sábado, 19 de fevereiro de 2011

O velho que lia romances de amor, Luis Sepúlveda

Luis Sepúlveda tem, nesta obra, provavelmente o maior reconhecimento da crítica.

'Bastam vinte linhas para que o leitor fique preso à magia desta falsa candura, desta ilusória ligeireza, sem poder deter-se, até ao fim do romance, que parece chegar demasiado depressa, tal o prazer que a sua leitura dá', diz o Le Monde.

'O velho que lia romances de amor' tem todos os condimentos do grande romance. É passado na Amazónia, por entre os índios. A história de Antonio José Bolívar, o caçador da perigosa onça que aterroriza a região. E que escapa a qualquer branco.


Antonio ri-se das tentativas forasteiras de quem tenta capturar o animal, enlouquecido por ter perdido, um dia, as crias.

'Certo dia decidiu ler apaixonadamente os romances de amor - 'do verdadeiro, do que dói' - que duas vezes por ano o dentista Rubicundo Loachamín lhe leva para distrair as noites solitárias da sua incipiente velhice.'

Esta é a história de um velho. Isolado do mundo nas profundezas da selva. Leiam-no rápido...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Tatuagem de vida

Ainda bem que pouca gente sabe onde escreves... Assim, tenho o privilégio de te lançar ao meu mundo.

"Todos temos medos. Medo disto, medo daquilo, muito medo de arriscar.
Medo de perder o pássaro na mão, de trocar o certo pelo incerto, de andar de cavalo para burro. E se não for para melhor? E se não correr bem? E se me arrepender?

Há pessoas que vivem tolhidas pelo medo. Não vivem, ponto. Sonham com os céus azuis riscados pelas suas asas esplendorosas - passam as noites no escuro a arrancar as próprias penas para que não seja possível ceder à tentação do risco.

O que é que podemos fazer para afastar o medo? Para o afugentar de vez? Não sei.


Mas sei que é possível acordar um dia e o medo que longamente se acalentou está desfeito em mil pedaços - como nuvens levadas pelo vento deixando brilhar um dia de sol que faz esquecer todos as horas cinzentas de angústia. Sei que é possível um dia chorar-se de vergonha pelo tempo que se esvaiu nos braços do medo.

Mas também sei que não há que olhar para trás. E que reconhecer o sabor do medo e saber que já o vencemos uma vez pode ser uma arma poderosa para ter no futuro.

Venha o futuro. Tatuado na pele, a cheirar a amor."

Ana Almeida

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Jack Kerouac, a seu pai Leo


'Quero uma vida inteira a escrever sobre o que vi com os meus próprios olhos, contando tudo com as minhas próprias palavras, de acordo com o estilo que escolher, tenha vinte e um, trinta, quarenta anos, ou qualquer idade ainda mais avançada, e juntando tudo, como um registo de história contemporânea, para que no futuro seja possível ver o que realmente aconteceu e o que as pessoas realmente pensavam.'

Contracapa do seu livro, 'Pela Estrada Fora', da Relógio D'Água

De pequenino...


Hoje descobriu-se mais um escritor sem livro...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Marjane Satrapi, uma forma de estar na vida e nos livros

Marjane Satrapi nasceu no Irão em 1969 numa família bastante moderna. Quando tinha 14 anos de idade, foi enviada para Viena, para fugir do regime ditatorial. Leva uma vida errante por um tempo, e finalmente volta ao Irão, onde casa. Em 1994, depois de se divorciar muda-se para França. Começou a trabalhar no seu romance autobiográfico gráfico "Persepolis". Foi publicada pela L'Association e tornou-se um sucesso instantâneo. Não era só o primeiro livro de BD iraniano, mas também de uma mulher. Desenhou especialmente para informar as pessoas sobre o Irão real, além dos preconceitos que cercam uma ditadura. Marjane Satrapi tem prevista a edição de "Persepolis" em quatro partes, para além da BD já existente e traduzido em várias línguas, uma recolha dos vários volumes que estão na origem do guião para o filme. Além de artista na BD, ela é também escritora e ilustradora de livros infantis.

Adaptado para cinema de animação, "Persepolis" foi imediatamente condenado pelo regime de Teerão que tentou impedir a sua distribuição através de contactos das suas embaixadas. Rapidamente reconhecido pela critica internacional tem marcado presença em vários festivais onde tem também arrecadado vários prémios, entre eles o Festival Internacional de Cinema de Cannes e os Óscares.


