sábado, 21 de abril de 2012

a-ver-livros: As duas paixões de Ana Juan


Ana Juan – conhecem?
E se vos disser que é a autora da ilustração na capa de “O Caderno de Maya”, o mais recente romance de Isabel Allende? Provavelmente viram-na nos escaparates, calhando está na vossa estante, o livro lido ou por ler. 
Ou talvez tenham a vaga ideia de ter sido ela a autora do retrato póstumo do escritor José Saramago que saiu na revista “New Yorker”. 


‘Descobri-a’ esta semana, quando nas minhas pesquisas me cruzei com “Alas Rojas”. Um livro bem seguro nas mãos, asas rubras de leituras, olhar fixo em ‘mim’, quase hipnótico. 


Ana Juan, nascida em Valencia, Espanha, em 1961, e a viver actualmente em Madrid, é artista altamente premiada e tem assinado a ilustração de inúmeros livros, para adultos e crianças, bem como capas de revistas conceituadas, sim, como a norte-americana “New Yorker”, que até a convidou para ilustrar a capa da edição que assinalou os dez anos pós-11 de Setembro. 




Algures entre o talento para o desenho e a paixão pelos livros, Ana Juan tem o melhor dos dois mundos. “Os livros são do que mais gosto”, afirmou nesta entrevista, na mesma em que explica porque, a dado momento, aceitou também enveredar pela escrita para crianças. Tem um livro publicado e outro a caminho. 
Exposições? Meia dúzia talvez. “Nunca me interessou expor os meus trabalhos, embora o tenha feita em algumas ocasiões. O livro é a minha grande paixão.”


Podia contar-vos mais sobre ela. Li várias entrevistas como aquela que linkei mais acima. Numa falava da infância. “Herdei os livros infantis das minhas irmãs, que são bastante mais velhas do que eu, pelo que os meus primeiros livros eram algo incomuns para a minha geração, como uma maravilhosa velha edição das ‘Mil e Uma Noites’. Influenciaram-me muito”, recorda Ana, que menciona também como passava horas a desenhar ou a fazer cópias de velhas ilustrações.



Noutra admite uma pequena obsessão: quando gosta de algo faz questão de o possuir em duplicado. Pensando agora nisso, tal como tem dois amores, o desenho e os livros, pois. “Mas precisava de duas vidas paralelas – ou uma depois da outra, tanto faz – para realizar todos os projectos e os sonhos que tenho”, remata. Sabe-la real, humana, não rouba em nada às imagens que nos deixa. Talvez as torne ainda mais poderosas.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Leitura, por Carlos de Oliveira


Leitura

«Quando por fim as árvores
se tornam luminosas; e ardem
por dentro pressentindo;
folha a folha; as chamas
ávidas de frio:
nimbos e cúmulos coroam
a tarde, o horizonte,
com a sua auréola incandescente
de gás sobre os rebanhos.

Assim se movem
as nuvens comovidas
no anoitecer
dos grandes textos clássicos.

Perdem mais densidade;
ascendem na pálida aleluia
de que fulgor ainda?
e são agora
cumes de colinas rarefeitas
policopiando à pressa
a demora das outras
feita de peso e sombra.»

in 'Pastoral'

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Uma sessão de autógrafos com um Orangotango e um cão...

Suryia and Roscoe: The True Story of an Unlikely Friendship é um livro sobre uma amizade improvável... Para quem não conhece, basta pesquisar no google e ver as fotos, os vídeos no youtube e as imensas histórias destes amigos inseparáveis.


Quanto ao livro, deixo aqui por traduzir a opinião da crítica:

“After meeting orangutan Suryia at a South Carolina wildlife preserve, stray dog Roscoe never left. The two enjoy swimming, wrestling and playing a deux.” – People magazine

“The endearing photographs might well make you want to go out and save an orangutan — or a stray pup.” – Los Angeles Times

“Irresistible and charming, this story of the friendship between a stray dog and an orangutan in a wildlife preserve in South Carolina will delight family members of all ages. Gorgeous photos accompany the tale of their meeting and instant bond.” - Kiwimagonline.com

“The images of Suryia hugging Roscoe, swimming with him in a pool or generously offering him a banana will make you smile.” – Columbus Dispatch

“The engaging animals will appeal to children.” – School Library Journal

“Fans of cute animal books will be delighted.” – Booklist

“Young animal lovers . . . will be eager to read about this unlikely pairing between a stray dog and an orangutan in a wildlife preserve . . . . The clean, photo album–like design, high-interest topic, accessible text and captivating images will likely garner Suryia and Roscoe legions of new friends.” – Kirkus Reviews

O Estudante de Coimbra - um livro do séc XIX que é agora novidade...

Quem é que já ouviu falar de Guilherme Centazzi? O blog de Pedro Almeida Vieira dá-nos a conhecer este escritor esquecido...

