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sexta-feira, 14 de agosto de 2015
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Gonçalo Viana de Sousa - O Flâneur das Sensações
Meu querido José
Que indesvendáveis
misteres são esses que o prendem ao silêncio das águas cristalinas, graníticas
e verdes, da infusa!, do Norte?
Que céu superiormente
belo, ledo e estrelado é esse que o liga aos astros dos nossos pais celtas e
gaélicos?
Há duas semanas que não
nos encontramos nas palavras…
Escrevo-lhe já fora de
Coimbra, pois não aguentava mais o calor de zinco e de “turistas” desta pequena
cidade. Voei até ao seu Norte. Estou por Celorico de Basto, meu querido jovem
frenético, meu belo jovem do verde sonhador.
Encho-me das águas dos
regatos e dos ribeiros, caminho debaixo destas ramadas abençoadas por gerações
anteriores: meu bisavô, meu avô, meu pai e meus avós antes de meus avós, já no
tempo dos bravos Sousas, intendentes, escudeiros e companheiros de lança e
espada do senhor Dom Afonso Henriques. O vinho já o conhece: fresco, jovem,
claro e musical. Efraim, por estranho que possa parecer, encanta-se de todas as
vezes que voltamos a Celorico. É um novo canteiro de rosas bravas, coloridas e
perfumadas, que desponta entre os jardins, é um novo cantar de água que chilreia
pelos tanques de pedra que rivalizam com o número de igrejas, capelas e
devotos.
E o Tâmega, jovem das
nortadas espirituais, o Tâmega!... esse rio que jiboia por entre estes montes e
pequenas montanhas, um pequeno rio tímido mas ainda límpido, enquanto o homem,
chafurdado em noções de Economia, de Política, de Direito e de Tecnologia, não
tem a brilhante ideia de construir barragens que suguem a vida deste bendito
recanto de terra.
Lembra-se da nossa
conversa a propósito dos turistas ao longo do tempo e da história?
Muito do que falámos é
verdade. Viajar por todos os continentes, países, cidades e recantos. Viajar e
nunca perder o interesse e a curiosidade por todas as coisas. Quando o cansaço
apertar, voltar a algum recanto de terra e de céu e de água onde possamos
descansar e voltar a encontrar-nos numa correria de infância, num pêssego
roubado da quinta vizinha, num beijo roubado por entre os corredores, das
tardes de silêncio debaixo de uma tília e do pedaço de literatura que tudo isto
tem.
Se sítio há ao qual
possa chamar casa é Celorico, jovem das aventuras de papel. E o som das rabecas
e das violas, das janelas com pessoas dentro que sorriem e cantam e conhecem
todo o mundo porque o mundo é do tamanho dessas janelas onde se escondem
tesouros de cubas e de fumeiros e de um canto de borralho sempre pronto a
contar uma história de lobisomens e de miragres. Sim, miragres. Por aqui ainda
se fala em milagres como no tempo do senhor D. Denis.
E depois os bailaricos
onde há sempre o porco no espeto, as canecas de zinco com a cerveja artesanal
as brancas e imaculadas malgas de verde tinto que são bênçãos de Baco. E as
velhas, muito velhas, muito sábias, com as suas mãos de sol e de terra e de
flores, que sempre que me vêem sorriem e dizem, ó menino Gonçalinho passe lá
por casa que este ano foi ano de tomates e de coibes coração de boi. Passe por
lá menino, a gente ainda sabe fazer um bom caldo cegado. Olhe que este ano
tivemos boas choiriças, o meu Ernesto até me disse, garda umas quantas pró
menino Gonçalinho, que ele gosta bem.
Por isso, meu caro
jovem das aldeias de sol, como poderia eu não estar em casa neste Portugal
profundo, encantado, genuíno?
Aguardo, assim, a sua
visita, pois encontrámo-nos tão perto que impossível seria o jovem das aldeias
de sol não me fazer uma visita. Prometo-lhe a broa de milho quente e aquele
Barreirinhos, ainda sem rótulo, morangueiro, espadeiro, de que tanto gosta.
