sábado, 24 de julho de 2010

A Mecânica do Coração, o primeiro olhar...

Estava à espera de encontrar este livro em abundância na loja. Mas não... Havia apenas um! Estranhamente escondido, bem alinhado, mas esquecido no mural da ficção estrangeira. Agarrei-o, não fosse alguém roubá-lo.

Ali se encontrava desde a sua publicação original, em Outubro de 2009. Ou seja, apanhei uma primeira edição, ainda com a capa antiga. Interessante, tal como a nova, mas, se me permitem, mais misteriosa. Um fundo amarelo e alguém a tocar violino, uma lua e um relógio a um canto. Nada nesta imagem me leva a adivinhar o que escreve a história... Felizmente já fizemos uma pequena apresentação do que trata e vimos as críticas que recebeu.


Apetece-me destacar uma particularidade que desconhecia: a vida deste autor. Olho, espantado, quando descubro uma vida multifacetada em Mathias Malzieu: "(...) é vocalista de uma das mais conhecidas bandas de rock francesas, Dionysos. É autor dos contos 38 Mini Westerns e do romance Maintenant qu'll Fait Tout le Temps Nuit Sur Toi, que conheceu um tremendo sucesso junto do público e da crítica. A Mecânica do Coração é também o nome do mais recente álbum da banda de Malzieu, que foi Disco de Ouro em 2008."

Citando Fernando Pessa: 'E esta, hein??'

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Onde vivem os monstros, Maurice Sendak

Empurrado um pouco pelo texto do Fábio ('sobre a originalidade de ser escritor'), dei por mim a pensar que essa originalidade também é trabalhada desde que somos crianças. Quem não se lembra de uma história antes de ir dormir? E das imensas perguntas que as crianças fazem, buscando todos os pormenores...

A obra que trago hoje para este espaço não é nova. Nova é apenas a sua tradução, porque o livro é de 1963. Criou polémica pela forma pouco convencional dos seus textos, por vezes extremamente brutais. Mas não será essa a melhor forma de vencer os medos?

'Na noite em que Max vestiu o seu fato de lobo e começou a fazer travessuras a torto e a direito, a mãe chamou-lhe - Monstro!
E Max respondeu-lhe: - Vou-te Comer!
Então ela mandou-o para a cama sem jantar. Naquela mesma noite, no quarto de Max surgiu uma floresta que cresceu…'


Ofereci-o ao João, filho da minha amiga Marlene. Tem 8 anos.

Os Templários e o Sudário de Cristo, Barbara Frale

Gosto imenso do trabalho das edições 70 em Portugal. Não o digo só para defender as cores da casa onde trabalho - o grupo Almedina, da qual faz parte esta editora - mas também pelo papel de divulgação da história e da cultura mundiais.

O site (www.edicoes70.pt) traz o catálogo desta importante editora. Estou a lembrar-me de alguns autores e a associá-los às temáticas deste tesouro editorial: música, cinema, teoria de arte, comunicação, sociologia, filosofia, ensaio, história, antropologia, biografias... São apenas a ponta de um véu de uma riqueza que nunca mais acaba e que vale a pena conhecer.

Sobre o livro que hoje sai para as livrarias, achei a temática interessante para todos os amantes dos 'pormenores' da história. Falar da especificidade dos Templários e da sua influência na Idade Média e no Sudário de Cristo, parece-me ser uma perspectiva muito curiosa para explorar.


Aqui fica o essencial: "É quase certo que os Templários, a mais poderosa ordem religiosa e militar da Idade Média, tenham sido os guardiões do Sudário de Cristo, hoje conservado em Turim.
Venerado no mais absoluto segredo, o Sudário, de que apenas os mais altos dignitários da ordem sabiam a natureza, fazia parte do tesouro central dos Templários.
Numa época de confusão doutrinal da Igreja, o Santo Sudário representava um poderoso antídoto para a proliferação da heresia.
Ao seguir o itinerário da relíquia pela Idade Média, a autora retrocede no tempo, até ao dealbar da era cristã, dando-nos, assim, uma nova perspectiva sobre esta relíquia controversa."

A originalidade nos livros

Ontem estava a ver o novo filme de Christopher Nolan, o "Inception/A Origem", e no pouco tempo que tive para analisar clinicamente a sua história, só conseguia pensar "Isto é muito original!". Apesar de não estar directamente relacionado com livros (o argumento original foi criado por Nolan), dei por mim a pensar sobre a originalidade em geral e aplicá-la ao mundo literário.

