querida angélica
querida angélica não pude ir fiquei presa
no elevador entre o décimo e o nono andar e até
que o zelador se desse conta já eram dez e meia
querida angélica não pude ir tive um pequeno
acidente doméstico meu cabelo se enganchou dentro
da lavadora na verdade está preso até agora estou
ditando este e-mail para minha vizinha
querida angélica não pude ir meu cachorro
morreu e depois ressuscitou e subiu aos céus
passei a tarde envolvida com os bombeiros
e as escadas magírus
querida angélica não pude ir perdi meu cartão
do banco num caixa automático fui reclamar
para o guarda que na verdade era assaltante
me roubou a bolsa e com o choque tive amnésia
querida angélica não pude ir meu chefe me ligou
na última hora disse que ia para o havaí
de motocicleta e eu tive que ir para o trabalho
de biquíni portanto me resfriei
querida angélica não pude ir estou num
cybercafé às margens do orinoco fui sequestrada
por um grupo terrorista por favor deposite
dez mil dólares na conta 11308-0 do citibank
agência valparaíso obrigada pago quando voltar
*Angélica Freitas, in Um útero é do tamanho de um punho - Cosac Naify, 2012
sábado, 28 de junho de 2014
Snobidando: Eugénio de Andrade
Procura a maravilha, Eugénio de Andrade
Procura a maravilha
Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.
No brilho redondo
e jovem dos joelhos.
Na noite inclinada
de melancolia.
Procura.
Procura a maravilha.
Procura a maravilha
Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.
No brilho redondo
e jovem dos joelhos.
Na noite inclinada
de melancolia.
Procura.
Procura a maravilha.
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Eu poético: «Aprender»
Aprender
só Vós sois o Santo;
só Vós, o Senhor;
só Vós, o Altíssimo, Jesus Cristo;
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
ámen.
só Vós sois o Santo;
só Vós, o Senhor;
só Vós, o Altíssimo, Jesus Cristo;
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
ámen.
aprendi a glorificar-te sem saber de que matéria és feito.
ou sequer se és matéria.
sei que tudo em ti é amor,
mas quem mo ensinou
não
foste
tu.
foi a mão que me agarrou com força,
o beijo de olhos fechados,
o sabor daquele momento,
os risos que troquei enquanto tremia.
aprendi que é a ti que devo perdão.
e por isso és a voz com quem falo à noite.
aquela que talha os meus medos,
passa álcool pelas feridas da angústia
e traça os caminhos num futuro que não sei quando acaba.
aprendi que devo agradecer.
e por isso faço-o disparando lengalengas.
são preces de desejos,
pedidos de orientação,
vozes interiores de sim e de não,
cartas pedindo felicidade servida ao quilo.
na verdade não sei bem o que aprendi.
se tu és tudo o que penso...
porque é que ainda se ama em segredo,
se perdoa por conveniência,
se agradece para abafar limitações humanas?
afinal acho que aprendi que nada aprendo.
sou um vagabundo perdido a pedir dinheiro numa rua de gente rica.
Rodrigo Ferrão
ou sequer se és matéria.
sei que tudo em ti é amor,
mas quem mo ensinou
não
foste
tu.
foi a mão que me agarrou com força,
o beijo de olhos fechados,
o sabor daquele momento,
os risos que troquei enquanto tremia.
aprendi que é a ti que devo perdão.
e por isso és a voz com quem falo à noite.
aquela que talha os meus medos,
passa álcool pelas feridas da angústia
e traça os caminhos num futuro que não sei quando acaba.
aprendi que devo agradecer.
e por isso faço-o disparando lengalengas.
são preces de desejos,
pedidos de orientação,
vozes interiores de sim e de não,
cartas pedindo felicidade servida ao quilo.
na verdade não sei bem o que aprendi.
se tu és tudo o que penso...
porque é que ainda se ama em segredo,
se perdoa por conveniência,
se agradece para abafar limitações humanas?
afinal acho que aprendi que nada aprendo.
sou um vagabundo perdido a pedir dinheiro numa rua de gente rica.
