
Oscar Wilde escolhe todas as palavras. Uma a uma. 'O retrato de Dorian Gray' entra directamente para a minha galeria de livros obrigatórios.
Um homem belo é admirado pela sociedade. Faz sucesso sempre que passa por qualquer mulher. Todo ele é confiante e encaixa no perfil costumeiro das grandes festas de salão. Um dia, o seu rosto é pintado num quadro. A sua verdadeira cara mantém-se jovem e bem tratada, mas a da tela vai envelhecendo. Este espelho de si mesmo, leva-o à loucura e a cometer e ocultar certos crimes para esconder o quadro de toda a gente. Até que, no final, ele póprio é vítima da pintura e do monstro que criou.
É bom regressar ao século XIX e ver como a escrita mantém-se sempre actual. Entre muitos trechos, deixo umas reflexões:
"Os únicos artistas que tenho conhecido, se são pessoalmente deliciosos, são maus artistas. Os bons artistas existem simplesmente no que fazem, e, por conseguinte, no que são nenhum interesse despertam. Um grande poeta, um poeta realmente grande, é a menos poética de todas as criaturas. Mas os poetas inferiores são absolutamente encantadores. Quanto piores são as suas rimas, mais pitorescos eles parecem. Só o facto de haver publicado um livro de sonetos de segunda classe torna um homem deveras irresistível. Vive a poesia que não pode escrever. Os outros escrevem a poesia que não ousam realizar."
"Quando uma mulher se casa segunda vez é porque detestava o primeiro marido. Quando um homem se torna a casar é porque adorava a sua primeira esposa. As mulheres experimentam a sua sorte; os homens arriscam a deles."
(É necessária uma pequena nota a esta última citação: o autor refere-se à viuvez...)