Enquanto autor, tenho uma lista de prioridades que passam pela escrita e estrutura da história. Mas a "rainha" das minhas prioridades será sempre a originalidade do que escrevo. Quando mudo para o papel de leitor, a situação não é diferente. Sou mais facilmente atraído para uma obra que seja bastante original do que uma obra excelentemente escrita, mas com uma forte influência de outros autores ou obras. E quando passado uma semana ainda estou a pensar na história de determinado livro e as suas ideias e construção me maravilham, tenho a certeza que é um bom livro...e original!

O mundo editorial está mais activo que nunca e as novidades literárias de cada mês são mais que muitas, por vezes com um ritmo tão vertiginoso que os leitores mal conseguem acompanhá-las. Por isso, como conseguir identificar uma obra original no meio da maré? Falando do caso específico do género Fantástico, que conheço bem, assistimos a uma explosão de livros de vampiros e proliferação do subgénero "romance paranormal", muito por culpa de Stephenie Meyer. Anteriormente a esta "moda", lembro-me que os fenómenos "Harry Potter" e "Senhor dos Aneis" também provocaram uma multiplicação de histórias semelhantes no mercado.

É certo que há muito boas obras no meio da "moda dos vampiros" ou das "escolas de feitiçaria", por exemplo. Mas por muito viciante que seja a sua leitura, por muito bem escrito que esteja, as influências de outros autores e da tradição literária está sempre presente. Onde pára, então, a originalidade das histórias? Onde está aquela frescura de novas ideias e novos estilos que preenchem o leitor?

Não vejo qualquer inconveniente em receber influências de outros autores ou géneros. Mas penso que essa influência deve ser muito bem medida para ter o mínimo impacto no que escrevemos. A maior riqueza da literatura está em autores que arriscaram e trouxeram originalidade ao meio. Enquanto autor, estarei sempre em busca dessa originalidade como se de um pote de ouro se tratasse. Enquanto leitor, também.

E vocês, o que pensam sobre este assunto?

Tanto ar, César Augusto Romão


Textos poéticos simples. Rectilíneos e medidos a uma escala pequena. Páginas em branco com poucas letras, mas muito conteúdo.

É assim a poesia de César Augusto Romão. Desconhecido para muitos, conhecido por mim no ano passado. Feito amigo, as letras unem!

"Já vivi tantos poentes,
como quantos dedos sujei,
ao cavar na terra
esta profunda incerteza
de não saber,
quantas metas
ainda terei que cumprir,
neste breve caminho
que é a vida."

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Jerusálem, Gonçalo M. Tavares

Voltar à literatura portuguesa é sempre um prazer quando nos deparamos com um gigante como M. Tavares. Devorei o livro de uma assentada, nem pestanejei. Senti os calafrios e os bichinhos no estômago típicos de uma ansiedade desenfreada incontrolável de quem, como eu, adora ler e descobre mais um tesouro.

E mais não digo. Leiam com máxima urgência Jerusalém e deixem de lado o que estiverem a ler - pausa! Literatura a sério... Bem escrita, genial, envolvente.


Fica um cheirinho:

(...) seis milhões de seres humanos foram arrastados para a morte sem terem a possibilidade de se defender e, mais ainda, na maior parte dos casos, sem suspeitarem do que lhes estava a acontecer. O método utilizado foi a intensificação do terror. Houve, de começo, a negligência calculada, as privações e a humilhação (...). Veio a seguir a fome, à qual se acrescentava o trabalho forçado: as pessoas morriam aos milhares, mas a um ritmo diferente, segundo a resistência de cada um. Depois, foi a vez das fábricas da morte e todos passaram a morrer juntos: jovens e velhos, fracos e fortes, doentes ou saudáveis; morriam não na qualidade de indivíduos, quer dizer, de homens e de mulheres, de crianças ou de adultos, de rapazes ou de raparigas, bons ou maus, bonitos ou feios, mas reduzidos ao mínimo denominador comum da vida orgânica, mergulhados no abismo mais sombrio e mais profundo da igualdade primeira: morriam como gado, como coisas que não tivessem corpo nem alma, ou sequer rosto que a morte marcasse com o seu selo.
...

É nesta igualdade monstruosa, sem fraternidade nem humanidade - uma igualdade que poderia ter sido partilhada pelos cães e pelos gatos - que se vê, como se nela se reflectisse, a imagem do Inferno.
...

