sábado, 13 de agosto de 2011

A Conquista da Felicidade

É Fundamental Cultivar Interesses Exteriores

'Uma das causas da infelicidade, da fadiga e da tensão nervosa é a incapacidade para tomar interesse por tudo o que não tenha uma importância prática na vida. Daí resulta que o consciente está sempre ocupado com um número restrito de problemas, cada um dos quais comporta certamente algumas inquietações e cuidados. A não ser no sono, o consciente nunca repousa para o subconsciente amadurecer gradualmente os problemas inquietantes. Sobrevem assim a excitabilidade, a falta de prudência, a irritabilidade e a perda do sentido das proporções. Tudo isto tanto são causas como efeitos da fadiga. À medida que aumenta a fadiga no homem, diminuem os seus interesses exteriores, e à medida que estes diminuem perde o descanso que eles lhe proporcionavam e fatiga-se ainda mais.


Este círculo vicioso não pode deixar de conduzir a uma depressão nervosa. O que é repousante nos interesses exteriores é o facto de não exigirem qualquer acção. Tomar decisões e exercer a sua vontade é bastante fatigante, especialmente quando é necessário fazê-lo apressadamente e sem o auxílio do subconsciente. Têm razão os que pensam que «a noite é boa conselheira» e que devem dormir primeiro antes de tomar alguma decisão importante, mas não é somente no sono que o processo mental do subconsciente pode realizar-se.


Pode igualmente realizar-se quando o consciente está ocupado em qualquer outra coisa. O homem que consegue esquecer o seu trabalho quando este finda e não pensa mais nele até o dia seguinte, fá-lo-á provávelmente muito melhor do que um outro que se atormente a pensar nele em todo o tempo de descanso. E se tiver outros interesses além do seu trabalho, ser-lhe-á muito mais fácil esquecê-lo quando é preciso. É essencial, no entanto, que esses interesses não ocupem as faculdades já exaustas por um dia de labor. Não devem exigir esforços de vontade nem prontas decisões; não devem também, como o jogo, compreender um elemento financeiro, e duma maneira geral não devem ser excitantes ao ponto de produzirem uma fadiga emocional e absorverem ao mesmo tempo o subconsciente e o consciente.'

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

No Penedo da Meditação

'Aprende-se até morrer...
Mas eu fui mais refractário:
Morrerei sem aprender,
Vida, o teu abecedário!

Nem a Dor, nem o Prazer,
No seu vaivém arbitrário,
Souberam dar ao meu ser
As regras do seu fadário.

O céu trasborda de estrelas,
Mas é cifrado e secreto
Para mim, que não sei lê-las.

Cego, surdo, analfabeto,
De nada entendo o motivo,
Nem quem sou, nem porque vivo...'

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Aníbal Castro

Tenho 82 anos, fui contabilista, tive 3 filhos, 5 netos, 3 dúzias de peixes de aquário, 2 infidelidades do tamanho de Primaveras.

De viagens... uma vida inteira a apanhar cacilheiros.

Faço colecção de pacotinhos de açúcar e caixinhas de fósforos.
Tenho 52.223 pacotinhos de açúcar, 38.999 caixinhas de fósforos e 1 cancro no fígado.


Eu que sempre fui abstémio!
Um cancro que me dá três meses de vida e me inutiliza até a vontade para coleccionar, percebi que agora escolheria afectos, começo a notar em mim uma estranha inclinação para a saudade... isso... ou apenas vestígios das ondulações do Tejo.

Raquel Serejo Martins




George R.R. Martin, escritor do momento

Porque é George R.R. Martin o escritor do momento?

Porque escreveu 'As crónicas de gelo e fogo', a saga que muita gente compra, comenta e quer saber mais. Dizem ser 'o único livro de fantasia a atingir o 1º lugar do top do New York Times e do The Wall Street Journal'. Obviamente que tudo isto podia ser apenas manobra de propaganda... Mas a quantidade de livros vendidos não dá que enganar!


Lançado em Portugal em 2007, foram precisos 4 anos para o fenómeno ter disparado. Não é alheio o facto de ter estreado nos Estados Unidos a série que dá corpo à extensa obra de Martin.

