domingo, 25 de novembro de 2012

A Esquerda Radical... de onde vem e para onde vai



Portugal 2012... o que mais vem aí? De onde vem esta crise? Perante o espectro da crise que assola a Europa o que aconteceu à esquerda, em particular à esquerda radical? Os politólogos Luke March e André Freire ensaiam uma resposta num livro lançado pela QuidNovi que veio enriquecer um debate quando se procuram alternativas às politicas actuais.

Apesar de as receitas de política económica associadas à direita neoliberal terem sido largamente postas em causa com a crise financeira internacional de 2008 e suas sequelas, a verdade é que parecem ser as forças político-partidárias que mais apoio eleitoral têm recebido desde então (eleições para o Parlamento Europeu 2009, eleições nacionais desde então). Porém, por um lado, sem alternativas e alternância não há democracia de qualidade. Por outro lado, os partidos de esquerda têm sido historicamente pilares essenciais das democracias europeias.

Relativamente à categorização das esquerdas radicais europeias, os autores do livro consideram que existem "duas grandes famílias": a da extrema-esquerda, que "geralmente inclui os ortodoxos, que se renovaram menos, sendo partidos potencialmente mais anticapitalistas e menos cooperantes do ponto de vista da formação de governo", e a da esquerda radical, que agrupa os partidos "potencialmente mais cooperantes em matérias de governo e mais moderados ideologicamente".

O crescente número de estudos sobre a esquerda radical desde de meados da década de 2000 indica, com efeito, que esta começa a recuperar a atenção académica perdida no início da década anterior. Os autores do presente volume contam-se entre aqueles que procuram recolocar o estudo da esquerda radical no centro da investigação comparada sobre a política partidária europeia. Ainda há, porém, um longo caminho a percorrer até que a esquerda radical receba atenção equivalente aos outros partidos ditos «de nicho», como os da direita radical e mesmo os Verdes.

O que faz falta, segundo os especialistas, é precisamente a continuidade. “Os movimentos estão aí, o que é preciso são veículos partidários organizados que criem alternativas de voto” – uma situação saudável e que traria respostas à população que não se revê no actual panorama político. Outro dos problemas para o qual o investigador André Freire chama a atenção é “o estatuto da oposição não estar muito claro”. Para o politólogo, os partidos do centro governam com uma conivência mútua, que cria uma alternância cúmplice levando as pessoas a acreditar que é tudo igual, o que descredibiliza a democracia.

Por tudo isto, a mudança que está por acontecer no sistema partidário português à esquerda não depende só do acentuar da crise avisa André Freire: “Pode vir de um novo partido que force a restante esquerda a um compromisso ou de uma forte pressão social”.

O presente volume pretende dar mais um passo nessa direcção, combinando uma resenha do estado actual da esquerda radical em toda a Europa — o plano geral — com uma análise da esquerda radical em Portugal — o particular. Portugal é um caso de especial interesse, uma vez que a esquerda radical tem sido aqui tradicionalmente forte, embora tenha sofrido um forte revés nas eleições legislativas de 2011.

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