sábado, 26 de outubro de 2013

Snobidando: Frank O'Hara

Call Me

The eager note on my door said "Call me,"
call when you get in!" so I quickly threw
a few tangerines into my overnight bag,
straightened my eyelids and shoulders, and

headed straight for the door. It was autumn
by the time I got around the corner, oh all
unwilling to be either pertinent or bemused, but
the leaves were brighter than grass on the sidewalk!

Funny, I thought, that the lights are on this late
and the hall door open; still up at this hour, a
champion jai-alai player like himself? Oh fie!
for shame! What a host, so zealous! And he was

there in the hall, flat on a sheet of blood that
ran down the stairs. I did appreciate it. There are few
hosts who so thoroughly prepare to greet a guest
only casually invited, and that several months ago.


Frank O'Hara.
Acompanhe a página da Livraria Snob no Facebook. Abre brevemente, em Guimarães. Pode lá encontrar este e muitos outros textos. 

O mergulho para o livro

Contem-nos lá... Para que livro(s) mergulham vocês hoje?


Handwritten Manuscript Pages From Classic Novels: Valdimir Nabokov

Já alguma vez pensou ver Valdimir Nabokov desta forma? Então fique com uma das páginas de Convite para uma Decapitação, escrita pelo próprio.


Visite o site http://flavorwire.com para encontrar mais. 
Siga o link directo.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

«Poema enjoadinho» - Vinicius de Moraes por Paulo Autran

«Poema enjoadinho» de Vinicius de Moraes. Recitado por Paulo Autran - 1990.


Poema Enjoadinho

Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!


Testemunho de Possidónio Cachapa

gosto quando a poesia irrompe nos nossos dias. como um inesperado fugitivo da noite. nem toda a poesia que me chega é que eu gosto mais de ouvir. mas todos os poemas são poemas. como todo o afago é afago. ajuda-me a lembrar a diferença entre estar cheio de palavras com sentido e o pumtchimpu de uma discoteca tardia. a poesia é a luz, a cacofonia é a negação de que é de mim que ela provém. de mim e dos ouvidos atentos de quem a escute. digo "poesia" como quem diz "pessoa".

* Possidónio Cachapa, no facebook

a-ver-livros: xanax e Laura Laura

Lá atrás
os outros sucumbem
ao cinzentismo
dos dias

E eu busco nos 
meus segredos
os campos verdes
sem fim,
as hidranjas 
que naquele dia colheste,
a chuva 
que travou o sol

Ainda bem
que enfiei um Xanax
goela abaixo

Quando chegar a casa
queimo as páginas
que te dizem respeito

*Rodrigo Ferrão

In the subway / En el metro (ilustración de Laura Laura)
Retirado do belíssimo blog http://booklover.tumblr.com/

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

É do borogodó: os risadinhas

Terminei minha oficina com um tempo estratégico de folga. Apanhei o livro na bolsa e sentei no chão com as crianças para leitura dos primeiros capítulos.
- Ah, você vai ler?

Alguém perguntou ou reclamou, não sei dizer ao certo, o que sei dizer é que eu retruquei com nova pergunta para saber quantos deles leem todos os dias e chateada escutei que somente uma das crianças tinha o “estranho” hábito.
- E o que vocês fazem a noite, quando estão em casa?

Insisti um pouco, eu sei, e nem deveria porque a resposta foi “novela, novela, novela e mais novela”. Quase me desesperei porque uma vozinha no grupo disse que vê novela para relaxar e que leitura é como “fazer lição”.
Morri por alguns instantes, mas felizmente ressuscitei no terceiro segundo.

- Certo, eu vou começar a ler “Os Risadinhas” para vocês. Não vamos terminar hoje porque temos pouco tempo e o livro é longo, mas continuamos um pouquinho a cada novo encontro.

20131003_100308

Um capítulo com quadro de aviso no meio e uma explicação esdrúxula sobre biscoito, cookies e curativos. O tom da voz acompanha a narrativa um tanto quanto inesperada, mas sempre muito investigativa.
Tenho para mim que os adultos deveriam levar muito a sério os livros escritos sob o rótulo “literatura para infância”. Mas isso é outra coisa e eu devo agora voltar ao texto original, por favor, desculpem a distração.

