sábado, 27 de setembro de 2014

Apoiem o clube de poesia e arte "Mutações Poéticas"

O clube de poesia e artes "Mutações Poéticas" está à tua espera!

Na concepção literal da palavra, somos qualificáveis como um clube de poesia e artes. Contudo, trata-se de uma qualificação deveras reducionista. Não somos um qualquer clube de poesia e artes. Não procuramos meramente reunir-nos para tomar o chá das cinco e aplaudir metafísica de Pessoa.

Assim sendo, somos um organismo independente e que se insurge contra determinadas realidades culturais, éticas e sociais contemporâneas. Eis que propomos, através da poesia e de todas as formas de arte, uma mutação nessas dimensões humanas decadentes.

Os nossos eventos têm sido, entre os quais, dedicados à Literatura, à Pintura, ao Cinema, ao Teatro, à Música, à Dança. E para este ano, mais temáticas artísticas serão exploradas.

Todos, mesmo todos, são bem-vindos! Partilhas o desejo? Gostaríamos seriamente de conhecer-te.
Para mais info: FB: www.facebook.com/mutacoespoeticas E-mail: mutacoespoeticas@outlook.PT

*Sandra Santos


a uma papoila
deixa as asas a borboleta
como recordação

Matsuo Bashô
...
(Sparrow And Magnolia by Katsushika Hokusai)

Foto frase do dia: Drummond

Tom Gauld: The God Delusion

«The God Delusion» é um livro de Richard Dawkins
 

Traduzir-se, por Ferreira Gullar

Traduzir-se
(Ferreira Gullar)
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
Acompanhe a Revista Bula: https://www.facebook.com/bularevista

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Daniel Gonçalves lança «Ensaio sobre o comprimento do silêncio» com o fotógrafo Pepe Brix

CICLO DE LEITURAS ÍNTIMAS: apresentação do livro ENSAIO SOBRE O COMPRIMENTO DO SILÊNCIO, com a presença dos autores deste poemário fotográfico. Oportunidade única para conversar sobre poesia e viagens, os afectos deste livro. E, é claro, obter um autógrafo valioso do Pepe Brix, um fotógrafo fabuloso! Vamos andar de norte a sul, por isso não há desculpa! Apareçam, serão abraçados!

OUTUBRO <

< 1 ..._ Guimarães
Livraria SNOB | 19.00

< 2 _ Santo Tirso
Biblioteca Municipal | 10.00

< 3 _ Porto
FNAC MarShopping | 22.00

< 4 _ Cerveira
Porta 13 | 16.00

< 5 _ Lisboa
FNAC Vasco da Gama | 18.30
 
foto: Pepe Brix
 
Este livro traz-nos os poemas de Daniel Gonçalves acompanhados pelas fotografias de Pepe Brix, que resultam de uma viagem à Índia e ao Nepal, entre os meses de dezembro de 2011 e abril de 2012. A poesia foi composta em Lisboa, Santa Maria e Santo Tirso, entre maio e setembro de 2012, e finalizada em novembro de 2013 e maio de 2014.
 

Como conheci Gonçalo - Parte II


Meu caro José,
Esta semana deixemos os Cadernos de Nicosia, impublicáveis, e da vida resguardados no silêncio da inexistência, dos testemunhos.
Sei que iniciou uma empresa só sua, agora. A de relatar, numas quantas páginas a inesquecível tarde da alameda das tílias.
Sucesso, é o que lhe desejo! Sabendo de antemão que, sem dúvida alguma, terá sucesso, não pelo facto de me revelar aos poucos, mas sim pela noção que tem do papel da escrita. Peço-lhe que não seja demasiado imaginativo. Deixe a realidade e a memória fazerem o seu trabalho. Olhe que na memória e no tempo há ficção suficiente para repovoar a terra com seres de papel.
Aguardo, pois, as suas páginas, essas sim, publicáveis ao longo da penosa e reconfortante demanda que é a escrita.
Seu.

Gonçalo V. de Sousa.