Rodrigo Ferrão
Foto: Rodrigo Ferrão
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Revista de Poesia Andarilhos
A Andarilhos ganhou pernas e já anda aí pelas ruas.
Em breve estará nas livrarias. Quando soubermos os vários pontos de venda, actualizaremos essa informação.
Podem encomendá-la através do nosso e-mail:
andarilhos@sesla.org
a-ver-livros: na escuridão
entre as trevas
a luz
entrevista
na retina cansada
tapetum lucidum
da alma
e só isso
Ana Almeida
a luz
entrevista
na retina cansada
tapetum lucidum
da alma
e só isso
Ana Almeida
![]() |
* para saber mais sobre a ilustradora americana Kelly Vivanco siga o link www.kellyvivanco.com |
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Women by Charles Bukowski - the beginning
"Eu tinha cinquenta anos, e há quatro que não ia para a cama com uma mulher. Não tinha amigas. Quando passava por elas, na rua ou onde quer que as via, olhava, mas olhava sem desejo e com desinteresse. Masturbava-me regularmente, e a ideia de ter uma relação com uma mulher - mesmo em termos não sexuais - estava muito longe da minha imaginação. Eu tinha uma filha ilegítima, com seis anos de idade. Ela vivia com a mãe e eu pagava uma pensão. Casara-me aos 35, há alguns anos atrás. Este casamento durou dois anos e meio. A minha mulher divorciou-se de mim. Só estive apaixonado uma vez. Ela morreu de alcoolismo crónico. Morreu aos 48, quando eu tinha 38. A minha mulher era doze anos mais nova que eu. Acredito também que ela esteja morta,embora não tenha certeza. Durante seis anos, depois do divórcio, ela escrevia-me no Natal uma longa carta. Nunca respondi.
Não sei quando vi Lydia Vance pela primeira vez. Foi há cerca de seis anos atrás, tinha eu acabado de abandonar um emprego de doze anos como funcionário dos correios, e tentava tornar-me escritor. Estava mais aterrorizado e bêbedo do que nunca. Debatia-me com o meu primeiro romance. Todas as noites, enquanto escrevia, esvaziava meia garrafa de whisky e duas embalagens de seis cervejas. Fumava cigarros baratos e batia à máquina, bebia e ouvia música clássica pela rádio até amanhecer."
*in Mulheres, Charles Bukowski.
Dom Quixote
Snobidando: Maya Angelou e Jean-Michel Basquiat
Life Doesn’t Frighten Me: Poesia para crianças por Maya Angelou, ilustrado por Jean-Michel Basquiat
Shadows on the wall
Noises down the hall
Life doesn't frighten me at all
Bad dogs barking loud
Big ghosts in a cloud
Life doesn't frighten me at all
Mean old Mother Goose
Lions on the loose
They don't frighten me at all
Dragons breathing flame
On my counterpane
That doesn't frighten me at all.
I go boo
Make them shoo
I make fun
Way they run
I won't cry
So they fly
I just smile
They go wild
Life doesn't frighten me at all.
Tough guys fight
All alone at night
Life doesn't frighten me at all.
Panthers in the park
Strangers in the dark
No, they don't frighten me at all.
That new classroom where
Boys all pull my hair
(Kissy little girls
With their hair in curls)
They don't frighten me at all.
Don't show me frogs and snakes
And listen for my scream,
If I'm afraid at all
It's only in my dreams.
I've got a magic charm
That I keep up my sleeve
I can walk the ocean floor
And never have to breathe.
Life doesn't frighten me at all
Not at all
Not at all.
Life doesn't frighten me at all.
Shadows on the wall
Noises down the hall
Life doesn't frighten me at all
Bad dogs barking loud
Big ghosts in a cloud
Life doesn't frighten me at all
Mean old Mother Goose
Lions on the loose
They don't frighten me at all
Dragons breathing flame
On my counterpane
That doesn't frighten me at all.
I go boo
Make them shoo
I make fun
Way they run
I won't cry
So they fly
I just smile
They go wild
Life doesn't frighten me at all.
