vega de 1981 - "21 poetas suecos".

Consegui "arranjar" alguns poemas do autor, no blogue Poesia & Lda. Deixo um exemplo:

PÁSSAROS MATINAIS

"Desperto o automóvel
que tem o pára-brisas coberto de pólen.
Coloco os óculos de sol.
O canto dos pássaros escurece.

Enquanto isso outro homem compra um diário
na estação de comboio
junto a um grande vagão de carga
completamente vermelho de ferrugem
que cintila ao sol.

Não há vazios por aqui.

Cruza o calor da primavera um corredor frio
por onde alguém entra depressa
e conta que como foi caluniado
até na Direcção.

Por uma parte de trás da paisagem
chega a gralha
negra e branca. Pássaro agoirento.
E o melro que se move em todas as direcções
até que tudo seja um desenho a carvão,
salvo a roupa branca na corda de estender:
um coro da Palestina:

Não há vazios por aqui.

É fantástico sentir como cresce o meu poema
enquanto me vou encolhendo
Cresce, ocupa o meu lugar.

Desloca-me.
Expulsa-me do ninho.
O poema está pronto."


De resto, pouco mais a adiantar. A breve biografia do escritor - da wikipedia - diz:

"A poesia de Tranströmer tem uma grande influência na Suécia e em todo o mundo, sendo ele o poeta sueco mais traduzido: os seus poemas estão traduzidos em mais de trinta línguas."

"Vive presentemente numa ilha, longe dos olhares do mundo e dos meios de comunicação. Foi psicólogo de profissão até 1990. Redigiu cerca de uma quinzena de obras numa longa carreira dedicada à escrita."

Steve Jobs em livro... R.I.P.

Em Portugal, duas traduções fizeram jus ao nome de Steve Jobs - que hoje partiu, vítima de cancro.

Pela Quidnovi, num livro de de William L. Simon, Jeffrey S. Young, 'iCon - Steve Jobs':


A Editorial Presença publicou um livro de Leander Kahney: 'iSteve - Na Mente de Steve Jobs':


Hoje partiu um homem fora do comum. Para quem não conhece, fica um dos melhores discursos que já vi. Espero que o acompanhem, vale a pena. É a minha homenagem.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Maldito Karma em Outubro

Maldito Karma de David Safier foi o livro escolhido por Diogo Martins para leitura conjunta do blogue no mês de Outubro.

Fiquem com a apresentação.

Sinopse:

'Este romance conta-nos as provações e atribulações de Kim Karlsen, uma personalidade de televisão cuja carreira obsessiva lhe traz graves repercussões cósmicas. Kim trai o marido, esquece a filha e maltrata colegas. Tudo parece valer a pena quando ganha o mais prestigiado prémio da televisão alemã, mas nessa mesma noite ela é esmagada por destroços de uma estação espacial russa.'

Excerto:

«O dia da minha morte não teve graça nenhuma. E não foi só porque morri. Para ser mais exacta, isso ficou mais ou menos em sexto lugar no ranking dos piores momentos do dia. No quinto lugar, ficou o instante em que Lilly olhou para mim com olhos sonhadores e me perguntou:
– Mama, por que não ficas em casa? Hoje é o dia dos meus anos! Ao ouvir isto, veio-me à cabeça a seguinte resposta: «Se há cinco anos eu soubesse que o teu aniversário havia de coincidir um dia com a entrega dos Prémios TV, tinha tentado que nascesses antes. E de cesariana!»
Mas limitei-me a responder-lhe em voz baixa:
– Oh, querida, tenho tanta pena.»

«Ao chegar ao primeiro degrau do podium parei e dei-me conta de que notava algo de diferente. Algo arejado. E não tão apertado atrás. Levei discretamente a mão ao rabo. O vestido tinha-se rasgado!
E isso não era tudo: para caber no vestido, não tinha vestido cuecas.
Estava a mostrar o cú a mil e quinhentos famosos! E a trinta e três câmaras de televisão! E a seis milhões de espectadores que estavam em frente ao televisor!» (O segundo momento mais miserável do dia.)»


