quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O Aleph chega a Portugal nas páginas da Quetzal


Está prometido pela Quetzal para sair dia 18 de Janeiro. Já tardava estar disponível em Portugal mais uma das marcas do eterno Borges. Aqui ficam umas palavras para abrir o apetite sobre este livro que tive que ler primeiro em castelhano e depois em português-brasil.

Na sua maioria, "as peças deste livro correspondem ao género fantástico", esclarece logo o autor no epílogo da obra. Nelas, ele exerce seu modo característico de manipular a "realidade": as coisas da vida real deslizam para contextos incomuns e ganham significados extraordinários, ao mesmo tempo em que fenómenos bizarros se introduzem em cenários prosaicos.

Os motivos borgeanos recorrentes do tempo, do infinito, da imortalidade e da perplexidade metafísica jamais se perdem na pura abstracção. Ao contrário, ganham imenso sumo no concreto das tramas, nas imagens, na sintaxe, que também são capazes de resgatar uma profunda sondagem do processo histórico argentino.

O livro abre com "O imortal", onde temos a típica descoberta de um manuscrito que relatará os dissabores da imortalidade. Fecha o livro com "O Aleph", que dá nome ao livro e para o qual Borges deu a seguinte explicação em 1970: "O que a eternidade é para o tempo, "O Aleph" é para o espaço".

A intenção de Borges é demonstrar que a literatura é uma prática incessante, ou seja, ela nunca se esgota, flui na direcção do infinito; esta, para ele, é a verdadeira forma de ser do ofício literário. Em seus contos pode-se dizer que a principal personagem é a literatura, portanto a sua escrita é basicamente meta linguística.

Os símbolos são uma espécie de assinatura de Borges, impressa em cada uma de suas criações. Assim, não é tanto com a razão que se mergulha em suas entrelinhas, mas sim com a esfera sensorial. Em "O Aleph", mais que em qualquer outra de suas obras, está presente o realismo fantástico, o qual é reconhecível pela busca constante da verosimilhança, elemento que também define o surrealismo.

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