segunda-feira, 4 de novembro de 2013

In O Golpe de Misericórdia


- Vá dar as boas noites não Texas , Eric. Está deitado na copa.
Acendi um isqueiro para me dirigir para uma arrecadação onde se tropeçava em montes desmoronadiços de batatas greladas. O ridículo cãozinho estava estendido sob o encerado dum velho carro de criança; vim a saber depois que Texas tinha sido morto pelo rebentamento de uma granada enterrada no parque, e que ele se esforçara por desenterrar com e extremidade do focinho preto, como  se se tratasse de um trufa. Feito em papas, parecia um canito esmagado por um carro eléctrico numa avenida de grande cidade. Levantei com precaução o repugnante fardo, peguei numa pá, e saí para o pátio afim de abrir uma cova. A superfície do solo fora degelada pelas chuvas; enterrei Texas naquela lama em que ele tanto gostava em vida de se rebolar. Quando reentrei na cozinha, Sofia acabava de esvaziar a última gota de conhaque ; atirou a garrafa para as brasas, onde as paredes de vidro estalaram com um ruído surdo, ergueu-se desastradamente, e disse em voz débil, apoiando-se no meu ombro:
- Pobre Texas... É pena , apesar de tudo. Só ele gostava de mim.

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