«Médico, escritor e compositor, Guilherme Centazzi formou-se na Faculdade de Medicina de Paris, obtendo o grau de Doutor, após ter sido expulso da Universidade de Coimbra, onde estudava Matemática, por causa das suas opções liberais. Esteve exilado em França entre 1929 e 1934, durante as Guerras Liberais.

Embora tenha vindo em criança para Lisboa, assumiu-se em vários escritos como um orgulhoso algarvio. O seu pai era cidadão da antiga República de Veneza, que se casou com uma portuguesa. Do lado materno tem também ascendência de um genovês, seu avô, que também desposara uma portuguesa.

(...)

Foi o verdadeiro precursor do romance português, mesmo antes de Alexandre Herculano e Almeida Garrett, através da obra «Carlos e Julieta», publicada em 1838, que reformularia uma década depois sob o título «Beatriz e o Aventureiro».

No entanto, a grande inovação na sua escrita mostra-se sobretudo com «O Estudante de Coimbra» (1840), um romance em três volumes abordando, com uma faceta quase picaresca, a vida de universitário que se envolve nas Guerras Liberais, onde mistura romantismo com realismo. Embora alguns traços do protagonista deste romance denotem traços biográficos, a parte mais substancial do enredo é, sem margem para dúvidas, uma ficção.

Apesar de ser um médico conceituado, foi praticamente ignorado pela elite literária da sua época - e também (ainda) na actualidade -, talvez por algumas das suas obras, sobretudo «O Estudante de Coimbra» não se inserir nos cânones do romantismo.

Porém, esta sua obra teve uma tradução em alemão no ano de 1844, significando que foi o primeiro português com um romance editado no estrangeiro. Mereceu também uma extensa e elogiosa recensão, de mais de uma dezena de páginas, pelo conceituado crítico escocês Thomas Carlyle na Fraser's Magazine.»


A Editorial Planeta e Pedro Almeida Vieira acabam de ajudar ao re-lançamento (tantos anos volvidos) da obra O Estudante de Coimbra. Um livro que me desperta imensa curiosidade por ter sido tão ignorada. Também pelo lado sentimental, porque estudei na Lusa Atenas. Para já, deixo-vos a sinopse e a capa. A não perder!

"A grande crónica contemporânea das Guerras Liberais, num estilo desassombrado, feita por um escritor pioneiro, esquecido e agora redescoberto, que deverá ser considerado o pai do romance português moderno. «Sem dúvida o melhor espécime da actual escola das belles lettres portuguesas com que até à data nos deparámos.» Assim se referiu em 1848, Thomas Carlyle, famoso ensaísta e crítico literário escocês, ao romance O Estudante de Coimbra, escrito pelo médico português Guilherme Centazzi, cuja tradução para alemão surgira quatro anos antes.

Originalmente publicado entre 1840 e 1841, esta obra de Centazzi antecede aquele que é comummente considerado o primeiro romance português moderno: Eurico, o Presbítero, de Alexandre Herculano, que sairia em 1844. Dois anos mais tarde seria publicada a obra maior de Garrett, Viagens na Minha Terra.

Eis, pois, uma obra a vários títulos histórica, que a Planeta se orgulha de apresentar aos leitores do século XXI e enriquecerá a biblioteca de todos os amantes da literatura portuguesa."

quarta-feira, 18 de abril de 2012

170 anos de Antero de Quental

"O Google Portugal homenageia esta quarta-feira o poeta Antero de Quental com um doodle que assinala o 170º aniversário do seu nascimento.Antero de Quental nasceu a 18 de Abril de 1842 em Ponta Delgada, nos Açores."




Nós por cá, assinalamos com um poema.

Nirvana

"Viver assim: sem ciúmes, sem saudades,
Sem amor, sem anseios, sem carinhos,
Livre de angústias e felicidades,
Deixando pelo chão rosas e espinhos;

Poder viver em todas as idades;
Poder andar por todos os caminhos;
Indiferente ao bem e às falsidades,
Confundindo chacais e passarinhos;

Passear pela terra, e achar tristonho
Tudo que em torno se vê, nela espalhado;
A vida olhar como através de um sonho;

Chegar onde eu cheguei, subir à altura
Onde agora me encontro - é ter chegado
Aos extremos da Paz e da Ventura!"

Livros que deram filme: O segundo Fôlego, Philippe Pozzo Di Borgo

Não podia deixar passar a apresentação deste filme francês ao público, pela grande história que conta. Amigos Improváveis (no original, Intouchables) chegou no final de Março aos nossos cinemas. Realizado por Olivier Nakache e Eric Toledano, conta com François Cluzet e Omar Sy nos principais papeis. Vale a pena ver o trailer e ler a sinopse do livro que lhe deu origem, O segundo Fôlego - história verídica de Philippe Pozzo Di Borgo (recentemente apareceu nas livrarias com a capa do filme, tradução da Editorial Presença).


