sábado, 9 de maio de 2015

O correcto

Encontrado na página For Reading Addicts

Snobidando: Manoel de Barros

A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei....
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.


Manoel de Barros
 
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Estantes de sonho: atrás da estante nasce um novo mundo

e o que estará lá dentro?
 
Encontrado na página For Reading Addicts

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Eu poético: «Metáfora Breve»

METÁFORA BREVE

por vezes penso que sou peixe
e tenho memória curta.
1,2,3.
um, dois, três.
I,
II,
III.
.
..
...
gastei uma vida!

o passado é a recordação do momento imediatamente anterior
e assim não há espaço para remorsos,
mágoas, tragédias ou fúrias.
já não assisto à loucura do telejornal,
enterro a tragédia da notícia.
deixo de perceber o significado de tudo ter um fim
ou do para sempre...
sempre acabar.
não sei nada sobre o joelho magoado,
não me importa o cigarro a queimar à minha porta.

desprezo por completo as dores crónicas do coração.

no presente sacio a fome,
mas logo a seguir já não sei o que é.
na presença de uma angústia,
respondo com euforia.
switch on,
switch off.
para quê preocupar-me com explicações se já não domino o que vivi?

o futuro não vem na gramática.
muito menos nas instruções
de -- como
conduzir -- a
----------------
----- existência -----
------
---
-

mas depois penso que se fosse um peixe
já não podia viver um amor para sempre,
recordar quem fui e o que sou,
aprender a contemplar a vista do topo de uma montanha,
fazer do sonho um caminho.
jamais compreenderia o significado
(e a metáfora que é)
o facto de haver flores que nascem
por
entre
as
fendas
das
pedras.

Rodrigo Ferrão

Foto: Rodrigo Ferrão

Virado do avesso


Não há meio de me habituar ao facto de não mais ser a minha mãe a cortar-me as unhas. Dizia-me ela faz uns poucos anos que hás-de tu estar casado e ainda te cortar eu as unhas. Nessa altura pensava eu que melhor coisa não podia haver que estar casado e não me ter que preocupar com as coisas das unhas porque lá havia de estar a minha mãe para tomar mão a esses problemas. Mas passou-se o tempo e nem uma coisa nem outra; nem casório houve (apesar de ter pretendentes que desde logo atraídas pela minha maravilhosa compleição física, mal sabem que sou um falhado na tarefa de cortar unhas declinam qualquer possível envolvimento) nem me corta a minha mãe as unhas. A parte do não haver casório suporto com facilidade, afinal de contas sempre é isso sinónimo de poupar em chinês e em máquinas de secar roupa e em bugigangas da feira das Almas ao Sábado de manhã e naquelas coisas chamadas Bimbi que não tenho bem noção do propósito a que se destinam. Nesse ponto em que é o meu casamento inexistente corre-me a vida com grande feição. O pior é quando me começam as unhas a crescer tanto que fica impossível disfarçar o contraste entre a parte mais esbranquiçada e a parte mais rosa. Começo então eu numa busca pelo corta unhas, levo que tempos a encontrá-lo, vasculho por toda a casa de banho, nas gavetas onde descansam os pensos, nas portinholas de um armário minúsculo onde deviam haver cremes para a minha beleza mas afinal de contas só nódoas de ferrugem e em todas essas outras acomodações onde é provável que esteja o fugido (que por sinal é da minha mãe, roubei-o numa ocasião em que me vi sozinho em casa dos meus pais, calculo que desde então nunca mais tenham cortado as unhas). Só quando desisto da procura é que finalmente encontro o dito num sítio que quase sempre o mais caricato do mundo (nas fendas do sofá, debaixo do tapete do escritório, dentro da pasta de dentes, coisas desta ordem). Lá corto eu as unhas. Grande dificuldade, um trabalho quase impossível, no mínimo uma tarde perdida, no máximo dois dias. Não fui talhado para coisas desta natureza, ficam-me umas com um vértice finíssimo no meio, outras demasiado imperfeitas e terrivelmente lascadas, há sempre uma que protesta e fica por cortar.
Crescem-me com rapidez demasiada as unhas, cresci eu da mesma forma. Dos meus amigos sou o único cujas unhas não são cortadas pela mãe. Dos meus amigos sou o único que não estou casado. De todos eles fui padrinho, tenho imenso jeito, desconfio que ser padrinho de casamento é de facto a única atividade que me cabe desenvolver na vida. Prometo que um dia vou deixar que me cresçam as unhas até me ser impossível manusear o instrumento para as cortar. Nesse momento vou ter com a minha mãe. Com certeza mas cortará ela, numa das mãos um género de pires e na outra um paninho branco, não podem as lascas perderem-se espalhadas pelo soalho. Talvez me ensine os truques do ofício, talvez aprenda eu a cortar as unhas com a mesma perfeição que ela. Nessa altura talvez arranje uma moça inteligente e bem apetrechada de atributos físicos para desenvolvermos vida conjunta, de preferência sem gosto por chinês e por bugigangas ao Sábado de manhã. Nessa altura talvez volte a ter alguém que me corte as unhas.

