sábado, 3 de novembro de 2012

In Os Papéis de Rachel


Abordámos uma boa variedade de tópicos, por esta ordem: pêras-abacate, petroleiros, as ilhas Maurícias, termos de alfaiataria, o tamanho da sala, o preço das propriedades em Londres, velas, atoalhados de mesa, garfos, colheres de café. Devemos com certeza ter alguma coisa em comum. A certa altura apeteceu-me perguntar: “Como é que se soletra Homo sapiens?”


Depois de Jorge Silva Melo


Uma semana de “postas” do Jorge Silva Melo e fiquei a conhecer Vasco Pratolini (Florença, 19-10-1913 – Roma, 12-01-1991), um dos mais importantes escritores italianos do século XX, Natalia Ginzburg (Palermo, 14-07-1916 – Roma, 07-10-1991), romancista, ensaísta, recebeu os Prémios Strega e o Bagutta, Álvaro Lapa (Évora, 31-07-1939 – Porto, 11-02-2006), pintor e escritor, professor na Escola de Belas Artes no Porto, Max Frisch (Zurique, 15-05-1911 – Zurique, 04-04-1991), arquitecto, escritor, filósofo, vencedor em 1986 do Neustadt International Prize for Literature), Nathalie Sarraute (Ivanovo,18-07-1900 – Paris, 19-10-1999), advogada, porque judia impedida de exercer sob o domínio Nazi, escritora, vencedora do Prix Formentor, José Maria Fernandes Marques, obviamente, de Guimarães, cidade que o viu nascer a 25 de Novembro de 1939, engenheiro de formação, artista plástico para nosso contentamento!
Pelo que, mais uma vez consciente do tamanho da minha ignorância, sinto-me um gato pançudo, regalado num telhado ao sol depois de ter roubado o peixe do jantar da vizinha.
E que rico vizinho!


Mas, apesar do espólio supra, o que guardo como objecto de admiração, não é a admirável bagagem de Jorge Silva Melo que se, ao caso, bagagem não fosse uma metáfora, não conseguiria mexer um dedo, entalado e soterrado por malas e baús, tal o tamanho!
O que guardo de Jorge Silva Melo é a evidente curiosidade, o manifesto gosto, a contestatária vontade de partilhar, preservar e defender tudo o que o encanta, no sentido de assim encantar o outro, os outros e, se não é isto que nos define como seres humanos, então eu não sei o que é!

E, não sei se estou a ser suficientemente clara, mas eu explico, com um exemplo prático, segue uma “posta” que roubei (os gatos têm fama de ladrões competentes) do muro do seu Facebook (nunca se escreveu tanto em muros, mesmo se virtuais!):

“Imaginem, julgava que éramos só nós, a EDUARDA DIONÍSIO e eu que gostávamos de SANTOS FERNANDO, escritor, homem de jornais, prosador, humorista (eu acho-lhe uma imensa graça e tento há anos que o leiam, o republiquem, se lembrem dele, ele que deixou os seus livros para se fazer uma BIBLIOTECA PÚBLICA e ela ali está ao alto de umas escadas na PADARIA DO POVO, em Campo de Ourique. E ao acaso desta noite aborrecida encontro num post de uma Facebookfriend, MARIA MANUEL, um texto dele, tão bonito, tão bem escrito. Por jornalistas assim, eu encetaria amanhã cinco greves da fome.

