sábado, 22 de maio de 2010

A loja mais bonita do mundo!


Possivelmente será uma afirmação considerada exagerada, mas não deixa de ser um estrondoso elogio à loja onde trabalho. Vindo do grande poeta, editor e ensaísta português Manuel de Freitas; não é com certeza motivo para deixar passar ao lado.

Deixo aqui na íntegra a sua opinião, publicada no blogue booksmile.pt e agradeço ao meu chefe a partilha.

É um verdadeiro motivo de orgulho pertencer a um grupo tão elogiado.

"A mais bela livraria do mundo fica em Portugal e não, não é a Lello do Porto. Descobri-a há dois dias, quando fui visitar o mercado do Porto-Gaia e num só dia entrei em 20 livrarias.

A mais bela livraria do mundo é a Almedina do Arrábida Shopping, em Vila Nova de Gaia.

É isso mesmo, a mais bela livraria do mundo fica num centro comercial, ainda por cima o mais macambúzio dos grandes centros comerciais deste país.

O trabalho de arquitectura é dos irmãos Aires Mateus. A preto e branco, ainda é estritamente minimalista mas cada vez menos rectangulado, como se pode ver pelos tectos em abóbada e em triângulo. É a evolução de um estilo inteiramente coerente e totalmente original, que começou na loja original da Almedina neste centro comercial (composta exclusivamente por linhas rectas, e destruída para dar lugar a esta) e ainda se vê na loja do Atrium Saldanha, em Lisboa, com um estágio de evolução intermédio na loja do Estádio Cidade de Coimbra (são estas as que conheço).

Não é uma loja isenta de falhas. Até eu admito que o estilo é elitista, frio, intimidante e, sobretudo, não comercial. E depois a enorme entrada, em forma de trapézio irregular, preenchida exclusivamente com um bar pouco acolhedor, não dá qualquer pista para o corredor que se abre para a esquerda e termina num espantoso ponto de fuga luminoso, que assinala a entrada para a sala infanto-juvenil.

Não sei há quanto tempo abriu esta loja em substituição da anterior nem me lembro de ter lido alguma notícia sobre o facto. Até a página da Almedina ainda menciona a loja antiga, o que me provocou uma desagradável dissonância cognitiva quando não encontrei a loja no sítio onde estava há uns cinco anos, quando a visitei pela última vez, sensação logo esquecida quando vi a nova loja.

Parabéns à Almedina por manter esta linha arquitectónica. É de se lhe tirar o chapéu. Descobri a mais bela livraria do mundo, e mesmo que seja só eu a votar nela, não altero o meu sentido de voto."

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A solidão dos Inconstantes, Raquel Serejo Martins


Outro dia estava a falar com a Raquel (participante neste grupo) e veio à baila o livro dela. É curioso, porque lembrava-me muito desta capa. Ontem havia 3 livros na loja onde trabalho. Hoje, obviamente já só há um! Um deles foi para mim, claro. O outro não digo! Força Raquel, estou contigo. Qualquer dia faço aqui uma pequena análise!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

As opiniões do livro de Maio!

Paula, do blogue 'viajar pela leitura' e que leu o livro deste mês, tem andado numa agradável 'picardia' (se assim me permitem) com o minhoto Manuel Cardoso. Isto só prova que os livros podem unir as pessoas à distância e que o meu objectivo está a ser conseguido. Confio no próximo mês. Já decidi quem vai escolher o romance de Junho, mas está no segredo dos deuses. Até lá, tenho assistido ao calor da discussão, tentando ser árbitro deste jogo de ténis.
No fim de semana farei a minha sentença e uma análise profunda aos argumentos aqui esplanados...

"Paula disse...

Vou colocar aqui o comentário que coloquei no meu blogue.
Assim que avançarem nos spoilers também o faço :P

Aqui fica então o meu comentário:

Dino Buzzati, escritor Italiano e jornalista, o seu romance mais conhecido e famoso é "Deserto dos Tartaros", publicado após a segunda guerra mundial onde serviu em África como jornalista da marinha Italiana.
Buzzati, escreve de forma muito própria tendo por base o fantástico e o absurdo do real, aspecto bastante evidente nesta obra.
Nunca havia lido nada deste autor. Gostei, pela linguagem simples que apresenta, as mensagens são bastante claras, abordando um tema bastante actual e que sempre o será, nomeadamente a insatisfação humana e o direito que o ser humano pensa que possui para ultrapassar barreiras que lhe são intransponíveis; o não olhar ao limite; à ética. Querer fazer de si O Grande Criador quando é apenas humano e bastante imperfeito.