Depois da entrada nas fábricas da morte, tudo se tornava acidental e escapava por completo ao controlo tanto dos que infligiam o sofrimento como dos que o suportavam. E foram muitos os casos em que aqueles que um dia infligiam o sofrimento se transformavam no dia seguinte.

A mecânica do coração, Mathias Malzieu

As críticas ao livro do mês não podiam ser mais positivas:

«Malzieu tem um poder de evocação que faz lembrar Lewis Carrol.»
Metro

«Um estilo contido, agridoce e por vezes surreal, na tradição de mestres como Roald Dahl ou Tim Burton.»
Les Inrockuptibles

«Arquitecto de um mundo, viajante do imaginário, Malzieu é sem dúvida um poeta.»
20 Minutes

«Com este conto, de matiz clássico, Malzieu confirma o seu talento de narrador.»
Le Fígaro Magazine

«Fica-se com vontade de comprar dezenas de exemplares deste livro, para oferecer a todos os amigos.»
Le Soir

«Uma escrita belíssima e cheia de emoção.»
Ouest France

«Mathias Malzieu tem o dom de criar imagens literárias inesperadas e fortes.»
Elle


Assim de repente, sem o ler, já ficaria curioso. No entanto, fico convencido que a experiência será interessante. Vejo a descrição da história e sei que me vou divertir. A mecânica do coração de Mathias Malzieu foi o livro que o Fábio Ventura escolheu para o próximo mês. Acompanhem-nos nesta aventura!

'Edimburgo, 1874. Jack nasce no dia mais frio do mundo, com o coração… congelado. A Dr.ª Madeleine, a parteira (segundo alguns, uma bruxa) que o trouxe ao mundo, consegue salvar-lhe a vida instalando um mecanismo - um relógio de madeira - no seu peito, para ajudar o coração a funcionar. A prótese resulta e Jack sobrevive, mas com uma contrapartida: terá sempre de se proteger das sobrecargas emocionais. Nada de raiva e, sobretudo, nada de amor. A Dr.ª Madeleine, que o adopta e vela pelo seu mecanismo, avisa: «o amor é perigoso para o teu coraçãozinho.» Mas não há mecânica capaz de fazer frente à vida e, um dia, uma pequena cantora de rua arrebata o coração - o mecânico e o verdadeiro - de Jack. Disposto a tudo para a conquistar, Jack parte numa peregrinação sentimental até à Andaluzia, a terra natal da sua amada, onde encontrará as delícias do amor… e a sua crueldade. Um conto de fadas para adultos, ao estilo de Tim Burton ou Lewis Carrol.'

Fábio Ventura

O Fábio Ventura é o mais novo do blogue e, também, o mais mediático. Comecei a interessar-me pela personagem pelo facto de ser tão novo e autor de um livro. Achei que seria um acrescento de qualidade trazer a visão de um escritor - eu e a Constança não somos.

Outro factor que tive em conta foi o estilo do Fábio. Ele escreveu um livro de literatura fantástica, 'Orbias', que não li, mas estou bem identificado, porque já vendi uns quantos. Eis um estilo que não conheço e foi isso que me empurrou a convidá-lo.


Espero dele o que espero de todos (se não não os convidava): uma boa apresentação dos livros que escolhem para ser analisados na nossa leitura conjunta. Tudo o que quiserem ou souberem acrescentar será, sempre, muito bem vindo.

O blogue cresce, tem mais visitas. A família dos que cá escrevem também. O grupo de facebook (que é o pai deste espaço) é cada vez maior, mais dinâmico. Quando lancei este projecto achei que me traria um gozo enorme. Agora, admito, ultrapassou tudo aquilo que imaginava, um dia, conseguir atingir.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Os livros que comprei...

Às vezes tenho medo do que compro. Mas penso sempre em duas perspectivas: a do longo prazo, ou seja, vou viver muitos anos para ler tudo o que vou comprando; e a perspectiva 'oportunidade': 'ora aqui está uma boa promoção', 'saiu a versão em bolso', 'packs de livros'...

Não pensem que é fácil ter noção dos preços de mercado dos livros e não cair na tentação de comprá-los! É mesmo difícil...

Por isso, os últimos tempos facturaram umas compras interessantes. Deixo aqui a lista a ver se influencio alguma alminha. De referir que ainda me faltam ir levantar uns quantos que fiz num negócio com uma amiga. Valha-me... qualquer coisa!

