sábado, 29 de janeiro de 2011

Ser Poeta

(Universal...)



'Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!



É ter de mil desejos o esplendos

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!



É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…

É condensar o mundo num só grito!



E é amar-te, assim, perdidamente…

É seres alma e sangue e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda a gente!'

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Porque todos somos escritores... sem livro

Todos nós podemos escrever qualquer coisa. Apenas não sabemos potenciar essa qualidade... Há que estimular essas cabeças!

Pode ser que saia qualquer coisa como este diálogo:

Rodrigo Ferrão: 'Hoje quero saber o que pensam: felicidade?'

Nuno Paz: 'Pode ser quase qualquer coisa...'

Inês Duarte: 'é vegetar num sofá depois de um dia de trabalho a ver séries, e a tentar não babar na almofada com uma cadeira ao lado, com alta sandocha de qualquer coisa (pode ser presunto) e um café bem tirado.'

Pedro Ferreira: 'um abraço ao dobrar da esquina, um sorriso inesperado e um beijo perdido que encontra o seu lugar...'

Inês Duarte: 'que profundo!'

Rodrigo Ferrão: 'mesmo! Viva o Drokas!'

Pedro Ferreira: 'deve ser da hora'

Joana Liberal-Carvalho: 'A realização de um dever (bem!) cumprido depois de uma longa jornada de obstáculos vencidos!!'

Nuno Paz: 'qualquer coisa!!! comer, dormir bem, passear, tar com o Rodrigo, etc
Não faças perguntas chochas Rodrigo...'

Ana Correia: 'Pode estar.... onde menos esperas'

José Santos: 'momentos...'

Fi Montenegro: ‎"ser feliz nao é ter sempre aquilo que queremos mas querer sempre aquilo que temos"

Zé Alberto Ortigão: 'em alguns momentos'

Mónica Dos Santos Barreira: 'como disse o tio Vinicius'
"A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem...."

Raquel Serejo Martins: 'e se só a reconhecemos quando estamos do outro lado do espelho?'

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

::Um dia::

Em hora matutina de sol envergonhado saiu de si para a rua crente que um dia mau se adivinhava. Tinha as mãos demasiado frias e sentia um peso desmesurado nos pés. Talvez por isso tenha decidido caminhar. Afinal, a distância até ao destino permitia-lhe tamanha veleidade. A questão é que, inevitavelmente, teria um companheiro no percurso. O seu silêncio cheio de vozes e imagens. E, à medida que avançava o passo, mais imagens e vozes se iam juntando aquela tertúlia solitária. Começou a gesticular, a soltar palavras e trejeitos. Franziu o sobrolho várias vezes, abanou a cabeça, esfregou as mãos. Entrou no café. Ao simples "bom dia" que ecoou no espaço, a sua voz interior apertou-lhe a orelha: “Bom dia? Não me parece nada que vá ser um dia bom…”. Saiu. Voltou ao seu caminho. O efeito da cafeína foi rápido, ou pelo menos perceptível. Um calor momentâneo invadiu-lhe o corpo. Sentiu-se mais equilibrado e deu-se ao deleite de um espasmo corporal. Mais fracção de tempo, menos fracção de tempo, entrou no local de trabalho. Momento de mudar o registo. As sensações que fiquem lá fora porque ali dentro era outra pessoa. Viu o que tinha a ver, planeou o dia, olhou para o relógio e aventurou-se no quadro metódico da conjugação do verbo trabalhar. Quantidade, quantidade, quantidade. De quando em vez a sensação de desagrado invadia-lhe o espírito mas, na falta de linguagem, voltava a focalizar nas infundas resoluções laborais. Consumiu-se de tal forma que as horas passaram e saltaram o almoço. Talvez por efeito da fraqueza desejou, em suplício, estar com os pés no Mar. Fechou os olhos e sentiu a face coberta de sal e os pés despidos na areia. Sentiu o estômago gelado. E as mãos frias, novamente. Já era tarde… e tarde se fez a razão. Passara anos a fio, em corrente desenfreada, sempre no mesmo registo. Desde a manhã em que saiu de si para a rua e resolveu caminhar. Dez anos volvidos, iniciara a sua “tarde”. E não dera por isso. Desejou ter esbofeteado o tempo. Trazia a sensação de desagrado que mais não fora do que uma solidão camuflada. Temia que a “noite” chegasse rápido demais. E lembrou-se dela. Lembrou-se do rosto dela. E quis, pela primeira vez, ter tido espírito, mais que tempo, para ter entendido o gerúndio que ela tanto enunciava. Não queria voltar a fazer o caminho até casa a falar consigo próprio. Queria memória. Não de momentos. Mas da soma deles. Descobriu, dentro de si, que o tempo é aquilo que soubermos aproveitar dele. Não deitou fora nem a manhã nem a tarde da sua vida. Abraçou-as com carinho. E prometeu que à noite dedicaria o seu maior sonho. Não a sonhar… Mas sonhando.

Dedico-vos este texto. Nós somos tudo o que sempre fomos mais o todo que vamos sendo. “o homem tem muito mais tempo do que aquele que sabe usar”. Não queiram “um dia” ser felizes. Façam por ir sendo.. Não abdiquem de sonhos, tentem gerir as dificuldades. E guardem de um dia mau o aroma a café que vos tenha sabido bem.

