sábado, 17 de agosto de 2013

Os livros e as suas cores

É impressionante como há infinitas maneiras diferentes de ler, ver, entender e interpretar um livro. A artista Jaz Parkinson faz tudo isso através das cores. A cada vez que num livro se descreve um objeto como amarelo, por exemplo, Jaz assinalava um pontinho a mais para o amarelo. Também vale para cores mais subjetivas, segundo a artista. No livro "A Estrada", quando Cormac McCarthy fala sobre as cinzas escuras que cobriam tudo, lá ia Jaz e marcava um pontinho para a cor cinza escura.

O resultado é surpreendente. Abaixo podem ver alguns painéis que compõe esse projeto meticuloso de leitura e catalogação. Formatados como capas, os trabalhos são impressos em folhas A2 e estão disponíveis no portfólio da artista.



Cronicando pela Ásia... A Ilha do James Bond

Ilha do James Bond, 
30 de Abril 2009

O cenário não podia ser mais perfeito. Para qualquer filme.

Abandonei a embarcação e fui conduzido num barquinho de madeira até à ilha. Havia uma linha de pequenas barracas de vendas. Ali só me interessou comprar uma garrafa de água e pilhas para a máquina fotográfica.

Logo à entrada, uma gruta enorme e fabulosa. Formada à custa de uma falha na rocha, a gruta fez-me sentir pequeno. Ali estava a placa a assinalar a rodagem do filme do James Bond: The Man with the Golden Gun - realizado em 1974. É por esta razão que o mais famoso rochedo da Tailândia é mundialmente conhecido. E é por isso que a ilha tem este nome.


De repente, diante dos meus olhos, aparece o famoso rochedo. É extraordinário ver a pequena ilha que emerge do mar. Aquele cenário é simplesmente mais um paraíso encontrado por aquelas bandas e permaneço ali durante muito tempo, a contemplar.


Percorri a ilha e tirei imensas fotos, mas o barco chamava-me de volta. Chegou a altura de partir e descobrir novas paragens... Que aventuras me aguardariam?

Rodrigo Ferrão

Qualquer livreiro conhece bem esta situação...


Foto retirada da página do Facebook: The Blue Stocking Review.


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Poema à noitinha... «De um Amor Morto», Sophia

De um Amor Morto

De um amor morto fica
Um pesado tempo quotidiano
Onde os gestos se esbarram
Ao longo do ano

De um amor morto não fica
Nenhuma memória
O passado se rende
O presente o devora
E os navios do tempo
Agudos e lentos
O levam embora

Pois um amor morto não deixa
Em nós seu retrato
De infinita demora
É apenas um facto
Que a eternidade ignora 


*Sophia de Mello Breyner Andresen, in Geografia


Urbano sempre - dia 5

DISSE-TE UM DIA

Disse-te um dia
... que havia de dar-te uma estrela
tão real como os sonhos
do rio Guadalquivir
e o perfume adolescente
do teu corpo
a ondular na aurora de Sevilha
Não foste comigo a Barcelona
ver as pesadas corolas e os mosaicos
de La Pedrera
mas espera-me no aeroporto
de nunca antes
o rumor febril dos teu olhos
onde aprendi
que o tempo não existe
Mas a vida pode ser
também mágoa escura
bem sabes Por isso te prendo
as mãos sobre as ancas
para não fugirmos mais um do outro
e bebo todo o sol e afinal o tempo
nos teus lábios.


*Urbano Tavares Rodrigues, in Horas de Vidro


a-ver-livros: ler e Jan De Maesschalck

Tens moedas? Quero ouvir
mais uma vez 
aquele velho poema
que dançámos à chuva

Devagar, 
lê para mim
de novo

* para saber mais sobre o pintor belga Jan De Maesschalck
siga o link start.zeno-x.com/zeno_x_gallery/artists

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Urbano sempre - dia 4

Primavera

A Primavera vem dançando
com os seus dedos de mistério e turquesa
Vem vestida de meio dia e vem valsando
entre os braços dum vento sem firmeza

Nu como a água o teu corpo quieto e ausente
Só este inquieto esvoaçar do teu sorriso
Loiro o rosto o olhar não sei se mente
se de tão negro e parado é um aviso
do destino que me fixa finalmente

Ai, a Primavera vai passando
com os seus dedos de mistério e de turquesa
Segue Primavera vai cantando
Que será do nosso amor nesta praia de incerteza