O elétrico, de Santos Fernando

Com a mão de fora, o velhinho apanhava as folhas das árvores. Via nas faixas de rodagem camufladas com as folhas das árvores e dava grandes gargalhadas, como se o outono fosse dele. Sentados no mesmo banco, o rapaz e o velhinho eram os únicos passageiros do carro elétrico. Todos os outros bancos, incluindo os laterais, e ambas as plataformas, estavam ocupados por hirtos e silenciosos ramos de flores.
— O senhor tem sorte — disse o rapaz ao velhinho. — Conseguiu o melhor lugar. Um dia, quando casar, como afirmou Saroyan, nunca mais apanhará o lugar da janela.
O velhinho piscou um olho malicioso, de bom vidro alemão de antes do III Reich.
— Hei de manter-me solteiro para aproveitar e gozar uma senilidade tranquila. Não me quero privar nem das janelas, nem do amor.
— Viaja há muito tempo neste carro?
— Oh, sim. Desde o tempo em que os "elétricos" falavam.
As ruas solitárias e envolvidas por um rastro de fumo azulado tinham amanhecido cobertas da minúscula flor do miosótis. Trepadeiras gigantes revestiam os prédios. Bisbilhoteiros cachos de buganvílias debruçavam-se das varandas. Nas paragens, nervosos girassóis e rosas petulantes aguardavam em bicha o seu transporte popular. E as folhas iam caindo com tal precisão que formavam grandes livros alinhados pelas avenidas. Às vezes, um sopro de vento vindo das montanhas virava-lhes as páginas vegetais até aos capítulos mais empolgantes. O mês de novembro escorria como azeite com um grau de acidez. O sol, aquecido em lume brando, empapava a cidade.
— E que fazia o senhor antigamente, antes de viajar de carro elétrico? — perguntou o rapaz.
Tinham chegado à praça da Tulipa Negra. A estátua da tulipa erguia-se majestosa e isolada no centro da rotunda. Nas esplanadas, aproveitando o verão de São Martinho, os goivos e os gerânios que faziam parte da tripulação de um barco surto no rio, os malvaíscos da Alfândega, os cóleos da estiva e as margaridas dos escritórios das redondezas, aproveitando a hora do almoço, bebiam grandes copos de água. Dois amores-perfeitos beijavam-se junto à estátua, enquanto pequenos narcisos, de uma escola primária, ouviam atentamente as explicações de uma jovem papoila aberta em vermelho à sua erudição.
— Antes de viajar de carro elétrico — respondeu, por fim, o velhinho — era industrial. Fabricava bolas de sabão. Uma ciência que vinha então de pais para filhos. Aparentemente fácil, como transformar o ouro em cobre. Mergulha-se um canudo na água do sabão e depois soprava-se. Assim... — o velhinho encheu as bochechas. — Da minha fábrica saíam por dia, para os cincos cantos do mundo, as mais vistosas bolas de sabão produzidas no país. O céu da cidade era um deslumbramento de balões coloridos, transparentes, diáfanos. Enquanto espetavam o nariz no ar, os homens não metiam o nariz nos problemas dos outros. E as mulheres tinham uns olhos mais belos por os abrirem desmedidamente à fantasia policrômica do espaço. Durante a noite havia milhares de luas que se precipitavam com suaves estampidos pelas chaminés das casas e vinham aureolar nos jardins a cabeça dos notívagos, dos vagabundos e dos namorados.
— E ganhava muito dinheiro com isso, senhor?
— Oh, não — suspirou o velhinho. — Os poetas não ganham dinheiro. Um dia tive que fechar a fábrica. Os poetas não ganham dinheiro. Já nem me fiavam o sabão. Tentei ainda, numa água furtada, produzir bolas mais econômicas. Mas não há ersatz (1) para a beleza. As bolas saiam defeituosas; bicudas, quadradas, pálidas, efêmeras. Subiam apenas à altura da cabeça dos homens, excessivamente baixo. As bolas já não tinham vida, nem transportavam no colorido a mensagem de uma cidade de meninos. Nem saltitavam nos telhados, nem entravam pelas janelas, nem rebolavam nas camas, nos tapetes de relva, no empedrado, nos caracóis dos petizes. E a multidão ria das minhas bolas. E eu pensei que a cidade já não merecia as minhas bolas de sabão. Os poetas não ganham dinheiro.
O "elétrico" deteve-se subitamente. Cóleos, begônias e lobélias tombaram para diante.
— Mas ainda tenho uma das primeiras, das autênticas.
O rapaz viu o velhinho tirar do bolso um frasco e um tubo de plástico, e soprar através do tubo.
Uma rutilante bola de sabão ficou momentaneamente suspensa no ar. Mais pequena, uma lágrima do velhinho tombou do olho de vidro alemão de antes do III Reich.
Então o rapaz disse, em voz baixa:
— Bem, avô, é altura de acabarmos com esta farsa.
E com um movimento, rebentou a bola de sabão. Como se tivesse rebentado um enorme caleidoscópio. A campainha tocou, puxada energicamente pelo condutor.
O velhinho sorriu a sua tristeza murcha e fechou a janela, enregelado. O "elétrico" pôs-se em marcha, as flores desapareceram, e os passageiros, empurrando-se, começaram todos a falar ao mesmo tempo.”

Fiz-me perceber?
Assim que, pessoas como o JORGE SILVA MELO eu quero ter sempre por perto, o CLUBE DE LEITORES quer ter sempre por perto!

Cronicando pela Ásia... Banguecoque (Capítulo III)

Banguecoque, 16 de Abril 2009
Capítulo 3

Depois de umas horas de sesta, acordo para jantar. O primeiro dia na Tailândia foi exigente. Clima, emoção, caminhadas, pessoas... Os meus olhos não conseguem acompanhar tanto movimento. Os meus pés não obedecem. O suor escorre-me por todo o corpo.

Saí para jantar num dos inúmeros restaurantes de Khao San Road. O quarto onde durmo fica colado a um bar/restaurante onde a música tecno abunda. Sem limites de ruído! Não me incomoda nada. Podia estar a acabar o mundo. Estou nem aí, penso...