Depois de algumas conversas com Gonçalo Viana de Sousa, o nosso flâneur, este decidiu que esta semana ficaria eu, pobre rapaz de terras do Douro e do Tâmega, onde começa o Marão, responsável pela publicação de mais um episódio do dia em que conheci um homem singular e que, para sempre, mudou a minha vida.
No vosso regaço, e com o pedido da vossa tolerância e benevolência literária, estendo este segundo episódio daquela tarde.




Fiquei estarrecido com aquela afirmação. Dentro da minha cabeça nasciam abundantemente mil e uma dúvidas e perguntas que gostaria de fazer, mas como jovem intrépido que era, coitado de mim, ainda com ideias de Revolução naquela altura!, perguntei, melhor, rugi, o seu avô conheceu Carlos Fradique Mendes, como assim?
Ah, misérias das primeiras primaveras que nos levam ao precipício das perguntas sem antes nos recolhermos ao altar da reflexão!
É verdade, foi num verão de 1871, pelo Cairo, que o meu avô Marco António Viana de Sousa conheceu tal personagem, numa viagem de paquete pelo Nilo. Meu bisavô fora ao Egipto para ver a maravilha que fora a abertura do canal do Suez, inaugurado dois anos antes, em 1869. Como era senhor de muitas terras de semeadura pelo Alentejo e pelas terras de Celorico e Mondim de Basto, Marco António Viana de Sousa resolveu ser acionista da Companhia Portuguesa e Comércio no Delta do Nilo e da Assíria. Deste modo, teria mais ligações com Lisboa e com os cais de embarque da Europa e de toda a costa mediterrânica. Meu bisavô travou conhecimento com Fradique Mendes por um mero acaso. Gonçalo, apesar de eu ainda não saber o seu nome, olhou para as tílias com um olhar que era capaz de descobrir os segredos mais íntimos, e suspirou, talvez as melhores coisas da vida aconteçam por acaso…
  Meu bisavô dizia a meu pai, Augusto Viana de Sousa, que foi graças a um copo de vinho de Colares que conhecera o grande poeta das “Lapidárias” e dos “poemas do macadame”. Estava eu sentado à proa do paquete, numa chaise-longue, quando um sujeito extremamente elegante e ágil, com um andar compassado e que marca o ritmo das constelações e do universo, por desatenção, entorna sobre a minha camisa branca o vinho de Colares. Fradique, com um movimento enérgico virou-se para trás, para o seu butler, Smith, e rapidamente lhe disse, em inglês, para ir à cabine buscar duas camisas brancas, de linho fino.
Vossa excelência desculpe, mas vinha distraído com a paisagem, e o Colares em vez de se entornar no Smith, que seria uma coisa de família e resolver-se-ia com uma gargalhada e uma partida de whist, foi entornar-se na camisa de sua excelência. Peço mil desculpas, mas não se preocupe, o Smith foi já tratar de lhe trazer duas camisas de linho, brancas e frescas, para que sua excelência use à vontade. Enquanto isso, o Smith tratará de mandar lavar a sua camisa assim que aportemos em Mênfis. O meu nome é Carlos Fradique Mendes, ao seu dispor. Escusado será dizer-lhe, caro jovem, que esta conversa se desenrolou em francês, à altura língua franca dos viajados, dos sportsman e dos intelectuais. Agora não, cospe-se tudo num inglês varrido, de esquina e de enciclopédia.
Mas qual é o problema de se falar, hoje, o inglês como língua franca no mundo inteiro? Perguntei eu, de certa forma estupefacto não só com a história de Fradique e de Marco António, mas também surpreendido com as palavras do senhor que estava sentado a meu lado.
Lembro-me agora que nessa altura andava a estudar cultura e literatura francesas, ainda que a língua de Londres, não da sua lua, me proporcionassem um certo enlevo e levitar, diáfano e líquido.
Meu caro jovem, disse-me o senhor que sabia chamar-se Viana de Sousa, a linguagem e a língua são o reflexo perfeito de um povo, de uma mentalidade, de uma sociedade.

O céu azulava por entre o verde mágico das tílias, uma leve brisa murmurava por entre os galhos das frondosas e quase milenares árvores. O tempo parecia não existir. (continua).

É assim que se sentem?

