sábado, 9 de agosto de 2014
Snobidando: Fabiano Calixto
Fabiano Calixto in EQUATORIAL
Tinta-da-china, 2014
Tinta-da-china, 2014
Acompanhe a página da Livraria Snob no Facebook. Abre brevemente, em Guimarães. Pode lá encontrar isto e muito mais.
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
Poema à noitinha... Jayro José Xavier
Essa Chuva de Inverno
Essa chuva de inverno, que fluía
por entre a verde várzea derramada,
já não flui sua linfa em terra fria,
que quente está do sal de que é salgada.
Aqui eterna é a chuva, e não se adia,
e a mudança das coisas proclamada:
só a terra de fértil não vê dia,
que só a água em mágoa vê mudada.
Aqui, de malogradas esperanças,
vive o povo sem crença em tais mudanças,
no fecundo milagre dessa guerra
— que, estando a Natureza em guerra tanta,
não nos transforma a chuva o pranto em planta,
e mais se chore, é mais salgada a terra!
*Jayro José Xavier, in Idade do Urânio
por entre a verde várzea derramada,
já não flui sua linfa em terra fria,
que quente está do sal de que é salgada.
Aqui eterna é a chuva, e não se adia,
e a mudança das coisas proclamada:
só a terra de fértil não vê dia,
que só a água em mágoa vê mudada.
Aqui, de malogradas esperanças,
vive o povo sem crença em tais mudanças,
no fecundo milagre dessa guerra
— que, estando a Natureza em guerra tanta,
não nos transforma a chuva o pranto em planta,
e mais se chore, é mais salgada a terra!
*Jayro José Xavier, in Idade do Urânio
a-ver-livros: caprichos
Viagem no tempo
ao tempo em que fui
quem nunca cheguei a ser
simulado o passado
suspenso o futuro
vivo no gerúndio do tomo
ao alcance da mão
capricho feliz
da infância
Ana Almeida
ao tempo em que fui
quem nunca cheguei a ser
simulado o passado
suspenso o futuro
vivo no gerúndio do tomo
ao alcance da mão
capricho feliz
da infância
Ana Almeida
![]() |
* para saber mais sobre Anna Speshilova / Ann Weaver siga o link http://annweaver.deviantart.com/ |
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Poema à noitinha... Soror Violante do Céu
Enfim Fenece o Dia
Enfim fenece o dia,
Enfim chega da noite o triste espanto,
E não chega desta alma o doce encanta
Enfim fica triunfante a tirania,
Vencido o sofrimento,
Sem alívio meu mal, eu sem alento,
A sorte sem piedade,
Alegre a emulação, triste a vontade,
O gosto fenecido,
Eu infelice enfim, Lauro esquecido...
Quem viu mais dura sorte?
Tantos males, amor, para uma morte?
Não basta contra a vida
Esta ausência cruel, esta partida?
Não basta tanta dor? tanto receio?
Tanto cuidado, ai triste, e tanto enleio?
Não basta estar ausente,
Para perder a vida infelizmente?
Se não também, cruel, neste conflito
Me negas o socorro de um escrito?
Porque esta dor que a alma me penetra
Não ache o maior bem na menor letra,
Ai! bem fazes, amor, tira-me tudo!
Não há alívio, não, não há escudo,
Que a vida me defenda,
Tudo me falte, enfim, tudo me ofenda,
Tudo me tire a vida,
Pois eu a não perdi na despedida.
*Soror Violante do Céu, in Antologia Poética
Enfim chega da noite o triste espanto,
E não chega desta alma o doce encanta
Enfim fica triunfante a tirania,
Vencido o sofrimento,
Sem alívio meu mal, eu sem alento,
A sorte sem piedade,
Alegre a emulação, triste a vontade,
O gosto fenecido,
Eu infelice enfim, Lauro esquecido...
Quem viu mais dura sorte?
Tantos males, amor, para uma morte?
Não basta contra a vida
Esta ausência cruel, esta partida?
Não basta tanta dor? tanto receio?
Tanto cuidado, ai triste, e tanto enleio?
Não basta estar ausente,
Para perder a vida infelizmente?
Se não também, cruel, neste conflito
Me negas o socorro de um escrito?
Porque esta dor que a alma me penetra
Não ache o maior bem na menor letra,
Ai! bem fazes, amor, tira-me tudo!
Não há alívio, não, não há escudo,
Que a vida me defenda,
Tudo me falte, enfim, tudo me ofenda,
Tudo me tire a vida,
Pois eu a não perdi na despedida.
*Soror Violante do Céu, in Antologia Poética
Pintura encontrada aqui: http://nescritas.com/poetasapaixonados/listapoesiasdeamor2/1870/05/
a-ver-livros: plano de voo
Se não consegues esperar
que voltem os alíseos
fecha os olhos
entrega-te ao pacífico rumorejar
das palavras
deixa soprar a alma
no equilíbrio das forças
entre a página que vira
e os telhados a que nunca subirás
e voa
Ana Almeida
que voltem os alíseos
fecha os olhos
entrega-te ao pacífico rumorejar
das palavras
deixa soprar a alma
no equilíbrio das forças
entre a página que vira
e os telhados a que nunca subirás
e voa
Ana Almeida
![]() |
* para saber mais sobre o ilustrador lituano Kestutis Kasparavicius siga o link www.kestutiskasparavicius.com |
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Marilyn: a sua verdade
"Apenas algumas partes de nós tocarão
alguma vez
algumas partes de outros
a nossa verdade não é mais que isso - a nossa verdade."