Quando saio, olho a meu redor. Os meus olhos demoram a acreditar no que vejo. É o último dia de comemoração do ano novo (demora uma semana). E as pessoas estão todas na rua. Muito simples: velhos, novos, bebés, mulheres e homens concorrem entre si para ver quem consegue encharcar mais o próximo. É ver a avó a responder a uma bisnagada do neto de dois anos com um balde de água cheio, a filha a apontar uma bisnaga super potente aos olhos do pai, tailandeses contra estrangeiros... Tudo vale. 


E muita lama... As pessoas passam-nos um pouco na cara. É sinal de boa sorte para o ano que vem.

Segui pela berma da rua. Tentei fugir o melhor que pude, não estava armado. Mesmo sem querer, lá tomei um banho de rua. Só não fiquei encharcado porque o cansaço morava em mim e regressei rápido ao quarto. 

Até podia estar na festa mais louca e divertida do mundo, mas os ossos quebravam e o dia seguinte tinha despertador marcado para as 6 da manhã. Vinha aí uma visita a um sítio invulgar...

Rodrigo Ferrão

a-ver-livros: sábado e Albert Joseph Moore

Chamo-lhe cansaço como lhe podia chamar outra coisa,
chamo-lhe cansaço por estar demasiado cansada
para pensar noutra coisa para lhe chamar,
chamo o cansaço por que não quero chamar a tristeza 
e sei que ela viria, bastava um aceno.

Chamo-lhe cansaço e aceito-o.
Não tenho forças para discutir comigo mesma.

* para conhecer mais do pintor britânico Albert Joseph Moore
siga o link www.artrenewal.org/pages/artist

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Poema à noitinha... José Luís Peixoto

Explicação da Eternidade*

«devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.»

  • José Luís Peixoto nasceu em 1974. «É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (inglês e alemão) pela Universidade Nova de Lisboa. Antes de dedicar-se profissionalmente à escrita em 2000, trabalhou como professor na cidade da Praia (Cabo Verde) e em várias cidades de Portugal.»
  • «Pode considerar-se que a sua obra se encontra alicerçada no género romanesco, mas tem publicado poesia, teatro e prosa em diversos géneros. Recebeu o Prémio Jovens Criadores (área de literatura) nos anos de 1997, 1998 e 2000.»
  • «Em 2001, o seu romance «Nenhum Olhar» recebeu o Prémio Literário José Saramago.»
*in "A Casa, A Escuridão" - Temas & Debates. 

Clube de Leitores COM_vida: Jorge Silva Melo


NINGUÉM ME TIRA

Pois é, ninguém me tira este prazer, o dos primeiros ensaios, quando, da letra do livro (ou da miserável fotocópia), os olhos dos actores se começam a levantar, quando o corpo começa a tomar conta das palavras, quando elas saem na harmonia dos desenvolvimentos. Passámos, esta semana, duas tardes a ensaiar POR TUDO E POR NADA, o belíssimo desafio de Nathalie SARRAUTE. Só nós os três, o Pedro Carraca, o João Meireles. A Rita Lopes Alves apareceu com umas propostas de guarda-roupa, coisa para vermos como serão as calças, o camisolão para o João Meireles (temos que perceber que ele está em casa, sempre em casa), o fato para o Pedro Carraca (temos de perceber que ele veio da rua), o tom para o cenário (eu digo: "um bom apartamento da Cinco de Outubro, mas já sem pais, esvaziado de móveis, só o sofá, duas cadeiras, uma mesa/secretária). E lembro-me daquela belíssima gravura que me ofereceu um dia o JORGE MARTINS, em papel estranhamente verde: uma porta entreaberta, luz que passa, uma frincha. E é disso que trata a peça: a brecha, a frincha, o abismo, a luz que passa ou rasga. Ninguém me tira essa alegria, a de ir apalpando o texto, de ir vendo os corpos descobrir em si mesmos a noite das palavras, a de ir vendo os actores (sempre eles, os ressuscitadores) a acendê-las.

(fotografia de Jorge Gonçalves de um ensaio de POR TUDO E POR NADA
com Pedro Carraca e João Meireles, Artistas Unidos)

Jorge Silva Melo
(Convidado do Clube de Leitores)

1º Parágrafo: Coração, Cabeça e Estômago


O meu noviciado de amor passei-o em Lisboa. Amei as primeiras sete mulheres que vi e que me viram.