*Urbano Tavares Rodrigues, in Horas de Vidro


É do borogodó: conversa mole, rapaz!

conversa mole, rapaz!

conversa mole, rapaz. tudo em ti é conversa mole (e braços mornos que esquentam a fala mansa), e na minha concepção de mulher honesta, conversa mole é perda de tempo, posso não, nem poderia entrar nessa fria, rapaz, conversa mole demais. rapaz, essa conversa mole cutuca a pergunta: se acaso o teu passo fosse o meu passo, seria um bom compasso para nós? desenrola a língua, conversa mole é a pior sina, era isso que eu temia, rapaz! conversa mole faz moça derretida, lero-lero em maria-vai-com-as-outras, pobrezinha influenciável, enrolável dos pés à corda da cintura, daquela bonita que amansa ouvido com poesia e vai: facinho, facinho.

Penélope Martins

[ pode encontrar o mesmo texto no blog Toda Hora Tem História. Siga o link ]

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Julga um livro pela capa? Então devia fazer este teste...

Ora leiam lá...

Urbano sempre - dia 3

Vivemos, de facto, numa época em que a noção de amor trágico e romântico, que herdámos do século dezanove, se tornou inactual, embora continue ainda a ser vivida por muitos - e até com o carácter de construção moral e estética - essa relação extremamente apaixonada, exigente e exclusiva. A reclamação da liberdade erótica não me parece que de algum modo tenda a degradar a vida, conquanto possa dessublimizá-la e do mesmo passo desmistificá-la, precisamente no propósito de a tornar mais lúcida e mais generosa. Afigura-se-me que na contestação de todas as prepotências firmadas em preconceitos, em princípios estabelecidos aprioristicamente, há sempre um nexo muito íntimo entre a reivindicação da liberdade erótica, da liberdade no trabalho e da liberdade política. E, naturalmente, quando se dá uma explosão desta espécie, é como uma pedra que rola e que vai agregando uma série de materiais e descobrindo a sua própria composição até às zonas mais profundas da sua estrutura.

*Urbano Tavares Rodrigues, in Ensaios de Escreviver.


«Cinquenta Sombras de Grey» promove violência contra mulheres?

O romance «As Cinquenta Sombras de Grey», «best-seller» mundial entre a literatura erótica, perpetua a violência contra as mulheres, segundo um estudo da Universidade de Ohio (EUA).

Segundo Ana Bonomi, que dirigiu o estudo, o livro é dominado pelo abuso emocional e sexual à principal personagem feminina, Anastasia.

«A violência por parte do parceiro afeta 25 por cento das mulheres com prejuízo para a sua saúde. As condições sociais atuais – incluindo a normalização do abuso na cultura popular através de romances, filmes e canções – criam o contexto que sustenta tal violência», diz a professora.

O livro de E. L. James, que se tornou uma trilogia, é descrito como «romântico» e «erótico» e relata a relação entre o multimilionário Christian Grey, de 28 anos, e da estudante Anastasia Steele, de 22.


*In Jornal A Bola, por redacção - 12-08-2013

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Urbano sempre - dia 2

Nos países subdesenvolvidos, a arte (literatura, pintura, escultura) entra quase sempre em conflito com as classes possidentes, com o poder instituído, com as normas de vida estabelecidas. Em revolta aberta, o artista, originário por via de regra da média e da pequena burguesia ou mais raramente das classes proletárias, contesta o statu quo, propõe soluções revolucionárias ou, quando estas não podem sequer divisar-se, limita-se a derruir (ou a tentar fazê-lo pela crítica, violenta ou irónica) o baluarte dos preconceitos, das defesas que os beneficiários do sistema de produção ergueram contra as aspirações da maioria. Nas sociedades industriais mais adiantadas, o artista pode permanecer numa atitude idêntica de inconformismo; porém, os resultados da sua actividade de criação e reflexão tornam-se matéria vendável e, nalguns casos, matéria integrável.