Pois bem, o segundo capítulo do livro, ou melhor, “O Retorno ao Capítulo Um”, já aponta qual o rumo da história: tudo é muito mais complexo do que sonha sua óbvia filosofia cotidiana.
“Os Risadinhas” são seres que cuidam das crianças e eles existem no mundo desde que o primeiro homem das cavernas grunhiu de forma irresponsável para a primeira criança das cavernas, porque “Os Risadinhas” detestam injustiças cometidas contra qualquer tipo de criança e por isso inventaram “o tratamento”.

Coisa confusa? Se você acha isso confuso, melhor ligar a televisão e ver qualquer tipo de programa de rima chulé com pé e para por aí.
O “tratamento” aplicado pelos “Risadinhas” é cocô. Nos dias atuais, cocô de cachorro, mas naquele tempo das cavernas, por falta de cachorro, a coisa era bem maior…
Sim, quando um adulto comete uma injustiça contra uma criança, como deixá-la sem jantar por um motivo irrelevante, o “tratamento” é aplicado.

Eu garanto aos senhores e às senhoras, inclusive perguntei isso aos meus filhos, é muito raro que me aconteça o “tratamento”. Minha filha mais nova lembrou de apenas um episódio em que eu meti o tênis no cocô de cachorro… Deve ter sido depois de tê-la colocado de castigo por ter cortado os próprios cabelos (como se o visual dela já não fosse o suficiente).

Em compensação, meu marido vive pisoteando cocôs. Parece incrível, mas é. E os meus filhos me disseram que isso acontece porque ele tem muito (muito, muito) menos paciência com eles do que eu.
Voltando ao começo e largando de lado a questão da paciência X cocô de cachorro, lá nos primeiros parágrafos quando as crianças me disseram que leitura é como “fazer lição” e que novela é que é bom para se divertir, devo dizer que “Os Risadinhas” foram tão bem compreendidos que foi absolutamente impossível encerrar a oficina no horário combinado.
O ponteiro do relógio acusou, mas as crianças me pediram um último capítulo e eu, que detesto injustiças, avancei uns minutinhos para benefício da leitura (que não é lição).

Terminamos nossa tarde assim:
- Penélope, ler é muito divertido, pena que ninguém lê comigo na minha casa desse jeito assim que você faz com os olhos e com a voz.
Para dizer a verdade não fiz nada de especial com os olhos e com a voz. O livro é que é bom mesmo.
Em tempo, “Os Risadinhas”, de Roddy Doyle e com desenhos de Brian Ajhar, Editora Estação Liberdade, de São Paulo, obra que veio parar na minha casa depois de indicação supimpa da amiga Tati Van der Moes e eu comprei no sebo porque livro felizmente não gasta e nem acaba a pilha.

Penélope Martins

Snobidando: Jesús Zárate

A Prisão de Jesús Zárate (trecho)

Acompanhe a página da Livraria Snob no Facebook. Abre brevemente, em Guimarães.
Pode lá encontrar este e muitos outros textos. 

a-ver-livros: lengalenga líquida e mundo cactus

Água sou
mar serei
embalada nas ondas
da chuva lerei
palavras que ondulam
sereias corais
oceanos de histórias
e outros que tais
peixes com cores
patudos leais
rias que correm
brutais mas serenas
e linhas de costa
grandes pequenas
memórias de dias
cascatas alegrias
deltas estuários
roupa quente
nos armários
um livro flutua
e serei sempre tua

* para saber mais sobre as ilustrações de mundo cactus
terá que me ajudar a procurar :)

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Snobidando: Anne Sexton

Boa noite - com Anne Sexton 

As It Was Written


Earth, earth, 
riding your merry-go-round
toward extinction,
right to the roots,
thickening the oceans like gravy,
festering in your caves,
you are becoming a latrine.
Your trees are twisted chairs.
Your flowers moan at their mirrors,
and cry for a sun that doesn't wear a mask.