Críticas de imprensa:

«Divertido, ácido e terno. Este primeiro romance, extraordinariamente humano, contém todos os ingredientes para garantir a satisfação dos que acreditam na reencarnação.»
Le monde des Livres

«Tem vontade de rir ? De mergulhar num mundo louco? Este romance é um bom ponto de partida, divertido como umas férias. Uma história irresistível em tom de fábula e farsa.»
Madame Figaro

«Um romance divertidíssimo, salpicado de sabedoria.»
Morgenmagazin ARD

«O leitor não irá acumular bom Karma, mas irá passar um bom bocado da sua vida a ler uma excelente comédia.»
Elle

«Mordaz, ágil, divertido… uma mistura explosiva.»
Publishing Trends

«Um best-seller na Alemanha, um romance original e hilariante.»
Livres Hebdo

«O livro que fez sorrir toda Europa.»
Cosmopolitan

«Uma dessas surpresas que provoca o boca a boca.»
Público

«O livro mais original em muitos anos. Engenhoso e sábio. Vai deixá-lo com água na boca.»
Straubinger Tagblatt

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Poemas que dão música - José Luís Peixoto

A Naifa - Todo o amor do mundo




todo o amor do mundo
não foi suficiente
porque o amor não serve de nada.
ficaram só os papéis e a tristeza,
ficou só a amargura
e a cinza dos cigarros e da morte.
os domingos e as noites
que passámos a fazer planos
não foram suficientes
e foram demasiados
porque hoje são como sangue no teu rosto,
são como lágrimas.
sei que nos amámos muito e um dia,
quando já não te encontrar em cada instante,
cada hora, não irei negar isso.
não irei negar nunca que te amei.
nem mesmo quando estiver deitado,
nu, sobre os lençóis de outra
e ela me obrigar a dizer
que a amo...

Um livro suicida-se...


Apesar de mal escrito na foto (a forma verbal de suicídio), fica a mensagem. Não troquem os livros por maus programas de televisão. O meu apelo não é só contra o que de pior se faz nesta estação (e noutras). É mais o do consumo de tempo precioso dedicado a coisas melhores. Como a leitura.

"Da mentira", por Filipe Nunes Vicente

Começa assim a crónica de Filipe Nunes Vicente na Revista Ler de Setembro:

"Nem toda a gente sabe saltar à vara, arranjar o chuveiro ou calcular integrais, mas toda a gente sabe mentir. Por outro lado, podemos sempre mentir, mas nem sempre podemos dizer a verdade. Por exemplo, se forem um homem. A vossa mulher sofreu um horrível acidente de viação que a desfigurou. Vão jantar fora pela primeira vez desde o acidente, após meses de cirurgia e fisioterapia e outras maldades necessárias. Ela chega à sala, estão vocês sentados com uma cerveja gelada na mão e pergunta: «Que tal estou?» Ela está um gebo. Retalhada e desfeada, parece a vossa sogra. Pois, mas o que dizem? «Estás linda, meu amor», não é? É. Com as mulheres (esta dicotomia de género é para irritar os fedayn pansexuais) acontece o mesmo. Vão à maternidade ver o bebé da melhor amiga. A cria é horripilante, com um nariz de Mike Tyson e careca, mas elas não se atemorizam: «É muito bonito. Dá vontade de levar para casa.»


(...) No amor, na política e nos tribunais. É onde mais se mente, não é? Claro. É onde a realidade é um estorvo. No boxe, na guerra e no mar não se mente: não ganhamos nada com isso. No amor mentimos porque temos de criar uma imagem do nosso amor; na política mentimos porque a realidade é insuportável; nos tribunais mentimos porque é a nossa pele que está em jogo. O amor, a política e a justiça são três ícones culturais."