O consumo do objecto artístico, seja ele o livro, o quadro ou o disco, quando feito sob uma tutela de opinião, que os meios de comunicação de massa, em escala larguíssima , exercem, torna-se, senão totalmente inócuo, pelo menos parcialmente esvaziado do seu conteúdo crítico. Despotencializa-se. Amolece. É o que se verifica, por exemplo, em boa parte, nos Estados Unidos. A ideologia repressiva da liberdade no mundo capitalista monopolista torna-se tanto mais perigosa quanto absorve, ou procura absorver, as próprias formas políticas de exercício das liberdades ditas essenciais, quando aceita no seu seio o escritor, acusador iconoclasta por natureza, recuperando-o em banho asséptico, limando-lhe os dentes. Mas, entendamo-nos, nem sempre o artista se dá conta dessa operação, até porque nem sempre, de facto, é ele próprio o paciente da operação que lhe reduz a perigosidade, senão que o é, sim, a sua obra, a qual, pelo poder diminutivo de uma dada comercialização, se rectifica.


*Urbano Tavares Rodrigues, in Ensaios de Escreviver.

É do borogodó: que tal algo guloso para hoje?

 UM MAIS UM

João comeu bala, quindim
numa colherada um pudim
pé-de-moleque, cocada,
rocambole de goiabada,
pirulito, chicle, maria-mole,
guloso não mastiga só engole
fios de ovos, pastel de nata
aos outros não deixou nada
comeu chocolate também,
confetes pra mais de cem
encheu redondamente a pança
somou indigestão à comilança.
agora para sobremesa

tomará a garrafa inteira
dose de sabor fatal
óleo de fígado de bacalhau!

Penélope Martins
[ pode encontrar o mesmo poema no blog Toda Hora Tem História. Siga o link ]

a-ver-livros: o copo e o livro e Jiri Statsny

Larga o copo
a tua mão precisa da minha
vem beber-me de trago
vem ousar os dias
da frente
que os de trás não têm
outros sulcos
que as lágrimas choradas

* para conhecer mais sobre o pintor checo Jiri Statsny
siga o link http://jiristastny.blogspot.pt/



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A AlegriA umA Romã


Não gostava do Verão.
Da alegria do Verão, dos chinelos de enfiar entre o dedo gordo e o indicador do pé, da praia, dos baldes, das bóias, das bolas de futebol e de Berlim, das sardinhadas, as espinhas e as escamas, das moscas e mosquitos, dos bailaricos ao som de música de lírica duvidosa.
Pelo menos pensava, resignado.
Suspirava, aliviado!
Nem Camões nem Pessoa presentes para assistir a este repertório sonoro.
Depois pensava, o que eu gostava de tomar um bagaço com o Pessoa, mesmo que em silêncio, que nem sempre a poesia precisa de palavras, um desejo antigo, um segredo, ridículo porque impossível.
Pensa que as coisas impossíveis são ridículas.
E põe um ponto final aos pensamentos com uma aposta, apostando consigo que nem Bocage, o mais provocador e audaz, esboçaria um sorriso, sobre a lírica da canção.
O Verão no início e os seus ouvidos confrontados, atropelados, duas dúzias de vezes com o sucesso musical da corrente estação estival.
Rimei, pensou, sem graça, que qualquer um sabe rimar e não é por isso que se faz poeta.
O poema.
Provoca-lhe azia chamar à coisa poema.
A quadra.
E, mesmo quadra, um princípio de acidez, porque um insulto às do Aleixo.
Melhor chamar-lhe apenas coisa.
A coisa canta, conta, da liberdade ou licença concedida ao proprietário de um veículo automóvel de usufruto de uma garagem propriedade de uma vizinha, ao caso separada do cônjuge, salientando a utilização da garagem, pelo referido proprietário da viatura, com total liberdade ou à vontade, portanto, sem restrições de horários e nas horas mais impróprias.
Duas dúzias de vezes ouviu do cantor a canção.
A cada nova audição pensava que devia aprender a disparar, talvez comprar uma escopeta.
Alegaria legítima defesa.
E a maldição, a cada Verão uma canção.
Mais uma rima. Fraca. Fraquinha.
A maldição é que, em regra, à terceira audição sabe a letra de fio a pavio, como se a letra, a coisa!, uma bactéria, um verme, um mexilhão, uma carraça ferrada à orelha de um cão.
O barulho do Verão.
A ausência de silêncio.
Até no campo as cigarras.
E, para cúmulo, a indiferença dos gatos.
Tem três gatos que no Verão se transformam em três tristes tigres, recolhidos e ausentes pelas sombras da casa, até os gatos, não é mas parece, fazem as malas e vão os três de viagem.
Pelo que a cada vez que abre caixa do correio, quase todos os dias duas vezes ao dia, a meio da manhã e ao fim da tarde, que o carteiro não é certo na pedalada por não dar cumprimento à máxima se conduzir não beba, que diz não se aplicar a velocípedes não motorizados vulgarmente conhecidos como bicicletas.
Quando abre a caixa do correio espera encontrar um postal, no mínimo um postal, três linhas escritas no verso da fotografia de um monumento, encontra apenas anúncios a promoções de Verão nos super-e-hiper-mercados e carta nenhuma de nenhures, de pessoa nenhuma.
No Verão a solidão maior.
Fecha as janelas, fecha as cortinas, fecha-se no escritório.
O barulho mecânico da ventoinha de pé, como um girassol em metal, a interferir com a leitura, a mexer nas páginas, nos parágrafos, nas linhas, como se interferências na frequência da rádio.
As frases soltas.
Repete a leitura uma, duas, cinco vezes e as frases soltas.
Frases soltas como se fios soltos em meias de vidro.
Ela de saia, quatro dedos abaixo do joelho, um fato saia-casaco verde-musgo, botões de metal dourado, os cabelos loiros, os lábios pintados de vermelho vivo, os olhos azuis.
Ela de boina militar.
Ela a fumar um cigarro, correcção, uma cigarrilha.
O bar cinzento, pardo, de fumos e cinzas, nocturno, urbano.
Num pequeno palco uma orquestra tocava canções de cabaret, alegrava os bêbados e deprimia os sóbrios.

