Encontrava-se diante das portas da prisão de Tegel e estava livre. Ainda
ontem tinha ancinhado batatas lá para trás nos campos com os outros, em
vestimenta de prisioneiro, agora envergava um casaco de Verão Amarelo, eles
continuavam a ancinhar, lá atrás, ele estava livre. Deixou passar eléctrico
atrás de eléctrico, colou as costas ao muro vermelho e não saia dali. O guarda-portão,
passeando para cá e para lá, várias vezes se abeirou dele indicando-lhe o carro
a tomar, ele dali não saia. Chegara o momento terrível (Franze, pá, terrível
porquê?) tinham expirado os quatro anos. As negras portadas de ferro, que vinha
contemplando de há um ano para cá com crescente asco (asco, asco porquê?),
tinham-se fechado atrás de si. Punham-no novamente fora. Lá dentro ficavam os
outros carpinteirando, envernizando, separando, colando, ainda lhes faltava
dois anos, cinco anos. Estava na paragem.
* Tradução de
Sara Seruya e Teresa Seruya
Li-o recentemente, gostei muito, mesmo sem ser uma obra fácil
ResponderEliminarUm excelente retrato de um submundo berlinense com dificuldades resultantes da imposições à república de Weimar.