- Cod: A Biography of the Fish That Changed the World de Mark Kurlansky. Um livro sobre a história do bacalhau,

- Terrorism and Communism: A Reply to Karl Kautsky de Leon Trotsky,


- 8 Icones de Arseni Tarkovskii, Assírio e Alvim,

- de Colm Tóibín, três títulos: The story of the night, The Blackwater Lightship e The Master,

- A canção de amor de J. Alfred Prufrock, T.S. Eliot, Assírio e Alvim,

- O homem que morreu de D.H. Lawrence, Assírio e Alvim,


- Antologia breve de William Carlos Williams, Assírio e Alvim,

- Do Caos à ordem de Ezra Pound, Assírio e Alvim,

- A princesa, D.H. Lawrence, Assírio e Alvim,

- A brief history of Infinity - the quest to think the unthinkable de Brain Clegg,

- Gabriel's Gift de Hanif Kureishi,


- Do Androids Dream of Electric Sheep? de Philip K. Dick,

- Por favor não matem a cotovia de Harper Lee, Difel,

- À espera no centeio de J.D. Salinger, Difel.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Alienista e alguns contos, Machado de Assis

Voltei a ler o escritor vindo das terras brasileiras. Autor do século XIX, Machado não consegue deixar o leitor indiferente.

Hoje viajamos até ao mundo do "Alienista e alguns contos", publicação da Biblioteca de editores Independentes.

Acerca de uma peça de teatro, no conto "a chinela Turca", Assis chega a uma última frase de forma arrebatadora:

'Ninfa, doce amiga, fantasia inquieta e fértil, tu me salvaste de uma ruim peça com um sonho original, substituíste-me o tédio por um pesadelo: foi um bom negócio. Um bom negócio e uma grave lição: provaste-me ainda uma vez que o melhor drama está no espectador e não no palco.'


No conto "Teoria do Medalhão", uma curiosa conversa entre pai e filho quando este atinge a maioridade, vários conselhos e indicações podem ser lidos:

'Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carreira, deves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não as ter absolutamente; coisa que entenderás bem, imaginando, por exemplo, um actor defraudado do uso de um braço. Ele pode, por um milagre de artifício, dissimular o defeito aos olhos da plateia; mas era muito melhor dispor dos dois. O mesmo se dá com as ideias; pode-se, com violência, abafá-las, escondê-las até à morte, mas nem essa habilidade é comum, nem tão constante esforço conviria ao exercício da vida.'

Por último, no conto "Alienista", história extraordinária:

'...as tempestades só aterram os fracos; os fortes enrijam-se contra elas e fitam o trovão.'

Leiam Machado de Assis. Com calma e relaxadamente. É apenas um conselho

domingo, 18 de julho de 2010

O burburinho em torno do fenómeno dos Vampiros

Muito me contam os leitores! Bem percebi que era um fenómeno, este da Stephenie Meyer. Mas, além das opiniões que as pessoas que acompanham este blogue deixaram aqui, fui pescar muitas mais ao facebook. No grupo 'Pessoas que adoram ler e partilhar experiências literárias', que desde já aconselho a visita, desenvolveu-se um debate alargado. Destaque para o diálogo mais aceso protagonizado pelo jovem autor Fábio Ventura. Aqui ficam mais opiniões...

Fábio Ventura: 'Eu li os três primeiros livros há muito tempo, ainda ninguém conhecia as obras de Meyer por cá. Embora não me tenha tornado propriamente fanático pelo universo Twilight, confesso que gostei da leitura, em especial do primeiro livro. Para mim, era uma perspectiva nova e cativante sobre o mundo dos vampiros. Não que seja melhor ou pior que os vampiros de Anne Rice, por exemplo, mas diferente.

Creio que o fenómeno se pode explicar por dois elementos principais. O primeiro tem a ver com o próprio estilo e estrutura da história que, revelando a inteligência da estratégia da autora, se baseia nas inseguranças, pensamentos femininos e atracção por amores proibidos com os quais as leitoras (e alguns leitores) se identificam bastante. O segundo relaciona-se com todo o mediatismo em volta da saga que foi intensificado pelos filmes. Acabou por tornar-se moda gostar de Twilight, especialmente depois de todo o império mediático baseado nos actores do filme.

Enfim, é a minha opinião enquanto leitor e autor. Gosto da saga, embora considere que são apenas livros que não devem ser defendidos fortemente ou criticados cruelmente como se de uma guerra se tratasse (e como tenho visto bastante por aí). O facto é que Stephenie Meyer colocou milhares de jovens a ler e a gostar de ler.'

