sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

a-ver-outros-livros no Metro: a vez de Sofia

As caricaturas de António, o cartoonista a quem o Metropolitano de Lisboa encomendou a decoração artística da estação Aeroporto são 53 ao todo. Tudo gente relevante na história de Portugal - mais de uma dezena é gente da escrita. Dou a vez hoje a Sophia, retratada numa pose descontraída, copo e cigarro na mão. 

Sophia de Melo Breyner Andresen (Porto, 6 novembro 1919 - Lisboa, 2 julho 2004), poetisa mas não só. Multi-premiada, venerada, foi uma romântica de ideais claros de justiça e integridade moral. Foi na Assembleia Constituinte, no Verão Quente de 1975, que proferiu estas palavras:

"A cultura é uma das formas de libertação do homem. Por isso, perante a política, a cultura deve sempre ter a possibilidade de funcionar como antipoder. E se é evidente que o Estado deve à cultura o apoio que deve à identidade de um povo, esse apoio deve ser equacionado de forma a defender a autonomia e a liberdade da cultura para que nunca a acção do Estado se transforme em dirigismo."

Mas é na sua poesia que encostamos a cabeça e serenamos. Como neste "A Hora da Partida".

"A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.

A hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.

Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
"


Perfeito para despedidas na estação do Metro, não vos parece?

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