* Publicado em 1862
* O livro começa com o autor explicando que Silvestre da Silva morrera há seis meses
* A primeira parte do romance é a do coração. Silvestre conta a história das sete mulheres por quem se apaixonou
* A segunda parte é a da cabeça, quando Silvestre começa a tramar planos para obter o sucesso na vida.
* A terceira parte é a do estômago. Silvestre recolhe-se à sua casa em uma aldeia e decide "regular o estômago", procurar a paz. 

a-ver-livros: viajar com Kristyna Litten

Queria um livro 
que me desse o mundo
assim sem mais

e talvez a capacidade de viajar
no tempo

* para conhecer mais do trabalho da ilustradora britânica Kristyna Litten
siga o link www.kristynalitten.com


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Clube de Leitores COM_vida: Jorge Silva Melo


O QUE PASSA DE UMA COISA PARA OUTRA

Estandartes em papel de seda das festas gualterianas, ex-votos, desenhos de Teixeira de Pascoaes, esculturas africanas, telas, caixas, relicários, néons, instalações, arcos festivos, bonecos em papel de seda, máscaras, luxuriantes paramentos, filmes, fotografias, ex-votos ingénuos ou tétricos, estátuas de santos, desenhos, letras, é de tudo isso feita a maravilhosa exposição PARA ALÉM DA HISTÓRIA que, a partir da colecção de arte tribal africana de JOSÉ DE GUIMARÃES irradia no Centro Internacional das Artes que leva o nome do artista na Capital que agora é lá em cima, no Minho. Organizada pelo Nuno Faria em colaboração próxima com o artista (aqui também coleccionador), esta é uma exposição-farol. Ao sair para a rua, depois das 13 esplendorosas salas, ficamos a perguntar-nos de novo, extasiados: onde começa a arte, onde acaba a festa, para onde vai a religião, o que é a íntima meditação? E ficamos com uma certeza: JOSÉ DE GUIMARÃES não é aquilo que sabíamos até agora, artista que reconhecíamos de longe e de logos. Esta visita revela-nos uma outra intimidade, esta colecção de arte africana (única, a meu ver, tal a intensidade das peças) é um caderno de íntimos pensamentos, a verdadeira oficina. E que irradia para a frente, para o lado: a presença absoluta do humano na vontade incessante de se apropriar da matéria, ingénua ou sabiamente, tradicional ou inovadoramente, o humano. Como foi possível montar esta exposição, conseguir esta ideia, teimar por ela, conseguir realizá-la, poder mostrá-la neste triste Portugal de todas as resignações, não sei. Sei que nada será como dantes nem naquela cidade, nem no nosso contacto com os limites da arte. Que isto se passe ali, no seu Minho, é coisa que me espanta. E lá vou eu ter que voltar.

(imagem da exposição PARA ALÉM DA HISTÓRIA
actualmente patente no Centro Internacional das Artes José de Guimarães)

Jorge Silva Melo
(Convidado do Clube de Leitores)

O meu livreiro é assim.. como nós


O meu livreiro não tem nome, tem nomes. Não tem morada, está um bocado por aí, por todo lado... não, não é Deus, nenhum deles. O meu livreiro são muitos livreiros. Eu próprio sou livreiro de muitas pessoas, às vezes com "casa", às vezes sem "casa". O livreiro não tem fronteiras, está na cidade onde estou, onde estive, onde possa vir a estar. Está sempre à distância do esticar de uma mão para uma prateleira.

O meu livreiro é muitas vezes o meu amigo, a minha amiga, aquele que está ao lado quando é preciso. A biblioteca lá de casa às vezes também é o meu livreiro e livraria. A biblioteca da cidade, da faculdade, a biblioteca daquele amigo a quem pedimos um conselho sobre este ou aquele livro, acabam por ser livreiros também.

Isto tudo porque o meu livreiro não tem só uma livraria, não trabalha somente numa livraria. O meu livreiro gosta de livros. Ama livros. Não o vende como os outros, não os arruma como os outros, não lhe chama produto. Sabe os seus nomes e os seus autores e editoras como a professora da primária sabe o nome dos alunos e dos pais. O meu livreiro lê, não porque tenha que ler mas porque gosta de o fazer.

O livreiro é, sou, somos... um profissional em extinção, deparando-se com o naufrágio do seu sonho. A toque pessoal, a afinidade, o prazer de ver um cliente e amigo a sair pela porta da loja com um óptimo livro nas mãos, perdeu-se para a impessoalidade, a mecanicidade, o desconhecimento e o interesse de livrar-se o mais rápido do cliente x ou y, o número x ou a venda y, com o intuito de garantir outra venda.

Entre os mais humildes comércios do mundo está o livreiro embora a sua "mercadoria" seja a base da civilização, pois é nela que se fixa a experiência humana. O livro não interessa ao nosso estômago nem à nossa vaidade. Não é, portanto, compulsivamente adquirido. Será?

Ou existem ainda os esfomeados de livros? O meu livreiro tem urgência de mudar a nossa situação actual. O meu livreiro e eu. Eu e aqueles de quem sou livreiro. Urge realmente uma mudança. Urge a fome de letras e que os livros voltem a ser nossos.

Já agora, a livraria mais antiga do mundo, em actividade contínua no local actual, é a Livraria Bertrand, em Lisboa, na rua Garret 73/75, desde 1773. E também lá, já tive os meus livreiros.