Este livro foi proposto para leitura conjunta pelo Rodrigo Ferrão do blogue Clube de Leitores como o livro de Maio, onde todos podem colocar os comentários até ao final do mês.

Ermano Ismani, professor universitário é destacado para uma missão secreta na Zona Militar 36. Tudo está secretamente protegido pois trata-se de algo inovador e pioneiro: a realização de um autómato.
Não um autómato comum, mas munido de inteligência, sabedoria, sentimentos, inclusivê com poder para se auto destruir. Pois, tal como o ser humano que só está completo quando tem capacidade tanto para viver como para pôr um fim à própria vida, este autómato também o terá, pois é possuidor de uma alma...
Uma alma que outrora pertencera a alguém, alguém que agora se vê aprisionado sem corpo para se mover ou amar e ser amado.
Assim sendo, levantam-se algumas questões:
Terá o homem liberdade de criar e manipular sem limites em nome do progresso e da ciência sem olhar às consequências imediatas ou a longo prazo?
Liberdade, afinal que significas?
Será o homem livre se o seu corpo não o for?"

"Manuel Cardoso disse...
Dino Buzzati é considerado um dos mais importantes escritores italianos do século XX, embora, a julgar por este livro (o único que li do autor) algo distante da genialidade criativa de um Italo Calvino, da profundidade e humanismo de Alberto Morávia ou da imaginação e criatividade de Umberto Eco.
No entanto, seria injusto formular um juízo de valor sobre Buzzati com base nesta obra. Trata-se de um pequeno livrinho com uma história algo delirante acerca de um cientista mais ou menos louco que desenvolve um misterioso projecto, uma máquina que recriaria uma espécie de super-inteligência artificial, mas com todos os ingredientes da alma humana.
É difícil formular um comentário ao livro sem revelar pormenores do enredo, uma vez que este é tão compacto, tão sintético que não nos deixa grande margem de manobra para analisar o livro sem referir aspectos fundamentais desse enredo.
No essencial, a mensagem fundamental do livro parece ser esta: não há sentido para a vida sem liberdade; e não há liberdade sem corpo. O misterioso professor Endriade, ainda marcado pela morte da sua primeira mulher, Laura, não consegue separar o projecto da sua dramática história pessoal. A dimensão do feminino e do amor humano acaba por revelar-se inseparável do lado racional do ser humano, por mais inteligência que a sua actividade envolva.
Um ser artificial, por mais perfeito que seja, mesmo que dotado de uma “alma”, ainda que construída pela ciência, nunca poderá imitar um ser humano. Não é, portanto a inteligência que nos faz humanos. Não é também a alma; ela é insuficiente. Talvez ser livre seja, essa sim, a condição essencial para ser verdadeiramente humano. Sem liberdade, é impossível atingir qualquer sentido para a vida humana.
Um livro simples, linear, que se lê agradavelmente durante um par de horas ou pouco mais."
"Rodrigo Ferrão disse...
Manuel, sugiro a compra imediata do livro 'O deserto dos tártaros'. Aí sim, será mais fácil adequar uma opinião sobre o autor.

De qualquer forma, esta análise é bastante bem feita. Vou prosseguir a leitura do mesmo, agora até ao fim. E farei um comentário final."

"Paula disse:
- Manuel Cardoso,
Referes "Não há sentido para a vida sem liberdade" concordo plenamente, mas...
Haverá liberdade para o homem/cientista se este estiver limitado pela ética nas suas buscas, nas suas invenções e descobertas?
ou
Em prol do progresso deverá avançar porque o seu "eu" é livre e a liberdade comanda-o?"

"Rodrigo Ferrão,
Boas questões Paula. Até que ponto o 'eu' cientista se liberta do comando de outrem? Até onde vai tal liberdade?"