Your clouds wear white,
trying to become nuns
and say novenas to the sky.
The sky is yellow with its jaundice,
and its veins spill into the rivers
where the fish kneel down
to swallow hair and goat's eyes.

All in all, I'd say,
the world is strangling.
And I, in my bed each night,
listen to my twenty shoes
converse about it.
And the moon,
under its dark hood,
falls out of the sky each night,
with its hungry red mouth
to suck at my scars.



Acompanhe a página da Livraria Snob no Facebook. Abre brevemente, em Guimarães.
Pode lá encontrar este e muitos outros textos. 

É do borogodó: so-so-sou sofrido de amor

Quem é da Vila não  esquece. Noel Rosa, sambista carioca, misturou em suas canções o amor e o humor.  Adolescente aprendeu a tocar bandolim e pegou gosto pela coisa, abraçou o violão e integrou grupos musicais. Ingressou à faculdade de medicina, mas sua vida de músico era mais atraente e os estudos não seguiram.

Para Noel a Música Popular Brasileira deve o espírito jovial de suas poesias e a riqueza melódica de suas composições. Noel ajudou o samba a ser reconhecido como grande expressão de valor.
Entre as tais músicas, um gago apaixonado pediu ajuda ao amigo compositor para declarar seu amor por aquela mulher. Noel ajudou e fez do caso um samba:



Viveu muito pouco nosso Noel Rosa, nasceu na Vila Isabel, Rio de Janeiro, em 1910 e partiu ainda aos 26 anos, em 1937, vítima de tuberculose. Deixou uma obra digna de imensos elogios.

* interpretação de MPB4.

Penélope Martins

a-ver-livros: o peso e Bill Coleman

Arrasta-se a verve
e a alma
por rastos de lama e sono
há cacos 
por cicatrizar na pele
da língua
Não há mão que segure
o peso de andar 
perdido
no labirinto
de nós

* para saber mais sobre o pintor australiano Bill Coleman
siga o link www.artrecord.com/index.cfm/artist/12537-coleman

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Snobidando: Arsenii Tarkovskii

Íamos, sem saber para onde,
Perseguidos por miragens de cidades
Derrotadas construídas no milagre,
Hortelã pimenta aos nossos pés,
As aves acompanhando-nos o voo,

E no rio os peixes à procura da nascente;
O céu, a nós se abrindo.


*Arsenii Tarkovskii
versão de Paulo da Costa Domingos



Acompanhe a página da Livraria Snob no Facebook. Abre brevemente, em Guimarães.
Pode lá encontrar este e muitos outros textos. 

«Ara» é nome de primeiro romance


É um dos acontecimentos deste ano no mundo dos livros: Ana Luísa Amaral escreve o seu primeiro romance, publicado pela Sextante Editora. Uma viagem à infância, com os seguintes tópicos que Maria Velho da Costa aponta:

Primeiro: a prosternação diante do altar. A hesitação diante da proliferação dos ritos: sacrifício, louvor, cântico, narrativa. Figuras e vozes, acólitos. Insurgências. Japoneiras e túneis do sentido. Discrepância a todas as vozes acumulando num sentido. Não único, mas unívoco. Desde a infância.

Segundo (como se diz de um andamento ou de um painel): o tríptico dentro do tríptico das DUAS IRMÃS: a narrativa oblatória e clara da paixão sáfica. Ardente e casta. Sem falso pudor. Vergonha é não te amar. A oferenda lírica.

Terceiro: não é coisa de rasgar como romance este romance. Assente na pedra do lar um prisma multifacetado e translúcido: o amor único, a palavra. A brisa do arado sobre a ara.


*in sinopse, Maria Velho da Costa. 

a-ver-livros: ventos e Karen Alibone

Algures entre o sol
e a chuva
uma nação de gnomos que lêem
faz rodopiar os ventos

só para não precisarem
de lamber a ponta dos dedos
para passar as páginas

* para conhecer mais sobre a pintora australiana Karen Alibone
siga o link seaviewgallery.com.au/artists/karen-alibone

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Que tipo de biblioteca tens?

