sábado, 15 de fevereiro de 2014

A agência funerária e Mário de Sá Carneiro


Fim


Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.


*Mário de Sá Carneiro

Está aí mais um Correntes d'Escritas



Mesa 1
Quinta-feira, dia 20, 17h30
Tema: Pensamentos não são correntes de ninguém
Participantes: António Gamoneda, Eduardo Lourenço, Gonçalo M. Tavares, Lídia Jorge, Ungulani Ba Ka Khosa
Moderador: José Carlos de Vasconcelos
Mesa 2
Sexta-feira, dia 21, 10h00
Tema: palavras + correntes = x
Participantes: Afonso Cruz, Helder Macedo, Ivo Machado, Miguel Real, Patrícia Portela, Valério Romão
Moderador: João Gobern
Mesa 3
Sexta-feira, dia 21, 15h00
Tema: A ficção nos livros é corrente de verdade
Participantes: Ana Margarida de Carvalho, António Mota, Boaventura Cardoso, João Ricardo Pedro, José Ovejero, Michel Laub
Moderador: Francisco José Viegas
Mesa 4
Sexta-feira, 21, 17h30
Tema: De correntes e cont(r)a-correntes se faz a poesia
Participantes: Ana Luísa Amaral, Golgona Anghel, João Moita, Margarida Ferra, Valter Hugo Mãe
Moderadora: Isabel Pires de Lima
Mesa 5
Sexta-feira, 21, 22h00
Tema: Cada livro é a antologia corrente da existência
Participantes: Carlos Quiroga, Joana Bértholo, Manuel da Silva Ramos, Manuel Jorge Marmelo, Miguel Sousa Tavares, Ondjaki, Rui Zink
Moderador: Michael Kegler
Mesa 6
Sábado, 22, 10h00
Tema: Coração de correntes desabitado: a poesia
Participantes: Helga Moreira, Inês Fonseca Santos, Manuel Rui, Pedro Teixeira Neves, Uberto Stabile, Vergílio Alberto Vieira
Moderador: José Mário Silva
Mesa 7
Sábado, 22, 15h30
Tema: Não são minhas as correntes que escrevo é outro que as escreve em mim
Participantes: Andrés Neuman, Inês Pedrosa, José Rentes de Carvalho, Manuel Rivas, Onésimo Teotónio Almeida
Moderadora: Ana Sousa Dias
Todas as sessões decorrerão no no Axis Vermar Conference & Beach Hotel

Correntes em: http://www.cm-pvarzim.pt/go/correntesdescritas
Facebook: https://www.facebook.com/correntesdescritas
Evento: https://www.facebook.com/events/1392955687634726/

Foto frase do dia: Hamlet


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Elisa Lucinda e Rubem Alves - A Poesia do Encontro

O que acham da poesia?

(Imagem: Augusto de Paiva/AAN)

Encontro de Elisa Lucinda e Rubem Alves em ocasião do lançamento da obra "A poesia do encontro", belíssima obra de crítica literária.


*Obrigado a Magda Fernandes.

ALA ... que é poesia XIII

Dia dos Namorados e tal. E se o amor acabar? A recolha passa hoje por este poema do António Lobo Antunes, mesmo a propósito, cantado pelo Vitorino no disco "Eu Que Me Comovo Por Tudo e Por Nada".
Amem hoje. Nunca se sabe o dia de amanhã.


Ana Almeida


E se eu não te amar mais

 Se eu não te amar mais me
Caia o mar nos ombros
Me caia
Este silêncio pelos ossos dentro
Me cegue os olhos esta sombra
Me cerre
Esta noite num escuro mais profundo
Do que a chuva de ti de mãos tão leves
A figueira do meu sangue se emudeça
De pássaros à espera dos teus passos
De outra voz por sobre a minha
Morta
E as ruas do teu corpo eu desaprenda
Como desaprendi os dedos que em tocam
E se eu não te amar mais me caia a casa
De costa no teu peito como o vento.

António Lobo Antunes

* PARA ASSISTIR AO VIDEO SIGA O LINK
http://www.youtube.com/watch?v=u_Ed3Bz9GL4

Foto frase do dia: Steve Jobs


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Eu poético: «Longe»

Longe

porque temos velocidades diferentes,
caminhos opostos,
filosofias militantes,
ou egoísmos próprios?

eu estou aqui,
longe de ti.
troco alhos
pelos teus bugalhos
e tu afirmas o meu não.

fazes de conta que não te interessa.
finges que não importo.

aquilo que se passou entre nós não eras tu,
era o álcool.

e depois foi carência.
e depois solidão.
e depois tristeza.
e depois...

veio um novo dia
e a chuva sucedeu à chuva,
o inverno cobriu-se de frio,
o vento levou telhados,
as ondas engoliram o pontão...

e eu amanheci,
lá longe.