"Manuel Cardoso,
Eu li o teu texto e também tenho uma observação a fazer, mas primeiro vou tentar responder às tuas questões.
Antes de mais um aviso: este comentário vai envolver spoilers; é inevitável, desculpem lá... por isso, se tencionam ler o livro, talvez seja melhor não ler daqui para a frente. Digo eu, não sei...
Obviamente, não sou ninguém para responder ao que perguntas; os limites éticos da ciência têm sido motivo para tratados e mais tratados, ao longo de séculos!
No entanto, a minha opinião é mais ou menos esta: a ciência deve servir O homem e não UM homem. Um cientista egoísta, que coloca o seu interesse acima de tudo é um mau cientista; é um charlatão. Foi assim que eu encarei o trabalho de Endriade: criou algo que ele julgava ser para seu beneficio, para a satisfação do seu capricho (ou amor, se quiseres) e não conseguiu antever os efeitos negativos que isso criaria nos outros e até em si próprio.
Paula, uma coisa é a ambição; outra a obsessão. Endriade estava obcecado. Não foi em nome da liberdade que ele progrediu com o seu projecto; foi em nome da sua própria escravidão! Ele estava escravizado pelo amor a Laura; um amor doentio e anacrónico (uma vez que ela morrera).
A liberdade, Paula, para um cientista ou para cada um de nós, é algo muito relativo. No fundo, se adoptarmos um ponto de vista filosófico, podemos até raciocinar até chegarmos à conclusão que a liberdade não existe, uma vez que tudo o que fazemos é condicionado por algo. No entanto, ao nível da ciência, a questão parece-me bastante clara - a liberdade do cientista deve terminar onde começa o prejuizo de outrem. No entanto, esta clareza é apenas teórica: depressa se descobre que mesmo a mais bem intencionada das descobertas ou invenções terá um qualquer aproveitamento negativo. Mas poderiamos nós dizer que a invenção da roda foi má porque os carros de combate usam rodas? Parecia-me disparatado.
Da mesma forma, o projecto de Endriade poderia ter tido um beneficio enorme para a humanidade; mas alguém em algum momento haveria de o aproveitar para algo de negativo. Por acaso foi o próprio Endriade quem fez esse aproveitamento nefasto.
Para clarificar o meu pensamento, que parece estar a ficar algo embrulhado: o cientista pode e deve ter liberdade para investigar, inventar, descobrir. No entanto, algo e alguém deve estar atento às utilizações mais ou menos negativas dessas descobertas. Einstein contribuiu para a invenção da bomba atómica; mas o responsável máximo por Hiroshima foi o presidente Trumann! Porquê? Porque ninguém foi capaz de o deter, de o impedir de concretizar esse acto abominável. Endriade e seus companheiros criaram um super computador, uma máquina maravilhosa; mas Endriade, escravizado por si próprio, fez a utilização negativa da liberdade que teve para o criar.
Aí é que deveria ter terminado a liberdade de Endriade: quando "desviou" o projecto para uma utilização eticamente condenável.
Aqui começariamos nós outra discussão: "e o que é eticamente condenável". será melhor parar por aqui :)"


"Paula disse...

Rodrigo,
Na minha opinião, o “eu” cientista é sempre mais forte e mais persistente. Em nome do progresso, avança na busca de algo inovador, sem olhar às consequências. No entanto, quando estas tornam-se fatais, a maior parte das vezes, o “eu” que era tão forte e poderoso só encontra saída e paz no suicídio, como aconteceu com o colega de Endriade.
Em relação à liberdade, esta é um pouco complicada uma vez que há sempre as amarras das sociedade, da ética dos valores…acabamos por ser livres mediante certas regras…será liberdade??

Manuel,
Concordo contigo (novamente, mas temo não ser por muito tempo) quando dizes “a ciência deve servir O homem e não Um homem como aconteceu no romance. Mas o facto é que a ciência normalmente serve O homem e acaba prejudicando muitos homens em nome do progresso.
Discordo contigo, quando dizes “que ele criou a máquina para seu próprio capricho”, na minha opinião ele quis juntar o útil ao agradável. Alem disso, tendo a máquina sentimentos e até poder e noção da mentira, porque não havia a máquina de ter alma? Agora duvido é que era a alma de Laura (afinal a máquina mentia e manipulava), penso ter-se servido desta história para lhe colocarem um fim à “vida”
Nesta história toda, quem acabou sem liberdade interior foram Endriade e o seu colega (amante de Laura que acaba por se suicidar)
Quanto à tua frase “a liberdade do cientista deve terminar quando começa o prejuízo de outrem” concordo plenamente, pena é que não seja assim e não somente na ciência.