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mais um prémio para Gonçalo M. Tavares


Gonçalo M. Tavares é o vencedor do Prémio Literário Fernando Namora/Estoril Sol 2011 com a obra “Uma viagem à Índia”. 

Editado pela Caminho, já tinha recebido, em Junho, o Grande Prémio de Romance e Novela atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE), em conjunto com o Ministério da Cultura (MC). O livro foi ainda distinguido com o Prémio Melhor Narrativa Ficcional 2010 da Sociedade Portuguesa de Autores e com o Prémio Especial de Imprensa Melhor Livro 2010 Ler/Booktailors. 

Aqui pelo blogue este livro também já foi livro do mês e já foi bastante comentado. Vejam e revejam aqui

Quem ganha o Nobel de 2011 na Literatura? Algumas opiniões...

No grupo livros no facebook , por estes dias, houve uma votação: 'Em 2010... Vargas Llosa. 2009... Herta Müller. 1958... Boris Pasternak. 1907... Rudyard Kipling. A pergunta é: Quem ganha o prémio Nobel da literatura em 2011?'

Dos 33 votos, 11 deram a vitória a Haruki Murakami. Pedro Ferreira foi um dos participantes que justificou o seu voto: "eu votei em quem gostava... com a tragédia humanitária no Japão é um bom candidato, talvez alguém do Médio Oriente..."

Cláudia Diogo não é da mesma opinião: "Vocês acham mesmo que o Murakami vai ganhar o Nobel por causa da tragédia no Japão? Por essa ordem de ideias, os EUA tinham ganho em 2002 (já que em 2001 era demasiado em cima da hora). Além disso acho que o Murakami é um best-seller e o júri do Nobel prefere criá-los a premiá-los."

António Lobo Antunes é o único português que os votantes vêem como possível Nobel já este ano. Recolheu 6 votos. Raquel Serejo Martins defende-se dizendo: "Básica e repetitiva: ALA!"


Frederico Brandão puxou a tónica para outro lado: "Não faço a mínima. Tudo pode acontecer, desde o prémio carreira, aos equilíbrios continentais / religiosos / étnicos / políticos ou até a erros de casting como por vezes acontece. Se pudesse atribuir post mortem havia aí uma lista deles a apresentar como o Jorge Amado e o Montalban!"

Esta observação teve resposta imediata minha: "ou o Jorge Luis Borges - até hoje não entendo como foi possível escapar. Eu entendo o porquê de Murakami agora - tragédia no Japão. Mas, o critério do equilíbrio continental parece-me mais importante. Nesse aspecto, o poeta Sírio Adonis é forte candidato. Amos Oz entra na corrida. Mas depois, há sempre os Americanos: Roth ou McCarthy - sempre óbvios. Não sei, sempre difícil julgar. Não me espantaria o António Lobo Antunes, igualmente. Mas um país tão pequeno como o nosso com 2 prémios Nobel? E há quem queria colar o novo escritor sensação ao lote, Gonçalo M. Tavares. Acho que ainda é cedo..."

Cormac McCarthy é o primeiro americano da lista, com 5 votos. Os outros são Don de Lillo com 2, Philip Roth e Joyce Carol Oates com 1.

Milan Kundera aparece com 3 votos. Eterno candidato, a par de Umberto Eco ou Amos Oz (que, surpreendentemente, ninguém nomeou).

Por falar em escritores do Médio Oriente, o poeta Sírio Adónis (Ali Ahmad Said Asbar), apontado pela crítica como o principal candidato (depois deste ano ter recebido o prémio alemão Goethe), recebe 2 votos. Com 1 voto, o Israelita Aharon Appelfeld.

Por fim, houve uma pessoa a dizer que "não há favoritos".

Resta-nos pouco tempo até sabermos o próximo prémio Nobel. Quem será? Provavelmente a Academia já escolheu. Resta esperar e ver se alguém acertou.