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Snobidando: Anne Frank

Acompanhe a página da Livraria Snob no Facebook. Já abriu, em Guimarães. Pode lá encontrar isto e muito mais.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Foto frase do dia: os chocolates de Pessoa


A dica do dia - por Bukowski


Nasce uma nova ponte no blog - Poesia em matéria fria

Dois jovens amigos, uma portuguesa e um brasileiro, se encontram na internet através da poesia. Todos os séculos de história que permeiam os nossos países foram o ponto de partida da ideia para criar uma página de divulgação, apreciação, compartilhamento e memória da poesia lusófona. 

Reunimos nossos gostos por poesia para alimentar, diariamente, a página no Facebook “Poesia em matéria fria”, onde poetas consagrados e outros pouco conhecidos ganham espaço. Contamos hoje com mais de 5 mil amigos na página, poetas e apreciadores, e continuamos com o desejo de expandi-la cada vez mais, de descobrir novos autores, de criar novos laços e de levar um pouco mais de poesia à vida das pessoas. Pois ler pelo menos um poema por dia e sentir sua força, compreender sua imensidão, e transcender suas palavras faz bem pra cabeça, pro corpo, pra vida! Selecionamos algumas imagens produzidas por nós mesmos e divulgadas na página a fim de mostrar um pouco da nossa visão da poesia traduzida em formas e cores. Esperamos que gostem! 

"Pois assim é a poesia: esta chama tão distante mas tão perto de estar fria.” – Cacaso, Brasil. 

Obrigado, Clube dos Leitores, pela parceria e divulgação.

*Lucas Rossi

Sigam a página no facebook: https://www.facebook.com/poesiaemmateriafria

terça-feira, 23 de setembro de 2014

a-ver-livros: voraz

Sobretudo fome
ânsia
desvario
apetência desmedida
voraz
tudo o que é primitivo
e primordial
as tuas águas
a minha terra
o nosso fogo 
desassossego de labaredas
mordendo as sombras
que ficam do que fica
sobretudo
sofreguidão

Ana Almeida


É do borogodó: no meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
Para marcar os 40 anos do poema “No meio do caminho”, Carlos Drummond de Andrade publicou, em 1967, o livro Uma pedra no meio do caminho — Biografia de um poema, no qual reuniu uma ampla seleção com o que foi dito sobre os famosos versos. O Instituto Moreira Salles lançou em 2010 uma nova edição do livro concebido pelo próprio Drummond, ampliada pelo também poeta Eucanaã Ferraz. Por ocasião do lançamento, o IMS produziu um vídeo com a leitura de “No meio do caminho” em vários idioma

*É do borogodó, todas as terças aqui no Clube. Por Penélope Martins

Peço-te em casamento...

Encontrado na página Improbables Bibliothèques, 
Improbables Librairies. A não perder por nada! 

Foto frase do dia: Tennessee Williams


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

a-ver-livros: última refeição

Não tenho outro apetite
que o de deglutir o mundo
furacões entre
meias carcaças
sal e sol com manteiga
dos Açores
e uma rodela
de saudades para dar 
um toque de acidez
na última dentada

Ana Almeida

* para saber mais sobre o ilustrador Oliver Jeffers
siga o link www.oliverjeffers.com

Foto frase do dia: Saramago


Calvino em São Paulo: dia 9

Italo Calvino, numa exposição de fotografia no MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand). "As Cidades Invisíveis" foi o nome da exposição e é também o título de um dos seus livros mais famosos.

foto: Rodrigo Ferrão

domingo, 21 de setembro de 2014

Apanhei-te a ler... dia 20

Ingrid Bergman lê Audrey Hepburn.

Encontrado no Pinterest.

Calvino em São Paulo: dia 8

Italo Calvino, numa exposição de fotografia no MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand). "As Cidades Invisíveis" foi o nome da exposição e é também o título de um dos seus livros mais famosos.

foto: Rodrigo Ferrão

peixe-pássaro

"Ou não seria a vida um peixe preparado para ser pássaro?"
do Livro das Perguntas de Pablo Neruda



Trabalho realizado por Diana Fernandes e Margarida Lima
Design de Comunicação, Laboratório Digital, ESAD, 2012