segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

1º Parágrafo: Fado Alexandrino


Saiu a arrastar a mala, misturado com os colegas, do edifício desbotado do quartel, e distinguiu logo, do outro lado das grades, no passeio, uma espécie de monstro marinho de caras, de corpos e de mãos, que se agitava, aguardando-os, no meio dia cinzento da Encarnação, em que os semáforos boiavam ao acaso, suspensos da neblina como frutos de luz. Qualquer avião invisível assobiava por cima das nuvens. Um pelotão de cadetes passou a correr, quase junto a eles, mastigando o cascalho da parada com as mandíbulas das botas enormes, esporeado por um furriel cujos olhos vazios se assemelhavam aos dos cães de louça dos aparadores.


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