"Philippe Pozzo di Borgo é um aristocrata francês, diretor da conceituada casa de champanhes Pommery, que aos quarenta e dois anos vê o seu futuro comprometido quando um acidente de parapente o deixa tetraplégico. Deste acontecimento trágico decorre o encontro improvável entre Philippe e Abdel, um jovem rebelde dos subúrbios de Paris que é contratado como auxiliar para cuidar de Philippe. O Segundo Fôlego, a autobiografia de Philippe, é o relato humanista e bem-humorado dos anos de convivência entre ambos e da forma como cada um enriqueceu e salvou a vida do outro."

terça-feira, 17 de abril de 2012

Prazer e Dor São as Únicas Certezas da Vida

Gustave Le Bon (Sociólogo / Psicólogo Francês - 1841 / 1931) considera que Prazer e Dor São as Únicas Certezas da Vida. Vejam porquê:

"Os filósofos têm tentado abalar todas as nossas certezas e mostrar que do mundo conhecemos apenas aparências. Possuiremos sempre, porém, duas grandes certezas, que nada poderia destruir: o prazer e a dor. Toda a nossa actividade deriva delas. As recompensas sociais, os paraísos e os infernos criados pelos códigos religiosos ou civis baseiam-se na acção dessas certezas, cuja evidente realidade não pode ser contestada.

Desde que a vida se manifesta, surgem o prazer e a dor. Não é o pensamento, mas a sensibilidade, que nos revela o nosso “eu”. Se dissesse: “Sinto, logo existo” ao invés de: “Penso, logo existo”, Descartes estaria muito perto da verdade. Assim modificada, a sua fórmula aplica-se a todos os seres e não a uma fração apenas da humanidade. Dessas duas certezas poder-se-ia deduzir a completa filosofia prática da vida. Fornecem uma resposta segura à eterna pergunta tão repetida desde o Eclesiastes: por que tanto trabalho e tantos esforços, já que a morte nos espera e o nosso planeta se extingará um dia?


Porquê? Porque o presente ignora o futuro e no presente a Natureza condena-nos a procurar o prazer e a evitar a dor.

O operário, curvado sob o peso do trabalho, a irmã de caridade, a quem não repugna nenhuma chaga, o missionário torturado pelos selvagens, o sábio que procura a solução de um problema, o obscuro micróbio que se agita no fundo de uma gota d'água, todos obedecem aos mesmos estimulantes de atividade: o atractivo do prazer, o receio da dor.

Nenhuma atividade tem outro móbil. Não poderíamos mesmo imaginar móbis diferentes desses. Só os nomes podem variar. Prazeres estéticos, guerreiros, religiosos, sexuais, etc., são formas diversas do mesmo aspecto fisiológico. A actividade dos seres se dissiparia se desaparecessem as duas certezas que são os seus grandes móbis: o prazer e a dor."

A explicação "científica" do cheiro dos livros...

Vamos a uma aula?

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Abrindo o livro do mês, O Falcão Peregrino

Chegou ontem às minhas mãos o livro deste mês de Glenway Wescott, escolha da Filipa Araújo para leitura conjunta do blog. A introdução é do escritor Michael Cunningham (autor, entre outros, de As Horas ou Dias Exemplares). Esta edição da Relógio D'Água destaca as seguintes palavras de Cunningham:

«Na minha opinião, O Falcão Peregrino ombreia facilmente com obras como The Good Soldier de Ford Madox Ford, O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald ou os Manuscritos de Jeffrey Aspern de Henry James.»

Na contra-capa podemos ler a opinião de outro escritor, Cristopher Isherwood:

«É verdadeiramente uma obra-prima, de forma raramente conseguida ou experimentada nos dias de hoje.»

Do Jornal The New Yorker, Howard Moss diz-nos que «[Em O Falcão Peregrino] o leitor é constantemente forçado a ver algo que antes não vira. O mundo de Wescott é autónomo mas precário, e, tal como o verdadeiro, infidavelmente repleto de significado.»


"Esta novela descreve os acontecimentos de uma única tarde. Alwyn Tower, um norte-americano expatriado e romancista frustrado, está a viver com uma amiga numa casa de campo em Chancellet, França, quando um casal de ricos e itinerantes irlandeses lhes faz uma visita - com Lucy, o seu falcão amestrado, presença algo inquietante.
Uma obra de uma elegância clássica, O Falcão Peregrino é considerada uma das melhores novelas americana."