Prometo-lhe alguns papéis e pedaços soltos de palavras que me fizeram acreditar
em grandiosos projetos de literatura, nunca encetados.
Venha até Celorico, meu
caro José. Vamos escutar, juntos, com Efraim, os segredos que fazem destas
terras abençoadas húmus de tanto mistério e redenção.
Seu
Gonçalo Viana de Sousa
Luzia Arte Festa - uma festa a não perder em Viana do Castelo
Sabem quem vai lá estar?
Os amigos da Snob.
A Bruna, do Bai'má Benda.
Não percam!
*evento em: https://www.facebook.com/events/451290445044610/
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
a-ver-livros: o colosso
Reergue-se a dor
como colosso,
sétima maravilha do nada,
e como me queimam a boca as palavras
que a raiva ainda mal arrancou
das entranhas
procuro cerrar os olhos
ao sangue
que a mágoa faz jorrar,
nada dizima mais
que o silêncio
Ana Almeida
como colosso,
sétima maravilha do nada,
e como me queimam a boca as palavras
que a raiva ainda mal arrancou
das entranhas
procuro cerrar os olhos
ao sangue
que a mágoa faz jorrar,
nada dizima mais
que o silêncio
Ana Almeida
Ilustração de Magda Carella. Saibam mais sobre ela aqui: http://www.artmajeur.com/it/artist/magdacarella |
terça-feira, 11 de agosto de 2015
saliva
É do borogodó: a gaivota de Lisboa
As lágrimas que teus olhos despejaram sobre as minhas lágrimas
fizeram dizer um rio
nascer um pássaro
gritar um verso
*Penélope Martins no texto e na foto (e não... não é uma gaivota)
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Paraíso dos desertos
Um dia dou-te uma rosa do tamanho do mundo e aí vais-te lembrar que nunca fui muito de rosas nem de mundos, sempre achei coisa de homem e homem nunca hei de ser, prefiro uma concha com mil cores ou um bocado do arco-íris, prefiro o que a nossa imaginação partilha àquilo que todos têm como certo
Um dia quando o tempo tiver demasiada idade e o teu cabelo deixar de crescer havemos de ser parte um do outro, quem sabe teremos janelas para uma floresta de doces do lado de fora e a única medida do mundo seremos nós, mentira, será a gente, a gente como tu costumas dizer
Um dia será a brandura do teu trato a pintar a casa de novo, se bichinhos houver nos entrefolhos dos tacos de madeira então seremos eternos, viveremos em comunhão com as formigas as melgas as baratas e eu com tanto medo de baratas, se nos teus braços houver paciência para mim então não preciso de papel e caneta, hei de me calar para sempre porque as idades do silêncio são a coisa mais bonita que há
Um dia a nossa vida acontecerá com a calmaria de quem se sabe à prova de fogo, havemos de comprar meia dúzia de nuvens meio carregadas e delas teremos a certeza do céu, deixaremos de pensar e então o tempo a deixar-se de perguntas, pressa nunca mais haverá e então o mundo a virar um conjunto de sabores, esticaremos um braço e a Lua, daremos um pulo e o Sol
Nesse dia viveremos entre o invisível e o infinito, metamorfose de tudo o que existe. Várias camadas de gargalhadas a ganharem espaço por entre contentamentos e o que antes se pensou impossível, as pétalas da manhã a dividirem-se pelos zumbidos dos nossos nomes e os nossos nomes que afinal de contas sempre fizeram parte das felicidades mais recheadas do mundo
Aguarda que a vida se descosa ao ritmo da canção que mesmo em silêncio sempre cantámos, hoje somos de tudo, um dia tudo será nosso
Gonçalo Naves
Imagem retirada daqui:http://multticlique.com.br/blog/good-vibes/livros-viram-esculturas-surreais/
a-ver-outras-coisas: recordar Ruy Belo
Em S. João da Ribeira, concelho de Rio Maior, há dois painéis-poema que nos devolvem Ruy Belo, o poeta que por lá nasceu - e que morreu por Queluz, fez 37 anos este fim-de-semana (8.agosto.1978).
