Correr de manhã pelo Malecón de
Barranco, quando a humidade da noite impregna ainda a atmosfera e mantém as
veredas escorregadias e brilhantes, é uma boa maneira de começar o dia. O céu
está cinzento, mesmo de verão, pois o Sol nunca aparece sobre o bairro antes
das dez e a neblina torna imprecisa a fronteira entre as coisas, o perfil das
gaivotas, o alcatraz que perpassa voando pela linha quebradiça do asfalto. O
mar surge cor de chumbo, verde-escuro, fumegante, encabrestado, com manchas de
espuma e ondas que avançam conservando a mesma distância até à praia. Por vezes,
um barquito de pescadores sacode-se entre os rolos de água; por vezes, um
rajada de vento afasta as nuvens e surgem ao longe La Punta e as ilhas terrosas de San
Lorenzo e o Frontón. É uma bela
paisagem, desde que centremos o olhar nos elementos e nos pássaros. Porque
aquilo que o homem fez, pelo contrário, é feio.
* Tradução de
José Carlos Gonzáles
Sem comentários:
Enviar um comentário