sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ruy Duarte de Carvalho


Falo de um autor que partiu hoje. Vivia, actualmente, na Namíbia. Deixou obra tão vasta que é impossível destacar uma que sobressaia no meio das outras. Tenho em casa dois livros ainda por ler. Não vou a correr lê-los só porque Ruy Duarte de Carvalho morreu. No entanto, fica esta incompletude de não poder falar profundamente do seu legado. Guardo 'Como se o Mundo não tivesse Leste' e 'Desmedida - Crónicas do Brasil' para ler ainda nesta vida. Talvez ganhe o gosto de comprar mais algum...

Quem souber falar de Ruy, por favor faça-o. Contribuo apenas para a sua homenagem.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Livro do mês de Agosto / Setembro

A Raquel é uma grande presença neste blogue. Soube aguardar o momento oportuno e escolher o livro para partilharmos esta aventura conjunta pela leitura. 'O Verão selvagem dos teus olhos' de Ana Teresa Pereira é o eleito. Deixo-vos o que a Raquel me transmitiu por mensagem. Encantem-se...


'“when all the wild summer was in her gaze” do poema The Folly of Being Comforted do irlandês Yeats.

E foi porque me pareceu reconhecer no título o verso que abri o livro.
São estas insignificantes e, quase sempre imperceptíveis, afinidades electivas provocadoras de coincidências sem tamanho.

Assim descobri um livro que “nasceu” de um outro (como se de certa forma isso não acontecesse com todos os livros), só que neste é, de facto, evidente uma vez que reencontramos a personagem Rebecca de Daphne de Maurier, bem como a velha casa de Manderley, e mais uma vez o sonho, porque mais uma vez “Last night I dreamt I went to Manderley”.

Uma história com uma geografia bem definida, os dias de nevoeiro, as gabardinas, o Inverno, as personagens que bem se querem, os rododendros, as azáleas, a Primavera, as personagens que mal se querem, os chapéus de palha, o papel de parede, as personagens que envelhecem, o mar, o vento, as falésias, o inóspito Verão inglês, o Outono, as personagens que morrem, que morrem como jardins, as casas também a envelhecer.
Depois, tanto o tempo e tanto o espaço, habitado por ausências e memorias.

“E pergunto a mim mesma se a eternidade será isto, recordar uma e outra vez, um vestido, um beijo, um dia de Outono, a primeira neve, os meus cães. As coisas essenciais. O nome das rosas e as frases dos livros...”
… e eu, aqui, enxertava as frases dos poemas, que sem saber porquê carregamos dentro do coração.

E depois da história, a forma.
Eu que acho que todas as histórias estão contadas e as de amor esgotadas, apesar de... de que vamos falar nós que valha a pena, senão de amor, descubro uma autora com uma voz diferente e que por isso pouco comparável.
Uma escritora com a dose certa de poesia, (e esse é provavelmente o meu maior defeito como leitora, porque os leitores também têm defeitos, o meu é a dependência, in extremis, de poesia).
Uma escritora com um imaginário muito próprio, com personagens de uma estranha leveza, atendendo à densidade com que estão estruturadas.
Os lugares, as coisas como quase personagens.
E flores e cheiros e ventos que trazem gotas de água do mar.

E como cada vez mais me reconheço como uma leitora de autores, a minha alegria ao constatar a minha ignorância, e verificar a extensão da obra já publicada.
E como encantamento continuou nos outros livros que lhe li.'

domingo, 8 de agosto de 2010

Pós-Guerra - Uma História da Europa desde 1945, Tony Judt

Nem sempre se escreve aqui de livros já lidos. Há lugar para recordar todas as obras que se deseja um dia ler.

O caso de Tony Judt - historiador, escritor e professor universitário britânico - é uma questão de coragem... Porquê? Simples: os seus livros são enormes.

No entanto, é impossível ficar indiferente aos temas e críticas. Falamos de ensaios sobre a política externa norte-americana, Israel e o futuro da Europa - assuntos sempre polémicos nos nossos dias. Estamos perante uma visão não americana da realidade, o que é, de certo modo, mais justa e imparcial.


No caso de 'Pós-Guerra - História da Europa Desde 1945', Judt retrata o mundo actual. Como aponta esta sinopse, «para benefício de todos nós, um assunto de importância épica encontrou o autor que merece. Tony Judt, uma das mentes mais sábias e das vozes mais esclarecidas que se pronunciam, produziu uma história magistral e uma base sólida para um pensamento claro sobre o futuro. Pós-Guerra é meticuloso na sua erudição, cativante na história que narra e apaixonante no seu juízo. Uma verdadeira obra-prima.» «Tony Judt revela uma extrema sensibilidade e consideração pela Europa. Este livro magistral faculta um contexto esclarecido e muito necessitado para orientar o continente.»

Em Portugal, apenas mais um título traduzido: 'O Século XX Esquecido - Lugares e Memórias'. Tony Judt partiu hoje, aos 62 anos. Fica a minha homenagem.