quarta-feira, 28 de novembro de 2012

1º Parágrafo: História de Mayta


Correr de manhã pelo Malecón de Barranco, quando a humidade da noite impregna ainda a atmosfera e mantém as veredas escorregadias e brilhantes, é uma boa maneira de começar o dia. O céu está cinzento, mesmo de verão, pois o Sol nunca aparece sobre o bairro antes das dez e a neblina torna imprecisa a fronteira entre as coisas, o perfil das gaivotas, o alcatraz que perpassa voando pela linha quebradiça do asfalto. O mar surge cor de chumbo, verde-escuro, fumegante, encabrestado, com manchas de espuma e ondas que avançam conservando a mesma distância até à praia. Por vezes, um barquito de pescadores sacode-se entre os rolos de água; por vezes, um rajada de vento afasta as nuvens e surgem ao longe La Punta e as ilhas terrosas de San Lorenzo e o Frontón. É uma bela paisagem, desde que centremos o olhar nos elementos e nos pássaros. Porque aquilo que o homem fez, pelo contrário, é feio.


* Tradução de José Carlos Gonzáles

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