Por fim, deixar apenas o seu périplo pelas letras:

«Glenway Wescott (1901-1987) nasceu no Wisconsin. A partir de 1925, passou a viver em França. As primeiras obras de Wescott, nomeadamente as histórias de Goodbye, Wisconsin e o romance The Grandmothers (no qual Alwyn Tower, o narrador de O Falcão Peregrino, faz a sua primeira aparição), têm como paisagem o Midwest. Das obras posteriores fazem parte vários ensaios, bem como a novela O Falcão Peregrino e o romance Apartment in Athens

Palavras soltas

Pego nas letras!
São peças de puzzle,
desconectadas,
Sem sentido.
...

Alinho o pensamento;
Suspendo a emoçao;
Quero-as juntas
Com lógica
Estruturadas...

...

Saem frases.
Nada são!

...

Recomeço...
Transformo as frases
Em letras soltas
Suspendo o pensamento
Alinho a emoção
E solto palavras

Ficam à solta
Sem lógica...
Sem sentido...
São espelho de alma
Em combustão.


Tela by Kelly Rae


Elsa Martins Esteves

domingo, 15 de abril de 2012

Notícias à Quinta: Portalegre, entre a Toada e o silêncio.


Serra de São Mamede. Está aquele frio que já não é suposto, mas todos sabemos que não é ele que vai longo, chegou tarde, apenas isso. Certo é que com os dias mais longos, estas ventanias geladas desenquadram-se, de tal forma, que o desejo pelo anoitecer é uma realidade. Quando já não há luz do dia tolera-se mais que o vento insista em bailar violentamente. A chegada a Portalegre já se sente e temos a tarde inteira pela frente.
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Morei numa casa velha,
À qual quis como se fora
Feita para eu Morar nela...

Assim se anuncia José Régio na Toada de Portalegre e o caminho faz-se, a pé, até ao Museu com o seu nome, partindo da Praça do Município. Como o passo permite, faz-se um ligeiro desvio para a Rua de Elvas para procurar o Convento de Santa Clara, no intuito de entrar na Biblioteca Municipal. Respirando o ar frio e contemplando o edifício, agradece-se tamanho postal. Vamos entrar
O pedido de informação é rápido e a resposta também. O que não vela da mesma rapidez é contrariar a vontade de ficar ali, de nos sentarmos nos claustros e escrevinhar alguma coisa. Treina-se a retina para ficar com o enunciado do regresso, somando aos enunciados anteriores, dos sítios já percorridos. Mais do que vê-los apetece vivê-los. Porém, já se sabe que a premissa é curta, tanto quanto a estadia. O verbo sorver é, nestas viagens, muito bem aplicado. Saio da Biblioteca com a agendade Abril de onde destaco uma exposição integrada nas comemorações sobre os 80 anos que assinalam a chegada de José Régio a Portalegre, com um magnífico trabalho bio-bliográfico sobre Francisco Bugalho e Cristóvão Pavia. O primeiro, o poeta da calma melancólica alentejana, grande amigo de Régio e a quem este terá dedicado a Toada de Portalegre, seu companheiro nas lides da Revista Presença. O segundo é o pseudónimo de António Bugalho, filho de Francisco. Dois poetas que merecem outras linhas e dedicação, mas fica a referência e, esperamos, o aguçar da curiosidade sobre eles. Acrescem duas informações que destacamos: a Hora do Conto deste mês, com a leitura do livro Flicts, de Ziraldo, livro que conta a história de uma cor que quer mudar o mundo. No dia 30 de Abril, no Castelo de Portalegre, pelas 18 horas, terá lugar a Conferencia JoséRégio, Algumas personagens femininas da História de Mulheres.
A caminho mais uma vez. Três minutos. Hesitação. A casa Museu. José Régio. A casa anexa ao antigo Convento de São Brás que começou por ser espaço de um quarto para o então professor de liceu. De divisão em divisão, Régio foi conquistando espaço à medida que a sua colecção pedia parede própria. Colecção essa vendida à câmara Municipal de Portalegre na condição de a casa ser tornada em Casa-Museu. E assim aconteceu, em 1971, dois anos após a sua morte. Casa esta que, permitam-me aveleidade, não descrevo. Posso dizer-vos que à entrada fiquei com uma das centenas de cópias do manuscrito da Toada de Portalegre. Que de divisão em divisão percebi o Deus e o Diabo. Que aquele quarto, tão pequeno e enorme ao mesmo tempo, ecoou uma Carta de Amor, que a sala dos cruxifixos é muito mais do que uma soma de braços em cruz. Que toquei num Ignoto Deo sem precisar de respirar, que as Asas de Ícaro fazem do Amore da Morte um Poema do Silêncio e de Sabedoria. E que outro rasgar que não o Cântico Negro para dali sair em silêncio? Ouve-me. Se é que ainda me podes tolerar.

Não posso, e não devo. Venham, sigam os passos, os cansaços, as imagens, os cheiros, as cruzes. E cantem para vós, para dentro. Gozem o silêncio. Coloquem a máscara sem expressão e dêem-lhe cor. Com a alma.


Até Évora.