Deixo-vos a sinopse do primeiro livro e dois trailers com a série e uma curta entrevista ao autor.



'Quando Eddard Stark, lorde do castelo de Winterfell, recebe a visita do velho amigo, o rei Robert Baratheon, está longe de adivinhar que a sua vida, e a da sua família, está prestes a entrar numa espiral de tragédia, conspiração e morte. Durante a estadia, o rei convida Eddard a mudar-se para a corte e a assumir a prestigiada posição de Mão do Rei. Este aceita, mas apenas porque desconfia que o anterior detentor desse título foi envenenado pela própria rainha: uma cruel manipuladora do clã Lannister. Assim, perto do rei, Eddard tem esperança de o proteger da rainha. Mas ter os Lannister como inimigos é fatal: a ambição dessa família não tem limites e o rei corre um perigo muito maior do que Eddard temia! Sozinho na corte, Eddard também se apercebe que a sua vida nada vale. E até a sua família, longe no norte, pode estar em perigo.



Uma galeria de personagens brilhantes dá vida a esta saga: o anão Tyrion, ovelha negra do clã Lannister; Jon Snow, bastardo de Eddard Stark que decide juntar-se à Patrulha da Noite, e a princesa Daenerys Targaryen, da dinastia que reinou antes de Robert, que pretende ressuscitar os dragões do passado para recuperar o trono, custe o que custar.'

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Nuno Camarneiro em Agosto

Bilhete de visita:

'Que linhas unem um imigrante que lava vidros num dos primeiros arranha-céus de nova iorque a um rapaz misantropo que chega a lisboa num navio e a uma criança que inventa coisas que depois acontecem? Muitas. Entre elas, as linhas que atravessam os livros.

Em 1910, a passagem de dois cometas pela Terra semeou uma onda de pânico. Em todo o mundo, pessoas enlouqueceram, suicidaram-se, crucificaram-se, ou simplesmente aguardaram, caladas e vencidas, aquilo que acreditavam ser o fim do mundo.
Nos dias em que o céu pegou fogo, estavam vivos os protagonistas deste romance - três homens demasiado sensíveis e inteligentes para poderem viver uma vida normal, com mais dentro de si do que podiam carregar.

Apesar de separados por milhares de quilómetros, as suas vidas revelam curiosas afinidades e estão marcadas, de forma decisiva, pelo ambiente em que cresceram e pelos lugares, nem sempre reais, onde se fizeram homens. Mas, enquanto os seus contemporâneos se deixaram atravessar pela visão trágica dos cometas, estes foram tocados pelo génio e condenados, por isso, a transformar o mundo. Cem anos depois, ainda não esquecemos nenhum deles.

Escrito numa linguagem bela e poderosa, que é a melhor homenagem que se pode fazer à literatura, No Meu Peito não Cabem Pássaros é um romance de estreia invulgar e fulgurante sobre as circunstâncias, quase sempre dramáticas, que influenciam o nascimento de um autor e a construção das suas personagens.'

O autor:

'Nuno Camarneiro nasceu em 1977. Natural da Figueira da Foz, licenciou-se em Engenharia Física pela Universidade de Coimbra, onde se dedicou à investigação durante alguns anos. Foi membro do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra) e do grupo musical Diabo a Sete, tendo ainda integrado a companhia teatral Bonifrates. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património Cultural em Florença. Em 2010 regressou a Portugal, sendo actualmente investigador na Universidade de Aveiro e professor do curso de Restauro na Universidade Portucalense do Porto. Começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido publicados em colectâneas e revistas. No Meu Peito não Cabem Pássaros é a sua estreia no romance.'


Frases de contra-capa:

'E o céu está a arder. Alguém pára e olha, abre a boca e deixa escapa um som que é de espanto ou pavor, à volta ninguém ouve, ninguém vê. Do outro lado da rua repete-se a mesma sequência, e depois e depois. Após alguns minutos há ruas inteiras a olharem para o céu, bocas muito abertas, frases que são ditas em muitas línguas, rezas também. A ninguém lembra correr porque não se pode fugir de um céu a arder, ninguém sabe esconder-se de deus nem do fogo que vem de cima.'