E acabava citando o Jaime Bulhosa (a partir do blogue da Pó dos Livros), porque escreve e descreve tão bem o que eu sinto sobre o meu livreiro, sobre o ser livreiro.

"Um livreiro é um homem que quando descansa lê; quando trabalha lê; sobretudo catálogos, facturas, sinopses, títulos, autores, fichas técnicas, mas lê; quando passeia, detém-se diante das montras de outras livrarias e inveja os livros que os outros podem ler; quando vai a outra cidade, a outro país, visita outros livreiros, compra mais livros e lê; quando não está a ler fala sobre livros; quando fala sobre livros faz os outros lerem."

1º Parágrafo: A Brasileira de Prazins


Marta era filha de um lavrador mediano que tinha em Pernambuco um irmão rico de quem dizia o diabo. Chamava-lhe ladrão porque, no espaço de vinte anos, lhe mandara três moedas, com os seguintes encargos: à mãe 6$000 réis fortes, às almas do Purgatório, de Negrelos, 3$000 réis também fortes, que lhos prometera quando embarcou, e o resto para ele.


* Publicado em 1882, é considerando o último grande romance do autor.
* Segundo João Bigotte Chorão: "De toda a ficção camiliana é o título em que, a nosso ver, o leitor encontra o melhor Camilo, tanto no sentimento forte como na ironia, e ainda na linguagem, ao mesmo tempo rica e castiça..." 

Cronicando pela Ásia... Banguecoque (capítulo II)

Banguecoque, 16 de Abril 2009
Capítulo 2

Curiosa imagem.

Os polícias em Macau têm a mesma farda que os de Portugal. O clássico azul, mas em corpos pouco nutridos. De olhos afiados em bico. Magrelas. A pistola devia ter metade do peso de cada um deles!

E nisto, na Tailândia, capto uma foto que vale ouro. Um grupo de polícias de intervenção. Dois deles de óculos escuros, o mais na moda possível. E, se repararem bem, parece que estão orgulhosos por serem fotografados. A posse autoritária é misturada com um leve sorriso para a câmara.


Banguecoque. Cidade que vivia politicamente uma crise quando cheguei... Toda a gente se mostrou preocupada. Eu nem tanto. Nunca me senti ameaçado pelas duas facções: de um lado os apoiantes do actual Rei. Por outro, os preocupados com a sua sucessão. Os Reds e os Yellows. Na verdade, trata-se de receio em relação à Rainha e ao Príncipe e futuríssimo governante. 

Era uma luta entre eles. Nós turistas não temos nada a ver com isso. Mantivemos o estatuto - valemos dólares, estadia, refeição e compras. Posso afirmar que nunca tive problema com os senhores de farda. Apenas uma paragem para revistar a mala quando seguíamos em viagem para Norte.

Mas ainda falta muito para lá chegarmos.

Rodrigo Ferrão

a-ver-livros: selvagem ou Lori Pensini

Tenho um cavalo selvagem
algures no meu olhar

Não me prendas
não me prendas que te fujo

* para conhecer mais do trabalho da pintora australiana Lori Penini
siga o link loripensini.com

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Do Quénia para aquecer esta noite... Um pensamento de Ngũgĩ wa Thiong’o

Ngũgĩ wa Thiong’o é escritor de novelas, peças teatrais, contos e ensaios, da crítica social à literatura infantil. Nasceu em 1938, no Quénia. 

«A Amnistia Internacional tomou-o como prisioneiro de consciência e o artista foi libertado da cadeia, saindo do país. Nos Estados Unidos, ensinou na Universidade de Yale durante alguns anos, e também na Universidade de Nova Iorque, nas áreas de "Literatura Comparada" e "Performance Studies". Ngũgĩ vê muitas vezes o seu nome nas listas de candidatos ao prémio Nobel da Literatura.»


Do seu livro "Wizard of the Crow", sai este sublinhado. E vai mesmo assim, sem tradução! Espero que gostem.

” ‘Go home now,’ he told me in a gentle voice, ’ and all you have to do is find out if there has been a road accident involving matatus. If not today then tomorrow, if not tomorrow then the next day. Your enemy is most likely one of the fatally injured. From today on, never molest a beggar, a diviner, a healer, a wizard, or a witch. If you ever do any harm to the helpless, this magic will turn against you. Everything that you have, including peace of mind, will be taken away. Go now. Your actions will be the mirror of your soul. Look into the mirror, always.’

“I hesitated. He asked me if I had anything else on my mind. Yes, there was something else pressing. Although I had seen a mental outline of an image, I still could not tell who my enemy was even if I were to meet him in the street. I asked the wizard: ‘Can you tell me the name of my enemy, the one whose image you scratched?’

” ‘No,’ he said. ‘I don’t want you to go sleepless at night obsessing about his disappearance. Your own actions are a better mirror of your life than the actions of all your enemies put together. That is why I told you to watch what you do to others instead of always thinking about what others do to you.’ “

*Agradeço a publicação no meu mural do Facebook, por parte de Isabel Matos Pereira.