Este artigo é muito interessante. Que tipo de personalidade tem a vossa biblioteca? Sigam o link e descubram: http://www.cbc.ca/books/canadawrites/2013/10/what-your-bookshelves-say-about-your-personality-type.html


a-ver-livros: duchaise e Edward B. Gordon

Um duchaise é que me resolvia isso agora
a soçobrar sob o peso de fios de ovos
e meia dúzia de olhares
partilha gulosa de ficar
a lamber os dedos dos dias
e a manchar ao de leve as páginas
que ainda lerei

Ana Almeida

* para saber mais sobre o pintor Edward B. Gordon
siga o link edwardbgordon.blogspot.pt

domingo, 20 de outubro de 2013

David pinta... Juan Ramón Jiménez

David pinta... Juan Ramón Jiménez


Inteligência, Dá-me o Nome Exacto das Coisas

Inteligência, dá-me
o nome exacto das coisas!
... Minha palavra seja
a própria coisa,
criada por minha alma novamente.

Que por mim cheguem todos
os que não as conhecem, às coisas;
que por mim cheguem todos,
os que já as esquecem, às coisas;
que por mim cheguem todos
os próprios que as amam, às coisas...
Inteligência, dá-me
o nome exacto, e teu,
e seu, e meu, das coisas.


*Juan Ramón Jiménez, in Eternidades 
Tradução de José Bento


David Pintor em:
Bloghttp://www.davidpintor.blogspot.pt/
Facebookhttps://www.facebook.com/pages/David-Pintor-ilustraciones/197902626909227

Snobidando: Oliverio Girondo

Gratitud

Gracias aroma 
azul, 
fogata 

encelo.
Gracias pelo
caballo
mandarino.
Gracias pudor
turquesa
embrujo
vela,
llamarada
quietud
azar
delirio.
Gracias a los racimos
a la tarde,
a la sed
al fervor
a las arrugas,
al silencio
a los senos
a la noche,
a la danza
a la lumbre
a la espesura.
Muchas gracias al humo
a los microbios,
al despertar
al cuerno
a la belleza,
a la esponja
a la duda
a la semilla
a la sangre
a los toros
a la siesta.
Gracias por la ebriedad,
por la vagancia,
por el aire
la piel
las alamedas,
por el absurdo de hoy
y de mañana,
desazón
avidez
calma
alegría,
nostalgia
desamor
ceniza
llanto.
Gracias a lo que nace,
a lo que muere,
a las uñas
las alas
las hormigas,
los reflejos
el viento
la rompiente,
el olvido
los granos
la locura.
Muchas gracias gusano.
Gracias huevo.
Gracias fango,
sonido.
Gracias piedra.
Muchas gracias por todo.
Muchas gracias.
Oliverio Girondo,
agradecido.


*Oliverio Girondo.



Acompanhe a página da Livraria Snob no Facebook. Abre brevemente, em Guimarães.
Pode lá encontrar este e muitos outros textos. 

I love Books


A opinião da crítica (e um pouco mais) ao livro de J.K. Rowling

Leio o novo de J.K. Rowling e descubro mais matéria para vos chamar à leitura de Quando o Cuco chama... Além das críticas que alguma imprensa fez ao livro, arranjei maneira de vos dar a entrada do prólogo e do primeiro capítulo. Boas frases para anotar...

  • «O enredo está muito bem urdido e é narrado com extremo rigor.» | The Guardian
  • «Deliciosamente fresco e divertido.» | The Daily Telegraph
  • «Um dos livros do ano.» | USA Today
  • «O melhor será esquecer, de momento, a verdadeira identidade de Robert Galbraith; este é um livro excelente por direito próprio.» | Independent
  • «Admiravelmente bem escrito e com um enredo extraordinário... É uma leitura surpreendente, intensa e com muito sentido de humor...» | Daily Express
  • «Uma obra de mestre na arte de contar.» | Telegraph
Quando o Cuco chama, Robert Galbraith (J.K. Rowling) - leitura conjunta do blog Clube de Leitores. 
Ed. Presença 
Porque não compra o livro já no site da editora? http://www.presenca.pt/livro/quando-o-cuco-chama/