Rodrigo Ferrão

Foto: Rodrigo Ferrão

Foto frase do dia: Bertrand Russell


Filipa Leal na Egoísta

Vem à Quinta-feira, poema de Filipa Leal na Egoísta nr 51 - Poesia


Revista Egoísta em: https://www.facebook.com/RevistaEgoista

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

E para Portugal, Mac?

No Brasil, o McDonald´s decidiu incluir uma coleção de contos e poemas clássicos da literatura infantil brasileira para a nova acção de promoção McLanche Feliz - que presumo seja a versão brasileira do Happy Meal.

São seis as obras que vêm com hamburgueres e batatas fritas:

"A casa o pato", do grande Vinicius de Moraes, dois poemas que já foram musicados (vejam o vídeo);
"De noite no bosque", um inédito de Ana Maria Machado;

"Menino qualquer", de Caio Riter; 
"A voz da minha mãe", de Márcio Vassallo; 
"Você pergunta, a poesia responde", de Lalau; 
e "O farol e o vaga-lume", de Letícia Wierchowski e Marcelo Pires. 

Ao que foi divulgado, coloridos e com ilustrações, cada volume traz também actividades e autocolantes para os mais pequenos, numa tentativa (bem comercial) de promover a leitura entre os mais pequenos. Mas que pode funcionar melhor do que muitas campanhas mais 'sérias'.
E para Portugal, Mac?

Ana Almeida


* Para ler o artigo completo da "Surgiu" siga o link:
http://surgiu.com.br/noticia/134161/mclanche-feliz-apresenta-contos-e-poemas-do-brasil8207.html


Poesia que passa ao lado #3

Recado

Se perguntarem por mim
diz-lhes que me procurem
nas cordas de qualquer violoncelo
ou então nas chaves de um oboé

diz-lhes mais
que se enganaram a meu respeito
e não pensem que lhes farei a vontade...
porque a minha vida foi música desde o ventre materno

se perguntarem por mim
diz-lhes que havia um barco à minha espera
e que finalmente resolvi entrar nele
sem lágrimas

se perguntarem por mim
diz-lhes que fui procurar uma rosa de revolta
que me chamava desde há muito
– talvez no horizonte da existência

se perguntarem por mim
diz-lhes que não traí nada nem ninguém
porque trair
é ser alegre sem motivo

se perguntarem por mim
diz-lhes que a claridade
era a minha maior ambição
e decidi ir ao seu encontro

se perguntarem por mim
diz-lhes que continuo no meio dos homens
cheio de solidão
mas é aí que quero estar.




Levi Condinho

a-ver-livros: viver amar

Vivias nos livros
o amor que não podias
ou não querias
vivias lá dentro na paz
podre
dos que não vivem
que viver é amar
mesmo que isso implique
sofrer

Ana Almeida

* para saber mais sobre a ilustradora espanhola Irene Fenollar
siga o link www.irenefenollar.com

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

É do borogodó: coma tu-do

reaproveite os nossos restos para dizer
que fizemos poesia naqueles dias em que vivíamos
sob um teto esfarelado de papel. apanhe sua agulha para costurar
as sobras do amor que lhe faltou. coma tudo. coma tu-do.
deite numa esteira de palha para digerir nossas mazelas, mas projete
na parede oca minha farta descompostura serpenteando múltiplos gozos.
faça de mim algo sublime de tão inútil. feche os olhos e sonhe
a linha da tua vida na palma de uma mão estendida por trocados.  
a escuridão de nossa memória resistirá. a solidão que nos habita resistirá.
nossos punhos marcados pelas palavras ditas.
nossos pés acorrentados em geleiras.