Foram inaugurados em 2012. Hoje trago-os aqui.
Ana Almeida
Foram inaugurados em 2012. Hoje trago-os aqui.
Ana Almeida
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Painéis de azulejo executados pelo artista de Rio Maior Cristiano Neves. Encontram-se no centro cívico e na esplanada típica junto à igreja matriz. |
E tudo era possível
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
in Homem de Palavra[s], Editorial Presença, 1999
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer
Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer
in Homem de Palavra[s], Editorial Presença, 1999
*** # ***
Quero só isso nem isso quero
Quero uma mesa e pão sobre essa mesa
na toalha de linho nódoas de vinho
quero só isso nem isso quero
Quero a casa de terra à minha volta
cães altos na noite a minha mãe mais nova
quero só isso nem isso quero
Quero a casa do forno onde eu me escondia dos relâmpagos
e trovões quando um ferro no cesto garantia uma feliz cria à galinha chocadeira
quero só isso nem isso quero
Quero de novo fundir ao lume os soldados de chumbo que no natal me punham no sapatinho
e tirar chouriço e toucinho do guarda-comidas
quero só isso nem isso quero
Quero fazer pequeninos adobes e construir casas pelo quintal
ver chegar o verão e comermos todos lá fora na varanda de tijolo
quero só isso nem isso quero
Quero uma aldeia umas pedras um rio
umas quantas mulheres de joelhos brancos esfregando a roupa nas pedras
quero só isso nem isso quero
Quero escrever fatais cartas de amor à rapariga dos meus oito anos
rasgar essas cartas deixá-las pra sempre dentro do tronco oco da oliveira
quero só isso nem isso quero
Quero umas cabras um pastor rico um pastor pobre
o leite quente na teta o cabrito morto soprado e esfolado
quero só isso nem isso quero
Quero a courela as perdizes no ovo a baba do cuco
laranjas de orvalho no ano novo colhidas na árvore
quero só isso nem isso quero
Quero dois montes e um paul de malmequeres a cheia na primavera
a asma o ruído dos ralos as pernas sombrias das raparigas
quero só isso nem isso quero
Quero os espargos os pinheiros bravos o primeiro pôr-do-sol
as noites de baile no carnaval as bandeiras da safra
quero só isso nem isso quero
Quero que voltem os que morreram os que emigraram
matar com eles o bicho com aguardente pela manhã antes da pega
quero só isso nem isso quero
Quero ver ao vento o véu das noivas apanhar os confeitos nos casamentos
saber pelos papéis dos registos o tempo da prenhez palavra misteriosa
quero só isso nem isso quero
Quero um páteo meu e da sombra e galinhas pedreses e árvores
uma mina de avencas uma horta uma sebe de cana umas casas caídas
quero só isso nem isso quero
Quero uma enxada uma gadanha calos nas mãos cuspo nos calos
a cava mais funda da vinha o capataz a fazer o vinho correr
quero só isso nem isso quero
Quero ajudar na rega do fim da tarde calcar os buracos das toupeiras
e dirigir com o sacho a água morna nos pés até aos regos do feijão
quero só isso nem isso quero
Quero em dezembro o varejo final da azeitona o búzio a tocar
a azeitona a cair dos ramos nos panos de serapilheira
quero só isso nem isso quero
Quero o meu pai de chapéu de chuva aberto nos dias de sol
o meu pai de manhãzinha a lavar-se e a explicar-nos latim e história
quero só isso nem isso quero
Quero nu em pelota entre todos tomar os banhos no marachão
os ninhos dos pássaros as andorinhas de asas escuras no céu azul
quero só isso nem isso quero
Quero o pátio da escola a roda das raparigas a cantar à volta do plátano
o primeiro sonho de amor as primeiras palavras gaguejadas trocadas com uma rapariga
quero só isso nem isso quero
Quero as feridas nos pés para poder sair à rua descalço
o pão com conduto entre os meninos pobres no recreio
quero só isso nem isso quero
Quero ir ao vale barco a malaquejo à marmeleira