Gonçalo Naves


Foto retirada daqui: https://vidaatrasdalente.wordpress.com/2013/05/31/365/

Fernando Távora, 'Sobre la organización del espacio'


'Sobre la organización del espacio' de Fernando Távora no Prémio Nacional de Edição Universitária - Espanha 2015

A tradução para castelhano do livro de Fernando Távora "Da Organização do Espaço", da responsabilidade de Aitor Varea Oro e Eva Raga i Domingo, lançado no final do ano passado com o apoio da Fundação Marques da Silva, foi o título seleccionado pela Universitat Politècnica de Valencia para representar as suas edições na categoria 'Premio a la mejor traducción'

O que fazer a seguir?

Encontrado na página For Reading Addicts


quarta-feira, 6 de maio de 2015

amplitude

a trajectória que a luz
alcança
ultrapassado o parapeito
ponte apenas visível
na vigília da penumbra
a humidade acesa
entre a cal das paredes
como se o rio
que as habita por dentro
emergisse à pele.


Helder Magalhães



Monia Merlo Pohtographer

a-ver-livros: o exercício do contra

Contra. De encontro
ao contrário 
do que conta
contraditória amálgama
de querer ser 
do contra
e não ser mais 
que contra senso
no contrato-promessa
de amor e amputação

ou apenas o contumaz
exagero do exercício
da conta-corrente
dos dias

Ana Almeida


Bai'má Benda: Parabéns Clube de Leitores!

Ontem o Bai'má Benda deixou os votos de parabéns ao blog!
Obrigado, maravilhoso :)

Hoje é um dia munto especial! O grande Blog Clube de Leitores faz 5 anos, por isso neste dia feliz dedico-le o meu cadradinho cum munto carinho! Bisitem qui é uma marabilha! Parabéns Clube de Leitores!

Não perca esta página, por nada: https://www.facebook.com/baimabenda

terça-feira, 5 de maio de 2015

É do borogodó: croninquietas

Minha filha casou o Teddy com a Nina. Foi uma história de amor conturbada porque a Nina é uma porquinha mãe solteira e o Teddy, vocês sabem, um urso convicto sobre sua natureza em solidão. Mas minha filha persistiu noites a fio dormindo ora com Teddy, ora com Nina… Até juntar os dois debaixo do edredon e smack!!! Rolou o primeiro cafuné.

Você acha esquisito uma porquinha apaixonada por um urso e vice-versa? Você tá atrasado mesmo… No amor, a única esquisitice é não deixar viver o amor.

Penélope Martins

TODOS OS TEMPOS VERBAIS, o meu livro

 *capa: David Pintor, 2015
 
Andei secretamente a magicar um livro, sem saber bem se devia falar sobre ele a todos, enquanto o construía. Acho que não me projectei enquanto escritor (como mandam os manuais). Pelo menos não era nessa direcção que me imaginava viver. Mas as ameaças foram-se precipitando à minha frente. Na verdade, quem fala sobre tantos livros, poemas e leituras que faz... só pode caminhar pelas palavras. E palavra-a-palavra desaguei num primeiro ensaio. E não mais parei!
 
Há uma questão mal resolvida no meu interior - imaginar-me a escrevinhar poemas. A poesia acontece em dois momentos muito distintos da minha história:
 
- o primeiro é entre família.
Há muitos anos atrás escrevi umas modinhas sobre as aventuras e desventuras de uma "luta titânica entre os primos rapazes e as suas primas ou irmãs". Naquele verão em Barcelos, os poeminhas viraram sucesso e surgiu um pequeno livro que algumas pessoas ainda guardam.
 
- o segundo momento dá-se em 2013, já ávido consumidor de poemas e outras literaturas.
Surge espontaneamente, pela necessidade de preencher um espaço ao fim-da-tarde no blog, quando notei a falta de uma companheira à hora habitual. Não sei bem o que me moveu, mas nasceu algo. E lembro-me de ficar espantado com o inesperado impacto que teve. Esta nova fase é um mero acaso e isso é curioso. Pelo menos para mim vai ser sempre.
 
Daí a um livro... tive que ponderar cuidadosamente. Pesaram algumas razões, mas creio que a mais forte é mesmo sentir a publicação. Vi aí a melhor pressão possível para continuar a explorar a escrita. E sei que todas as outras questões que trago comigo não chegam ao nível desta.
 
A opção por uma edição de autor também foi importante. Neste caminho quero apenas e somente contar com a minha orientação. Tenho pouca coisa escrita, não poderia ser de outra forma.
 