* poema de Penélope Martins dito por Alexandre Honrado

* PARA ASSISTIR AO VIDEO SIGA O LINK
http://www.youtube.com/watch?v=eHCqwgUxGkw

José Agostinho Baptista pela tarde

Nos tímpanos,
como um acorde desmedido, 
a cava respiração dos desertos assola-te.
Contorces-te, quando me aproximo,
e benditos são os frutos do teu ventre, no oásis onde
amadurecem.
Mas não temos tempo.
Envelhecemos,
vamos e voltamos,
e ao irmos e virmos, somos a errância dos pés, entregues
à sua mecânica,
indiferentes aos pesares,
desfalecendo, retomando a marcha,
a estrada tantas vezes percorrida por uns olhos abertos
que já não vêem,
tão habituados a reter nas suas órbitas as paisagens do
desalento.








in "Caminharei pelo Vale da Sombra"

Poemas cantados 6: Cavaleiro andante

 
Cavaleiro andante
* Carlos Tê para Rui Veloso

Porque sou o cavaleiro andante
Que mora no teu livro de aventuras
Podes vir chorar no meu peito
As mágoas e as desventuras

Sempre que o vento te ralhe
E a chuva de maio te molhe
Sempre que o teu barco encalhe
E a vida passe e não te olhe

Porque sou o cavaleiro andante
Que o teu velho medo inventou
Podes vir chorar no meu peito
Pois sabes sempre onde estou

Sempre que a rádio diga
Que a américa roubou a lua
Ou que um louco te persiga
E te chame nomes na rua

Porque sou o que chega e conta
Mentiras que te fazem feliz
E tu vibras com histórias
De viagens que eu nunca fiz

Podes vir chorar no meu peito
Longe de tudo o que é mau
Que eu vou estar sempre ao teu lado
No meu cavalo de pau


*  Hei-de ser velhinha e meia surda, mas os primeiros acordes desta canção irão sempre arrepiar-me e há-de haver sempre uma sombra de lágrima no meu olhar quando a ouvir. A letra do Tê - este poema maravilhoso - será sempre levada em braços na música e voz do Rui, sílaba por sílaba, perfeita.

Ana Almeida

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Literatura Alemã


Lia um livro em alemão, o que talvez sirva de explicação para os seus olhos azuis.
Ou não, porque de um azul de mar mediterrânico.
Eu encantado, encandeado, pela luz azul dos seus olhos.
Luz azul, lembra-me sempre lâmpadas florescentes.
No seu olhar nada de plástico ou artificial.
Fogo de artifício no meu estômago.
Eu de olhos nos seus olhos.
Ela de olhos nas páginas do livro.
Sentia-me um marinheiro, um almirante, um Vasco da Gama a caminho da Índia, mas desta vez a viagem, as caravelas, pelo Mar do Norte para uma breve paragem em terras germânicas, até que, provavelmente por se sentir observada, procurou os olhos do observador.
Encontrou-me.
Segurei-lhe o olhar cinco segundos.
Ou suportei-lhe o olhar cinco segundos.
Um-dois-três-quatro-cinco, como um boxeador sem força ou talento, os meus olhos foram ao tapete, fiquei K.O. no 1.º round.
Os meus olhos caíram na capa do livro em alemão, o livro nas suas mãos, caíram quase dentro das suas mãos.
Die Geburt der Tragödie
Quatro olhos concentrados no mesmo objecto, concentrados por dentro e por fora.
Eu em pânico, sem me atrever a mudar os olhos de lugar, um pânico excessivo, inexplicável.
Encantado, encandeado, também com os seus dedos, uns mindinhos tão bonitos, e os fura-bolos perfeitos!
Die Geburt der Tragödie
Fixei o título do livro, como se decorasse uma morada onde a pudesse encontrar.
Consegui decorar o título antes de arrumar o livro na mochila, deixando-me como uma barata, sem saber onde pousar os olhos.
Levantou-se e saiu da carruagem quando as portas se voltaram a abrir.
Atenção ao intervalo entre o cais e o comboio.
Ouvi como se chamassem por mim, eu sem perceber o que estava a acontecer porque os meus olhos longe, nos atacadores dos seus sapatos, que a gritos discutiam comigo o dia em que seriam mais uma vez engraxados. E a discussão inflamava, calcinava-me a paciência, não por falta de agenda mas porque detesto engraxar sapatos, para mais com atacadores, em que para um serviço bem feito, é conveniente tirar e voltar a pôr os atacadores.
Assim, os meus olhos longe, nos atacadores dos sapatos.
O mundo em câmara lenta.
Não sei quanto tempo assim, em câmara lenta, até que sem aviso, o mundo de novo em movimento, o toque do despertador, e não do despertador que eu não em casa, não no quarto, a severidade sonora do apito do metro, que avisa e anuncia o fechar das portas, eu a levantar-me, eu a correr, queria correr, eu quase a bater com o nariz na porta já fechada.
Ela saiu na Estação do Jardim Zoológico, guardo, resignado, a informação.
Volto a sentar-me, resignado.
Chego ao trabalho, resignado.
E antes de tudo, do café, dos cinco minutos de treta da bola, apesar do meu clube ontem três a zero para mais contra a melhor equipa inglesa do momento, de verificar o e-mail e a papelada sobre a secretária, antes de tudo, pesquiso na internet:
Die Geburt der Tragödie
O Nascimento da Tragédia
As minhas suspeitas confirmam-se.
Eu, assustado, quase em pânico, pois só pode ser isto o que sinto, o que nunca antes senti, uma febre sôfrega, um vírus, uma doença, estou apaixonado.
Vinte e quatro hora depois o mesmo estado, talvez mais grave, a febre sôfrega mais ávida, pelo que, não tendo termómetro em casa, penso em passar por uma farmácia.
E o meu problema maior, insolúvel, como é que eu faço para encontrar uma pessoa pelo título de um livro no meio, menina ao meio, de três milhões de pessoas.
E se não estiver no meio, mas num vértice, numa aresta.
E se turista.
E se dentro de um avião de regresso a casa.
E se a sorte do meu lado e a encontrar, como é que eu falo do meu bem-querer, da minha febre sôfrega, sem saber uma palavra de alemão.
Talvez lhe pegue na mão. - Penso e lembro-me que tem uns mindinhos tão bonitos.
Será que me deixa pegar-lhe na mão? Levar-lhe a mão primeiro à minha testa, depois ao lugar onde o meu coração bate acelerado e, em estado de absoluta surpresa arrancar-lhe o primeiro beijo!