A autora destas linhas é Marilyn. Sim, a diva Monroe - loura platinada mas muito menos burra do que o cinema a fez parecer - que morreu a 5 de Agosto de 1962, faz hoje precisamente 52 anos. A actriz, que gostava realmente de ler (e chegou a ler "Ulisses", um calhamaço clássico e essencial de que poucos nos podemos orgulhar de ter lido também), gostava também de escrever.
"Fragments: Poems, Intimate Notes, Letters" é o título do livro que reúne os pequenos poemas, apontamentos em prosa poética e cartas que Norma Jean guardava aquando do seu "possível suicídio". Se não têm acesso ao livro, aproveitem o interessante artigo publicado no magazine virtual Brain Pickings. Basta seguir o link . Aproveitem-no.
alguma vez
algumas partes de outros
a nossa verdade não é mais que isso - a nossa verdade."
A autora destas linhas é Marilyn. Sim, a diva Monroe - loura platinada mas muito menos burra do que o cinema a fez parecer - que morreu a 5 de Agosto de 1962, faz hoje precisamente 52 anos. A actriz, que gostava realmente de ler (e chegou a ler "Ulisses", um calhamaço clássico e essencial de que poucos nos podemos orgulhar de ter lido também), gostava também de escrever.
"Fragments: Poems, Intimate Notes, Letters" é o título do livro que reúne os pequenos poemas, apontamentos em prosa poética e cartas que Norma Jean guardava aquando do seu "possível suicídio". Se não têm acesso ao livro, aproveitem o interessante artigo publicado no magazine virtual Brain Pickings. Basta seguir o link . Aproveitem-no.
Principezinho
"Julgo que aproveitou uma migração de pássaros selvagens para fugir."
Para Léon Werth:
As crianças que me perdoem por ter dedicado este livro a uma pessoa crescida. Mas tenho uma desculpa de peso: essa pessoa crescida é o meu maior amigo no mundo inteiro. E tenho outra desculpa: essa pessoa crescida é capaz de entender tudo, mesmo os livros para crianças. E tenho outra desculpa, a terceira: essa pessoa crescida mora em França e em França passa fome e passa frio. Bem precisa de ser consolada. Mas se todas estas desculpas não chegarem, então, gostava de dedicar este livro à criança que essa pessoa já foi. Porque todas as pessoas crescidas já foram crianças. (Há é poucas que se lembrem.) Por isso, a minha dedicatória passa a ser assim:
Para Léon Werth,
quando ele era pequeno.
Antoine de Saint-Exupéry
É do borogodó: sortilégios
Os dois poços imundos de lágrimas
Tateiam no escuro a sombra dos girinos
A exaltar a vida dos vermes na pujança de nados sincronizados.
Perto da borda, entre cílios desabotoados,
dois poços secaram.
A mancha de sal esbranquiçou a cor da pele.
As covas fundas encerraram o último ai
Desenham a boca os sortilégios
- os sorrisos que poderia já não podes.
Logo não haverá quem de ti tenha dó,
Menos compaixão e vontade.
Um chumaço de algodão lhe preenche a falta do ouro.
Arranham sons débeis as beatas
tontas sem profissão, sem tricot,
no correr do terço puído
antes que o sacerdote manco arranque alguns trocados.
Há aqueles que se regozijam com tua morte.
Dentro do pomo de Adão
A última missiva
O pedido tardio de desculpas.
Tateiam no escuro a sombra dos girinos
A exaltar a vida dos vermes na pujança de nados sincronizados.
Perto da borda, entre cílios desabotoados,
dois poços secaram.
A mancha de sal esbranquiçou a cor da pele.
As covas fundas encerraram o último ai
Desenham a boca os sortilégios
- os sorrisos que poderia já não podes.
Logo não haverá quem de ti tenha dó,
Menos compaixão e vontade.
Um chumaço de algodão lhe preenche a falta do ouro.
Arranham sons débeis as beatas
tontas sem profissão, sem tricot,
no correr do terço puído
antes que o sacerdote manco arranque alguns trocados.
Há aqueles que se regozijam com tua morte.
Dentro do pomo de Adão
A última missiva
O pedido tardio de desculpas.
Penélope Martins
a-ver-livros: sombras
Esquecida a poeira da estrada
nos alforges
sobram as sombras
que os abraços deixaram
sobram as marcas
da despedida
e a sede de uma carícia
que me salve
Ana Almeida
nos alforges
sobram as sombras
que os abraços deixaram
sobram as marcas
da despedida
e a sede de uma carícia
que me salve
Ana Almeida
![]() |
* para saber mais sobre a ilustradora Lilli Carré siga o link http://lillicarre.com/ |
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
domingo, 3 de agosto de 2014
Menu de Verão
Menu de Verão:
Abacate, aveia e grão, quem diz que não?
Abacate, aveia e grão, quem diz que não?
Não podia deixar de partilhar convosco esta ideia tão engraçada de Gabriela Oliveira - jornalista e autora de livros de cozinha - publicada na revista da rede das Livrarias Leya: Somos Livros, Verão 2014
Foto frase do dia: Fiódor Dostoiévski
Acompanhe a Revista Bula: https://www.facebook.com/bularevista
Apanhei-te a ler... dia 13
Yukio Mishima
Encontrado na página Improbables Bibliothèques,
Improbables Librairies. A não perder por nada!
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