domingo, 14 de setembro de 2014

Poema à noitinha... Leminski

Três Metades

Meio dia,
um dia e meio, 
meio dia, meio noite, 
metade deste poema 
não sai na fotografia, 
metade, metade foi-se. 

Mas eis que a terça metade, 
aquela que é menos dose 
de matemática verdade 
do que soco, tiro, ou coice, 
vai e vem como coisa 
de ou, de nem, ou de quase. 

Como se a gente tivesse 
metades que não combinam, 
três partes, destempestades, 
três vezes ou vezes três, 
como se quase, existindo, 
só nos faltasse o talvez.

*Paulo Leminski, in Toda Poesia, Companhia das Letras


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