Acho que o projecto de Endriade, estava condenado desde o início. Nunca poderia revelar-se um bem para a humanidade, uma vez que estava por demais completo, sentimentos, inteligência e força. Lógico que só poderia dar no que deu e repito, não por ter a alma de Laura, mas por ter adquirido uma própria.

Ps. Se nesse “carro de combate” fosse alguém da minha família e se ficasse magoado eu condenaria a invenção da roda. Com isto não quero dizer que sou contra o progresso, quero sim dizer que quando toca a nós é sempre diferente, não achamos que seja um dano colateral (como lhe chamam)

"Manuel Cardoso disse...
Olá Paula
é um prazer discutir este assunto contigo :)
Para facilitar a resposta vou focar apenas os aspectos em que não concordo contigo, também para animar a discussão :)
Dizes que "o facto é que a ciência normalmente serve O homem e acaba prejudicando muitos homens em nome do progresso". Penso que no "deve e haver" entre os benefícios da ciência e os seus efeitos perversos, os benefícios ainda ganham "por goleada" :). Podemos, como gostavam de fazer os escritores russos, pôr em causa a utilidade do progresso, mas se o aceitarmos como algo de positivo, muito ficamos a dever à ciência.
Quando eu disse que ele criou a máquina para seu próprio capricho, de facto, não fui exacto. O que eu queria dizer é que ele contruiu a máquina tendo em conta o seu capricho. Nesse aspecto, tens razão: procurou juntar o útil áquilo que ele considerava agradável.
Não concordo contigo quando dizes: "tendo a máquina sentimentos e até poder e noção da mentira, porque não havia a máquina de ter alma?". Penso que para ter alma teria de ter muito mais que isso. A alma é criativa; a alma cria desejos, faz nascer paixões, sustenta a fé, cria esperanças e desilusões... por isso a alma precisa de liberdade; porque é criativa. A "alma" da máquina, por mais perfeito que fosse o mecanismo nunca seria uma verdadeira alma (nem de Laura nem outra) porque seria sempre algo de artificial, de racional. A alma não é racional, é o nosso lado das paixões irracionais.
Finalmente, também gostava de fazer uma observação sobre o que dizes acerca do projecto de Endriade: ele não estava condenado ao fracasso; ele podia ter sido um sucesso como uma espécie de super-computador capaz de realizar calculos e deduções incríveis. O problema aconteceu quando o cientista introduziu o "eu" no processo cientifico; isso é que nunca poderia ter acontecido.
Ps- eu não teria o direito de condenar a invenção da roda mesmo que nesse carro de combate fosse um ente querido e ficasse ferido.
Paula, gostava de deixar bem clara esta ideia: o facto de discordar de ti nestes pontos não invalida outra verdade: o texto que colocaste no outro tópico está brilhante e depois também gostava de o discutir contigo :)
Um abraço!"

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Uma História da Guerra, John Keegan


Sugestão de leitura:

Uma História da Guerra de John Keegan (edição Tinta da China)

«São coisas diferentes, os rituais da Idade da Pedra e a bomba de Hiroxima, as legiões romanas e os regimentos prussianos, a arte da cavalaria e o poder da pólvora, o cavalo e o foguete V-2, a guerra de secessão americana e a guerra do Vietname. De tudo isso, a erudição de Keegan faz um "patchwork" notável.»

Eduardo Pitta, Público, ípsilon

É fabuloso verificar que um povo escondido de África adoptou tácticas militares dos habitantes da ilha de Páscoa. Li histórias de Alexandre o Grande, Napoleão, heróis de Cartago, Egípcios ou da Mesopotâmia. Passei pelo Oriente e pelos povos Mongóis. Temíveis!

O Olho de Alá, Rudyard Kipling


'O Olho de Alá' é uma viagem de um monge copista que larga Inglaterra e segue até à Península Ibérica. Aí vai contactar com o mundo Árabe e trazer um instrumento que assusta os mais cépticos do convento: um microscópio (Olho de Alá).

Rudyard Kipling nasceu em Bombaim, mas foi cedo viver para Inglaterra. Ganhou o prémio Nobel em 1907. Ficou célebre, entre outras obras, pelo 'livro da selva'.

Rodrigo Ferrão: Lê-se em duas viagens de metro!

Maria Isabel Matos Pereira: Kipling, o autor do famoso poema "Se (If)"! Procuro há muitos anos os seus poemas, traduzidos para português ou espanhol, mas nunca consegui encontrar.
Esta obra que o Rodrigo refere deve ser bem interessante, vou comprar.

