sábado, 20 de abril de 2013

Orlando - como li Virginia Woolf

Orlando - uma biografia é obrigatório. Não só por ser magistralmente escrito por Virginia Woolf - também ela uma força em si suficiente para dar um romance (ou um filme, como é o caso de The Hours  - um filme realizado por Stephen Daldry e baseado no romance de Michael Cunningham); mas também porque é uma história única e que fica para sempre marcada na memória de quem passa por ela.

Orlando vive mais de 300 anos. Parte deles como homem, parte deles como mulher. E em ambos (M e F) há a partilha de um gosto comum: a literatura. A vida de Orlando flui pela história. Percorre a época Isabelina e a Vitoriana, ao longo de toda a Idade Moderna. Sempre questionando os hábitos culturais, sempre prestando atenção às letras.

«O carvalho» é o poema que acompanha toda a vida de Orlando homem e Orlando mulher. Obra que atormenta e persegue o(a) nosso(a) herói (heroína). É numa estadia na Turquia que se dá a grande transformação. Orlando simplesmente nasce um dia mulher. Mas não estranha muito. Prossegue a sua vida e regressa às suas grandes propriedades na Grã-Bretanha, anos mais tarde (e quase como se nada fosse). A verdade é que quem o conhecia também não estranha esta mudança. Orlando mantém as suas qualidades, os seus medos e anseios inalterados.


Dizem que este romance revela o lado íntimo de Virginia Woolf e que grande parte da história se baseia na sua própria vida. Além de considerado um dos melhores livros de literatura escritos é também um dos mais importantes e mais citados na história da escrita das mulheres e de estudos do género.

Pela minha parte só vos tenho a dizer: partam nesta aventura. Não vão querer parar. 

Um perfeito fidalgo como Orlando, diziam, não precisava de livros para nada. Ele que deixasse os livros, diziam, para os paralíticos e os moribundos. Mas o pior ainda estava para vir. Porque quando a doença da leitura toma conta do organismo, a tal ponto o debilita que o torna presa fácil desse outro flagela que mora no tinteiro e supra na pena. O infeliz dedica-se à escrita.*

*in Orlando - uma biografia. Publicado pela Relógio D'Água.

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