sábado, 25 de agosto de 2012

Poema à noitinha... José Carlos Ary dos Santos

Auto-retrato

«Poeta é certo mas de cetineta
fulgurante de mais para alguns olhos
bom artesão na arte da proveta
marciso de lombardas e repolhos.

Cozido à portuguesa mais as carnes
suculentas da auto-importância
com toicinho e talento ambas partes
do meu caldo entornado na infância.

Nos olhos uma folha de hortelã
que é verde como a esperança que amanhã
amanheça de vez a desventura.

Poeta de combate disparate
palavrão de machão no escaparate
porém morrendo aos poucos de ternura.»


*Dizem que Ary dos Santos morreu cheio de álcool, de solidão e amargura.

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