Para este livro chamei algumas pessoas:
 
A ilustração do David Pintor foi algo que achei improvável, apesar da amizade longa que une este blog à sua obra. Mas ele não só assentiu... como desenhou esta capa - quem comprar o livro vai perceber de imediato o porquê dela.
 
Depois chamei algumas amigas para me ajudar, pessoas que caminham junto ao Clube de Leitores há muito tempo e acompanham com entusiasmo tudo o que por aqui passa. A Ana Paula Oliveira escreveu o meu prefácio, a Clara Amorim deu-me uma ajuda preciosa na revisão, a Ana Almeida iluminou-me no título e escreve o meu posfácio.
 
E depois há o Helder Magalhães... essencial no contacto com a gráfica.
 
A todos o meu obrigado, sei que sem o vosso entusiasmo não me atirava para a frente. O contributo de cada um é uma extensão de todos os poemas que este livro vai reunir. E um grande complemento.
 
Em breve vou andar pelo país para apresentar Todos os tempos verbais. Guimarães, Coimbra, Lisboa e Porto estão no horizonte...
 
Aguardem notícias, vamos celebrar bons momentos entre amigos.
 
Rodrigo Ferrão 

5 anos, muitos dias, o mesmo Clube

O Clube de Leitores faz hoje 5 anos.

Não sei bem o que me percorre, são tantas e tantas memórias. De pessoas a entrar, de pessoas a sair. De protagonistas e comentadores, de entusiastas e críticos, de novos autores e nomes já firmados. Semanas com muitos posts... semanas com poucos. Gestão emocional dos famintos por novos textos e poemas. Promessas de publicações (por vezes sem termo certo) ou notícias dadas em primeira mão.

Escritores que nascem, escritores que morrem.

E pessoas que estão deste lado. Uns mais conhecidos, outros ainda por conhecer. Estranha gente que dedica o seu tempo a discutir o que escreve, o que traz e dá notícia. Pesquisam, montam, partilham, comentam. Tudo actos que levam minutos, que nos arrastam a horas, e terminam em dias sem fim.

O Clube não passa de um livro, uma colectânea de histórias e personagens. E quem vive cá dentro sabe-o. Ostenta com orgulho a bandeira da felicidade literária - conceito que a psicologia moderna deve anotar e estudar.

Deixem-nos de-quando-em-quando afirmar publicamente a nossa alegria. A nós fica-nos bem, a vós transmite algo. E eu sei que quem passou por cá pode dizer com satisfação que um dia aqui esteve. Mesmo que decida apagar a sua própria memória e o que deixou escrito ou transcrito.

Fico feliz por este blog acolher tantos escritores e por ser a sua casa. Nunca pensei trabalhar na "construção civil das letras"quando era mais pequeno. E a minha aspiração nas matemáticas e artes foi sempre anulada por clara inaptidão.

O que eu ainda não sabia (e mais tarde descobri)... é que a matemática, a ciência e a arte cabem nas palavras. A História e as estórias também. O amor, a solidão, a morte, a vida, a amizade, a família, a melancolia. Cabe aquilo que quisermos meter lá dentro, tão simples quanto isso.

O próximo ano vai tentar ir ao encontro de cada vez mais leitores. Já não precisamos de fazer eco dos números deste blog, esta comunidade é enorme. E é grande porque se dedica. Com mais ou menos tempo, com uma coisa simples ou algo que exija trabalho criativo...

foto: Ana Almeida
pin: Pedro Ferreira

O Clube de Leitores pode ser apenas mais um caminho ou o caminho em si na minha vida. Vamos ver onde me leva esta loucura. Há dias em que não me apetece fazer sala, há dias tristes, há dias cansativos... mas mesmo assim é raro o nosso público ficar sem nada onde pôr um like ou comentar.

Vivemos uma crise de blogs, não haja ilusões. As redes sociais têm empurrado as pessoas para aquilo que gostam e procuram. E o que buscam raramente se cruza connosco.

É mais complicado fazer o inverso, isto é, entrar pela vida das pessoas. Muito mais quando se fala de livros, poemas e literatura. Vamos ser honestos (que poucos nos leem): há quanto tempo não terminam um livro do princípio ao fim? Martirizam-se por não consegui-lo? Têm saudades dos tempos em que tudo parecia fácil e simples?

O tempo é aquilo que queremos fazer com ele. Isso basta ao meu sossego, é tónico que me acalma.

Vamos continuar por cá, tentando contrariar os dias e as rotinas. Somos um nicho e um nicho vamos ser. Uma sociedade mais ou menos secreta que voará por aí, até onde nos quiserem.

Parabéns blog meu. Partilho esta imensa alegria com quem escreve por cá, agradeço a todos os que por cá passaram. E felicito os nossos leitores, a força que nos vai levar a mais alegrias.