Tough guys fight
All alone at night
Life doesn't frighten me at all.
Panthers in the park
Strangers in the dark
No, they don't frighten me at all.
That new classroom where
Boys all pull my hair
(Kissy little girls
With their hair in curls)
They don't frighten me at all.
Don't show me frogs and snakes
And listen for my scream,
If I'm afraid at all
It's only in my dreams.
I've got a magic charm
That I keep up my sleeve
I can walk the ocean floor
And never have to breathe.
Life doesn't frighten me at all
Not at all
Not at all.
Life doesn't frighten me at all.
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Saudades de Ary
Acordo e não ouço a minha voz, que a de Ary se sobrepõe no meu peito. Deu-me para a saudade de o ouvir. Assim, gozão e irónico. "Electrónicicólica", para começar o dia.
Porque "se for menino é poema, se for menina..."
Ana Almeida
Porque "se for menino é poema, se for menina..."
Ana Almeida
![]() |
PARA O VÍDEO SIGA O LINK https://www.youtube.com/watch?v=owuRmgxmImQ |
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Poema à noitinha... João Xavier de Matos
Quando nas Mãos de Amor me Vi Sujeito
Quando nas mãos de amor me vi sujeito,
A razão em mil erros consentindo,
Jurei de nunca mais, em lhe fugindo,
Sujeitar-me a seu bárbaro preceito.
Ora pude escapar-lhe, e ver desfeito
O duro laço, que me andara urdindo,
Até que pouco a pouco fui sentindo
De novas chamas inflamar-se o peito.
Olhando então por mim, achei quebrada
A ligeira promessa, a um brando rogo,
Por minha própria mão sacrificada;
Que juras contra amor, por desafogo,
São votos de tormenta já passada,
Que depois de serena, esquecem logo.
*João Xavier de Matos, in Rimas
Quando nas mãos de amor me vi sujeito,
A razão em mil erros consentindo,
Jurei de nunca mais, em lhe fugindo,
Sujeitar-me a seu bárbaro preceito.
Ora pude escapar-lhe, e ver desfeito
O duro laço, que me andara urdindo,
Até que pouco a pouco fui sentindo
De novas chamas inflamar-se o peito.
Olhando então por mim, achei quebrada
A ligeira promessa, a um brando rogo,
Por minha própria mão sacrificada;
Que juras contra amor, por desafogo,
São votos de tormenta já passada,
Que depois de serena, esquecem logo.
*João Xavier de Matos, in Rimas
retrato tirado daqui.
Vamos responder a um inquérito? Imagem de marca de editoras
Quem dá uma ajuda a responder a este questionário sobre a imagem de marca de editoras? Vamos ajudar a Helena Guerra e Rooney Pinto.
Siga o link »» https://docs.google.com/forms/d/1qJ5meUF5MdEDKPEqSxyVMOnKSQtcB-hcDImlHVpofAQ/viewform
a-ver-livros: todas as árvores no caminho
Percorro-te as linhas
à beira-dedos
na textura infame dos silêncios
como calcorreio
sem vírgulas nem parêntesis
as veredas das frases
interpostas
no amor
Folheio sem pudor
a vida que o teu tronco
rasga na página molhada
encerro no casulo que envolve sombras
a metamorfose inesperada
verbo magia dor semente
de outra árvore
no caminho
Ana Almeida
à beira-dedos
na textura infame dos silêncios
como calcorreio
sem vírgulas nem parêntesis
as veredas das frases
interpostas
no amor
Folheio sem pudor
a vida que o teu tronco
rasga na página molhada
encerro no casulo que envolve sombras
a metamorfose inesperada
verbo magia dor semente
de outra árvore
no caminho
Ana Almeida
![]() |
* para saber mais sobre o ilustrador italiano Claudio Acciari siga o link http://claudioacciari.blogspot.pt/ |
terça-feira, 24 de junho de 2014
Poema à noitinha... Afonso Lopes Vieira
O Segredo do Mar
A “Flor do Mar” avançando
Navegava, navegava,
Lá para onde se via
O vulto que ela buscava.
