domingo, 12 de fevereiro de 2012

ConvitE para um ChÁ


Estão a ver uma chaleira,
cheia de água,
quando ferve?

Como num fim de tarde de Inverno.
Como que para fazer um chá.

E a chaleira a borbulhar
e a perder pequenas… minúsculas… mínimas…
gotas de água.

Como uma boca cheia de palavras,
a perder migalhas…

E se a mão tocar no metal?
Sim, sem querer!

A pele em fogo…
A marca ínfima,
quase invisível…
A dor tão grande!
Como se mede uma dor?

E… se apenas uma gota?

Procuramos na mão
um vestígio, uma evidência,
e nada encontramos,
nem água, nem vapor,
apenas o lugar da dor.

Dor que não voa não precisa de penas!
Dizia a minha avó.
Não dizia nada.
Acabei de inventar!

Porque é que contei isto?

Desculpem, pensava…
no que sente um corpo quando o amor acaba.

Mas… e se… não uma gota…
Uma chuva, uma tempestade, um dilúvio!
Não é com dilúvios que se afogam os mundos?

Eu sei… a vaguear outra vez…
culpa do tédio na espera…
… que na chaleira a água comece a ferver…

Chá de cidreira.
Dizem que bom para azias, amarguras
e outros desarranjos de estômago.
São servidos?



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