roubar melões jogar ao murro ver nas festas o fogo preso
quero só isso nem isso quero
Que quero tanto que quero um mundo ou nem tanto só agora reparo
quero morder para sempre a almofada quente e densa da terra
quero só isso nem isso quero
na toalha de linho nódoas de vinho
quero só isso nem isso quero
Quero a casa de terra à minha volta
cães altos na noite a minha mãe mais nova
quero só isso nem isso quero
Quero a casa do forno onde eu me escondia dos relâmpagos
e trovões quando um ferro no cesto garantia uma feliz cria à galinha chocadeira
quero só isso nem isso quero
Quero de novo fundir ao lume os soldados de chumbo que no natal me punham no sapatinho
e tirar chouriço e toucinho do guarda-comidas
quero só isso nem isso quero
Quero fazer pequeninos adobes e construir casas pelo quintal
ver chegar o verão e comermos todos lá fora na varanda de tijolo
quero só isso nem isso quero
Quero uma aldeia umas pedras um rio
umas quantas mulheres de joelhos brancos esfregando a roupa nas pedras
quero só isso nem isso quero
Quero escrever fatais cartas de amor à rapariga dos meus oito anos
rasgar essas cartas deixá-las pra sempre dentro do tronco oco da oliveira
quero só isso nem isso quero
Quero umas cabras um pastor rico um pastor pobre
o leite quente na teta o cabrito morto soprado e esfolado
quero só isso nem isso quero
Quero a courela as perdizes no ovo a baba do cuco
laranjas de orvalho no ano novo colhidas na árvore
quero só isso nem isso quero
Quero dois montes e um paul de malmequeres a cheia na primavera
a asma o ruído dos ralos as pernas sombrias das raparigas
quero só isso nem isso quero
Quero os espargos os pinheiros bravos o primeiro pôr-do-sol
as noites de baile no carnaval as bandeiras da safra
quero só isso nem isso quero
Quero que voltem os que morreram os que emigraram
matar com eles o bicho com aguardente pela manhã antes da pega
quero só isso nem isso quero
Quero ver ao vento o véu das noivas apanhar os confeitos nos casamentos
saber pelos papéis dos registos o tempo da prenhez palavra misteriosa
quero só isso nem isso quero
Quero um páteo meu e da sombra e galinhas pedreses e árvores
uma mina de avencas uma horta uma sebe de cana umas casas caídas
quero só isso nem isso quero
Quero uma enxada uma gadanha calos nas mãos cuspo nos calos
a cava mais funda da vinha o capataz a fazer o vinho correr
quero só isso nem isso quero
Quero ajudar na rega do fim da tarde calcar os buracos das toupeiras
e dirigir com o sacho a água morna nos pés até aos regos do feijão
quero só isso nem isso quero
Quero em dezembro o varejo final da azeitona o búzio a tocar
a azeitona a cair dos ramos nos panos de serapilheira
quero só isso nem isso quero
Quero o meu pai de chapéu de chuva aberto nos dias de sol
o meu pai de manhãzinha a lavar-se e a explicar-nos latim e história
quero só isso nem isso quero
Quero nu em pelota entre todos tomar os banhos no marachão
os ninhos dos pássaros as andorinhas de asas escuras no céu azul
quero só isso nem isso quero
Quero o pátio da escola a roda das raparigas a cantar à volta do plátano
o primeiro sonho de amor as primeiras palavras gaguejadas trocadas com uma rapariga
quero só isso nem isso quero
Quero as feridas nos pés para poder sair à rua descalço
o pão com conduto entre os meninos pobres no recreio
quero só isso nem isso quero
Quero ir ao vale barco a malaquejo à marmeleira
roubar melões jogar ao murro ver nas festas o fogo preso
quero só isso nem isso quero
Que quero tanto que quero um mundo ou nem tanto só agora reparo
quero morder para sempre a almofada quente e densa da terra
quero só isso nem isso quero
De Toda a Terra (1976) in Obra Poética de Ruy Belo, volume 2, Editorial Presença, 1990
domingo, 9 de agosto de 2015
Estantes de sonho: o mundo oval
Podia andar à roda dias sem fim... que não ficava tonto.