De alma aberta, e de gerúndio na mão,

de um livro sem prateleira,
Constança.




A canção de amor de J. Alfred Prufrock, T. S. Eliot

Gato Maltês, número 10.

2.ª edição de Fevereiro de 1993, bilingue

Prefácio e Tradução por: João Almeida Flor

À memória de Joaquim Monteiro - Grillo (1915-1967)

Texto crítico de Ezra Pound

Assírio & Alvim


Frases:

1 -
'S'io credesse che mia risposta fosse
A persona che mai tornasse al mondo,
Questa fiamma staria senza più scosse.
Ma per cìo che giammai di questo fondo
Non tornò viva alcun, s'i'odo il vero,
Senza tema d'infamia ti respondo.'

2 -
'Do I dare
Disturb the universe?
In a minute there is time
For decisions and revisions which a minute will reverse.'

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'Vou correr o risco
De perturbar o universo?
Num só minuto há tempo
Para decisões e revisões, a revogar noutro minuto.'

3 -
'Il n'y a de livres que ceux où un écrivan s'est
raconté lui-même en racontant les moeurs de ses
contemporains - leurs rêves, leurs vanités, leurs
amours, et leurs folies'

(Remy de Gourmont)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Uma solidão demasiado ruidosa, Bohumil Hrabal

Não espere encontrar este livro em destaque... Nunca o vi nos móveis principais de exposição, numa montra... Pura negligência livreira. Possivelmente porque não tem 'a capa'... Porque ronda os cinco euros. Porque deste Checoslovaco pouca gente ouviu falar.

Ainda bem que as lógicas da maioria nada significam nos livros!

Abrindo um pouco o jogo, de Hrabal disse Kundera: '(...) é uma das incarnações mais autênticas da Praga mágica; é o incrível casamento do amor plebeu e da imaginação barroca.'


O que me encantou nele foi, como em todas as histórias do género, falar de livros. Hanta é mais um herói anónimo e fictício. Trabalha num velho depósito de reciclagem e com uma velha prensa.

Entre o muito papel que lhe passa pelas mãos, vai salvando alguns livros. A sua colecção não pára de aumentar, crescendo e tomando conta da sua casa.

O pós-68 vem destruir o significado da sua profissão. Naquela cidade onde vivia, é instalada uma cadeia automática - insensível ao papel que lá entra. Os jovens operários, 'corrompidos' por esta maquinagem de profissões, enviam Hanta para o exílio. O exílio dos livros que juntou.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Algumas citações do livro de Janeiro...

Confesso que já li o livro deste mês. Uma noite, de fio a pavio.

De qualquer forma, temos que respeitar os timmings do Clube de Leitores. Só no início de Fevereiro é que chegaremos às conclusões.

Para já, várias citações que abrem os capítulos deste livro. É mais um convite a quem ainda não leu 'Bibliotecas cheias de fantasmas' de Jacques Bonnet.


'Depois do prazer de possuir livros, não há outro que seja mais doce do que falar sobre eles.' - Charles Nodier

'Uns gostam de cavalos, outros de animais selvagens; eu, desde a infância, fui tomado pelo prodigioso desejo de adquirir, de possuir livros.' - Imperador Juliano

'Que me importam esses inumeráveis livros e bibliotecas, cujos proprietários, ao longo da vida, não leram mais do que os títulos.' - Séneca

'Só aqueles que já passaram pela experiência é que conseguem ter noção do trabalho que dá transportar e arrumar alguns milhares de volumes. Neste momento, possuo cerca de cinco mil, que são mais queridos do que os cavalos de que consigo separar-me, ou de que o vinho da minha cave, que tem uma certa tendência para desaparecer e de que também me orgulho.' - Anthony Trollope

'Ter livros e não os ler é como ter frutos num quadro.' - Diógenes

'A leitura de um livro de Cervantes, de Flaubert, de Schopenhauer, de Melville, de Whitman, de Stevenson ou de Spinoza é uma experiência tão forte como viajar ou estar apaixonado.' - Jorge Luis Borges

'Mas, como os museus, as bibliotecas são um refúgio contra o envelhecimento, a doença, a morte.' - Jean Grenier

'Foi com Alexandre Dumas que comi as melhores omeletas com toucinho.' - Jacques Laurent

'Como todos os homens da Biblioteca, viajei na minha juventude; peregrinei à procura de um livro e talvez mesmo em busca do catálogo dos catálogos.' - Jorge Luis Borges

'Fantasma: Folha ou cartão que se coloca no lugar de um livro tirado de uma prateleira de biblioteca, de um documento que foi emprestado.' - Petit Larousse

Poesia

'A poesia, ou género lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor. "Poesia, segundo o modo de falar comum, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra poema, o poeta o artífice."

O sentido da mensagem poética também pode ser importante (principalmente se o poema for em louvor de algo ou alguém, ou o contrário: também existe poesia satírica), ainda que seja a forma estética a definir um texto como poético. A poesia compreende aspectos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o terreno que compete verdadeiramente ao poeta.


Num contexto mais alargado, a poesia aparece também identificada com a própria arte, o que tem razão de ser já que qualquer arte é, também, uma forma de linguagem (ainda que, não necessariamente, verbal).'

Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Poesia