Em Portugal, que tenha conhecimento, para além de "Persepolis", estão disponíveis em língua inglesa, "Embroideries" (2005) e "Chicken with Plums" (2006). Este último está neste momento a ser trabalhado para adaptação em filme.

"Chicken with Plums", conta em apenas 85 páginas, uma história de oito dias, inspirado na vida do seu tio, Nasser Ali Khan. Quando encontramos Khan, em 1958 o Irão, é um músico que toca alaúde mas que busca desesperadamente um novo instrumento em que possa replicar a qualidade sonora e emocional do seu velho instrumento. A esta tarefa é acoplado um encontro casual na rua com um antigo amor que já não o reconhece. O livro é breve mas a história é rica. Aprendemos muito sobre a personagem de Khan através da interacção com os amigos e família. Para quem gostou de "Persepolis" vai reconhecer o estilo de Satrapi, o desenho é característico. Há poucos detalhes sobre o período de tempo do Irão neste conto mas o clima político do país é discutido no início da história.


Vale a pena ler o artigo Persepolis: A State of Mind escrito pela autora para a revista Literal. Vale também a pena procurar em websites internacionais de venda de livros, generalistas ou especializados pelo resto da obra de Marjane Satrapi.

Urgentemente

'É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.'


(foto: Escola EB 2/3 de Paranhos, agrupamento Eugénio de Andrade)

A obra de Fernando Cardoso

'Com amizade, admiração e reconhecimento.
Fernando'

Foi assim que Fernando Cardoso se despediu na mensagem que me enviou.

'Na minha página do facebook, tenho vindo a publicar poemas - uns originais outros que constam dos livros "Meu Campo Verde", "Amo, Logo Existo!" , "Ciclo da Vida", "O Meu Memorial" e "Universo da Criança". Embora os meus destinatários preferidos sejam as crianças e os jovens - os Homens do Amanhã ! " Flores para Crianças" é o livro mais conhecido, creio mesmo que foi o que, no género, alcançou o maior número de edições em Portugal: 34.

'(...) infelizmente, a minha editora, a Portugalmundo, está a atravessar grandes dificuldades pelo que não pode publicitar as suas publicações.'


Hoje divulgo a sua pessoa e a sua obra.

'Fernando Cardoso nasceu no Porto, mas aos quatro anos de idade veio para Lisboa, onde subiu a vida a pulso. Começou a trabalhar aos doze anos. É um dos melhores escritores de literatura infanto-juvenil, tendo alguns dos seus livros alcançado o maior numero de edições em Portugal. «Flores para Crianças», uma das suas obras mais conhecidas, atingiu já a 34ª Edição. Muitos dos seus livros estão igualmente publicados em braile. Procedeu à única recolha, a nível nacional, da poesia popular, numa colectânea que consta de quatro volumes. Por tal facto, foi convidado a apresentar, na televisão, a rubrica «Poetas Populares». Notável poeta, publicou cinco livros de poemas. É autor de várias peças de teatro para crianças, jovens e adultos. Actualmente, é professor universitário de Direito e de Literatura Infantil e Juvenil. Mais de meia centena de manuais escolares inserem pequenos extractos da sua vasta obra literária. Fernando Cardoso é, segundo alguns críticos e professores, o João de Deus do nosso tempo, quer como poeta quer como pedagogo. Atendendo ao conjunto da sua obra, foi distinguido com a «Palma de Ouro» pela Accademia Internazionale di Pontzen.'

Deixo, por fim, o repto lançado: 'Gostava que visitasse o meu blog:
http://fcardoso.blogs.sapo.pt/ onde constam os livros que escrevi e as críticas que lhes foram feitas.'

Força Fernando!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Apelo às editoras portuguesas!

É caso para dizer: porque não está traduzido o livro que deu origem a este filme?



Deixo uma sinopse e um convite: encomendem o livro, vejam o filme.


'Tells the story of Marjane Satrapi's life in Tehran from the ages of six to fourteen, years that saw the overthrow of the Shah's regime, the triumph of the Islamic Revolution and the devastating effects of war with Iraq. This book paints a portrait of daily life in Iran and of the contradictions between home life and public life.'

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Floriram por engano as rosas bravas


'Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que num momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze --- quanta flor! --- do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?'