Era tão grande, tão grande
Que a vista toda tapava.
E Bartolomeu erguido
Aos marinheiros bradava
Que ninguém tivesse medo
Do gigante que ali estava.
E mais perto agora estão
Do que procurando vão!
Bartolomeu que viu?
Que descobriu o valente?
- Que o gigante era um penedo
que tinha forma de gente?
Que era dantes o mar? Um quarto escuro
Onde os meninos tinham medo de ir.
Agora o mar é livre e é seguro
E foi um português que o foi abrir.
*Afonso Lopes Vieira, in Antologia Poética
Navegava, navegava,
Lá para onde se via
O vulto que ela buscava.
Era tão grande, tão grande
Que a vista toda tapava.
E Bartolomeu erguido
Aos marinheiros bradava
Que ninguém tivesse medo
Do gigante que ali estava.
E mais perto agora estão
Do que procurando vão!
Bartolomeu que viu?
Que descobriu o valente?
- Que o gigante era um penedo
que tinha forma de gente?
Que era dantes o mar? Um quarto escuro
Onde os meninos tinham medo de ir.
Agora o mar é livre e é seguro
E foi um português que o foi abrir.
*Afonso Lopes Vieira, in Antologia Poética
a-ver-livros: olhos postos no céu
Há um momento
de azul
entre o dia e a noite
perfeito para ver
a erva crescer
E ouvir o âmago
da terra
que piso
Ana Almeida
de azul
entre o dia e a noite
perfeito para ver
a erva crescer
E ouvir o âmago
da terra
que piso
Ana Almeida
![]() |
Para saber mais sobre a pintora Marlina Vera, do Equador, siga o link www.marlinavera.com |
segunda-feira, 23 de junho de 2014
Passatempo «Os filhos do Éden», Ken Follett
P.V.P.: 18,90 €
Data de Edição: 2014
Nº de Páginas: 444
Editora: Editorial Presença
O Clube de Leitores e a Editorial Presença têm três exemplares para oferecer aos nossos seguidores do livro Os filhos de Éden - de Ken Follett.
Para participar, basta responder ao seguinte: Se vivesse num local isolado, quem levava consigo? Porquê?
As melhores respostas enviadas em comentário a este post (tanto aqui no blog, como na página do facebook ou ainda no grupo) vão a uma finalíssima de 3 dias a ser votada pelos membros do blog e seguidores.
O envio das frases deve ser feito até Segunda-feira, dia 30 de Junho. Nos dias seguintes, anunciaremos as respostas que vão seguir para a finalíssima.
O concurso é válido para Portugal continental e ilhas.
Boa sorte!
*O vencedor terá que enviar-nos a sua morada. Em caso de não o fizer, o Clube atribuirá o livro a outro(a) finalista. Fique atento!
Emílio Miranda, dia 28
Trazem as palavras
Como quem vem passear à rua
Presas pela trela
Mas há sempre um olhar liberto
Em cada ruela
Onde ficam esquecidas.
E é assim que chegam
Como cães vadios
A lamber as feridas…
Emílio Miranda
Como quem vem passear à rua
Presas pela trela
Mas há sempre um olhar liberto
Em cada ruela
Onde ficam esquecidas.
E é assim que chegam
Como cães vadios
A lamber as feridas…
Emílio Miranda
Foto: Cláudia Miranda
A minha Próxima Viagem
Em breve vou estar com o projecto Próxima Viagem.
É com muito prazer que faço parte desta nova aventura, aceitando o convite do Agostinho Mendes para trabalhar leituras de obras relacionadas com viagens. Além disso, volto a escrever sobre viagens do passado e aguardo mais experiências lá fora ou cá dentro num futuro próximo. Fiquem atentos, vai valer a pena!
Hoje o site é relançado. Desde já fica a minha força e os votos de muito sucesso. Aproveitem para conhecer os cantos à casa, há muito para ler!
Sigam o apelo deixado pelo Agostinho, na página do Facebook:
Apresento-vos o nova "reencarnação" do projecto Próxima Viagem, disponível em http://proximaviagem.com/
Depois de meses de dedicação e trabalho intenso, estamos muito contentes com o resultado final. Trabalhámos para todos vós, por isso, esperamos que parte deste nosso entusiasmo possa também chegar a esse lado.