Rodrigo Ferrão 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Snobidando: Rui Pires Cabral

CONSERVE ESTE BILHETE
ATÉ AO FINAL DA VIAGEM

Devo dizer que sempre preferi
os versos feridos pela prosa...
da vida, os versos turvos
que tornam mais transparentes
os negros palcos do tempo, a dor
de sermos filhos das estações
e de andarmos por aí, hora após
hora, entre tudo o que declina
e piora. Em suma, os versos
que gritam: Temos as noites
contadas. E também
os que replicam:
Valha-nos isso.


Rui Pires Cabral - Morada, 2015
imagem da capa do álbum "For You" de Prince
 
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Bai'má Benda: Dia mundial da daunça!

Dia mundial da daunça!

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domingo, 3 de maio de 2015

Correndo o Brasil: sair do Flamengo até Copacabana

Rio de Janeiro
8 de Agosto de 2014

Volto para trás, percorrendo Botafogo a caminho do Flamengo. O mesmo espanto pelo caos urbanístico, potenciado pelo vai-vem de pessoas e automóveis, buzinas e canos de escape. A frescura da sombra das árvores suaviza o tempo abafado que se faz sentir, embora corra uma brisa leve no ar.

Pelas ruas de Flamengo vejo muitos botecos animados. As pessoas sentam-se junto a uma mesa alta e redonda ou ficam assim de pé, segurando a cerveja gelada na mão - o chopinho, como se diz por lá. As conversas são ruidosas, um ou outro corpo balança e ri-se alto. Entro para provar uma batida de gengibre. A batida é feita com a raiz e com uma generosa dose de cachaça. Arde garganta abaixo, todo o cuidado é pouco. Mas é deliciosa.

Na rádio passa um samba de Noel Rosa, um dos maiores artistas brasileiros de sempre. Nome que anoto num papel para investigar mais tarde. E é em si uma grande descoberta, aconselho vivamente.

Entro nos jardins do Museu da República, pela rua do Catete. O belo edifício acolhe uma pequena livraria, onde vejo os primeiros livros desde que estou no Brasil.

Cá fora há um belo e cuidado jardim que fotografo sem parar. As árvores de copa enorme e os esguios coqueiros compõem este espaço, que tem um pequeno coreto a meio do percurso. De repente esqueço a cidade, os prédios altos e a confusão. Aqui tudo parece ser bem arranjado.

De volta às ruas, pelo largo do Machado, sento-me para beber um suco de abacaxi e hortelã. Os sucos brasileiros são os nossos melhores aliados, num país onde encontrar uma sopa é complicado.

Vou a casa do meu amigo e pego as malas. Voltarei ali dentro de alguns dias, no regresso de Belo Horizonte. Mas agora é tempo de ir para a praia. Apanho o metro para Copacabana, um dos mais famosos locais deste Rio.

Saio e procuro o meu novo grupo. Eles estão na ponta oposta onde me encontro e é para lá que sigo. Percorro posto a posto da praia, num cenário fantástico. Pela primeira vez estou no calçadão de Copacabana, aquilo que os meus olhos se habituaram a ver apenas nas novelas e televisão. O sol já começa a descer, mas ainda dá para sentir a sensação de ver o Atlântico nesta outra margem.

Abraço o grupo quando o vejo, numa enorme alegria por os encontrar. Rapidamente nos pomos de partida para casa, no posto 3.

É tão bom começar a ver os amigos que vão estar comigo nesta aventura, nesta viagem que irá ser feita em grandes grupos, pequenos ou mesmo sozinho.

A casa onde vou ficar é simplesmente incrível. Mesmo em cima da praia, com tudo o que é preciso. A vista não podia ser melhor, o cenário perfeito.

Só há tempo para tomar um banho e vestir roupa lavada. O jantar é na Lapa, e muita animação nos espera noite dentro.

Rodrigo Ferrão 

Mãe, António Ramos Rosa

Mãe

Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade.
Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital.
Estou contigo mãe, no teu sonho permanente na tua esperança incerta
Estou contigo na tua simplicidade e nos teus gestos generosos.
Vejo-te menina e noiva, vejo-te mãe mulher de trabalho
Sempre frágil e forte. Quantos problemas enfrentaste,
Quantas aflições! Sempre uma força te erguia vertical,
sempre o alento da tua fé, o prodigioso alento
a que se chama Deus. Que existe porque tu o amas,
tu o desejas. Deus alimenta-te e inunda a tua fragilidade.
E assim estás no meio do amor como o centro da rosa.
Essa ânsia de amor de toda a tua vida é uma onda incandescente.
Com o teu amor humano e divino
quero fundir o diamante do fogo universal.

*António Ramos Rosa, in Antologia Poética
 
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Afinal temos nome

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