terça-feira, 27 de março de 2012

Escrita... Irmã da minha alma

No recanto deste lugar, onde os sons da primavera rasgam o silêncio, estou entregue a uma doce e saudável solidão.

Decidi vestir o meu vestido mais colorido. Tenho que entrar na Primavera cheia de cores para dar as boas vindas ao desabrochar da vida.

Óculos escuros... chapéu na cabeça. Pareço uma modelo. Sorrio... que vaidade... mas o momento merece isso!

Quero-me elegante, quero-me sensual, quero-me viva...

Não é a primeira vez que nos encontramos, aliás, estou sempre junto a ela. Mas hoje, é um dia especial!

É a primeira vez que nos vemos na Primavera.

Sinto a sua presença, ali... bem perto de mim! Quero olhá-la, abraçá-la, dizer-lhe que sem ela, a minha alma fica estéril, sem ela a minha vida fica incompleta.

Conheces-me bem... És irmã da minha alma... cúmplices... Sou em Ti, como És em Mim!

Nos recantos do meu Sentir, vens em meu auxílio. Ofereces-me a tua mão e no silêncio das palavras, embalas a dor, realizas o sonho!

Sou, verdadeiramente, Eu em Ti!


Foto EME ( Recantos)

Despojo-me da vergonha, do pudor, do preconceito, do pré-definido e deixo fluir o meu Ser, nú, puro, livre.

Faço-te amante nas longas noites serenas.

Uso-te em forma de conhecimento, uso-te em forma de saber, mas é na forma do sentir que és mais verdadeira, reflexo de múltiplos heterónimos.

Não és perfeita, tal como também não sou.

E que importa a perfeição? - Não a quero!

Prefiro esse caminhar incerto, muitas vezes obscuro, mas profundamente libertador.

Viveste escondida numa caixa de pandora que, por magia, foi aberta e hoje, mutilar-me-ia se te encarcerasse.

Por cada letra, por cada palavra, re-invento-me, re-defino-me numa dialéctica em construção.

No final desse caminho, seremos folhas amareladas pelo tempo e estaremos apagadas na memória dos homens... mas algures num tempo que não é nosso, um trovador cantará a nossa história na forma de poesia!

Elsa Martins Esteves

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