Passaporte para o céu, Paulo Moura


"Reportagem sobre a imigração ilegal na Europa.Descrição e caracterização da imigração ilegal africana na Península Ibérica e Europa. As «petites histoires» e os dramas humanos dos imigrantes clandestinos, apanhados e explorados pelas redes de crime organizado. Histórias de prostituição, droga e de tráfico de seres humanos."

Aura, Carlos Fuentes


Escrito tu-cá-tu-lá connosco, fieis leitores que não paramos de queimar pestana até ao fim. São três horas que sugiro passar. Livro de amor e de encanto. Uma deusa com esplendor, olhos verdes... E mais não digo!

Daqui retirei a seguinte frase de Jules Michelet:

- "O homem caça e luta. A mulher intriga e sonha; é a mãe da fantasia, dos deuses. Possui a segunda visão, as asas que lhe permitem voar até ao infinito do desejo e da imaginação... Os deuses são como os homens: nascem e morrem sobre o peito de uma mulher"

Coimbra, 1969 - a crise académica, o debate das ideias e a prática, ontem e hoje, Celso Cruzeiro


'Coimbra, 1969 - a crise académica, o debate das ideias e a prática, ontem e hoje' é um livro obrigatório para quem quer perceber o início do fim do Estado Novo.
Celso Cruzeiro, antigo repúblico e da direcção geral de 1969, relata, com o seu testemunho in loco, o que foi viver apaixonadamente a contestação ao poder ditatorial instalado.

Todas as peripécias e o secretismo das reuniões que prepararam a maior manifestação estudantil em Portugal, a sua participação no jornal 'O Badalo' e as investigações da PIDE, são aqui reveladas.

Um livro para pessoas com espírito recto em relação aos factos da história, pois não é fácil lê-lo. A abordagem teórica e a análise das correntes filosófico-políticas mais difundidas secretamente entre os estudantes influenciam muito a escrita do autor.

Memória de elefante, António Lobo Antunes


O entusiasmo em redor de Lobo Antunes no grupo foi grande. Mal publiquei um pequeno texto, saltaram logo reacções...

"a solidão possui o gosto azedo do álcool sem amigos, bebido pelo gargalo, encostado ao zinco do lava-loiças".

António Lobo Antunes não é o clássico contador de histórias. Possivelmente, até será um mau contador de histórias. Mas o que é que isso conta, quando se escreve tão maravilhosamente? Nunca li um livro que usasse e abusasse tanto de figuras de estilo. Um hino à cultura portuguesa, o seu primeiro romance, de 1979.

Leonor Ferrão Sottomayor: ♥ ALA

Constança Barras Romana: Se eu tivesse Memória de Elefante inverteria a Ordem Natural das Coisas... Ontem Não te Vi na Babilónia, estavas no Arquipélago da Insónia e pedi-te: "Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura!" O Conhecimento do Inferno não é mais que a Explicação dos Pássaros. O que Farei Quando Tudo Arde? Talvez O Tratado das Paixões da Alm...a. Pergunto no meio do caos: Que Cavalos são Aqueles que Fazem Sombra no Mar? Tu respondes:Ignorante.

Enorme retrato...


O livro que escolhi para arrancar esta experiência virtual de um grupo de leitores, tem sido um prazer. 'O grande retrato' podia bem ter o título de 'enorme'.

Dino Buzzati foi um pouco esquecido pela história. Mas não pelos leitores. Na realidade, este livro não é - nem de perto nem de longe - o seu mais conhecido. 'O deserto dos tártaros', é este o seu título de excelência, considerado, por quem anda nestas lides, uma das grandes obras do século XX.

Entrando no livro, que é o que importa... Não sei se gostam de mistério, suspense...? Bem, aqui a receita é muito bem orquestrada. Há um projecto científico que vai ser revelado a Ismani (professor e personagem principal do enredo). Este, parte para uma zona desconhecida sem saber para o que vai.

Leva a mulher e vai ganhar muito dinheiro, mas, nestas primeiras páginas, ficamos sem saber o que se trata, que trabalho é este... É a sua companheira quem mais tenta perceber para onde vai. Mas nem os principais responsáveis por comunicar a sua integração no projecto sabem ou querem desvendar a sua missão.

São estas as primeiras 65 páginas deste livro. Posso dizer que estou louco por revelar o segredo...