Quadro de Carlos Carvalho
para
a exposição "A" Biblioteca
A inaugurar dia 17 de Abril p.f. na Galeria de Arte
do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados.
Um quadrado, um rectângulo, uma porta, quatro paredes,
um cubo, uma janela, janela nenhuma, um labirinto.
Quatro paredes, quantas paredes são quatro paredes
quando não se percebe o fim.
Quatro paredes e não caiadas, forradas a estantes,
forradas a livros, milhões de janelas, janela nenhuma, corredores de estantes.
Eu um corredor.
Eu em fuga.
O meu nome é legião.
Eu perdida.
Eu multidão na multidão.
O meu nome é batalha.
E nem derrota, nem vitória, nem medalha.
É nome de pássaro, de cavalo, de montanha, de amor
traído, de incesto, de dama antiga, de pescador, de mineiro, de astronauta, de
pessoa comum.
O que é uma pessoa comum?
É nome de país que nunca existiu, nome de nuvem, nome
de cor, nome de música, nome de cheiro, nome de viagem, nome de número, cinco
mil anos depois, de um táxi em Nova Iorque, start
spreading the news, hoje começo um novo livro.
O meu nome é o nome de todos os livros, tijolo por
tijolo, eu, um labirinto, eu Babilónia, eu Babel.
O meu nome pode ser dito em todas as línguas, mas
quando em coro, eu canto e desafino em português.
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