sábado, 8 de janeiro de 2011

O que é o escritor?

O perfil de um escritor enquadra-se em quê? Dou por mim a tentar encontrar consensos, mas não chego a lado algum...

Há autores cujas vidas têm desfechos como os seus livros: uma tragédia! Outros escrevem sobre coisas tristes. Mas alguém acredita mesmo que eles possam ser o espelho do livro?


O escritor é um actor. Ou talvez encenador... Será que ele realmente sente aquilo que diz?

Bem, onde eu realmente quero chegar é: são estas mulheres e estes homens mentirosos?

Preciso da vossa ajuda...

(Fernando Pessoa chamava ao poeta um fingidor...)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Camões

'Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.


E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.'

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Mulher

O mundo dos escritores sem livro faz-me regressar à grande amiga Ana. Num dos seus escritos (a quem pouca gente tem acesso), está este poema:


'Leio as veias
neste corpo estranho,
mapa de estradas
de quem sou,
sem sul ou norte.

Leio as linhas
que cruzam o rosto,
guias para
dentro de mim,
fraca ou forte.

Leio na mente
o que não digo,
silêncio que
todos teremos,
a morte.'

Ana Almeida

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Adrian Mole na Crise da Adolescência, Sue Townsend

Tinha 14 anos quando li este livro. Hoje, não sei bem porque carga de água, decidi recordá-lo...

Adrian Mole é um dos meus heróis da adolescência. Sue Townsend dá vida a um diário de aventuras e desventuras de um típico adolescente. E dos 'macaquinhos' que os consomem...

As primeiras paixonetas, a angústia das borbulhas e da aparência, os problemas na escola, o tentar ser aceite, como todos os outros...


A escrita é eloquente. Adrian vai relatando o seu dia-a-dia num pequeno diário. Com pequenos textos, vamos conhecendo um período de tempo na vida da personagem e todas as angústias da idade.

Uma excelente prenda para qualquer pessoa que padeça deste mal: ser adolescente!

Nuno Guimarães e a sua surpresa...

- 'Boa tarde. Queria falar com o Sr. Rodrigo Ferrão, por favor...'

- 'Sou eu mesmo.'

- 'Eu sou Nuno Guimarães. Acompanho o seu blogue e enviei-lhe um mail há uns tempos sobre um livro que escrevi na Lituânia...'

- 'Sim, sei perfeitamente!'

- 'Passei aqui para lhe oferecer um exemplar...'

Não sei se foram estas as frases que usamos no diálogo. Mas foi muito parecido. Nuno Guimarães fez-me a surpresa mais agradável de sempre.


Ofereceu-me vieniš(um)as - solidão, com este cartão de visita:

"Uma poesia, cheia de paixão pela vida, preocupada com o sofrimento do homem e com saudade do amor. Uma poesia que inspira e nos leva a respirar em conjunto, a sentir e a adaptar a batida do coração, a ouvir o encanto das palavras mágicas e a mergulhar confiantemente nas suas profundezas. Poesia autêntica e original que convence e fascina com o poder do poeta.
Fico contente por apresentar um novo nome na poesia. Mais ainda porque Nuno Guimarães é provavelmente o primeiro português a criar poesia na Lituânia.
... Este é provavelmente o primeiro livro não só na Lituânia, mas também no mundo, de um autor, nestas duas línguas..."

Dra. Rasa Gečaitė


Algo transcendental percorreu o meu íntimo. Por momentos achei que não era real... Sempre afirmei que as letras aproximam as pessoas. Mas estava muito, muito longe de imaginar que um livro publicado na Lituânia (por um Português) me fosse oferecido.

Muito obrigado Nuno, foi o maior elogio que alguma vez me fizeram ao blogue e 'aos disparates' que escrevo! Impossível esquecer...

Para quem quiser aprofundar mais a obra do autor (já vasta), fica o link do seu blogue: http://www.minha-gaveta.blogspot.com/

domingo, 2 de janeiro de 2011

2011

Recomeça...

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.


E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...