'Alguns homens são de tripas e escamas, depois de amanhados ficam um pouco que não chega e mal se vê. Há outros em que tudo se aproveita, homens com segredos nas entranhas e na pele, que contam histórias sem fim. São esses os homens bons e às vezes nem homens são, mas cães ou gatos, ou crianças que brincam umas com as outras.'

Silêncio


'Já o silêncio não é de oiro: é de cristal;
redoma de cristal este silêncio imposto.
Que lívido museu! Velado, sepulcral.
Ai de quem se atrever a mostrar bem o rosto!

Um hálito de medo embaciando o vidrado
dá-nos um estranho ar de fantasmas ou fetos.
Na silente armadura, e sobre si fechado,
ninguém sonha sequer sonhar sonhos completos.

Tão mal consegue o luar insinuar-se em nós
que a própria voz do mar segue o risco de um disco...
Não cessa de tocar; não cessa a sua voz.
Mas já ninguém pretende exp'rimentar-lhe o risco!'

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ler nas praias...

É nas praias que vejo mais portugueses com livros. Não sei se isto é necessariamente bom...

Querem melhor local para nos exibirmos? Para comparar as 'galinhas' que trazemos às do vizinho? Pois bem, vi mais livros pousados do que lidos. Entre os que vi, a grande maioria é do Natal passado; o que pode comprovar a minha suspeita que os portugueses só lêem uma vez por ano: normalmente o vencedor dos top´s de Dezembro. O que mais vi, então, pelas nossas praias foi 'Fúria Divina' de José Rodrigues dos Santos.

Mas pode ter sido mera casualidade...


Depois os fenómenos da actualidade, como o menino que morreu durante uma operação e foi lá acima falar com Deus. Regressou para contar 'O Céu Existe Mesmo'. Disse-me um amigo ligado à Leya que este livrinho pode vender 3 mil a 4 mil exemplares por semana em Portugal.

Mas a grande surpresa é a saga de George R. R. Martin. A dominar os top's deste verão, por culpa de dois factores: a estreia da série nos Estados Unidos e o preço 'bárbaro' que a Fnac fez dos primeiros exemplares da saga (40%). Resta saber se vão ter pedalada para ler todos os outros... Vi alguns nas praias portuguesas.

O meu caso é muito diferente dos portugueses. Uma semana na praia serve para apanhar sol, passear, tomar um banho. Não para ler livros. Na verdade, ler é algo que faço o ano todo. Como tal, praia e sinónimo de férias da 'profissão'.

E os meus amigos? O que levam para a praia? [Para ler, entenda-se...]

domingo, 7 de agosto de 2011

O Cortejo Ingénuo dos Nossos Sonhos

'Não desenhamos uma imagem ilusória de nós próprios, mas inúmeras imagens, das quais muitas são apenas esboços, e que o espírito repele com embaraço, mesmo quando porventura haja colaborado, ele próprio, na sua formação. Qualquer livro, qualquer conversa podem fazê-las surgir; renovadas por cada paixão nova, mudam com os nossos mais recentes prazeres e os nossos últimos desgostos. São, contudo, bastante fortes para deixarem, em nós, lembranças secretas que crescem até formarem um dos elementos mais importantes da nossa vida: a consciência que temos de nós mesmos tão velada, tão oposta a toda a razão, que o próprio esforço do espírito para a captar a faz anular-se.


Nada de definido, nem que nos permita definir-nos; uma espécie de potência latente... como se houvesse apenas faltado a ocasião para cumprirmos no mundo real os gestos dos nossos sonhos, conservamos a impressão confusa, não de os ter realizado, mas de termos sido capazes de os realizar. Sentimos esta potência em nós como o atleta conhece a sua força sem pensar nela. Actores miseráveis que já não querem deixar os seus papéis gloriosos, somos, para nós mesmos, seres nos quais dorme, amalgamado, o cortejo ingénuo das possibilidades das nossas acções e dos nossos sonhos.'