sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Tour «Todos os tempos verbais», na livraria Snob, Guimarães - vinho, poesia, chá

Todo o mundo fica convidado para a 2.ª apresentação do meu primeiro livro, «Todos os tempos verbais».

Vamos a Guimarães?

É na livraria Snob, não há que enganar.

Um abraço, Rodrigo


Agradecimentos: David Pintor | Ana Almeida | Ana Paula Oliveira | Helder Magalhães | Clara Amorim | Sara Costa Leite | Daniel Gonçalves | Emília Araújo | Duarte Pereira | Eduardo Fernandes | Livraria Snob | RealBase

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Sob o tempo

Às vezes as noites ganham asas e nunca acabam mas não faz mal porque entendi finalmente que o tempo é a única coisa que acontece a todos, desmorona-se sobre nós e dissolvemo-nos nele, revolve-nos as fundações como se fôssemos uma casa de madeira seca e não é que afinal de contas somos mesmo uma casa de madeira seca, apodrecemos-lhe aos pés e apesar de não consentirmos e procurarmos evitar o tempo entretem-se connosco e faz-nos pedinchar e suplicar e implorar e depois tanto se lhe dá como se lhe deu, dissipa-nos e desvanece-nos e oblitera-nos e então nós em sabe-se lá que lugar, o tempo é as orquídeas e os plátanos e as buganvílias mas é também o colchão demasiado bolorento e um buraquinho no estore pelo qual mil aragens e um bocado nosso abandonado para sempre.

Gonçalo Naves



Foto retirada de: https://br.pinterest.com/pin/369224869423300069/

É do borogodó: GUARDA-CHUVAS, DE ROSANA RIOS

Tenho quatro guarda-chuvas
todos os quatro com defeito:
um emperra quando abre,
outro não fecha direito.
Um deles vira ao contrário
se eu abro sem ter cuidado.
Outro, então, solta as varetas
e fica todo amassado.
O quarto é bem pequenino,
pra carregar por aí;
porém, toda vez que chove,
eu descubro que esqueci…
Por isso, não falha nunca:
se começa a trovejar,
nenhum dos quatro me vale –
Eu sei que vou me molhar.
Quem me dera um guarda-chuva
pequeno como uma luva
que abrisse sem emperrar
ao ver a chuva chegar!
Tenho quatro guarda-chuvas
que não me servem de nada;
quando chove de repente,
acabo toda encharcada.
E que fria cai a água
sobre a pele ressecada!
Aí….
* poema publicado no livro “Cheiro de Chuva”, poemas para crianças,  Ed. Studio Nobel.
Seleccionado pela Penélope Martins, nossa conexão com o Brasil

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

abalo


dizem que um abalo trespassou a terra
as árvores tombaram as casas ruíram
entre a órbita dos teus olhos florescia.

Helder Magalhães


Katja Kemnitz - Fotografie

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Chico-Chorão, Maurice Sendak

«Quando Chico-Chorão fez um ano, não houve festa. (A família riu-se e franziu a testa.) O segundo ano, o terceiro e o quarto foram propositadamente esquecidos. E o quinto, sexto e sétimo, nem sequer referidos. Mas eis que Chico-Chorão completou os oito…» Desde a publicação de "O que está lá fora", em 1981, Maurice Sendak não fez mais nenhum outro livro de sua completa autoria até 2011, ano em que surgiu "Chico-Chorão", que seria a sua última obra ainda em vida. Este álbum irreverente retrata as peripécias de um porquinho que, já com nove anos, vai celebrar pela primeira vez o seu aniversário. 

A sua tia surpreende-o com um bolo e oferece-lhe um disfarce mas, por sua iniciativa, Chico-Chorão decide organizar uma grande festa sem o conhecimento dela. O concorrido evento transforma-se pouco a pouco numa desmedida e caótica festança, que será prematuramente interrompida pela tia furiosa. Mantendo a rima do texto original, a deliciosa tradução de Carla Maia de Almeida envolve-nos numa trepidante narrativa, tão ágil como por vezes propositadamente disparatada.



Li este livro da Kalandraka e, ao jeito dos livros de Sendak, caiu-me a sensação de ser uma história para um adulto contar cuidadosamente às crianças, com algum acompanhamento e interpretação. Com figuras grosseiras e vários símbolos, a história tem um fundo triste. Mas que termina num final feliz. 

A tradução é muito bem conseguida, uma vez que o texto vem em rima. É mais um grande trabalho da Carla Maia de Almeida, nesta área dos livros infantis.

Fiquem atentos às livrarias, vão querer ter este livro nas bibliotecas dos vossos filhos.

*Rodrigo Ferrão