Rodrigo Ferrão: 'Exactamente o que penso, Fábio. No meio de tudo, o que realmente importa é pôr os jovens a ler. Não sei se alguma vez te puseste a pensar, enquanto autor de 'orbias', que, também tu, tens esse papel. Não estou a comparar um fenómeno de 100 milhões com o teu livro. Nem a temática é igual, embora se possa considerar o mundo da tua deusa guerreira o da ficção fantástica.

O que é espantoso é que, antigamente, as secções de fantasia / horror (eu não concordo muito em misturar) era reduzida a muito poucos. Aliás, entregue a Anne Rice ou a Asimov - autor de ficção científica e de outros estilos, por exemplo. Hoje são verdadeiras áreas de destaque.

E é um pouco o que digo na minha opinião no blogue: quem não tem, fica para trás...'

Fábio Ventura: 'Tenho consciência disso, sim =) Eu sei que a Stephenie Meyer e outros autores de destaque do Fantástico me abriram as portas para conseguir editar a minha obra. Nesse aspecto, só tenho a agradecer e a respeitar esses autores. O género Fantástico é um género que adoro ler e escrever, por isso, é um previlégio fazer parte dessa "explosão".

O que infelizmente acontece com este novo interesse pelo Fantástico e Horror é a perda de originalidade, um pouco baseada na moda. Não estou a tirar o mérito a outras obras de vampiros ou romances sobrenaturais (que entretanto também já se tornou um subgénero), mas a oferta deste género chega a ser tanta que chega a ser difícil encontrar uma obra mais original e inovadora. Enquanto autor, a minha maior prioridade é a originalidade.'

Rodrigo Ferrão: 'Sim, talvez passasses despercebido se não existisse uma abertura da sociedade em relação ao fantástico. Ou melhor, até podias publicar, mas eu, como livreiro, jamais reconheceria a capa do teu livro. E hoje, apesar de não te conhecer pessoalmente nem a tua obra, sei que existes e sei a história. E melhor (esta é uma grande técnica livreira), associo o teu nome e o título à capa da tua obra... Isso seria impensável aqui há uns tempos. Sejamos realistas, mais depressa me lembraria de um clássico Kafka do que um Fábio Ventura! Não estou, obviamente, a menosprezar o teu valor nem a comparar coisas incomparáveis.

Será que imaginas algum dia escrever noutro estilo?'


Fábio Ventura: 'Sim, concordo contigo. E sim, a minha ideia é tornar-me o mais versátil possível. Quero explorar outros géneros e estilos de forma a desafiar-me a mim próprio e a oferecer diferentes experiências aos leitores. A minha estratégia é caminhar aos poucos, ir agradando ligeiramente a públicos mais velhos e nessa altura explorar outro género. Creio que não seria bom mudar tão repentinamente. Espero ter a oportunidade para continuar a publicar. Sento tão novo, terei muuuito tempo ;)'

Alexandra Oliveira: 'Uma saga mais para o juvenil, muito leve que retrata um mundo fantástico! É agradavel sem nada de profundo!! Estou a ler o eclipse para poder ver o filme e logo desde as primeiras paginas nos prende!'

Filomena Vitorino: 'Li todos os livros e confesso que gostei bastante (ligeiros, leitura fácil). Na minha opinião, estes livros prendem os jovens, pelo fantástico, e as mulheres, pela história de amor (foi aqui que me prendeu a mim....). Mas o tema entretanto ficou demasiado explorado, o que é demais enjoa (faz-me lembrar, aqui há uns anos atrás, o fenómeno do tema religioso que se iniciou com o Dan Brown)!'

Vera Silva: 'Eu li a saga. Inicialmente, fui movida pela curiosidade gerada por todo o alarido que envolvia a obra literária e sobretudo o filme (o primeiro já havia estreado nas salas portuguesas).

Gostei do primeiro livro.Gostei da originalidade, das personagens, do enredo. A leitura é fácil e prende. Quanto aos outros volumes já não posso dizer o mesmo. Confesso que os li já mais por teimosia que por gosto. A história torna-se repetitiva, monótona e, na minha opinião, demasiado longa sem grandes picos de acção.
Mas a realidade é que vende e está sempre nos Tops. Se isso acontece é porque o público gosta e ainda bem. Não acho nada de errado nisso, pois a qualquer lado que vou, ouço jovens a discutirem e a competirem entre eles sobre quem vai mais avançado na leitura do «Eclipse» ou do «Amanhecer»... É melhor do que ouvir dizer «tás marado ou quê? Ler é uma seca!»'