Assim os seus sonhos, quase diários, anda de metro de segunda a sexta.
Sonhos em febre sôfrega, porque a cada dia um detalhe, um livro, um botão, um guarda-chuva, um nariz, uns lábios pintados, um sorriso.
Porque se a encontrasse, se as encontrasse!, anda de metro de segunda a sexta, o problema maior, recusava-se a dizer I love you, nesse esperanto para estrangeiro perceber.
Recusava-se, ai, ai... que o mesmo é quer dizer, não consegue, não se atreve, mesmo nos treinos matinais em frente ao espelho enquanto faz a barba não lhe sai, nunca passou de um simples gosto de ti, cume da montanha, cereja no topo do bolo, cuja aplicação reduz à mãe, uma mãe de quem gosta, que de uma mãe mais do que se gosta.
Não consegue mais, pelo que consciente da sua incompetência, abandona estes pensamentos loiros e audazes, repete os pensamentos nos mindinhos, tão bonitos, pousa os pés no chão, e a penas, mais uma vez resignado pensa, que ainda não foi desta, que quando for de verdade não vai deixar que as portas do metro se fechem, mesmo se partir o nariz.
Que um nariz partido por um amor não lhe parece sequer tragédia.
E de nariz partido vai, pela primeira vez, dizer a palavra amor!
 
Raquel Serejo Martins



A dicotomia Agir/possuir inteligência por GMT

Os conhecimentos ouvem-se, mas para agir a capacidade de audição é praticamente desprezável. Porque agir é estar próximo das coisas e ouvir é estar afastado das coisas. Alguém que apenas ouve será considerado um intruso no mundo, a Natureza não se sentirá ameaçada. Quem ouve poderá acumular conhecimentos, mas essa acumulação não lutará com a Natureza. Esta resiste bem à inteligência, ao raciocínio e à memória do Homem: todas estas qualidades intelectuais são assuntos que dizem respeito exclusivamente ao mundo da cidade, e o que ameaça a Natureza são as acções: os momentos em que os humanos abandonam a audição, e mesmo a linguagem do discurso, e passam a querer falar com o tacto: o único que pode alterar as coisas.
Se os homens, mantendo a sua inteligência incorrupta, fossem seres imóveis, incapazes de qualquer movimento, seriam ainda hoje menos poderosos do que um único metro quadrado de terra espontâneo. Poderiam possuir um grau de aperfeiçoamento no pensamento abstracto, matemático e lógico, mas não deixariam de ser uma espécie secundária ao lado das outras: as possuidoras de movimento. Qualquer cão mesquinho mijaria nas pernas de um homem inteligente, mas imóvel.



in "Um Homem: Klaus Klump"

a-ver-livros: tarde

Revolta-te agora
agora

antes que mais tarde
que esta tarde
tarde demais


Antes que a revolta
seja espúria 
mera sombra
do que sentes nesta hora

Antes que sejas
resto do que és 
ainda

Ana Almeida

* para saber mais sobre a pintora Marilyn Sears Bourbon
siga o link marilynsearsbourbon.com

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Passatempo «A solidão dos inconstantes»


A autora tem um exemplar para oferecer aos seguidores do Clube de Leitores - do livro A solidão dos inconstantes. O livro será assinado e terá uma dedicatória para o/a vencedor(a)! 

