Falso Jardim
Cresce
a flor de pedra
no
meio de meu jardim,
como a
porta que encerra
feita
de madeira de cetim.
Olha
os meus sapatos sujos, Maria.
Balbucia-se
no tumulto
num
défice de razão
que
parece insulto
sem
aparente explicação.
Olha
os meus sapatos sujos, Maria.
Os
mastros movem-se em rumo
ao
paradoxo, em marés modernas
de
temperamento tenebroso e
pouco
ortodoxo, como órfão que recebe
carícias
paternas.
Olha
os meus sapatos sujos, Maria.
Saltei
num trampolim inerte,
e meus
pés afundaram
como
seixo pesado em areia molhada,
meus
olhos viram
que
era homem morto na estrada.
Olha
os meus sapatos sujos, Maria.
Os
jardins não têm espaço
pra
flores, só para corpos que já
não
têm dores, o que é pena...
pétalas
de cores, bem melhor
que
carne e aço.
Descalcei-me,
Maria.
*Marcos Foz
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