Elle écoute la java
Mais elle ne danse pas
Elle ne regarde même pas la piste
Et ses yeux amoureux
Suivent le jeu nerveux
Et les doigts secs et longs de l’artiste
Ça lui rentre dans la peau
Par le bas, par le haut
Elle a envie de chanter
C’est physique
Tout son être est tendu
Son soufflé est suspendu
C’est une vraie tordue de la musique

A cantora, num insucesso quase comovente, imitava a Piaf, era evidente que maltratava a voz a tabaco e copos de whisky e, apesar disso, os R’s ainda de veludo.
Talvez, se não quisesse ser igual à Piaf, que o mundo não precisa de duas Piaf’s, como se o mundo uma caderneta de cromos, tivesse tido algum sucesso de seu, que em tempo de guerra as canções são imprescindíveis para embalar os corpos sem sono, para afastar os fantasmas.
Dizem que quem canta seus males espanta.
Diz quem conheceu a guerra que não conheceu mal maior.
Antes das palmas, as palmas no momento certo, no fim da canção, as palmas exclusivamente dos ébrios, os ébrios em maior número no bar, a canção foi atravessada por dois aviões e pelo barulho de sirenes.
À passagem do segundo avião percebeu que tinha um fio solto na meia de vidro, depois escusou-se a bater palmas, talvez ao quarto whisky, acendeu outra cigarrilha.
Um fio solto, uma interferência permanente a escrever poesia para lá do joelho da sua perna esquerda.
Pensou que o seu último par de meias, que tinha que comprar uma meias novas.
Pensou que não tinha tempo.
Pensou no contrabando, no mercado negro, que conseguiu comprar dois sabonetes, que não encontrou açúcar, pensou na falta de açúcar, pensou na última vez que comeu uma fatia de bolo, apfelstrudel, ainda morno, depois de sair do forno, o seu preferido, pensou em como era fácil a vida antes da guerra.
Que o mundo em guerra, a maior de todas as guerras e um fio solto numa meia continua a ser um fio solto numa meia.
Inconsequente na sua importância.
Importantíssimo mas inconsequente.
Francesa, nasceu em Lille, filha de pai inglês e mãe austríaca, professora de inglês, integrou a Resistência, morreu, foi morta, três dias antes de os Aliados entrarem em Paris, não chegou ao fim do Verão, ao sossego tépido do Outono.
O Verão também serve para morrer, de amor sobretudo.
Assim que não gostava do Verão.
Como se fosse um crime não gostar do Verão.
Que não é por um sujeito ser inglês que tem que gostar de chá, para mais como se comprimido, com ingestão a hora certa.
Se tivesse dinheiro, pegava nele e nos gatos e viajava, migrava, para um país onde Inverno.
Não tem dinheiro e os gatos não apreciam férias fora de casa.
O que não tem remédio, remediado fica.
Assim ficava.
Resignado à espera, como se a estação uma sala de espera.
À espera do fim do Verão, do regresso do silêncio, do sossego do Outono, das primeiras chuvas, do abrir as janelas, do desligar a ventoinha de pé, do aconchego dos gatos, da alegria de uma romã todos os dias.