Para participar, basta responder ao seguinte: Qual foi o momento mais solitário que viveram?

As melhores respostas enviadas em comentário a este post (tanto aqui no blog, como na página do facebook ou ainda no grupo) vão a uma finalíssima de 3 dias a ser votada pelos membros do blog e seguidores. 

O concurso é válido para Portugal continental e ilhas e o envio das frases deve ser feito até Domingo, dia 16 de Fevereiro. No dia seguinte, anunciaremos as respostas que vão seguir para a finalíssima.

Boa sorte! 

*O vencedor terá que enviar-nos a sua morada. Em caso de não o fizer, o Clube atribuirá o livro a outro(a) finalista. Fique atento!

Cronicando pela Ásia... Kuang Si Waterfall, templos e o mercado

Luang Prabang,
07 de Maio 2009


Um dia em cheio esperava-me... e mal sabia eu no que me estava a meter. Depois do almoço, passei na mercearia da esquina para comprar uns sumos e qualquer coisa para morder. Dei o troco ao neto da senhora - a criança deu um pulo de felicidade e abraçou-me.

Dirigia-me para a rua principal para levantar dinheiro e procurar um tuk-tuk. A aventura chamava-me para a Kuang Si Waterfall, local que toda a gente me apresentou como obrigatório. E é mesmo.



  



Antes de dar o mergulho mais apetecido de sempre, arranco em direcção ao cimo. O calor tórrido e a humidade louca esganam-me. Enquanto subo, encontro pequenas piscinas naturais. Mas o objectivo é chegar lá acima seco, tirar umas fotos e contemplar a vista.

Ao descer sinto a vontade louca de me meter na água. Vejo imensa gente a atirar-se de todas as formas e feitios. Respiro fundo, estico os braços ao alto e lá vou eu! A água está muito mais fria do que esperava, mas o corpo precisava mesmo daquilo. O azul era fora do comum - parecia que estava numa piscina que tinha acabado de ser tratada com cloro.

Depois de mais umas incursões e várias fotografias, decido regressar. A hora de almoço chama por mim e o meu "motorista" aguarda-me. Antes de lá chegar, deparo-me com vários ursos. Estava num centro de recuperação da espécie. Alguns brincavam, mas a maioria dormia.


A tarde convida-me agora a conhecer os templos. E eles sucedem-se inesperadamente. Na rua principal está montado o mercado e faço planos de lá regressar mais ao fim-da-tarde. O objectivo passa agora por subir um monte íngreme. Lá em cima estão os templos mais antigos. Locais de oração, de meditação, de peregrinação. Vista para a cidade e para o Mekong - o sítio perfeito para o pôr-do-sol.

 








No topo das escadas encontro gente a rezar por entre o cheiro a incenso. Vou descobrindo várias estátuas de Buda, encontro uma gruta cavada na terra que guarda um pequeno templo, vou ter a um sítio sagrado - o que dizem ser a pegada de Buda. O Deus passou por ali e deixou a sua marca na pedra. As escadas são um corrimão gigante - com corpo de serpente e que termina num dragão. Começo a descer por ali abaixo, os degraus parecem não ter fim.






 




O sol começava a pôr-se. No fim da caminhada, mais um templo. Estava a ser restaurado por monges de todas as idades. E todos eles pareciam muito concentrados e focados na tarefa. Senti-os imperturbáveis na sua calma. Passei por eles, vi o templo e tirei mais umas fotos.








Regresso ao mercado e como uma espetada de fruta. Estão por toda a Ásia e são dos melhores investimentos que se pode fazer. O ananás e a manga desfazem-se na boca e são verdadeiramente doces e frescos.

Vou dando uma olhadela ao que vendem. O Laos é conhecido pela prata e vejo peças lindas. Por momentos ainda penso trazer alguma jóia, mas ainda ia andar por muitos lados. Como era tudo estupidamente barato, trouxe umas prendas para a família. Aquele mercado era o paraíso de qualquer amante de compras.

O jantar veio, comida com um toque francês. Sou invadido por um grupo de crianças e todas elas me querem vender o que carregam. Compro uns brincos para as minhas irmãs a um deles. Os outros seis ficam fulos! Mas engano-os a todos dizendo que amanhã regresso e compro coisas a mais alguns... Promessa não cumprida, no dia seguinte já não estava na cidade.

Rodrigo Ferrão