Clube de Leitores COM_vida: Jorge Silva Melo


UM TEATRO PARA ÁLVARO LAPA?

Enigmática, secreta, estranha, irredutível a escrita de Álvaro Lapa, pintor. E, no entanto, há quem, no mundo dos espectáculos (a que ele era tão avesso) o queira. Até sábado, no nosso TEATRO DA POLITÉCNICA, João de Sousa Cardoso e Ana Deus apresentam RASO COMO O CHÃO (foto de João Tuna). E não é a primeira vez, já tinham pegado em PORQUE MORREU EANES e nós pegámos em BARULHEIRA que o João Meireles trabalhou em 1998. Que engraçado.
E foi sobre ele que fiz um filme, e sobre ele escrevi:
"Em entrevista dada em 1971 ao jornal A Capital, e com o título extraordinário  A Degradação do Silêncio, escreveu Lapa (e é visivelmente escrita esta entrevista lapidar): “Do que eu vivo e dou a ver é da recusa. Sugiro um exemplo, o da interrogação acessível a qualquer homem. Mas também traduzo a resposta em forma de solução prática, e aqui me quereria ver mais acompanhado. Por exemplo: supôs-se finalmente, que eu sugeria atitude avessa ao século. Por falta de empenho em viver dele? Por desinteresse óbvio para com as manhas que o absolvem? Por lhe não pertencer, de algum modo, o aborrecer? Sim, é patente na minha obra a função de recusa. Mas tem-se mais para ver, se se aceitar a recusa ao fundo do nível, em que o que há não são os nomes e os pleonasmos, e as coisas encorpadas do luxo mole, mas a permanente retirada do ser ante os olhos, e a sua recriação impotente, que é o efémero destacar-se em fundo de vazio, há o Tempo, oh prováveis testemunhas, há a minha morte a desmascarar os exageros do langor animal. Qual é a solução prática?, respondereis. E eu pergunto-vos, provavelmente em pintura: todas as soluções são práticas. Por exemplo? A criação de um acto. Outro exemplo? A sua aceitação sem culpa. Outro ainda? A sua comunicação. Sabeis somar: o optimismo incurável de dever morrer.”
Raso como o chão: campa, tábua sobre a terra, mesa, nada, a morte anda aí, o optimismo irrecusável.
E se Lapa escreve, eu nunca diria que é para lembrar nem sequer para fixar o perdido acaso, e volto a Blanchot: “Presente, já a sua própria imagem, e a sua imagem, não a recordação, o esquecimento de si mesma. Ao vê-la, ele via-a tal como ela haveria de ser, esquecida.” (L´Attente, l´Oubli)."
Que bom!

(Raso como o Chão, Ana Deus, fotografia de João Tuna)

Jorge Silva Melo
(Convidado do Clube de Leitores)

1º Parágrafo: O Retrato de Ricardina


O abade de Espinho, um dos mais ricos da diocese de Viseu, pecara na mocidade.


* Publicado em 1968, O Retrato de Ricardina... ou, os amores infelizes de Ricardina Pimentel, filha do Abade de Espinho, e Bernardo Moniz, estudante de Direito.

a-ver-livros: voos com Yoko Tanji

Pediram-me um pássaro 
e os olhos encheram-se-me de penas
e de páginas
e de pensamentos que podiam
vir dentro de um livro

Abri as asas 
e pousei aqui.

* para saber mais sobre o trabalho da ilustradora japonesa Yoko Tanji
é seguir o link tanji.jp/blog/

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Clube de Leitores COM_vida: Jorge Silva Melo


