quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ficções, Jorge Luis Borges

Acho que defini há poucos dias um tipo de leitor: o que eu era antes de ler Borges e o que sou depois disso... É sem qualquer exagero que aplico esta afirmação. Porque ter o privilégio de encontrar alguém que conheça a escrita deste homem - apesar de estar ao alcance de qualquer um - é raro na minha idade. E é para mim muito difícil exprimir e transmitir o encanto que foi percorrer cada linha, absorvendo a lume brando todo o pensamento.

Tenho a sorte de comprar livros com regularidade. Sem pressa para chegar a determinado autor e obra. O meu quarto é um tesouro de livros que fui juntando com algum sacrifício. Isto para dizer o seguinte: sou absolutamente intuitivo na hora de escolher a próxima leitura. Não me obrigo a ler um livro a ritmos diferentes daqueles que imponho ou determinado título porque é mais consensual de que outros (é natural viver com várias leituras ao mesmo tempo). Como tal, chego aos 28 anos e leio o meu primeiro Borges!


Apesar disso, confesso - é verdade que tinha uma certa inveja daqueles que falavam dele com os olhos de quem leu. Deste mundo mágico e tão próprio de um escritor ímpar. Obviamente fui apanhando pensamentos de Borges pela Internet (alguns publiquei neste espaço). Mas não é a mesma coisa. Porque as suas palavras ganham um contexto numa história. E são muito mais ricas!

Não posso dizer que seja uma leitura acessível. Nem aconselho grandes pressas. O rumo destes contos é para ser levado numa viagem serena. A cultura muito superior de Borges é, antes de mais, um feito a assinalar. E, para tal, toda a concentração é bem vinda. Não é livro para ter dicionário perto. No entanto, fala de mundos que o leitor vai querer explorar e investigar. São impressionantes os temas e a sapiência que este homem utiliza para se expressar. E a forma como nos vai abrindo portas a outras leituras; aos escritores e leituras que ele absorve e expõe na boca das suas personagens.


O livro que tenho da Teorema é já uma edição de 1998. Nele estão escritas estas palavras que acho que resumem bem o seu pensamento:

Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 - Genebra, 14 de Junho de 1986) é um dos maiores escritores do nosso século. Por isso, ou apesar disso, nunca recebeu o Nobel, declarando, em 1980: «Não me atribuírem o Prémio Nobel converteu-se numa tradição escandinava: desde que nasci - no dia 24 de Agosto de 1899 - que não mo dão.»

Hoje partilho, absolutamente rendido, não o livro em si. Mas um prazer de leitura.

Sem comentários:

Enviar um comentário