quinta-feira, 29 de março de 2012

Poema inédito de Rui Zink

Este poema foi descoberto pela Ana Almeida no espaço do Jornal de letras, artes e ideias.

A ideia era escrever uma declaração de amor à Língua Portuguesa, em jeito de comemoração pelos 32 anos do jornal.


Rui Zink escreveu assim:

«Minha pátria, minha língua
Linha pátria, minha míngua
Juro-te, se fores minha gramática
Eu serei tua sintaxe.
É que, em ti, gosto de tudo
Dos sons, dos ecos, da surdez
Até das tuas rimas fáceis
Em extáse, em extáse.
Certo, nem sempre nos entendemos
Desgosto quando dizes atempadamente
E tu enxofras com os meus isso é suposto.
Mas não tem mal
Um dia, num presente distante
Voaremos juntos a uma ilha deserta
Lá cantarás só para mim
E eu, enfim (prometo que sim)
Calar-me-ei de vez
Só para ti.
Seremos não mais uma língua
e seu falante
Tão só uma palavra (uma palavra simples)
e o seu não menos discreto
amante»

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