A VÁRIAS VOZES

Disse-o a maravilhosa Natalia Ginzburg (editada entre nós pela Cotovia há alguns anos e os volumes não esgotaram): quando começamos a escrever teatro, deixamos de usar o nosso "eu". "Eu" tanto pode ser o jornalista que inventámos como a celebridade que esse jornalista na nossa imaginação vai entrevistar. Ou "eu" pode ser a criada que abre a porta. Ou a rapariga frívola que casou "per allegria", como escreveu logo na sua primeira peça "Casei contigo por alegria". É esse o prazer arrebatador do teatro: o narrador explode em várias vozes, elas encontram-se, desencontram-se, revelam-se, escondem-se, calam-se. "Nunca mais deixei de ter esse prazer, de inventar personagens que posso tratar não por "ele" ou "tu" mas cada uma como um outro "eu".
E é esse o prazer de ler teatro, irmos de passeio pelas vozes nuas das personagens, sem sabermos como se vestem naquele dia, nem sabermos bem como é mobilada a casa "elegante" ou o "tugúrio" que nas sempre breves indicações de cena lá surgem. Cresci a ler teatro (mesmo quando não pensava tirar disso o magro sustento) que na altura era publicado nas mesmas editoras e nas mesmas colecções que os melhores romances. E lia Jean-Paul Sartre na Europa-América, Arthur Miller ou Ibsen na Presença, Max Frisch na Portugália, Jarry na Minotauro, Camus nos Livros do Brasil. Agora, a edição de teatro soltou-se das editoras chamadas normais, tem pequenas prateleiras ao fundo das poucas livrarias, é coisa de especialistas (o que contraria profundamente a sua longa e universal história...). Cotovia, Bicho do Mato, Relógio d’Água ainda ousam publicar de vez em quando - e autores fantásticos. A Livraria do Teatro Nacional (no Rossio) tem uma boa selecção e encontram-se raridades. E nós, os Artistas Unidos, publicamos os Livrinhos de Teatro: livros pequeninos, baratos, modestos, maravilhosamente paginados pelo Pedro Serpa a partir do desenho que para nós criou o Olímpio Ferreira. E já editámos setenta títulos, ou seja, umas cento e muitas peças, inéditas, de vários países, de muitas línguas, muitos autores. Uns venderam pouco, outros já esgotaram. E agora revejo provas de um que sairá no início de 2013, que bom: este que vai na imagem. Quem diria? Com a idade, já cheguei a editor de Jean-Paul Sartre. Que honra, que alegria.


Jorge Silva Melo
(Convidado do Clube de Leitores)

Só para não dizerem que ando desaparecido... fui ali buscar um sublinhado de Laxness!

Este mini sublinhado não é mais do que um parágrafo perdido na imensidão que é «Gente Independente» de Halldór Laxness. Fala de tacto. E mais qualquer coisinha...

«E quando ele a tocava daquela maneira, já não se sentia triste, esquecia-se da tristeza, era tão raro ele tocá-la. Mas quando assim era ela encostava-se junto do seu peito e sentia que era ele o poder mais forte do mundo. Havia um lugar abençoado no seu pescoço, entre o colar da camisa e a raiz da barba, e quando a boca dela tremia no mais acalorado dos choros desejava esse lugar; e encontrava-o. Assim as adversidades do mundo desapareciam, porventura de repente, só um instante na escuridão, e afastavam-se.»


1º Parágrafo: A Queda de um Anjo


Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado da Angra de Freimas, tem hoje quarenta e nove anos, por ter nascido em 1815, na aldeia de Caçarelhos, termo de Miranda.


* Publicado em 1866, A Queda de Um Anjo... ou, a vida, em Lisboa, de Calisto Elói de Silos e Benevides, fidalgo minhoto eleito deputado.

a-ver-livros: o gato escondido e Anna Hymas

No jardim, o sol de inverno
mistura-se com os pardais
e há um gato escondido na árvore
lá atrás
abre-se um estore na casa amarela
e um homem passeia um cão e um filho
e outro vai para o trabalho
sem reparar no estore
ou no cão ou no miúdo
ou no outro homem
ou nos pardais

Como daria sequer pelo gato escondido 
na árvore pela minha imaginação?

* para conhecer mais do trabalho da ilustradora britânica Anna Hymas
siga o link www.newdivision.com/artist

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Clube de Leitores COM_vida: Jorge Silva Melo


UM RAPAZ DE FLORENÇA

Entrei no novo alfarrabista de Campo de Ourique (ai, que já lá não moro!) e encontrei quase todos os livros da minha juventude, quase. Aqueles que já empacotei, já ofereci, já doei, já perdi. Claro, quem anda a morrer agora é gente do meu tempo, os lotes que chegam aos alfarrabistas são de senhores da minha idade, é natural que nessas lojas volte a haver, fúnebre, o perfume da minha juventude, os livros por abrir, os muitos lidos. Sexta feira, entrei e olhei: UM RAPAZ DE FLORENÇA de Vasco Pratolini, o METELLO. 300 páginas operárias, dilaceradas numa Florença marcada pelos anos do Duce, andanças, amores, conspirações, pulmões corroídos pela tuberculose, uma torrente de vida, um realismo plebeu, aquilo com que cresci. Quando comprei, pelos meus 20 anos, era um livro caro, dos de vinte e cinco escudos, é grande. Agora custou-me uns poucos euros (cinco?) e agarrei-o logo (embora tenha cá o meu exemplar). É que no meu teatro um dos meus actores gosta de ler inutilmente (ou seja, gosta de ler livros que não têm a ver com a peça que se está a fazer, nem com a época, ler porque sim). E tem vinte e três anos. E comprei para lho dar, é uma parte grande de mim que fica com ele, neste outono que para mim é soturno mas para ele tem de ser mais belo do que todos os Boticelli de Florença - e da outra margem do rio.