Urbano sempre - dia 1

A repulsa dos poderes constituídos pelo homem de letras e pelo homem de pensamento (pois tanto a expressão racionalista do filósofo e do sociólogo como a apreensão intuitiva do real a que procede o ficcionista surgem como ameaça aos sistemas de imposição de ideias ou de coerciva persuasão), esse afastamento do intelectual inconformista, transformado assim, com raras excepções (que nalguns casos já beiram o limite da assimilação) em outsider, representa uma destruição de valores culturais, que se traduz não poucas vezes em atraso de gerações.

Evidentemente, tal relegamento do escritor para zonas de sombra acicata-o por vezes, levando-o a produções vertebradas, que são autênticos gritos da inteligência rebelde e onde não raro se derrama o melhor da capacidade imaginativa, tensa e exasperada, de períodos em que se obscurece a comunicação normal entre os homens e em que a acção do livro, reduzida embora em extensão, ganha uma acutilante qualidade crítica e concentra a dignidade de minorias advertidas culturalmente e firmes no seu espírito de resistência. Mas o saldo não deixa de ser negativo quando se considera não já tudo aquilo que o escritor suporta e sofre, mas - e sobretudo - o muito que a camada dos leitores perde pela falta de convívio efectivo com aqueles que são não, é claro, os meus mentores, mas os que injectam na massa ideias novas, que divisam, na zona penumbrosa em que o futuro se vai pouco a pouco libertando da hora viva, os moventes sinais de amanhã.

*Urbano Tavares Rodrigues, in Ensaios de Escreviver.


a-ver-livros: a besta e Oleg Zhivetin

Jura que não é um poema
isso que lês
esse animal selvagem que acelera
almas sem pedir licença
arco-íris bravio que invade olhos
ossos
horas
desabrida besta

* para saber mais sobre o pintor uzbeque Oleg Zhivetin
siga o link www.rogeryostgallery.com/fine-art/oleg-zhivetin


domingo, 11 de agosto de 2013

Saudade vs tristeza - Miguel Esteves Cardoso

A maneira de reagir à saudade e à tristeza é ter um coração bom e uma cabeça viva. A saudade e a tristeza não são doenças, ou lapsos, ou intervalos, como se diz nos países do Norte. São verdades, condições, coisas do dia a dia, parecidas com apertar os atacadores dos sapatos. É banalizando-as que as acompanhamos. Um sofrimento não anula outro. Mas acompanha-o. Para isto é preciso inteligência e bondade. 

Aquilo que resta são as pequenas alegrias. No contexto de tamanha tristeza e tanta verdade tornam-se grandes, por serem as únicas que há. Não falo nas alegrias que passam, como passam quase todas as paixões.

Falo das alegrias que se tornam rotinas, com que se conta: comprar revistas, jantar ao balcão, dormir junto do mar, dizer disparates, beber de mais, rir. Coisas assim. São essas coisas — entre as quais o amor — que não se podem deitar fora sem, pelo menos, morrer primeiro.

*Miguel Esteves Cardoso, in As Minhas Aventuras na República Portuguesa

David Pinta... Camilo José Cela

David pinta... Camilo José Cela

A dúvida, essa nuvenzinha vaga que às vezes mora nos cérebros, pode também ser considerada um presente, o que não chega a ser, diga-se de passagem, uma afirmação, uma vez que sobre isso também tenho minhas dúvidas.

O mal dos que se crêem na posse da verdade é que, quando têm de o demonstrar, não acertam uma.

Vivemos na ditadura do funcionário, que não defende a ideia mas sim o salário, o que sempre dá maiores lucros.

Quando viajo, o que mais me importa são as pessoas, porque só falando com elas se conhece o ambiente.

A morte é uma amarga pirueta de que os vivos, não os mortos, guardam recordação.

David Pintor em:
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Handwritten Manuscript Pages From Classic Novels: Charlotte Brontë

Já alguma vez pensou ver Jane Eyre desta forma? Então fique com uma das suas páginas, escritas pela própria Charlotte Brontë.

Visite o site http://flavorwire.com para encontrar mais. 
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