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Tomás Vieira - Ensaio sobre a felicidade
«A humanidade é afetada por uma doença extremamente contagiosa, mas de entre todas os problemas que já haviam atingido a humanidade este será um, inicialmente, desprezado. Tanto porque os sintomas dos doentes são apenas a felicidade. Nada pejorativo, excetuando que o Homem talvez não esteja preparado para a mudança de mentalidades e recaía no paradoxo entre a resiliência e supostos propósitos da vida.»
Sinopse
"E Rui na sua condição humana, não teve um resumo que pudesse ser dito, apenas o que lhe ia na alma.
- E o que irá acontecer?
- Iremos passar a sentir.
- E o que isso quer dizer Rita?
- Que ninguém pode prever o momento seguinte, como ninguém deve viver de feitos passados.
(...)
Era impossível naquele instante Rui aceitar aquilo.
- E viveremos felizes para sempre? - Perguntou ele sarcasticamente. Ela limitou-se a sorrir. A resposta estava dada no que se podia sentir invariavelmente de alguém com Síndrome de Felicidade.
- E o que é a felicidade Rita?
E o momento recapitulou-se. Andáramos todos durante a nossa eternidade à procura dessa resposta. Não poderia ser resumida numa frase, certamente. Mas ele queria ouvi-la, como que se um livro para ser bem escrito e uma história bem terminada, tivesse que comungar dessa universalidade das coisas maiores. Ser consensual, ser simples e imutável.
(...) "
---
"Ensaio Sobre A Felicidade" é o último romance do autor Tomás Vieira, ensaísta sobre uma ficção extraordinariamente fantasiosa ou, talvez, mais plausível do que suposto. Além da criativa estória, que nos cativa desde o primeiro capitulo, este livro exerce, de forma muito irónica, criticas às antíteses da nossa sociedade atual. Mais para o final tomamos conta que nos envolveu numa meditação teísta... e nos conduz reflexão que se a fé não se obtém por influência cultural, também Deus não se entende pelo que consideramos "inteligência" e, pelas mesmas razões, nem o acesso ao Divino... como a própria Felicidade.
Sinopse
"E Rui na sua condição humana, não teve um resumo que pudesse ser dito, apenas o que lhe ia na alma.
- E o que irá acontecer?
- Iremos passar a sentir.
- E o que isso quer dizer Rita?
- Que ninguém pode prever o momento seguinte, como ninguém deve viver de feitos passados.
(...)
Era impossível naquele instante Rui aceitar aquilo.
- E viveremos felizes para sempre? - Perguntou ele sarcasticamente. Ela limitou-se a sorrir. A resposta estava dada no que se podia sentir invariavelmente de alguém com Síndrome de Felicidade.
- E o que é a felicidade Rita?
E o momento recapitulou-se. Andáramos todos durante a nossa eternidade à procura dessa resposta. Não poderia ser resumida numa frase, certamente. Mas ele queria ouvi-la, como que se um livro para ser bem escrito e uma história bem terminada, tivesse que comungar dessa universalidade das coisas maiores. Ser consensual, ser simples e imutável.
(...) "
---
"Ensaio Sobre A Felicidade" é o último romance do autor Tomás Vieira, ensaísta sobre uma ficção extraordinariamente fantasiosa ou, talvez, mais plausível do que suposto. Além da criativa estória, que nos cativa desde o primeiro capitulo, este livro exerce, de forma muito irónica, criticas às antíteses da nossa sociedade atual. Mais para o final tomamos conta que nos envolveu numa meditação teísta... e nos conduz reflexão que se a fé não se obtém por influência cultural, também Deus não se entende pelo que consideramos "inteligência" e, pelas mesmas razões, nem o acesso ao Divino... como a própria Felicidade.
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