Jorge Silva Melo
(Convidado do Clube de Leitores)

1º Parágrafo: Amor de Perdição


Domingos José Correia Botelho de Mesquita e Meneses, fidalgo de linhagem e um dos mais antigos solarengos de Vila-Real de Trás-os-Montes, era em 1779, juiz de fora de Cascais, e nesse mesmo ano casara com uma dama do paço, D. Rita Teresa Margarida Preciosa da Veiga Caldeirão Castelo Branco, filha dum capitão de cavalos, neta de outro António de Azevedo Castelo Branco Pereira da Silva, tão notável por sua jerarquia, como por um, naquele tempo, precioso livro acerca da Arte de Guerra.



* Publicado em 1862, comemora este ano 150 ANOS.
* O romance que retrata a paixão de Simão Botelho e Teresa Albuquerque, dois jovens que pertencem a famílias que se odeiam (um não sei quê de Romeu e Julieta), e já foi adaptado ao cinema, entre outros, por António Lopes Ribeiro, Manoel de Oliveira e Mário Barroso.



a-ver-livros: nuvens de tinta e José Luis Navarro

Nas nuvens de tinta-da-china escondo as palavras
que ainda não sei como usar
retalhos do meu corpo e do meu cheiro
e do sabor das minhas entranhas
destroços dos meus amores e desamores
pequenas pérolas das ostras felizes de dias de mar
grãos de areia na engrenagem dos céus
de algodão sujo

* para conhecer mais do trabalho do pintor e cenógrafo espanhol José Luis Navarro
é seguir o link www.jlnavarropintor.com


domingo, 28 de outubro de 2012

Diálogos pouco prováveis

(ao domingo) Letras Focadas

“Na ponta da pena, soltam-se letras conjugadas, bem focadas, para serem percebidas”


Gosto de diálogos pouco prováveis, daqueles que se fazem sem sentido que não seja pelo sentido de se dialogar.
E entre dúvidas e certezas acontecem diálogos filosóficos pouco prováveis!

Andava à solta a Dúvida cheia de dúvidas.
Cruzou-se com o Certo.
- Diz-me porque te julgas certo, Certo? - interrogou a Dúvida.
- Porque não sou errado! - respondeu o Certo.
Errado, ouviu o seu nome e questionou:
- Alguém falou errado? - exclama o Errado
A Dúvida olhou e disse:
- Pois foi! Perguntei ao Certo porque estava certo. Respondeu-me porque não estava errado. Ora, sendo assim, estou na mesma, na dúvida.
O Errado meditou um pouco e respondeu :
 - Se um Certo se julga certo por não estar errado, eu que sou Errado, nunca chegarei a Certo, certo?
- Certo! - responde em uníssono a Dúvida e o Certo.
- Errado! - responde Errado - Tu Dúvida nunca chegarás a saber o que é certo ou errado.O Certo que hoje se julga certo, amanhã acordará errado e eu , que sou Errado, muitas vezes a Dúvida transforma-me em Certo!

Fez-se silêncio ...
Cada uma ficou na sua e a Relatividade sorriu escondida.


Foto EmE


Elsa Martins Esteves

Clube de Leitores COM_vida


Na próxima semana o Clube tem a honra de contar com a colaboração de um convidado muito especial.
Especialíssimo!
Foi a minha primeira escolha, joguei alto e, talvez porque a sorte protege os audazes, ganhei! O convite foi aceite.
O meu convidado vem do teatro, reconhecido como encenador, também é ou foi realizador, actor, argumentista, cronista, crítico.
Em 1973, com Luís Miguel Cintra, fundou o Teatro da Cornucópia.
Em 1995 fundou a companhia de teatro Artistas Unidos.

Não é fácil defini-lo!

Nasceu em Lisboa a 7 de Agosto de 1948.
Diz-se sobretudo um curioso.
Diz do teatro, que é realmente, um convento, fora das regras da outra sociedade e dos horários dos outros.
Usa óculos redondos de massa.
Não parece o mesmo sem os óculos.
Tem uma voz grave, sonora e torta.
Torta porque tem dentro um sorriso constante.

O convidado da próxima semana é: JORGE SILVA MELO.

Expliquei os motivos do convite.
O Teatro como forma de expressão.
O texto para teatro.
A adaptação de um texto para teatro.
O gesto a moldar as palavras.
A voz a moldar as palavras.
Os cenários, as luzes, a música.

Contei a história do Clube.
Era uma vez um rapaz chamado Rodrigo Ferrão…
Disse que no blogue se discutem livros, autores, poemas…
O mundo das palavras seja qual for a sua forma de expressão.
Sounds familiar!

E aceitou o convite.
(Suspeito que por curiosidade!)

Posto isto, e não sabendo o que nos vai trazer do seu vasto mundo.
Não é fácil defini-lo! – Sim, repito-me.
Fico à espera em estado de curiosidade latente.

Assim, na próxima semana, de Segunda a Sexta às 21:00, JORGE SILVA MELO no CLUBE DE LEITORES.