Como ainda estamos a afinar algumas áreas, caso encontrem algum problema de funcionamento, agradecemos que nos avisem.
Ficamos a aguardar o vosso feedback.
Votos de excelentes viagens com o novo Próxima Viagem
Se não for pedir muito, partilhem e convidem os vossos amigos a gostar da página https://www.facebook.com/ProximaViagem
É com muito prazer que faço parte desta nova aventura, aceitando o convite do Agostinho Mendes para trabalhar leituras de obras relacionadas com viagens. Além disso, volto a escrever sobre viagens do passado e aguardo mais experiências lá fora ou cá dentro num futuro próximo. Fiquem atentos, vai valer a pena!
Hoje o site é relançado. Desde já fica a minha força e os votos de muito sucesso. Aproveitem para conhecer os cantos à casa, há muito para ler!
Sigam o apelo deixado pelo Agostinho, na página do Facebook:
Apresento-vos o nova "reencarnação" do projecto Próxima Viagem, disponível em http://proximaviagem.com/
Depois de meses de dedicação e trabalho intenso, estamos muito contentes com o resultado final. Trabalhámos para todos vós, por isso, esperamos que parte deste nosso entusiasmo possa também chegar a esse lado.
Como ainda estamos a afinar algumas áreas, caso encontrem algum problema de funcionamento, agradecemos que nos avisem.
Ficamos a aguardar o vosso feedback.
Votos de excelentes viagens com o novo Próxima Viagem
Se não for pedir muito, partilhem e convidem os vossos amigos a gostar da página https://www.facebook.com/ProximaViagem
domingo, 22 de junho de 2014
Snobidando: Maria do Rosário Pedreira
Terminamos o dia com Maria do Rosário Pedreira.
Boa noite snobes.
Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
Boa noite snobes.
Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
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Cronicando pela Ásia... despedida da Tailândia
Bangecoque,
11 de Maio de 2009
Antes de irmos ao dia de hoje deixo uma pequena nota: ontem ainda houve espaço para uma saída. Ali perto da pensão tinha inúmeros bares à mão e lá fui investigar. Deparo-me com um local de música ao vivo, uma excelente decoração e muita gente animada. Vou sendo conduzido por grandes músicas da pop e rock ocidentais, até que finalmente o sono vem. Começo agora a sentir no corpo as longas horas de viagem de quem atravessou o Laos e a Tailândia num só dia.
Chega a altura de almoçar e ir buscar a mochila. Não tenho já muitas horas para apanhar o avião e ainda é um passo largo até ao aeroporto. Num McDonald's perto do jardim botânico da Rainha, tiro uma última e curiosa foto. Até aqui a lei obriga o espaço a ter dois grandes retratos dos Reis. E ali estão eles lado a lado, enquanto eu deito abaixo um hambúrguer.
Saio para a rua e, para minha grande surpresa, as ruas estão cortadas. Vejo um militar de 50 em 50 metros e nenhum carro ou peão passam. Pergunto a alguém que ali circula o que se passa. E dizem-me que vai passar o Rei e a Rainha escoltados. Por respeito, sou aconselhado a ficar parado de frente para a estrada. E assim faço. Ouço um apito ao longe e os carros luxuosos passam. Não consigo ver nada para dentro, o carro dos Reis tem espelhos fumados.
A tropa desmobiliza e todo o mundo volta às rotinas. O apito volta a soar.
Chega a hora de pegar na mochila e partir. Vou até ao fim da rua e apanho um táxi. Passados bons minutos chego ao aeroporto. Tomo um café e entro no voo que me aguarda - frio e gelado, como qualquer voo que se preze da Air Asia.
A luz do dia ainda segue alta quando chegar a Macau. E esperam-me alguns dias para explorar e viver as últimas aventuras desta viagem.
Rodrigo Ferrão
Apanhei-te a ler... dia 7
Jimi Hendrix
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