Foto: Cláudia Miranda
Morri há mil anos e fui sepultado
Os vermes devoraram-me a carne
Mas não me corromperam a alma
As estações generosas, tenebrosas e assim-assim
Sopraram o pó que me cobria
Lançando-o pelos confins do mundo
E o esquecimento pareceu chegar
Cobrir tudo com o véu das suas sombras
Até ao dia em que um camponês distraído
Cavando a leira onde semearia o trigo
Com que haveria de alimentar a família
[Se as estações se permitissem ser generosas]
Me achou dormindo no leito pedregoso dos campos
[por lavrar]
Entre o rio bravio e os bosques alvos
Enregelado pela tua ausência
Pela saudade do teu sorriso…
E
Não estranhou que ao abrir os olhos
Proferisse apenas o teu nome…
Emílio Miranda
*esta semana em destaque no Clube de Leitores. Sempre acompanhado pelas fotografias de Cláudia Miranda.
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